Categorias

Resenhas

Novidades, Resenhas

Resenha: A Morte de Sarai, J.A. Redmerski

Sarai era uma típica adolescente americana: tinha o sonho de terminar o ensino médio e conseguir uma bolsa em alguma universidade. Mas com apenas 14 anos foi levada pela mãe para viver no México, ao lado de Javier, um poderoso traficante de drogas e mulheres. Ele se apaixonou pela garota e, desde a morte da mãe dela, a mantém em cativeiro. Apesar de não sofrer maus-tratos, Sarai convive com meninas que não têm a mesma sorte.Depois de nove anos trancada ali, no meio do deserto, ela praticamente esqueceu como é ter uma vida normal, mas nunca desistiu da ideia de escapar. Victor é um assassino de aluguel que, como Sarai, conviveu com morte e violência desde novo: foi treinado para matar a sangue frio. Quando ele chega à fortaleza para negociar um serviço, a jovem o vê como sua única oportunidade de fugir. Mas Victor é diferente dos outros homens que Sarai conheceu; parece inútil tentar ameaçá-lo ou seduzi-lo.Em “A morte de Sarai”, primeiro volume da série Na Companhia de Assassinos, quando as circunstâncias tomam um rumo inesperado, os dois são obrigados a questionar tudo em que pensavam acreditar. Dedicado a ajudar a garota a recuperar sua liberdade, Victor se descobre disposto a arriscar tudo para salvá-la. E Sarai não entende por que sua vontade de ser livre de repente dá lugar ao desejo de se prender àquele homem misterioso para sempre.

Quando comecei a ler A Morte de Sarai reparei logo de cara o quão diferente seria essa leitura. Acostumada com o trabalho da J.A. Redmerski pelos seus dois livros anteriores “Entre o agora e o nunca” e “Entre o agora e o sempre”, esperava uma leitura simples e fluída. Em seus dois primeiros livros (cujas resenhas você encontra aqui no Beco – “Entre o agora e o nunca” clique AQUI e “Entre o agora e o sempre” clique AQUI) J.A. foi certeira em seu romance: mocinha ingênua que pouco sabe sobre a vida + mocinho badboy, mas que por dentro é um poço de manteiga derretida e romântico, que na verdade sempre foi um amor mas algo na vida o faz esconder seu lado bondoso = epic love story. Isto não sou eu criticando, isto sou eu a elogiando, porque é muito difícil encontrar um livro que se enquadre nesta fórmula clichê e ainda assim consiga um bom resultado. O resultado de J.A. não foi apenas bom, foi maravilhoso.

Portanto, muito me espantei logo que vi o lançamento da Suma de Letras e percebi que a série que a autora iria escrever se chamava “Na companhia de assassinos“. Fiquei imediatamente instigada para ver como ela se sairia em um ambiente novo, e estou muito satisfeita com o resultado. A leitura de “A morte de Sarai” é muito mais densa, mas também muito mais prazerosa!

O nome da série logo se encaixa quando conhecemos a história de Sarai: uma adolescente típica que viveu sua infância e pré-adolescência como qualquer outro ser humano normal, até que foi levada por sua mãe para viver no México dentro de um cartel. Quando sua mãe morre, o dono do cartel, que gosta – até demais – da menina, simplesmente a torna sua propriedade e nunca mais deixa ela pisar os pés fora dali. Viver nove anos sendo mantida em cativeiro, presenciando torturas, mortes e estupros modificou totalmente a pessoa que Sarai poderia um dia se tornar, transformando-a em uma jovem fria, calculista, desconfiada e muito insegura. Sarai não é aquele tipo de protagonista boba, que se deixa levar pelas situações. Ela faz o que ela pode com os acontecimentos que são jogados em seu colo.

“Parece que há muitas coisas que eu poderia e deveria ter feito. Nunca imaginei que eu seria a garota idiota do filme de terror que entra correndo na casa mal-assombrada ou tropeça nos próprios pés fugindo da floresta às escuras. Acho que, no geral, todos achamos ridícula a idiotice dos outros, até que nós mesmos somos forçados a viver experiências traumáticas.”

Quando Victor, um assassino treinado para matar a sangue frio desde pequeno, chega ao cartel para resolver alguns assuntos, Sarai aproveita a oportunidade para se aproximar e tentar fugir com ele. Eu sei o que você está pensando agora, mas acredite, leitor: esta não é uma história sobre como juntos eles ultrapassam as barreiras que a vida lhes impôs e conseguem se tornar cidadãos modelo. Não é a história de como ele consegue transmitir confiança e o amor que ela nunca teve na vida, nem como Sarai com seu jeitinho consegue aquecer o coração de Victor. Uma das melhores coisas sobre esta leitura é que tudo é imprevisível, tudo pode – e vai – acontecer.

“Isso vai contra tudo o que eu sou, Sarai.” Ele diz e, em seguida, beija-me.

“Não, não vai.” Eu sussurro e beijo de volta. “É você tornando-se quem você realmente é.”

