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Resenha: O rei perverso, Holly Black
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Resenha: O rei perverso, Holly Black

Quando eu acabei de ler O príncipe cruel, eu quase subi nas paredes para ter O rei perverso em mãos. O livro acaba de uma forma que se você não tiver o próximo, você morre de ansiedade. E foi isso que aconteceu comigo.

+ Resenha: O príncipe cruel, Holly Black

O rei perverso chegou para mim numa sexta-feira. No sábado, eu passei o dia inteiro lendo. Antes de ler “O povo do ar” eu estava com uma ressaca literária imensa de livros de fantasia que foi curada pela saga. O livro começa pouco tempo depois do final do anterior. Jude Duarte agora é a mão por traz do reinado de Cardan. Como sua senescal, ela manda e desmanda, usando o então, inimigo mortal, como fantoche por um ano e um dia.

Você precisa ser forte o suficiente para golpear e golpear de novo sem se cansar. Vai doer. Mas a dor fortalece.

Ela achou que seria fácil agora que o pior passou. Mas, a jornada que ela aprende agora é que o poder é muito mais fácil de conseguir do que de manter. Nem preciso dizer que sentei para ler o livro e terminei em uma tacada só. É completamente impossível de parar.

Nós conseguimos poder tomando-o.

Cinco meses já se passaram, e ela não conseguiu fazer nada além de dar algumas ordens banais ao rei. Se quiser guardar o trono para seu irmão, Jude precisará pensar, e rápido, num plano para fazer Cardan se curvar a ela por mais tempo. Mas ter qualquer influência sobre o Grande Rei de Elfhame parece uma tarefa impossível, principalmente quando ele faz de tudo em seu poder para humilhá-la e prejudicá-la, mesmo que seu fascínio pela garota humana permaneça intacto. E é nessa parte que a gente começa a surtar: porque sim, tem cena de romance entre Jude e Cardan!

Te odeio tanto que às vezes não consigo pensar em outra coisa.

Eu gosto dos livros da Holly Black porque, apesar do romance existir, ela não deixa de lado as questões políticas para narrar histórias de amor, algo que vejo muito presente em livros da Cassandra Clare, por exemplo. Aqui, o romance faz parte da política. Jude e Cardan desejam um ao outro, mas também desejam poder. E eles são capazes de se beijarem, de transarem, de se entregarem ao instinto sempre pensando em um bem maior: subjugar um ao outro.

Mate-o antes que ele faça você amá-lo.

Os conflitos com Orlagh e todo o reino submarino também é um ponto importante neste livro. Aqui, entendemos melhor como funciona o poder da terra do Grande Rei de Elfhame e como são os domínios da rainha submarina. Um triângulo amoroso entre Jude-Cardan-Nicasia também parece se formar, já que, Orlagh dá um ultimato: Cardan precisa se casar com Nicasia, caso contrário, haverá guerra. E todos sabem que o povo submarino é unido, mas o povo da terra, dividido entre cortes Seelie e Unseelie, não são tão unidos assim e são facilmente manipuláveis.

Eu imagino o que teria acontecido se eu tivesse admitido que não consegui tirá-lo da cabeça.

Mas, se Cardan se casa com Nicasia, Orlagh e sua dinastia passam a ter o controle total de Elfhame, terra e água. E isso não é interessante.

O rei perverso é um livro de transição entre o início e fim de uma saga, portanto, de leitura rápida. É um livro que faz a gente se aprofundar um pouco mais dentro da história sem trazer grandes acontecimentos significativos como o primeiro, que tem tronos roubados, chantagens e batalhas intensas. Mas, não me entenda mal, porque isso nem de longe faz a série esfriar, muito pelo contrário. Os jogos políticos ganham um destaque maior com pessoas envenenando, encantando e ludibriando umas as outras, como só o povo feérico consegue fazer.

Agora me beije como se eu fosse Cardan.

E, como se não bastasse, alguém que a gente menos espera trai Jude. Eu chorei quando descobri a traição, vou confessar. E é somente no capítulo trinta, no último, que o título O rei perverso faz total sentido. Holly Black brinca com os nossos sentimentos. Vou explicar melhor no último parágrafo, com spoiler, após o Beconomize. Leia por sua conta e risco.


PARÁGRAFO DE SPOILERS, PARE DE LER AQUI SE NÃO QUISER PEGAR INFORMAÇÕES IMPORTANTES DO ENREDO!

Certo, a gente sabe que a Jude precisa ampliar o seu poder sobre Cardan. E ele não quer porque está gostando do trono e isso é previsível no enredo. Mas o que me deixou gritando sozinho é quando, nos meados dos últimos capítulos, Cardan pede Jude em casamento, transformando-a em Rainha de Elfhame, só para bani-la ao mundo mortal algumas páginas depois. Sério, Holly Black!!!!!! Isso deveria ser crime?

Eu já estava doido da cabeça achando que o enredo de enemies-to-lovers estava fechado, quando plau, Cardan pune Jude, perante Orlagh, pelo assassinato de Balekin a viver no mundo mortal até segunda ordem. Caso ela desobedeça e pise no mundo das fadas, morrerá imediatamente. E a gente sabe que a Jude tem horror ao mundo mortal.

Doce Jude. Você é a minha melhor punição.

Dessa vez, Rainha do Nada já está me esperando na estante e mal posso esperar para entender como vai ser o fim de O Povo do Ar, porque nem nos meus sonhos mais confusos eu poderia imaginar algo assim.

FIM DOS SPOILERS.


Resenha: Cura vibracional prática, Rowena Pattee Kryder
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Resenha: Cura vibracional prática, Rowena Pattee Kryder

Eu sou um grande fã de decks diferentões de tarô. Para quem não sabe, além de falar de livros por aqui, eu sou um grande apaixonado por astrologia, tarô, esoterismo, mundo místico… E por isso, pensei: por que não começar a resenhar os tarôs que eu compro? Dito e feito, vim trazer a primeira resenha de Cura vibracional prática, um conjunto de cartas para entrar em sintonia com vibrações de cura.

