É difícil categorizar a música de Cícero. É MPB, com certeza, mas para além disso, não existem rótulos que abranjam seu estilo. Sua música, experimental por natureza, tranquila e envolvente, tem que ser escutada para ser compreendida.
O carioca Cícero Lins vem ganhando popularidade no cenário alternativo da MPB desde seu primeiro álbum, Canções de Apartamento (2012), e já foi fazer shows até em Portugal. Ele é relativamente popular pra quem acompanha a cena indie da música brasileira, mas talvez não tanto para quem vê de fora; Apesar disso, seus shows podem ter os ingressos esgotados bem rápido: Cícero tem um público pequeno, mas dedicado.
Duas coisas tornam sua música tão original: sua música é caseira e de belíssima e diversa instrumentação. Cícero grava todas as suas músicas em casa. Compõe sozinho, como já declarou em entrevista em 2011, e passou por uma jornada de amadurecimento musical ao longo de seus três últimos álbuns ao sair de letras principalmente sobre relacionamentos e suas consequências para poesia com uma forte influência na dinâmica e estética social urbana. Os instrumentos em suas músicas vão da guitarra ao xilofone, do violino ao tambor.
Mas é como eu disse: para entender, você tem que escutar. Então dá uma olhada aqui numa seleção especial de músicas de Cícero para você começar a aproveitar.
Que ela te tire de casa…
Canções de Apartamento (2012)
Tempo de Pipa Sobre como pessoas e fases da nossa vida as vezes estão intimamente ligados, e o que deixam em nós.
Ensaio Sobre Ela Começando ao som da chuva, essa é uma canção sobre as surpresa, esperanças e desilusões de um relacionamento.
Açúcar ou Adoçante? Com a poesia casual e conversativa que Cícero costuma usar, essa melodia que vai do calmo ao intenso é uma de suas melhores.
Entra pra ver
Mas tira o sapato pra entrar
Cuidado que eu mudei de lugar
Algumas certezas
Pra não te magoar
Sábado (2013)
Capim-Limão O melhor exemplo do toque urbano nas letras do artista, numa tomada minimalista.
Frevo por acaso Uma letra sobre poder (ou não) contar com alguém. Que por acaso, evolui num frevo (não podia perder a piada).
A Praia (2015)
A Praia A canção que dá nome ao álbum é envolvente, melodiosa, rica. O que Cícero quis dizer com “as canções de amor inventam o amor” fica para a interpretação do ouvinte.
O Bobo Sobre as pequenas e grandes alegrias da vida. O título lembra uma crônica da Clarice Lispector, “Das Vantagens de Ser Bobo”.
De Passagem Retrata o sentimento que se tem ao viver um amor que te traz paz e transforma sua vida. Alternativamente, pode ser interpretada como um ode àquela pessoa por quem você se apaixona por um instante no metrô ou na rua, e depois nunca mais vê.
Curtiu? Fica ligado aqui no Beco Literário pra mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre aos domingos.
Às vezes, só a parte teórica não nos faz absorver um conteúdo por completo, principalmente quando se trata das aulas de História. Por isso, que tal dar uma pausa nas apostilas, preparar uma pipoquinha e um refri bem gelado para aprender diretamente do seu sofá assistindo a um bom filme? Vem ver nossa lista com os oito melhores filmes que vão te ajudar a entender com mais clareza alguma fases da história do Brasil!
Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995) – IMDb
Marieta Severo vive Carlota Joaquina, esposa do príncipe D. João de Bragança, que para escapar das tropas napoleônicas em 1807, se transferem de Portugal para o Rio de Janeiro às pressas, e aqui vivem exilados por 13 anos. Misturando sátira com história, conhecemos um pouco mais sobre a monarquia portuguesa, elevação do Brasil Colônia a império ultramarino e posteriormente, a reino unido com Portugal.