Uma vez dentro do mundo de Sarai e Victor, mergulhamos em uma literatura completamente diferente. Eu, tão acostumada com mocinhos e mocinhas se conquistando nos corredores de escolas, na frente do cinema ou em um belo piquenique ao ar livre, me peguei completamente apaixonada pelo casal no meio de um tiroteio. Mas nem só de romance vivem os leitores! Enquanto acompanhamos a luta de Sarai com o cartel, com sua família e contra os próprios sentimentos, lemos sobre temas muito sérios e que são pouco abordados na literatura romancista: compra de posses e títulos perante a sociedade, tráfico de mulheres, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas (quase um episódio de Breaking Bad).

“Eu não sou seu herói. Eu não sou a outra metade de sua alma que nunca poderia deixar nada de ruim acontecer com você. Confie sempre em seus instintos primeiro, e em mim, se você escolher, por último.”

Para quem já está familiarizado com a escrita de J.A. Redmerski, vai ser uma experiência muito interessante acompanhar a visível evolução da autora, se despindo do excessivo uso de xingamentos e trazendo mais sentimentos às palavras. A Suma de Letras fez um trabalho maravilhoso com a edição, ganhando pontos extras com a capa – simples e elegante. Em resumo, o livro é recheado de ação, romance e o melhor de tudo: tem continuação! O segundo volume da série Na companhia de assassinos – O retorno de Sarai – já está sendo ansiosamente aguardado por mim!

Leitura recomendada!

Novidades, Resenhas

Resenha: Fingindo, Cora Carmack

COM SEUS CABELOS COLORIDOS, tatuagens e um namorado que combina com tudo isso, Max tem exatamente o estilo que seus pais mais desprezam… E eles nem sonham que a filha vive assim. Ela fica em apuros quando seus pais a visitam na faculdade e exigem conhecer o “futuro genro”. A solução que Max encontra para não ser desmascarada é pedir para um desconhecido se passar por seu namorado. Para Cade, a proposta veio em boa hora: é a chance que ele esperava para acabar com sua fama de bom moço, que até hoje só serviu para atrapalhar sua vida. Um faz de conta com data marcada para terminar…

E estamos aqui de novo, com mais um livro da Cora, só que dessa vez seguindo um casal diferente e que superou todas as minhas expectativas (que já eram muito altas por causa do primeiro, resenha aqui!). Posso dizer sem sombra de dúvida que esse livro entrou para a minha lista de favoritos. Mas bom, deixe-me colocar meus pensamentos de puro amor em ordem…

Comecemos por Cade, o melhor amigo coitado do primeiro livro, e que na verdade era de muito pouca importância no referido, e que me surpreendeu pelo nível de complexidade e emoções fortes que me transmitiu durante todo o livro. Se algum dia eu imaginei um menino que eu gostaria de casar, ele preenche todos os requisitos. Desde o seu charme sem fim, até os comentários brincalhões, do cavalheirismo até as demonstrações de paixão que um “bom menino” não teria (adorava essas partes, hihihi), ele conseguiu se tornar completamente apaixonante.

Meu nome é Cade Winston. Aluno de mestrado em belas-artes, voluntário, abraçador de mães e seu namorado pelas próximas vinte e quatro horas. Prazer em conhecê-la.

Já a Max, foi a que fez esse livro ter um espaço especial no meu coração, porque eu nunca me identifiquei tanto com uma personagem quanto com ela. Parece que meu modo de pensar, medos e desejos tinham saído da minha cabeça e passado para as páginas, então imaginem eu tendo momentos de ‘meu Deus, eu tava pensando a mesma coisa… ou faria a mesma coisa pelas mesmas razões’. Mas vamos falar dela. Ela é uma garota forte, decidida, com estilo próprio, destemida e sem medo de falar o que pensa (mas isso é só pra quem está vendo de fora). A verdadeira Max tem medos, dúvidas e fantasmas no passado de que tenta tanto escapar, e esse lado é o que a deixa tão perto de nós.

Passei tanto tempo na vida, tempo demais, mudando quem eu era para agradar outras pessoas. Aquele era um momento decisivo, e nada seria o mesmo nesse novo caminho, incluindo eu mesma.

Esse segundo livro se distanciou bastante do primeiro, que era mais leve e engraçadinho… Esse teve os mesmos momentos de rir alto, mas teve um nível de profundidade por causa dos personagens que deu um ar muito mais real à história. Ele trata de autodescobrimento e de mostrar o verdadeiro lado das pessoas. Não é preciso falar que a escrita da autora continua tão boa quanto antes: fluindo deliciosamente.

Como já tinha dito, é uma trilogia que segue personagens diferentes a cada livro, e no próximo livro, de título “Encontrando-me“, vamos seguir a nossa adorável e maluca Kelsey, e sinto muitas risadas chegando. Então, só me resta aguardar ansiosamente pelo lançamento do último volume.

Resenhas

Resenha: Guerras Secretas, Jim Shooter, Mike Zeck & Bob Layton

“Raptados por uma entidade incrivelmente poderosa conhecida como Beyonder, os maiores heróis e vilões da terra são forçados a lutar entre si num planeta chamado Mundo Bélico. O prêmio aos vencedores será poder além da imaginação. Aos perdedores, restará apenas a morte certa.”