+ Resenha: Tarô claro e simples, Josephine Ellershaw

É importante ressaltar que Cura vibracional prática não é um tarô. É um conjunto de cartas vibracionais (tarô mesmo é outro negócio que eu explico outro dia). Ele apresenta ao leitor uma série de sessenta e quatro vibrações, em forma de cartas, que afetam as emoções, a mente e o corpo. Essas vibrações, quando levadas à consciência, podem ser usadas para a cura espiritual ou como fonte de inspiração interior para aumentar nossas capacidades de cura.

Primeiro a gente começa pela caixa roxa, super bem feita pelo pessoal da Editora Pensamento. É uma caixa que você não joga fora mesmo sendo desapegado de caixas de tarôs (eu guardo todos os meus em saquinhos personalizados). Mas essa aqui, meus amigos… É feita de material bom, parece quase madeira de tão firme que é.

Além das 64 cartas coloridas e ilustradas com símbolos da geometria sagrada, o conjunto vem com um livro explicativo sobre cada vibração e como meditar com ela. E o mais legal é que as cartas tem significados diferentes dependendo do lado que elas caem, ou seja, ao todo, são 128 vibrações diferentes que você tem a chance de usar.

Eu, por exemplo, tiro uma vibração para todo consulente de tarô ou astrologia quando chegamos ao fim da consulta. Também uso as cartas para acessar energias específicas – quando faço um ritual coletivo, por exemplo, que preciso que chegue em outras pessoas, uso a vibração correspondente para amplificar essas energias.

As cartas são lindas, muito bem impressas com cores vívidas. São grandes, então se você tem as mãos pequenas como a minha, talvez tenha dificuldade de embaralhar, mas não muita, porque elas deslizam perfeitamente entre si. É um dos decks que tenho que mais deslizam sem danificar as pontinhas, do jeito que a gente gosta.

Minha única reclamação seria sobre o livro, que não segue a ordem numérica das vibrações, então se tornou um pouco complicado para mim encontrar uma específica quando eu quero, no entanto, para leitura contínua faz bastante sentido a ordem que foi escolhida e colocada pela autora.

O preço do conjunto é bastante justo pela qualidade que oferece. Decks de tarô ou qualquer outro tipo de carta não costumam ser muito baratos, mas, muitos deles não entregam uma boa qualidade. Esse aqui entrega, então, vale bastante a pena pra você incrementar seus atendimentos profissionais, como eu faço, ou usar para purificação própria dos seus chakras.

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Resenha: Finalmente 15, Galera Record
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Resenha: Finalmente 15, Galera Record

A editora mais jovem do Grupo Editorial Record está completando 15 anos – de muitas histórias e publicações memoráveis. A idade de debutar é um marco na vida de todo adolescente e não poderia ser diferente no caso do selo editorial. Em comemoração ao aniversário, os principais nomes da literatura jovem nacional se encontram em Finalmente 15, antologia emocionante e cheia de representatividade.

+ Maior selo jovem do Brasil celebra debutância com lançamento de antologia

Finalmente 15 é uma antologia com 15 autores com histórias em que nós conhecemos os sonhos, os crushes, os dramas, as descobertas e as reviravoltas de se fazer quinze anos, tudo isso pela imaginação da nova geração de autores que estão definindo tendências no gênero YA nacional.

São leituras rápidas e leves, que nos transportam diretamente para nossa adolescência, fazendo-nos lembrar de como tudo era mais fácil (pelo menos vendo agora, quase 15 anos depois…). É um livro gostoso e muito fofo (vou repetir isso muitas vezes ao longo do texto, se acostume e não me jugue).

A edição está linda, com uma arte de capa e uma diagramação impecáveis com grandes nomes da literatura jovem que sabem muito bem como mexer (ou dilacerar) os nossos coraçõezinhos. O lançamento está previsto para 9 de outubro e a pré-venda já está rolando na Amazon (links no final do psot). Agora, vou comentar um pouquinho sobre cada um dos contos, falando o que gostei e o que eu não gostei:

Um príncipe para chamar de meu, Felipe Cabral

O livro começa com o conto mais fofo do mundo. Nele, conhecemos a história dos irmãos Leonardo e Leonora, os Léos. Chegou o dia da tão sonhada festa de debutante e Léo precisa sair do armário para sua irmã e para sua família, enquanto tenta chegar no seu crush supremo do colégio. É uma história leve, que nos faz ter esperanças de um mundo melhor.

Minha irmã deixava qualquer Evelyn Hugo no chinelo.

Meu amor, de novo e outra vez, Karine Ribeiro

O segundo conto da antologia fala sobre o dia do fim do mundo, quando Lu está na festa de 15 anos de sua melhor amiga, e por quem nutre uma paixão secreta, Érica e o mundo acaba. Mas, em vez de morrer, ela volta um ano no passado e precisa refazer toda a sua vida até a festa de 15 anos, quando tudo acontece de novo. Érica vai e volta no tempo até aprender a ser fiel aos seus sentimentos. Queria ter lido algo assim com 15 anos.

Antes da peça festa, Olívia Pilar

Sabe o frio na barriga do primeiro flerte LGBTQIAP+ que a gente sente? Quando a gente se sente vivo pela primeira vez? Esse conto é sobre isso, quando Gabriela espera para fazer um teste para uma peça teatral e conhece Zuri, por quem nutre uma paixão adolescente avassaladora. Senti o friozinho na barriga daqui enquanto eu lia, que delícia.

O diário da princesa, Ray Tavares

Gente, que conto bom! Sério, nunca li nada parecido. Malu é filha de um príncipe do Brasil. De verdade. Uma daquelas pessoas que sonham em trazer a monarquia de volta mas sequer são capazes de reconhecer paternidades. Ela vai atrás dele, atrás dos seus direitos e, no final, surpreende todos nós com um pensamento crítico afiado que me fez respirar bem aliviado.