Irineu Evangelista de Sousa, empreendedor gaúcho mais conhecido como barão de Mauá, é considerado o primeiro grande empresário brasileiro, responsável por uma série de iniciativas que modernizou a economia nacional ao longo do século XIX. Dirigido por Sérgio Rezende, vemos a infância, enriquecimento e falência de Mauá, e o que isso acarretou ao Brasil no período de Império (1822-1889).
Também dirigido por Sérgio Rezende, é baseado na Guerra de Canudos, quando o exército brasileiro enfrentou os integrantes de um movimento religioso liderado por Antônio Conselheiro, figura bastante conhecida após a Proclamação da República, que acreditava ser um enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais. O filme mostra a situação do Nordeste brasileiro no final do século XIX, e lida com temas como fome, seca, miséria, violência e abandono político, principalmente em Belo Monte, região onde os seguidores de Conselheiro fundaram o povoado de Canudos.
Olga Benário, interpretada por Camila Morgado, é uma militante comunista que é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde faz treinamento militar e é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes ao Brasil para liderar a Intentona Comunista, tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas em nome da Aliança Nacional Libertadora. Com o fracasso do movimento, ambos são presos e Olga é deportada para a Alemanha nazista, onde acaba tendo sua filha em um Campo de Concentração e depois, executada na Câmara de Gás.
Figura pouco conhecida, Assis Chateaubriand foi um magnata da comunicação, responsável por um conglomerado de mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e agências telegráficas no Brasil, entre 1930 e 1960. O filme sobre o fundador do Masp – Museu de Arte de São Paulo – e responsável pela chegada da TV no País mostra de maneira romantizada toda a sua vida, desde criança até seu auge e posterior morte. É baseado no livro de mesmo nome, escrito por Fernando Morais e apresenta a evolução da mídia no Brasil.
Filme dramático e biográfico, “Getúlio” percorre os últimos 19 dias da vida de Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil, período em que fica isolado no Palácio do Catete, enquanto a oposição o acusa de ser o mandante do atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, que publicava várias acusações contra ele em seu jornal, Tribuna da Imprensa. Bastante interessante para conhecer o período atordoado que foi o final de seu mandato, assim como parte da sua intimidade e relações pessoais.
Outro drama biográfico dirigido por Sérgio Rezende, que conta a história de Zuzu Angel, famosa estilista brasileira, mãe de Stuart Angel Jones, forte militante contra a ditadura militar, desaparecido na virada para os anos 70. O filme se baseia na luta de Zuzu para recuperar o corpo do filho, envolvendo até mesmo os Estados Unidos e termina com sua morte, em um acidente de carro forjado pelos militantes do exército ditatorial.
Feito do ponto de vista de Batista de Andrade, no formato de documentário, conta a história do jornalista Vladimir Herzog, assassinado na prisão em 1975 durante o regime militar brasileiro. A linha do tempo do filme é construída por depoimentos de pessoas que conviveram com ele, em vários momentos de sua vida. É interessante para conhecer um pouco mais sobre as torturas na época da ditadura.
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Já ouviu música em francês? Não? Cœur de Pirate é um ótimo ponto de entrada.
Béatrice Martin, nome real da cantora, é quebequense e começou a tocar piano com 3 anos de idade. Após passar por algumas bandas underground, ela lançou seu primeiro álbum, também intitulado Cœur de Pirate, em 2007. Desde então foram 3 outros álbuns, inclusive a trilha sonora do videogame Child of Light (2014), pela Ubisoft. Em 2016, a cantora assumiu-se queer após o tiroteio na boate Pulse, em Orlando.
A cantora Canadense é um dos maiores expoentes da música francófona (em língua francesa) contemporânea. Com canções melódicas que vão do extremamente fofo ao sinistro e melancólico, suas composições são marcantemente únicas, e se você estiver disposto a ler a tradução das letras – ou falar francês – vai encontrar letras que falam de amor fugindo dos clichês dos gêneros românticos atuais. Abaixo, eu selecionei pra vocês 12 músicas, divididas em álbuns, que capturam uma imagem da música dela, inclusive alguns bônus em inglês.