Uma saga épica lançada pela Marvel em 1984, a HQ fez tanto sucesso que algumas de suas edições chegaram a vender milhões de exemplares, algo nunca alcançado por nenhum quadrinho desde 1940. A HQ foi também a primeira a ter múltiplos personagens famosos reunidos, um ambicioso feito com grandes riscos, mas com um resultado além das expectativas.

Guerras Secretas foi inicialmente elaborada como ferramenta de marketing para uma linha de brinquedos, mas graças ao incrível roteiro de Jim Shooter e a brilhante arte de Mike Zeck e Bob Layton, ela se tornou algo bem maior. Muitas editoras tentaram alcançar o mesmo feito na época, lançando vários crossovers, mas nenhuma se igualou a Guerras Secretas.

A HQ trouxe mudanças para o universo Marvel, como o traje simbiótico do Homem-Aranha e foi considerado um marco no mundo dos quadrinhos, abrindo as portas para inúmeros crossovers feitos ao longo dos anos, como “Guerra Civil”, “Dinastia M” e “O Cerco”, hoje eles são uma tradição anual e costumam ser os mais vendidos e mais aguardados.

secret-wars-heroes

A história começa com todos os personagens já transportados através de dois construtos enormes, estruturas colossais que lembram naves, um levando os heróis e outro os vilões. Apesar de estarem espantados e alarmados, ambas as equipes começam a estudar a situação. No lado dos heróis, Reed Richards (Sr. Fantástico) começa imediatamente a acalmar o seu grupo, do outro lado, Victor Von Doom (Dr. Destino) faz o mesmo. Momentos após serem transportados eles presenciam algo incrível, bem em sua frente uma galáxia inteira é destruída como exemplo do poder de Beyonder, logo em seguida um imenso mundo é criado a partir de pedaços de outros mundos, deixando a todos perplexos, menos Galactus, o devorador de mundos. Após presenciarem tais acontecimentos uma luz forte surge no universo, uma poderosa voz ecoa nas mentes de todos:

“Eu sou do além! Destruam seus inimigos e todos os seus desejos serão realizados! Posso concretizar seus sonhos sejam quais forem!”

A voz misteriosa vem de um ser chamado Beyonder, logo reconhecido por Galactus, que imediatamente voa em direção a luz com a intenção de acabar com os planos de Beyonder, mas é repelido como uma mosca. Todos presenciam o poderoso Galactus ser jogado no planeta como um inseto e logo percebem que terão que lutar em uma guerra onde eles não sabem quem é o verdadeiro inimigo.

Guerras Secretas acabou se tornando uma grande épico no mundo das HQs, servindo de exemplo de como se deve fazer um crossover. Uma HQ repleta de ação, a cada capítulo uma surpresa e um novo desafio, vemos vilões ajudando heróis e heróis ajudando vilões, vemos o preconceito com os mutantes X-Men e como eles lidam com isso. Vemos sofrimento, drama e um tornado de emoções jogadas em uma única HQ.

Resenhas

Resenha: A Evolução de Mara Dyer, Michelle Hodkin

As misteriosas e perigosas habilidades de Mara continuam a evoluir. Ela sabe que não está louca e agora precisa se prender desesperadamente à sanidade. Mara sabe que é tudo real: pode matar com um simples pensamento, assim como Noah pode curar com apenas um toque e que Jude, o ex-namorado morto por ela, está realmente de volta. Mas para descobrir suas intenções, deve evitar uma internação em um hospital psiquiátrico. Confusa com as paredes se fechando e ruindo ao seu redor, ela deve aprender a usar seu poder.

A Evolução de Mara Dyer é o segundo volume da trilogia “Mara Dyer” escrita por Michelle Hodkin.

Depois de passar por vários problemas desde que brincou com uma tábua Ouija, Mara Dyer acaba se vendo em uma situação mais complicada ainda. A garota vê Jude, seu ex-namorado que estava aparantemente morto, em uma delegacia e após esse acontecimento, fatos ainda mais estranhos acontecem na vida de Mara.

Após uma espera meio longa, estou aqui para trazer minhas impressões sobre a continuação do maravilhoso A Desconstrução de Mara Dyer. Vamos lá.

Na maioria das trilogias/sagas, sempre que gosto bastante do primeiro, a ansiedade e a expectativa circundam o segundo. Há vezes em que as sequências conseguem superar o anterior, há vezes que elas se mantêm no mesmo nível, há vezes que derrapam um pouco e, por fim, há vezes que o erro se torna imperdoável. Bem, Evolução se encaixa em duas categorias: mesmo nível e leve derrapagem. Não me leve a mal, não desliza tanto quanto Perfeitos, porém o livro não conseguiu superar o seu anterior.

Não, não estou decepcionado com este tomo, ao contrário, estou surpreso com os rumos que a história tomou. Ao ler Desconstrução, eu não sabia o que esperar de Evolução e foi uma grande surpresa me deparar com os caminhos que Hodkin apresenta neste volume. Porém, apesar da imprevisibilidade, boa parte das 400 páginas não mostra fatos relevantes para o desenvolvimento da trama, mas sim, desculpem a expressão, muita encheção de linguiça. Por isso, Evolução figura nas categorias que citei.