A sorte dos bons encontros, Vinicius Grossos

Vinicius gosta de massacrar o coração da gente, né? Aqui, ao contrário dos protagonistas humanos que tem ou estão fazendo 15 anos, quem tem 15 anos é Lady, a cachorrinha. Me arrancou lágrimas verdadeiras e me deixou muito feliz de, pelo menos por alguns minutos, entrar dentro da cabeça dos nossos amigos de quatro patas.

Rebobine, Maria Freitas

Também conseguiu me arrancar lágrimas quando eu menos esperava. Bernardo está saindo do velório do avô quando recebe uma fita antiga de uma desconhecida. Ao rebobinar, ele tem a oportunidade de viajar no tempo para conhecer o avô durante a adolescência. Tem uma pitada meio De volta para o futuro que me agradou bastante.

“A gente sempre acha que vai ter tempo”, ele continuou seu desabafo. “É. Mas tempo é uma coisa que a gente nunca tem.”

Esqueceram de nós, Lola Salgado

Vitor vai para uma viagem escolar enquanto conversa com um crush do Twitter. Lá, ele é esquecido pela escola junto com Rafael, seu crush supremo, sem sinal de celular e sem perspectiva de resgate. Mas, Rafael é muita areia pro caminhãozinho de Vitor, não? Só preciso dizer: FOFOOOOOOOOOS!

Tinham estudado juntos quase a vida inteira e não dava para ignorar o afeto construído por anos. Assim como não dava para evitar que esse mesmo afeto diminuísse cada vez mais.

O futuro que nunca foi nosso, Pedro Rhuas

O conto do Pedro foi um grande balde de água fria para mim. A primeira parte cria uma expectativa linda de um romance entre dois garotos de 15 anos que moram longe e amam Percy Jackson. Talvez, pela identificação, eu tenha criado muitas expectativas para a parte dois, que se passa 15 anos depois… e então veio o balde de água fria. Talvez seja pra gente aprender a cuidar mais das nossas expectativas.

Mas tudo que restava dele era o vazio, o coração desenhado a lápis no apoio branco da carteira do colégio, usando, para disfarçar, o nome dos nossos personagens no RPG de Percy Jackson. Ele, Alexander, filho de Atena. Eu, Jack, filho de Hefesto.

Menina moça, Stefano Volp

Essa é uma história com uma temática mais pesada, mas necessária. A protagonista engravida aos 15 anos, sofre um aborto espontâneo no colégio e agora precisa lutar para reconstruir sua honra, que foi tirada pelos amigos por tantos julgamentos. No fundo, ela só queria ser uma debutante normal. Esse tema deveria ser mais abordado em histórias.

Deixe a chuva cair, Juan Jullian

Eu estava tenso enquanto lia o conto do Juan porque sei que ele gosta de massacrar nosso coração. Tive taaaaanto medo pelo Salaminho! Mas é uma história sobre as coisas não saírem como o planejado mas, que ainda sim, podem ser mágicas. Lorrayne e Camila são lindas juntas (ainda mais com o Salaminho que espero que viva muito tempo com elas).

Eu no seu lugar, Clara Alves

Preciso dizer que eu adorei a escrita da Clara Alves! Já entrevistei uma vez mas ainda não tinha tido a oportunidade de ler nada dela. E esse conto foi cativante, ainda com música da Demi Lovato. Conta a história de Maiara e Camy, que até então, não tem nada em comum e trocam de corpo no dia da festa de 15 anos de Maiara. Tem uma vibe meio Como eu era antes de você? que me agradou muito.

Mas não dá pra ser feliz se preocupando tanto com a vida dos outros. Eu não sou feliz assim. Mas quero ser.

Eu e o meu robô, Giu Domingues

Me deu um pouco de medo, mas eu amei! Mira, a protagonista, conhece o Alex, uma inteligência artificial que pode fazer tudo o que ela não pode: passar na prova de matemática, ajudar qual resposta dar para a crush no WhatsApp… Até que ela sai de controle para tomar o mundo real. O mais engraçado do conto é que, lendo hoje, me parece bem verossímil.

Onde vivem as serpentes, Arthur Malvavisco

Confesso que entre todos os contos, esse foi um dos que menos gostei. Não entendi muito bem a história, a narrativa e achei confuso. Não prendeu minha atenção e acabei não chegando ao final, porque não curto muito histórias pós-apocalípticas que envolvem outros planetas e galáxias.

LIN – Uma história do C.O.N.E, Glau Kenp

Ainda na mesma linha do anterior, esse fala de uma sociedade em que os filhos são criados pelos pais com o melhor da genética. Tem uma pitada de ciência futurística e por isso, é construído de uma forma que nos deixa chocados e nos faz querer entender o que está acontecendo. Me pegou porque lembra Jogos Vorazes, que eu amo.

15, Elayne Baeta

Tinha que ter um enemies-to-lovers pra encerrar a antologia, né? É uma história leve sobre descobrir quem a gente ama e sobre estar preparado para dar o primeiro beijo – e respeitar o tempo de quem não está. Não tem uma conclusão muito forte como os outros contos, mas dá uma alegriazinha de ler.

Resenha: O príncipe cruel, Holly Black
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Resenha: O príncipe cruel, Holly Black

Eu gosto do trabalho da Holly Black há muito tempo. Desde criança. As crônicas de Spiderwick foi um dos primeiros livros que li na infância e sempre ficou intacto na minha memória o quanto eu amava a forma dela criar mundos mágicos. Quando saiu O príncipe cruel, fiquei meio relutante. Primeiro, porque ultimamente não me conecto tanto com livros de romance que não sejam LGBTQIAP+. Segundo, porque tinha medo de não gostar mais da escrita da Holly, levando em conta que hoje em dia sou um pouco mais crítico com isso (eu amo as histórias da Cassandra Clare, por exemplo, mas odeio a escrita dela).