Amusez-vous bien! 🙂
Cœur de Pirate (2007)
O álbum de estréia trouxe, com melodias simples, o estilo que estaria presente dali em diante em suas músicas. Bastante romance ao som de instrumentações agradáveis e tranquilas, com predominância do piano e violão.
Comme des Enfants A definição da música “fofa”. Premiada na 25ª edição do Victoires de la Musique, na França.
Printemps Animada e alegre, ao som de violão e piano, a letra na verdade é bem triste. Fala sobre amor não correspondido.
Fondu au Noir Com um ritmo melódico e sinistro, essa música combinaria bem com uma animação do Tim Burton.
Blonde (2011)
Provavelmente a obra prima de Cœur de Pirate, embora seja difícil dizer com tantas músicas boas. A obra evolui para melodias mais complexas e variadas, ainda marcadas pela letra profundamente poética.
Place de la République Mais romântico, impossível. Uma poesia sobre se despedir do seu amor e lembrar de tudo.
Adieu Animada. Dedique essa música àquela pessoa que você amou, mas foi babaca com você.
“Mas diga-me adeus amanha Mas me diga adeus no caminho Vá ver os outros, eu não ligo Eu amei você, mas te garanto que é o fim”
É a sofrência francesa. Ps.: Vale a pena ver o clipe.
Verseau
Com uma batida bem alegre, a letra é linda e fala sobre o amor imperfeito. “Verseau” é o signo de Aquário em francês.
Saint-Laurent
Uma das mais belas instrumentações de Cœurde Pirate, essa música é uma bela pedida pra escapar do mainstream.
Ava
Com uma inspiração bem “anos 50”, Ava na verdade é uma conversa com uma garota que namora om um cara mais velho que se aproveita dela. Fala sobre se libertar de homens que te aprisionam com falsas promessas de amor.
Roses (2015)
Com um toque techno e batidas ainda mais marcadas, esse álbum se diferencia por trazer também letras em inglês. Teve também um significado mais profundo para a cantora, que cita influência do nascimento de sua filha em fazer das suas composições mais otimistas e menos sombrias.
Cast Away Uma das melodias mais belas do álbum, a letra fala sobre se dispor a ajudar a pessoa que você ama.
Our Love A narração da parte mais difícil da superação, com uma batida marcada e viciante.
Drapeau Blanc Representa a parte mais techno do álbum com sua melodia. A cantora declarou numa entrevista para o jornal canadense “The Star” que a música foi composta para narrar seu complicado relacionamento com a mãe.
Oceans Brawl O “hino” do álbum, Oceans Brawl fala sobre finalmente encontrar forças para lutar contra o sentimento que te prende à alguém que não te faz bem. É uma canção sobre superação.
Bônus:
Last Christmas A versão de Cœur de Pirate de uma música popular de Natal americana. Ótima para ouvir em qualquer época do ano, na verdade.
Dê play e sinta-se acolhido, afinal estamos todos presos no limbo do Infindável Outono
Cá estou. Escrevendo na tentativa de me libertar dessa constante monotonia que define a minha pseudo-vida. Horas, dias, semanas, meses e anos se passam, mas parecem ser sempre os mesmos. O roteiro da vida parece estar pré-definido, sem lacunas a serem preenchidas. A cada gole de café, uma morte. A cada palavra lida em um clássico livro, um sonho destruído. Expectativas frustradas. Amores emergem e afundam subitamente. Tudo isso justificado pelo grande sonho de consumo da raça humana: a felicidade. Ironicamente, é improvável que você a encontre em uma mercearia na esquina do seu bairro.
O outono está logo ali, tão próximo. Rente a janela são perceptíveis diversas folhas caídas ao chão que variam do vermelho ao amarelo. O meu maior desejo seria ter ânimo em sair e sentir essa brisa matinal consumir o meu ser, mas tudo o que consigo fazer é sentar na velha e empoeirada poltrona que ocupa grande parte da sala, observando o café se esvair, a cada gole, da xícara. E a cena se repete a cada dia.