Enquanto no primeiro livro um clima de terror e suspense dominava, neste o romance e perguntas tomaram conta. Mara e Noah são um dos meus OTPs prediletos. Adoro a relação dos dois. A alta tensão contida entre os dois é um dos maiores pontos altos da série até agora. Mas o suspense que eu considerava ser o auge da história, acabou ficando meio perdido em Evolução. Até metade do livro, Michelle estava conseguindo manter toda a aura aterrorizante, porém da metade do em diante as coisas ganharam outra cor e, particularmente, fiquei bem bolado pois, ao meu ver, se tivesse continuado no mesmo clima teria sido mais empolgante. Porém, ressalto que apesar dessa mudança, a alteração feita na narrativa foi necessária para o final. Mesmo eu não tendo curtido tanto essa mudança, foi preciso. Então, Hodkin, você está perdoada.

Os dois pontos mais altos de Evolução foram Mara e o final. Mara por estar mais perturbada do que nunca e se mostrar uma narradora bem tenebrosa, e o final por ser completamente inesperado. Sério, nunca em milênios que imaginaria que iria ser do jeito que foi.

A escrita de Michelle Hodkin continua a mesma. Inebriante e profunda, ler sua narrativa é como estar afundando em um lago. É incrível! E por escrever em primeira pessoa, Hodkin deixa o leitor tão atordoado quanto Mara. É impossível não ver o seu talento. Sou a favor de um mundo literário com mais Michelle Hodkin.

Enfim, A Evolução de Mara Dyer cumpriu seu dever de honrar o seu anterior e de deixar o leitor sedento para saber como será o final de tudo. Eu estou bastante apreensivo pelo terceiro, pois existem muitas dúvidas rondando minha mente e eu espero que elas sejam extinguidas. Resta a nós esperar para ver se Hodkin conseguirá fazer um final que honre a incrível e macabra história de Desconstrução e Evolução.

Você pode conferir minha resenha de A Desconstrução de Mara Dyer clicando aqui.

Resenhas

Resenha: Perdendo-me, Cora Carmack

Virgindade… Bliss Edwards vai se formar na faculdade e ainda tem a sua. Chateada por ser a única virgem da turma, ela decide que o único jeito de lidar com o problema é perdê-lo da maneira mais rápida e simples possível com uma noite de sexo casual. Tudo se complica quando, usando a mais esfarrapada das desculpas, ela abandona um cara charmosíssimo em sua própria cama. Como se isso não fosse suficientemente embaraçoso, Bliss chega à faculdade para a primeira aula do último semestre e… adivinhe quem ela encontra?

Eu não entrei com tantas expectativas no livro, porque não conhecia a autora e também porque achei que era algum romance água com açúcar… mas não tinham passado nem 20 páginas e eu já estava rindo alto com os comentários mentais da Bliss e dessa história toda de perder a virgindade com algum cara de um bar. Ela é uma estudante de teatro, tem 22 anos, e sempre precisa estar no controle da situação, seja em relação à faculdade, a homens ou a qualquer ramo da sua vida, mas devo admitir que gostei dela.

Um dos pontos positivos do livro é que apesar de ser completamente focado no romance, você ainda participa da vida dos personagens secundários, e consegue se apegar a eles. Principalmente os melhores amigos dela, Kelsey, Cade e também a sua gata Hamlet (risadas a parte com essa daí). Kelsey, é a amiga maluca que coloca na cabeça de Bliss a ideia de que perder a virgindade é como tirar um curativo, e Cade é o perfeito melhor amigo que é lindo, carinhoso, engraçado e super atencioso… A combinação dos dois fez com que o livro, apesar de um pouco clichê, se tornasse mais divertido.

Mas falemos do mais importante, o misterioso ‘cara do bar’ que é nada mais nada menos do que um maravilhoso inglês, com um forte sotaque britânico, amante de Shakespeare, professor de teatro e ator…bem daqueles que a gente encontra em qualquer fila de banheiro de bar (só que não mesmo). Garrick, é o tipo de personagem que você precisa de 5 segundos para estar babando que nem a protagonista.

Ele colocou o livro de lado, mas não sem antes marcar onde havia parado. Meu Deus, ele realmente estava lendo Shakespeare em um bar.

Apesar de Bliss começar meio bobinha, eu achei que ela cresceu durante o livro e usou toda aquela turbulência de emoções e confusões para se tornar uma ótima atriz e também mais corajosa com as coisas que sentia. E eu realmente amei o relacionamento dela com o Garrick, porque apesar da premissa do livro, o foco não foi só o sexo, mas a relação deles em si.

Despejei tudo o que tinha de tesão, medo, dúvida e vergonha naquela apresentação de um minuto e meio. Eu me doei de um jeito como nunca fiz na vida real, porque aqui… aqui eu podia soltar e lidar com isso e fingir que não se tratava da minha pessoa… podia fingir que se tratava de Fedra. Eu era mais honesta sob o calor daquelas luzes (…)

A escrita da autora é simples e por isso a leitura flui muito bem, mas uma coisa que eu realmente gostei é que nessa trilogia (sim, são três livros) o foco não é somente em um casal. A cada livro a história continua com outros personagens que já estamos familiarizados. O segundo livro, “Fingindo”,  tem Cade como protagonista, e já temos uma leitora ( euzinha aqui) ansiosa pra ver como será a vez dele.