+ Entrevista: Holly Black é a rainha de tudo e fala sobre seus gatinhos
+ Um oi da Holly Black!

Resolvi dar uma chance para O príncipe cruel na Bienal do Rio, quando descobri que ia entrevistar a Holly. E eu simplesmente devorei o livro em três dias. Voltei para a fase adolescente do Gabriel que deixa de comer, dormir e ir ao banheiro só para ler mais uma página e ainda, de quebra, me tirou de uma ressaca literária de ler ficção fantástica que eu estava há tempos.

“Nós somos filhos de tragédias.”

O príncipe cruel é um livro que conta a história de Jude, uma garota mortal, mudana, humana, que vê seus pais serem assassinados bem diante dos seus olhos e é levada junto com a irmã gêmea Taryn e a irmã mais velha Vivi ao Reino das Fadas. Quando a gente fala de fada, parece aquele mundo animado de fadinhas que voam e só fazem o bem. Se você espera isso, já vai tirando o cavalinho da chuva que o reino de Holly Black, chamado de Elfhame, é onde vive todo tipo de criatura feérica, cortes seelie e unseelie. E é justamente isso que eu mais gosto nas mitologias da Holly: ela brinca com cores de cabelo, cores de pele, características psicológicas e físicas… E isso é difícil de encontrar em livros que falam de seres feéricos.

“Se eu não puder ser melhor que eles, então vou ser muito pior.”

No mundo de Elfhame, Jude precisa entender que nunca será como os outros feéricos. Ela sempre será mortal e por isso, sempre mais fraca, sempre preterida… Mas ela quer conquistar o seu lugar na corte como guerreira. E é nessa jornada que a gente conhece o príncipe Cardan, perverso, otário, ridículo e que faz de tudo pra ela sofrer: desde palavras duras e vergonhosas até a obriga-la a se drogar com as comidas das fadas.

“Ele é uma faísca e você é altamente inflamável.”

O mais incrível da narrativa de O príncipe cruel é que os relacionamentos e afetos são tratados por uma ótica política. É um livro que tem romance, tem descoberta, tem vida, mas acima de tudo, é um livro que fala sobre relações políticas no reino das fadas e é isso que me deixou fascinado. Não preciso nem dizer que o plot twist de enemies-to-lovers de Jude e Cardan também me tirou alguns suspiros, mas isso só foi possível e eu só me conectei tanto com os personagens pela Holly saber manejar justamente as relações frias e superficiais, baseadas em interesses, que os seres feéricos estabelecem entre si e entre os mortais.

“O Reino das Fadas podia ser lindo, mas a beleza é comparável à carcaça de um corcel dourado cheio de larvas se contorcendo por baixo da pele, prontas para explodir.”

O livro tem capítulos curtos (eu amo!) e alguns mais longos que não ultrapassam as vinte páginas. Ele é escrito em primeira pessoa (exceto no prólogo), então conhecemos o mundo pelo ponto de vista da Jude. Apesar disso, não se torna cansativo de ler (como muitos em primeira pessoa). Ele é fluído. De início, você pode levar um tempo para engatar a leitura enquanto você se ambienta com Elfhame e os costumes de lá, mas depois de você passa da página trinta, você só consegue parar quando chega na 300.

“Você não é nada. A espécie humana finge ser tão resiliente. As vidas mortais são uma longa brincadeira de faz de conta. Se você não pudessem mentir para si mesmos, cortariam a própria garganta para acabar com sua infelicidade.”

Se eu já gostava da Holly Black na infância, agora na vida adulta parece que sua escrita e suas histórias me acompanharam. É um livro young adult, que não traz temas infantis como era em Spiderwick, mas também não deixa a desejar em nenhum momento quando o assunto é desenvolvimento de mundo e de personagem. Com certeza, uma leitura cinco estrelas.

Resenha: A Clínica - A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih, Vicente Vilardaga
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Resenha: A Clínica – A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih, Vicente Vilardaga

A Clínica – A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih, de Vicente Vilardaga apareceu para mim no Kindle Unlimited e resolvi dar uma chance. Como gosto e sou fã de livros de true crime, ainda mais os brasileiros, devorei essa leitura em pouco mais de dois dias.

A cronologia do livro é dividida de acordo com a vida do ex-médico Roger Abdelmassih, desde sua formação na faculdade, sua especialização em clínica masculina e posterior formação em reprodução humana. Com isso, passamos a entender sua “ascensão” e a sua “queda”, que foram tão bruscas quanto rápidas, e o poder midiático que proporcionou esses dois momentos tão distintos.

O livro que mostra tudo sobre a farsa e os crimes da medicina reprodutiva que chocaram o Brasil. Este livro-reportagem de apuração precisa tem como foco Roger Abdelmassih: um mito da medicina reprodutiva, incensado nos melhores salões paulistanos, homem admirável acima de qualquer suspeita, mas cujo espantoso edifício de crimes chocou a todos os brasileiros. Com um texto primoroso e uma reconstituição detalhada dos fatos, o repórter Vicente Vilardaga esmiúça a inacreditável trama de mentiras que cercam o médico condenado a 278 anos de prisão por mais de 48 delitos de abuso sexual a suas pacientes.

O primeiro capítulo, A festa, mostra o auge de Roger Abdelmassih, quando ele se posicionava como o maior especialista em reprodução humana do Brasil, quiçá, do mundo, com números impressionantes e taxas de acerto acima da média, cobrando valores exorbitantes. O fato era: o ex-médico dizia ser instrumento de Deus para criar bebês, oferecendo certezas em um universo onde elas são cada vez mais escassas.