Resenhas

Resenha: Orange is the New Black, Piper Kerman

Quando era jovem, tudo o que Piper Kerman queria era viver novas experiências, conhecer pessoas diferentes e descobrir o que fazer com o diploma recém-adquirido da prestigiosa Smith College. Anos depois, com um bom emprego e prestes a se casar, ela recebe uma visita inesperada: a polícia. Piper estava sendo intimada para responder por envolvimento com o tráfico internacional de drogas. A acusação era verdadeira: recém-formada, Piper teve um caso com uma traficante glamorosa que a convenceu a levar uma maleta de dinheiro para a Europa. Piper é condenada a quinze meses de detenção numa penitenciária feminina no meio do nada. Em Orange Is the New Black, Piper apresenta casos curiosos, perturbadores, comoventes e divertidos do dia a dia no presídio. Cercada de criminosas, logo percebe que aquelas mulheres são muito mais complexas do que ela imaginava.”

Orange is the New Black é uma autobiografia feita por Piper Kerman sobre seu envolvimento no mundo do crime e seus dias como prisioneira. O livro serviu de inspiração para a excelente série da Netflix. Então imagine minha surpresa ao descobrir que as duas obras são bem diferentes.

Sim, a essência ainda está lá. Mas, enquanto o livro é exclusivamente sobre Piper, a série expande todo o universo da história para torná-la mais dinâmica e dramática, o que é compreensível, afinal é preciso ter material para várias temporadas. A capa da edição brasileira pode deixar alguns fãs confusos por isso. Se você se interessar pela leitura para descobrir o rumo que a série vai tomar, não se iluda. A narrativa do seriado já chegou a ultrapassar partes do final do livro e é independente.

Alguns acontecimentos foram adaptados com fidelidade, mas alterações drásticas também foram feitas. Vários personagens tiveram sua importância e personalidade alteradas. Se você assistiu, é inevitável não tentar identificar quem é quem, e alguns personagens são fáceis de reconhecer. Entretanto, com a grande quantidade de pessoas apresentadas, fica impossível continuar tentando fazer associações.

Portanto, conhecer a série prejudica apenas em parte a leitura do livro. Claro, alguns acontecimentos da história já serão conhecidos, assim como seus desfechos. Mas as diferenças entre as obras compensam o que já sabemos. Além disso, o livro é cheio de informações mais detalhadas sobre o sistema penitenciário americano, com reflexões sobre o mesmo. E, por focar exclusivamente em Piper, seus sentimentos e emoções são bem mais trabalhados.

A narrativa funciona quase como um diário, usando uma linguagem bem simples. Porém, não é uma leitura rápida. Tudo é bem detalhado e, por mais que não seja um livro grande, com pouco mais de 300 páginas, sua leitura pode ser maçante. Uma dica, principalmente se você não é acostumado ou não tem preferência por obras biográficas, é lê-lo em doses homeopáticas, alternando com outros livros para que não fique tão cansativo.

A construção do ambiente prisional, por sua vez, é muito bem feita. Conseguimos compreender as diferentes angústias e dificuldades que essas mulheres enfrentam em um local tão inóspito, onde não possuem voz e são sempre oprimidas.

“Aqueles homens [agentes penitenciários] detinham o poder não apenas de pôr um fim nas nossas visitas, mas também de me colocar na solitária sempre que quisessem; minha palavra não valeria contra a deles.”

Os personagens são muitos e dos mais variados o possível. Fica até difícil se conectar com alguns deles. A maioria aparece apenas em um capítulo ou é rapidamente citada. Mesmo assim, os que ficam mais próximos de Piper são mais desenvolvidos e já conseguem ilustrar essa variedade que existe no ambiente carcerário.

O mais interessante na leitura é acompanhar a transformação de Piper. O seu crescimento pessoal é quase palpável e é isso que torna o livro tão autêntico e válido para o leitor. Por mais que tenha tido a chance de se preparar antes do encarceramento, o que Piper encontra é uma realidade onde é obrigada a se adaptar, ou não conseguiria suportar o tempo de sua pena (mesmo que pequeno).

E a narrativa vai além das experiências e transformação de Kerman, possuindo também severas críticas ao sistema penitenciário americano. Principalmente no que se refere ao retorno das detentas à sociedade. Muito pouco é feito para que essas mulheres tenham oportunidades após seu tempo na prisão. E isso, sem dúvida, reflete no seu retorno à criminalidade, que acaba sendo a única alternativa possível.

“A lição que nosso sistema prisional ensina a seus residentes é como sobreviver como um prisioneiro, não como um cidadão.”

Ironicamente, por mais que seu relato seja bastante esclarecedor, Piper não passou pelas piores experiências que uma prisão pode oferecer. Pelo contrário, ela foi uma exceção à regra. Afinal, possuía todo apoio de familiares e amigos e nunca ficou desamparada. Além disso, tinha um lugar seguro e estável esperando quando saísse. Até mesmo a prisão onde Piper fica não é tão “barra pesada” como outras. E é exatamente um pouco disso que falta à história. Uma experiência do ponto de vista de quem realmente passou por todos os problemas citados, o que abrange a maioria da população prisional.