Na sequência, inicia-se A investigação, quando a casa do ex-médico começa a cair. Uma jornalista da Globo leva um caso pessoal de assédio até seus colegas de trabalho e, por conta disso, a investigação começa a tomar corpo no Ministério Público, em sigilo. Abdelmassih, em quanto isso, continua vivendo seu auge, andando nos carros mais caros, morando nos endereços mais prestigiosos e atendendo estrelas, famosos e pessoas que juntaram a economia da vida toda em busca do sonho do filho.

A investigação dura muito tempo, vai e volta da justiça milhares de vezes, novos fatos surgem a todo momento e nem isso é capaz de parar o ex-médico, que conta com a melhor equipe jurídica e de gestão de crise que o dinheiro pode pagar. Sim, gestão de crise. Sua presença e relação com o jornalismo era tão próxima, que pode-se afirmar que ele virou referência no assunto e em outros, só com a ajuda de uma boa assessoria de imprensa e do seus números inflados, bem como seu ego, como A Clínica nos mostra.

Os capítulos são longos, detalhados e trazem muitos personagens da história à tona, afinal, a teia de pessoas que protegiam Roger Abdelmassih parecia interminável: funcionários de confiança, laranjas, parentes… Afinal, o dinheiro, para ele, parecia valer mais que qualquer outra coisa na vida.

Nos três capítulos finais, A prisão, A condenação e A fuga, a história passa a tomar um tom que o leitor quase segura o fôlego, em um jogo que parecia ser ficcional. Condenações, prisões preventivas, tentativa de anulação de processo, negar acusações, olhares feios na rua… Quando Abdelmassih se torna o inimigo número um e a justiça resolve tardar, mas não falhar, vem o inesperado: ele se torna foragido e assim permanece por mais de três anos.

Mais uma vez, ele depende de uma extensa rede de proteção para manter seu padrão de vida foragido, contando apenas com seus rendimentos passivos (um negócio secundário com plantação de laranjas, no interior de São Paulo) e um esquema faraônico de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e muitos outros crimes, além dos quais já fora condenado por mais de 200 anos de cadeia.

É interessante ler, do ponto de vista jornalístico de Vicente Vilardaga, que trouxe apenas os fatos já divulgados de forma organizada e cronológica, escritos com uma redação espetacular que faz o leitor mais jovem, que conhecia a história de Abdelmassih pelos noticiários mas não acompanhou por conta da idade, entender do começo ao fim um dos maiores esquemas criminosos da justiça brasileira. Para quem não sabe, além dos crimes de estupro, atentados ao pudor, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e muitos outros, Abdelmassih e A clínica também foram investigados pela manipulação de material genético humano para além dos limites permitidos pela ciência – sim: pais e mães podem ter tido filhos sem o próprio código genético, com DNA de terceiros desconhecidos, DNA do próprio médico ou até mesmo, com o DNA de mais de duas pessoas, já que ele costumava “turbinar” gametas sexuais mais velhos com organelas de células mais novas.

É uma leitura igualmente chocante, surreal e capaz de tirar o fôlego, principalmente quando a gente percebe que poderia ser inverossímil e digna de um romance de ficção científica futurista, mas é só um relato de algo que aconteceu bem embaixo dos nossos narizes.

Resenha: Estou feliz que minha mãe morreu, Jennette McCurdy
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Resenha: Estou feliz que minha mãe morreu, Jennette McCurdy

Antes que você comece a ler minha resenha de Estou feliz que minha mãe morreu, devo te alertar que esta leitura – bem como livro – pode ter gatilhos fortes para quem tem relações parentais delicadas, bem como para quem convive com pessoas com traços narcisistas.

Estou feliz que minha mãe morreu é um livro cru, com capítulos curtos e a primeira vista desconexos, sem uma sequência próxima, mas que traz memórias da ex-atriz Jennette McCurdy, mundialmente conhecida pelo papel na Nickelodeon como Sam Puckett em iCarly e na série derivada com a Ariana Grande.

Um comovente e hilário livro de memórias da estrela Jennette McCurdy sobre suas lutas como ex-atriz infantil – incluindo distúrbios alimentares, vícios e o complicado relacionamento com sua mãe autoritária – e como retomou o controle de sua vida. Jennette McCurdy tinha seis anos quando realizou seu primeiro teste para atriz. O sonho de sua mãe era que sua única filha se tornasse uma estrela, e Jennette faria qualquer coisa para deixá-la feliz. Então obedeceu ao que a mãe chamava de “restrição calórica”, comendo pouco e pesando-se cinco vezes por dia. Também sofreu extensos procedimentos estéticos “caseiros”, como na passagem onde a mãe insistia que Jennette tingisse os cílios: “Seus cílios são invisíveis, sabia? Você acha que a Dakota Fanning não pinta os dela?” Jennette chegou ao cúmulo de ser banhada pela mãe até os dezesseis anos, além de ser forçada a mostrar o conteúdo de seus diários e e-mails e compartilhar toda a sua renda. Em Estou Feliz que Minha Mãe Morreu, Jennette narra tudo isso em detalhes – assim como o que acontece quando o sonho finalmente se torna realidade. Lançada em uma nova série da Nickelodeon chamada iCarly, ela foi impelida à fama. Embora sua mãe estivesse em êxtase, enviando e-mails aos moderadores do fã-clube e tratando os paparazzi pelo primeiro nome (“Oi, Gale!”), Jennette sentia muita ansiedade, vergonha e autoaversão, que se manifestavam na forma de distúrbios alimentares, vícios e uma série de relacionamentos tóxicos. Tais problemas só pioraram quando, logo após assumir a liderança no spin-off de iCarly, Sam & Cat, ao lado de Ariana Grande, sua mãe veio a falecer de câncer. Finalmente, depois de descobrir a terapia e parar de atuar, Jennette embarcou na recuperação e passou a decidir, pela primeira vez na vida, o que realmente queria. Narrada com franqueza e humor ácido, Estou Feliz que Minha Mãe Morreu é uma história inspiradora de resiliência, independência e a alegria de poder lavar o próprio cabelo.