E parece que essa visão será possível em pouco tempo. Catherine Cleary Wolters, que foi responsável por introduzir Piper ao mundo do crime e por sua prisão, também assinou contrato para narrar sua experiência atrás das grades. Ela possui muito mais informações de como funciona o tráfico de drogas e foi para uma prisão diferente da de Kerman, onde passou seis anos. Talvez seu lado da história seja mais obscuro. Na série, ela é Alex Vause (Laura Prepon) e sua história é bem diferente da vida real. O novo livro, chamado Out of Orange, será lançado em maio nos Estados Unidos. Torçamos para que seja lançado também aqui no Brasil.

Atualizações, Novidades, Resenhas

Resenha: Eu + Você = Nós: Um Livro para Preencher Junto, Lisa Currie

Quando pequena, eu era apaixonada por revistas de colorir e cadernos de atividades que meus pais compravam na banca. Eu passava horas pintando todos os desenhos e resolvendo os desafios que vinham naquelas revistas. Creio que esse também deve ter sido o passatempo preferido das pessoas das minha idade.

Um tempo atrás começaram a surgir diversos livros interativos, propondo diversas atividades diferentes tanto para crianças, quanto para pessoas mais velhas como eu. E foi um sucesso! Quando soube do lançamento de Eu + Você = Nós, da editora Benvirá, fiquei muito ansiosa para adquiri-lo.

eu-voce-nos-lisa-currie-ligia-braslauskas-livro-6001
Diferente dos outros livros interativos que já vimos por aí, este nos trás a proposta de preenche-lo com alguém especial. Ou seja, todas as atividades do livro são em dupla. Então tá liberado convidar o namorado, o tio, a tia, a amiga, o cachorro, o papagaio e quem mais você quiser para preenche-lo com você! Com tanta coisa diferente para fazer, você pode, inclusive, completá-lo com várias pessoas diferentes. Quem sabe convidar toda a família para formarem duplas e preencherem uma página com você. Com certeza o resultado vai ser muito bacana!

Antes de qualquer outra coisa, preciso realmente parabenizar a Benvirá pelo trabalho incrível (!!!) feito na edição desse livro. Logo de cara ele já me chamou a atenção pelas cores vibrantes e as fontes divertidas na capa. Assim que abri a primeira página, fiquei encantada com as ilustrações e a escrita do livro, pois tudo parece ter sido escrito e desenhado a mão.

O livro possui quase 200 páginas, e folheando-o já vi diversas atividades bem bacana. Convidei meu namorado para começar a preenche-lo comigo, pois vi páginas com atividades como “Pequenos detalhes que só nós reparamos um no outro”, “A diversão mais barata que já tivemos juntos” “Como passamos nosso tempo junto” que achei a nossa cara!

Para quem gosta de livros com esta proposta tenho certeza que vão adorá-lo tanto quanto eu adorei!

Resenhas

Resenha: Capuz Vermelho – Dias Perdidos, Judd Winick, Pablo Raimondi & Jeremy Haun

“‘Capuz Vermelho –  Dias Perdidos’ conta a história de Jason Todd, que outrora havia sido Robin, o ajudante do Batman morto cruelmente pelo Coringa. Todd foi atingido por vários golpes de pé de cabra, queimado e soterrado por uma explosão, mas eventos misteriosos ressuscitam o ‘menino prodígio'”.

Escrito por Judd Winick, vemos uma narrativa bem elaborada que demonstra a transição de um vilão em busca de vingança para anti-herói. A arte é mesclada entre dois artistas que têm uma leve similaridade entre seus traços, porém, Haun consegue captar a atenção do leitor de uma forma mais dinâmica, sua arte é mais detalhada e com cenas mais impactantes, aparentando fluir mais naturalmente.

Tudo começa quando Jason Todd acorda misteriosamente em seu túmulo e foge sem nenhuma lembrança de seu passado, passando alguns anos vagando com amnésia até ser encontrado por Talia al Ghul, filha de Ras al Ghul. Jason estava praticamente em estado vegetativo, a única coisa que lhe sobrara era seu instinto e seu reflexo, seu corpo reagia a ataques, mas não esboçava qualquer outra reação. Com o tempo seus músculos começam a se fortalecer e ele vai se tornando mais rápido e poderoso, mas sua mente continua quebrada e sem memória. Talia acaba se afeiçoando a Todd e, buscando ajudá-lo, aproveita o momento em que Ras al Ghul se banha no poço de Lázaro, uma fonte capaz de regenerar ferimentos e doenças graves e de até mesmo reviver e rejuvenescer. Surpreendendo-o, Talia joga Jason na fonte, fazendo com que ele recupere toda sua memória e finalmente tenha capacidade de buscar vingança contra o Coringa, o responsável pela sua morte, e contra Batman, por poupar a vida do Coringa.