O livro traz memórias de Jennette desde sua infância, com sua mãe, e como ela entrou no ramo do show business, ainda criança, mesmo não sendo a sua vontade ou o seu sonho. Mas, era o sonho da sua mãe e, como ela mesma relata no livro, tudo o que ela sabia fazer na vida era manter a mãe feliz. Sua vida girava em torno de satisfazer os desejos da sua mãe.

De início, para quem já tem anos de análise e terapia em dia, a narrativa já causa mal estar e estranheza. Mas Jennette narra a partir do seu ponto de vista na idade em que tem quando o acontecimento ocorre. Isso significa que temos relatos de uma Jennette criança, pré-adolescente, adolescente, jovem-adulta e dos dias de hoje. O mais incrível é que ela, como autora, não deixa vazar os conhecimentos que tem hoje quando narra um evento do passado. Como eu disse, ela segue cruamente fiel ao que sentia quando aconteceu.

Nisso, vemos McCurdy crescer com sua mãe, que após ter enfrentado um câncer, desenvolveu certos comportamentos maníacos. Ela acumulava tudo, não jogava nada fora e, por conta disso, os filhos precisavam dormir em colchonetes de ginástica na sala. Com o sonho podado de ser atriz, ela viu na filha a chance que jamais tivera e, como isso satisfazia a mãe, a pequena Jennette se jogou de cabeça. Ela mesmo narra que sabia sentir como a mãe estava se sentindo e trabalhar a partir disso. Seus comportamentos refletiam o humor da mãe.

E assim ela seguiu por muitos anos sob controle da mãe, que a levava dirigindo para testes de papéis figurativos e papéis principais posteriormente, ensinando a filha a contar calorias para se manter magra e submetendo a garota, até aos 17 anos, a exames ginecológicos diários durante o banho. Sim, ela não podia tomar banho sozinha até os 17 anos. Não, a mãe não era uma médica ginecologista.

Os anos passaram e Jennette cresceu e começou a ter sua independência da mãe. Não da forma como ela queria, mas porque fora obrigada porque o câncer da mãe tinha voltado de forma mais agressiva e ela agora tinha que viajar sozinha e fazer suas coisas por conta própria. No começo, ela até se sentia um pouco perdida. Quando foi morar sozinha, não conseguiu colocar limite na mãe, que foi morar junto com ela e ainda mantinha sua vida em rédeas curtas: aos 18 anos, dormir fora de casa uma noite, mesmo que fosse na casa de Miranda Cosgrove, sua amiga de set, era um pretexto para receber mensagens chamando-a de vadia.

Jennette chegou na terapia após sua anorexia virar uma bulimia e alcoolismo. Quando a terapeuta propõe que sua mãe teve parte nesse abuso – afinal, a mãe ensinou a anorexia para a filha -, a escritora sai e nunca mais volta para o processo terapêutico. Afinal, como poderia a mãe que ela sempre idolatrou ter ensinado algo que não fosse para o seu bem?

É então que sua mãe chega na fase terminal do câncer e vem a falecer. Nada na vida de Jennette agora faz sentido. Como viver agora sem ter a direção que a mãe dava?

É nesse cenário que Jennette McCurdy agora se descobre livre. Estou feliz que minha mãe morreu é um relato real, não de felicidade exatamente sobre a morte da mãe, mas um sentimento de alívio, de liberdade e de recomeço que toma a vida da autora. Pode parecer absurdo para pessoas que não entendem o seu contexto, afinal, como alguém poderia ficar feliz com a morte da própria mãe?

No caso de Jennete McCurdy, essa tristeza é a melhor coisa que poderia ter acontecido.

Resenha: Confissões do Crematório, Caitlin Doughty
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Resenha: Confissões do Crematório, Caitlin Doughty

Confissões do Crematório é um livro que chegou até mim em um momento de luto. Aquele momento em que a gente quer entender e desvendar todos os mistérios da morte. E posso dizer que fui surpreendido positivamente com a narrativa de Caitlin Doughty e também, por ser o primeiro livro da Darkside que eu realmente gosto.

Um livro para quem planeja morrer um dia “Uma menina nunca esquece seu primeiro cadáver.” – Caitlin Doughty

É a única certeza da vida. Então, por que evitamos tanto falar sobre ela? A morte é inevitável, sentimos muito. Mas pelo menos, como descobriu Caitlin Doughty, ficar a sete palmos do chão ainda é uma opção. ”Confissões do Crematório” reúne histórias reais do dia a dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos históricos, mitológicos e filosóficos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, Caitlin Doughty desmistifica a morte para si e para seus leitores. O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician e da – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira honesta, inteligente e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma benção, é apenas uma forma profunda de terror”. Caitlin Doughty é agente funerária, escritora e mantém um canal no YouTube onde fala com bom humor sobre a morte e as práticas da indústria funerária. É criadora da websérie Ask a Mortician, fundadora do grupo The Order of the Good Death (que une profissionais, acadêmicos e artistas para falar sobre a mortalidade) e também autora de Confissões do Crematório.

Explico: não tenho uma boa relação com os livros da editora. As edições são lindas, espetaculares, disso não há o que questionar. Também acho os valores justos, mas quando falo de conteúdo, sempre me deixou a desejar. Aconteceu isso com “O Segredo dos Corpos”, “Bruxa Natural” e alguns outros.

O livro conta a história da própria autora, Caitlin, que também é curiosa com relação aos trâmites da morte. Com isso, ela resolve arrumar um estágio em um crematório da sua cidade, sem experiência nenhuma. Lá, ela precisa barbear mortos, preparar cadáveres e limpar até os fornos de cremação e nos leva para uma jornada em que nos deparamos com a nossa perenidade e com a nossa organicidade.

Sim, Confissões do Crematório nos traz a consciência de que somos orgânicos. Para além das crenças espirituais do que acontece na vida depois da morte, conteúdo que tive contato em “Violetas na Janela”, Confissões é um livro mais cru, que fala mais dos corpos que das psiques.

Além das confissões do que pode acontecer com nosso corpo nesses locais, Doughty traz para a nossa consciência que a morte é um negócio lucrativo, que faz de tudo para afastar a experiência dos vivos, que continuam sua jornada na Terra.

O livro é dividido na parte em que Caitlin está trabalhando no crematório, parte que gosto mais, e em uma segunda parte, quando ela resolve se especializar “na morte” e ir estudar em outro estado. Com isso, ela mostra que o negócio americano da morte vai muito além do que a gente imagina. Essa segunda parte não me agradou tanto, talvez pela falta de proximidade.

Mas, se você é uma pessoa (enlutada ou não, apesar de que, se estiver em luto, assim como eu, creio que a leitura pode ser mais proveitosa) interessada pela morte, Confissões do Crematório é um livro indispensável e que me fez entender como quero chegar ao fim da vida e como quero que lidem com meus restos mortais.

Resenha: Violetas na Janela, Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho - pelo espírito Patrícia
Livros, Resenhas

Resenha: Violetas na Janela, Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho – pelo espírito Patrícia

Violetas na Janela foi de longe o livro mais recomendado para mim quando minha vó morreu. Meus amigos, minha analista e até mesmo, algumas pessoas desconhecidas diziam que eu precisava ler este livro. Não sou espírita, a única vez que li um livro espírita na vida foi quando perdi meu cachorro aos quinze anos. Sim, parece um padrão recorrer a esse tipo de literatura quando a gente precisa de um alento para além da matéria.

Patrícia desencarnou aos dezenove anos. No mundo dos espíritos, recorda que despertou tranquilamente no plano espiritual, sentindo-se entre amigos. Feliz com a acolhida, adaptou-se à nova vida auxiliada por espíritos benfeitores que a receberam na Colônia São Sebastião. Em Violetas na janela, Patrícia explica o que é a desencarnação. Descreve as belezas do plano espiritual, onde não faltam trabalho, estudo e diversão. No início, estava cheia de dúvidas… Do que se alimentaria? O que vestiria? Sentiria as mesmas necessidades? Enfrentaria o calor, o frio? Aos poucos, tudo se esclareceu ao conviver com outros jovens desencarnados. Conheça o outro lado da vida: entenda como devemos proceder diante da morte de um ente querido – o que fazer para superar a separação e confortar aquele que partiu. Patrícia exemplifica a lição, relembrando a inesquecível ajuda que recebeu de familiares espíritas. (Livro 1 da Coleção Patrícia)

Violetas na Janela conta a história de Patrícia, uma garota que desencarnou aos dezenove anos e conta das suas experiências do lado de lá. Desde sua morte, entendemos, de acordo com a crença espírita, o que acontece com seu espírito na colônia, enquanto ele se desliga do corpo físico, lida com o luto, com os familiares e com a nova vida. É uma leitura leve, tranquila, e parece dar a sensação de que alguém está realmente te contando uma história. Vários foram os dias que li Violetas na Janela para dormir, peguei no sono e tive sonhos lindíssimos com a minha vó.

De acordo com o livro, leva algum tempo até o espírito se desligar do corpo físico, período este em que o desencarnado dorme bastante. Quando acorda, ele é recebido por um ente querido que funciona como uma espécie de mentor no seu mundo espiritual. Lá, ele precisa aprender a se alimentar, a se vestir, a trabalhar e a levar a vida. O grande ombro amigo do livro se dá quando se falam dos entes queridos que ficaram na Terra: quando eles choram, sofrem ou sentem saudades, o espírito se sente mal, triste e pesado. Quando os encarnados desejam um caminho de luz, alegria e felicidade, é como se enviassem flores para o espírito, que se sente cada vez mais forte e amado.

Devem os encarnados pensar nos desencarnados sadios, felizes e desejar-lhes alegria.

A leitura é realmente um abraço quentinho para quem acredita que existe vida após a morte e que a morte não é o fim de tudo. Discordo de vários pontos do livro, o que considero perfeitamente normal por não ser da doutrina espírita mas, resolvi ficar e levar para o coração a mensagem principal que, onde quer que estejam os nossos entes desencarnados, que estejam bem, felizes e em seu caminho de luz. Por aqui, se lembrar com amor e ternura segue sendo nossa forma mais singela de amar.

O não entendimento da continuação da vida leva muitas pessoas a terem pena de quem desencarna. A desencarnação para os bons é paz e alegria. Para os maus e ociosos é o começo de sua colheita.

Daisy Jones & The Six
Livros, Resenhas

Resenha: Daisy Jones & The Six, Taylor Jenkins Reid

Mais uma vez Taylor Jenkins Reid me fazendo escrever uma resenha nada parcial e que mais se parece com um surto adolescente, mas é isso que Daisy Jones & The Six causa na gente, então prossiga por sua conta e risco.

Primeiro, devo falar que fui ler Daisy Jones por conta de Evelyn Hugo. Li o livro da Evelyn em uma tacada só, em uma madrugada e precisava avidamente de mais coisas de Jenkins Reid para ler e lembrei que Daisy me esperava no Kindle. E não, apesar de eu ter amado a experiência de leitura, não engatei logo de primeira e não li numa tacada só.

Embalado pelo melhor do rock’n’roll, um romance inesquecível sobre uma banda dos anos 1970, sua apaixonante vocalista e o amor à música. Da autora de Em outra vida, talvez?.

Todo mundo conhece Daisy Jones & The Six. Nos anos setenta, dominavam as paradas de sucesso, faziam shows para plateias lotadas e conquistavam milhões de fãs. Eram a voz de uma geração, e Daisy, a inspiração de toda garota descolada. Mas no dia 12 de julho de 1979, no último show da turnê Aurora, eles se separaram. E ninguém nunca soube por quê. Até agora.