warrggrgrrhldimage4Após recuperar sua memória, Jason é guiado por Talia e parte em uma jornada ao redor do mundo para aprender, evoluir e enfim se vingar. Recebendo treinamento em várias artes marciais, armas brancas, explosivos e armas de fogo, ele se torna uma verdadeira máquina de matar. Quando seus tutores se revelam criminosos impiedosos, estupradores, traficantes e assassinos cruéis, Jason sente a necessidade de reagir, eliminando-os juntamente com seus cúmplices, deixando um rastro de corpos por onde passa. Esse acontecimento foi um divisor de águas, a partir daí Todd demonstra um novo senso de justiça, distorcido por acontecimentos e experiências traumáticas, Robin combatia o mal de uma forma não letal, porém sua piedade morreu com ele, agora retornará a Gotham em busca de vingança, cada vez mais próximo de se tornar o Capuz Vermelho.

Cada página lida é uma etapa da evolução de Jason até se tornar um anti-herói, sua sede por vingança e seu novo senso de justiça o farão trilhar um caminho solitário, deixando corpos de criminosos por onde passa. Essa HQ retrata a ressuscitação de um personagem e uma rara ocasião: quando o feito causa o efeito desejado, pois Jason Todd não tão adorado em sua época como o Robin, torna-se um personagem mais interessante e intenso. Uma ótima leitura e um roteiro que não perde o foco em nenhum momento, todos os momentos que Todd vivencia o levarão ao seu destino.

Resenhas

Resenha: Apenas um dia, Gayle Forman

A vida de Allyson Healey é exatamente igual a sua mala de viagem: organizada, planejada, sistematizada. Então, no último dia do seu curso de extensão na Europa, depois de três semanas de dedicação integral, ela conhece Willem. De espírito livre, o ator sem destino certo é tudo o que Allyson não é. Willem a convida para adiar seus próximos compromissos e ir com ele para Paris. E Allyson aceita. Essa decisão inesperada a impulsiona para um dia de riscos, de romance, de liberdade, de intimidade: 24 horas que irão transformar a sua vida. Apenas um Dia fala de amor, mágoa, viagem, identidade e sobre os acidentes provocados pelo destino, mostrando que, às vezes, para nos encontrarmos, precisamos nos perder primeiro… Muito do que procuramos está bem mais perto do que pensamos.

Não é nada fácil não colocar expectativas em um livro da Gayle Forman. Depois do estrondoso sucesso “Se eu ficar” (que rendeu filme, continuação de livro etc) todos nós esperávamos muito da autora que nos emocionou com Mia e Adam.

“Apenas um dia” é dividido em duas partes: a Allyson de antes e a Allyson de depois. A Allyson de antes é uma menina extremamente metódica, responsável e que sempre faz tudo de acordo com o planejamento dos seus pais: ir bem na escola, participar de atividades extracurriculares, se inscrever para medicina na faculdade… Todo o seu dia é planejado, minuto por minuto e nem ela mesma tinha se dado conta do quanto era infeliz até conhecer Willem.

Willem é um ator que não tem endereço fixo: gosta de viajar, atuar, de tomar decisões impulsivas e ver onde a vida vai levá-lo a cada oportunidade que agarra. Ao apresentar uma peça na praça, Willem vê Allyson e sua melhor amiga, e se encanta pela nossa protagonista. Enquanto conversam, Allyson diz que em sua eurotrip com colegas (totalmente planejada e supervisionada por uma professora, é claro) eles não tiveram a oportunidade de conhecer Paris. Willem acha isso um absurdo, e a convida para conhecer a cidade. Assim mesmo, como se não fosse nada viajar com um desconhecido para uma terra qualquer.

Allyson, que teve toda sua vida regrada, acha a ideia uma loucura, mas não consegue conter o sentimento de cometer uma loucura de qualquer jeito, uma vez na vida, pra variar. Tomada pela ideia de “essa será a última (bem… e primeira) loucura antes de entrar pra faculdade e ser responsável” ela entra no trem pra Paris com Willem, Allyson não se preocupa nas horas de viagem, nos pontos turísticos que irão conhecer, nem se preocupa com ficar sem dinheiro ou se perder. Ela só quer fazer algo que nunca fez antes: aguardar o inesperado e se surpreender.

“Neste momento, tenho a impressão de que o trem não está me levando a Paris, mas a algum lugar completamente novo.”

Juntos os dois vivem um dia maravilhoso. Conhecendo a Paris que todos os turistas conhecem, mas também a Paris que só quem é íntimo vai saber desvendar. Conhecendo um ao outro e descobrindo os defeitos e qualidades que fazem você se apaixonar e em apenas um dia Allyson se apaixona por Willem (e você leitor, também). Talvez esse sentimento não seja apenas pelo “Willem”em si, mas por toda a simbologia que ele traz: a liberdade, poder fazer suas próprias escolhas e aproveitar tudo que a vida tem para oferecer mesmo que não tenhamos planejado aquilo.

“Se o tempo pode ser fluido, então talvez algo que seja apenas um dia possa continuar para sempre.”