Esta é história de uma menina de Los Angeles que sonhava em ser uma estrela do rock e de uma banda que também almejava seu lugar ao sol. E de tudo o que aconteceu — o sexo, as drogas, os conflitos e os dramas — quando um produtor apostou (certo!) que juntos poderiam se tornar lendas da música.

Neste romance inesquecível narrado a partir de entrevistas, Taylor Jenkins Reid reconstitui a trajetória de uma banda fictícia com a intensidade presente nos melhores backstages do rock’n’roll.

“Devorei o livro em um dia e me apaixonei por Daisy e pela banda.” — Reese Witherspoon

+ Resenha: Os sete maridos de Evelyn Hugo, Taylor Jenkins Reid

Primeiro, você precisa entender que pra quem é jornalista, assim como eu, ler livros no formato de entrevistas é um grande desafio. A gente escreve elas todos os dias, o dia inteiro e por isso, a gente não aguenta mais ler. Só que Daisy Jones & The Six é uma construção diferente. Ele se passa nos dias de hoje, quando a banda que fora apaixonante nos anos 70 resolve contar todos os seus segredos para o público. Com direito a todos os podres de todos os participantes, familiares, amigos e empresários.

Mas não é somente sobre a banda. O livro começa com a história de Daisy Jones, uma garota que precisa ser uma estrela do rock. Ela não tinha mais nenhum outro plano e estava disposta a fazer qualquer coisa para conseguir. E é nesse contexto, que, enquanto isso, a banda que conhecemos como The Six, tenta manter a sua relevância em uma turnê após outra, para não cair no esquecimento.

Ela não passava de uma menina desesperada para criar vínculos com as pessoas.

Entre depoimentos extremamente emocionantes de cada personagem, a autora nos leva em uma verdadeira viagem no tempo, que mais parece um documentário real sobre uma banda real. Sério, parecia que eu estava assistindo tudo aquilo dentro da minha cabeça, com as falas de cada um, com vozes diferentes… Imaginei perfeitamente cada personagem em cada contexto e é por isso que eu amo tanto o jornalismo e amei ainda mais esse jornalismo literário da ficção que a autora construiu no enredo de Daisy Jones & The Six.

Entre drogas, bebidas, conflitos e muuuuuito drama, conhecemos como a banda The Six se junta a Daisy Jones para o que seria (e foi!) apenas um disco e uma turnê inesquecível para todos os fãs da banda, que acaba por levá-los, em pouco tempo do céu ao inferno, do céu ao inferno, do céu ao inferno. Ver (ler) os protagonistas cantando de forma tão emotiva no palco com a riqueza de detalhes e afeto que a Taylor escreve é indiscritível em uma resenha é só lendo para você entender. Mas sim, a gente sente toda a angústia de Regret Me e do álbum Aurora do começo ao fim. E ah, antes que eu me esqueça: no livro tem referências a Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, que foi o que me deixou em êxtase!!!! Mick Riva que se cuide!

Eu te amo tanto quanto me permito amar alguém.

E a boa notícia é: O Prime Video lança na próxima sexta-feira, 3 de março, sua nova série musical dramática, Daisy Jones & The Six, que também conta com a canção “Look At Us Now (Honeycomb)”, uma das 24 faixas gravadas exclusivamente para a trilha sonora da produção pelo próprio elenco. O álbum com as músicas originais está sendo disponibilizado pela Atlantic Records antes e durante o lançamento da série, em mais de 240 países e territórios. Exclusivamente no Prime VideoDaisy Jones & The Six terá novos episódios sendo lançados semanalmente, até dia 24 de março.

Resenha: Almanaque do pensamento 2022, Editora Pensamento
Livros, Resenhas

Resenha: Almanaque do pensamento 2022, Editora Pensamento

Quero começar essa resenha dizendo que ela vai parecer mais como um grande comentário que uma resenha em si. Tenho dificuldades pra escrever resenhas propriamente ditas de livros que são de não-ficção. Pois bem, dito isso, preciso dizer também que amo o Almanaque do pensamento desde que eu era criança! Me lembro de ir até a banca de jornal, todo ano, e comprar com meu avô pra gente ler e debater.

+ Previsões para 2022: Conheça o orixá regente do seu signo esse ano

Outras vezes, me lembro de sentar no chão da livraria para ler as previsões daquele ano, já que não podia comprar. E esse ano quero dizer que: vencemos! O pessoal da Editora Pensamento me mandou uma cópia do Almanaque do pensamento e uma cópia do Almanaque Wicca para ler e contar um pouquinho para vocês.

Para quem não conhece, o almanaque é como se fosse um grande guia astrológico e tarológico do nosso ano de 2022. Com ele, conseguimos ver previsões, planejas e luas fora de curso, quando que determinado signo entra em determinado planeta, além de previsões do tarô, da astrologia, da numerologia para cada signo. O mais legal é que as previsões não são genéricas: tem uma previsão para cada dia do ano, de acordo com seu signo.

Enquanto escrevo esse texto, por exemplo, a previsão de Escorpião (meu signo) é:

Lua em Gêmeos torna o dia ideal para trocar ideias com pessoas inteligentes, ampliar seus conhecimentos. Bom também para namorar, curtir a vida a dois, ver coisas bonitas, exposições, filmes ou espetáculos de música. Favorável para Vênus e Marte.

Apesar de ter lido ele inteirinho de uma vez, recomendo que a leitura seja feita em doses homeopáticas e de acordo com o seu signo. Você também pode fazer assim como eu e ir anotando nas margens o que coube para você, o que não coube… É um livro que tenho usado tanto no meu dia-a-dia quanto para consulentes de tarô. Vale muito a pena! O valor sugerido dele esse ano é R$ 19,90.