A segunda parte do livro – Allyson de depois – começa depois das melhores 24 horas da sua vida. Enquanto ela segue em frente, tentando equilibrar seus planos e sua recém adquirida vontade de viver o presente, Ally se lembra de Willem mais do que deveria. É nessa segunda parte que realmente nos envolvemos com a história. As reflexões sobre quem somos e o que desejamos ser no futuro, sobre planejamentos e arrependimentos fazem qualquer um rever todos os seus conceitos e se apegar cada vez mais a Allyson. E não é à toa que ficamos muito felizes quando nossa mocinha resolve procurar Willem de novo, seja lá em que lugar do mundo ele estiver…

Eu terminei o livro chocada. Exatamente igual ao fim de “Se eu ficar”, eu não conseguia acreditar que passei a página e… eram os agradecimentos! Novamente, Gayle investe no suspense, garantindo que os fãs aguardem ansiosos pelo próximo lançamento.

Parabéns Gayle, você atingiu seu objetivo. Cá estou eu contando os dias por “Apenas um ano” que está previsto para ser publicado no segundo semestre de 2015, além de Just One Night (Apenas uma Noite, em tradução livre), um spin-off em formato de eBook (ainda sem anúncio de tradução para o português).

Resenhas

Resenha: Fúria Vermelha, Pierce Brown

Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade.

O que dizer sobre esse livro que acabei de terminar e já considero tanto? Apenas F E N O M E N A L.

Eu sei que já estamos enjoados de distopias, porque o mercado está se afogando de livros e livros desse gênero, mas sou obrigada a admitir a qualidade deste aqui, que mistura um mundo distópico, com sci-fi e aquele toque perfeito de guerras e estratégias como um jogo de War (adorava esse jogo, hahaha).

Darrow é um Mergulhador-do-Inferno, uma das funções mais perigosas e de prestígio entre os Vermelhos (classe mais baixa), e o que o torna extremamente habilidoso mesmo com a pouquíssima idade de 16 anos. É um bom menino, que perdeu o pai muito cedo, mas quando se casou com Eo, sua melhor amiga, foi como se uma parte do seu coração tivesse sido refeito.

E ele é um personagem diferente do que estamos acostumados em distopias, porque dentro das mais famosas o incômodo pela sociedade injusta está sempre presente nos protagonistas, mas Darrow realmente acredita ser parte importante e necessária da sociedade, possuindo aquela certa inocência, e tudo que ele quer é trabalhar duro pra prover o melhor pra família dele, sendo seu desejo mais ambicioso o de poder ver a luz do sol, já que trabalha no subsolo desde que nasceu.

 

Tudo que possuo é minha família e eu mesmo. Tudo o mais pertence à Sociedade. Sem eles, estaríamos na Terra moribunda como o restante da humanidade. 

Mas como se espera que aconteça, uma tragédia muda sua vida e o obriga a mudar suas perspectivas e questionar a justiça e a realidade que até então ele confiava e acreditava. Mas, essa é a única parte previsível do livro, o resto é uma montanha-russa de emoções.

As cores da Sociedade são uma parte interessante, porque é como são divididos e toda a sua composição está baseada nessa cor. Desde os cabelos até os olhos seguem o padrão da cor a que pertencem. Para se ter ideia da extensão em que se encaixam nas suas respectivas classes, a sua estrutura vai de mais resistente (Vermelhos) a mais delicada (Rosas) e inclusive indestrutível (Ouros). Tudo é uma prova do quão baixo ou quão alto você se encontra na hierarquia, não é uma questão precisa de sorte.

Admito que, como o autor tem que ambientar o universo para que possamos compreendê-lo, a leitura é lenta a princípio, mas a construção do mundo é necessária para o desenvolver da história, e, depois de uma certa parte já não é possível parar de ler.

O livro aborda os temas de forma adulta, a violência, a sede de vingança e a realidade do universo não são amenizadas, o que  é uma coisa boa, porque dessa forma é possível se apegar aos personagens e a suas respectivas realidades (afinal, como disse Augustus Waters, “a dor deve ser sentida”, hahaha).

Todos os personagens são muito bem contextualizados e intrigantes, o autor consegue te trazer os sentimentos de raiva e ao mesmo tempo compaixão em diversos casos, e uma das coisas que me agradou é que Darrow, mesmo tendo todos os motivos para ser puramente cruel, ainda mantém a justiça e a compaixão como algo a se considerar.

 

Fui forjado nos intestinos deste mundo duro. Afiado pelo ódio. Fortificado pelo amor. 

Essencialmente o livro é uma obra-prima do autor Pierce Brown. É diferente de todos as distopias que tinha lido, apesar de haver leves semelhanças com Jogos Vorazes, é algo único.

E lembra que no início falei das guerras e jogos de estratégia que esse livro tem parecido com War, não quero dar spoilers, então aqui fica apenas o gostinho a mais: existe um instituto onde todas essas estratégias são colocadas a prova (e que instituto é esse? acho que terão que ler…muahaha).

O segundo livro Golden Son deve chegar ao Brasil pela Editora Globo Livros no segundo semestre desse ano, e o terceiro Morning Star está para ser lançado nos EUA. E os direitos cinematográficos já foram vendidos para o diretor de Guerra Mundial Z, então podemos esperar um grande filme chegando por aí (ebaaa!).