A realidade em que vivemos pode ser definida por uma única palavra: camuflagem. As pessoas usam máscaras. Todas querem ser protagonistas nessa peça cíclica. As personagens mentem e corrompem para obter êxito. Elas querem sobressaírem.
A realidade em que vivemos pode ser caracterizada por uma palavra: imoral. Confesso que não tenho alento em viver em uma realidade como essa. Entretanto, como diz aquele velho ditado: “A esperança é a última que morre”. Anseio que esse outono triste e vazio passe e que ceda espaço para uma linda primavera que traga consigo todo amor, veracidade e compaixão.
Todavia, enquanto as flores não desabrocham, encontro-me condenado a dias confinado, longe dessa realidade desumana, apenas escrevendo na tentativa de me libertar dessa constante monotonia que define a minha pseudo-vida.
O que você anda lendo? Gosta de Poesia? Vou além… você sabe o que é Poesia Marginal? Sabia que o grande cenário poético atual não figura nas grandes editoras, não está nas prateleiras das grandes livrarias e você pode ter acesso a esse material riquíssimo nos perfis e páginas das mídias sociais, saraus, bares, esquinas e que o Fanzine, ou, mais precisamente o Zine, na maioria das vezes, é a primeira publicação desses poetas e poetisas? Perguntas, perguntas e mais perguntas. Calma! Se você já sabe de tudo isso, sei que tem lido muita coisa boa, já você que não sabe, agora vai ficar sabendo e te garanto que vai curtir a coluna, pois um dos meus propósitos aqui no Beco Literário é tratar sobre a Literatura Marginal e seus agentes mais contemporâneos e atuantes, portanto já que vamos tratar de poesias e zines, adianto que esta publicação artesanal perde o prefixo “fã” quando não há objetivo de homenagear um determinado “ídolo” e passa a ser uma publicação autoral, ou que trate de um tema que não tem a ver com homenagem a uma determinada figura pública, por isso, aqui trataremos dos Zines.
A Literatura Marginal foi assim conceituada na década de 70 e tem como principais autores dessa época, Leminski, Torquato Neto, Chacal entre outros. Óbvio que muitos não chegaram sequer a serem conhecidos publicamente. Digamos que, para cada poeta que tem seu trabalho reconhecido, dez moleques saem da várzea para o Futebol profissional, uma estatística exagerada que criei aqui para dar a dimensão da enrascada que era/é se meter a escrever objetivando algum lucro nisso, por menor que seja. No meu caso de maior sucesso, já recebi umas cervejas em troca de um, ou outro livro meu e não há demérito nisso, que fique claro. Voltando ao nosso assunto, a Literatura Marginal influenciou toda uma geração de artistas no Brasil, não só na própria Literatura, mas também na Música, Dança, Artes Plásticas e demais linguagens artísticas, porém como nosso enfoque aqui são os zines de poesia, vamos dizer que esses são netos dos livretos produzidos artesanalmente pela “Geração do Mimeógrafo”, que ficou assim conhecida por conta dos livros produzidos e reproduzidos naquele trambolho em que na década de 70, 80 e 90 rodavam as provas escolares da galera da minha geração e gerações anteriores. No média – metragem “A Lira Pau – Brasília: A Geração do Mimeógrafo e os Poetas Marginais de Brasília na Ditadura Militar”, Nicolas Behr diz: “a Geração do Mimeógrafo tirou o terno e a gravata da poesia”. Talvez eu não tenha ouvido, ou sequer imaginado, uma definição melhor para a poesia marginal e, para você que não sabe do que é, pergunte aos seus pais o que era esse tal “mimeógrafo” que eles, certamente, vão dar uma risadinha dizendo: “É… na minha época blá… blá… blá.” Eu confesso que quando tive contato com um, cheirei tanto álcool que rolou uma onda, sem exagero.
Como se faz e o que são os Zines?
São diversas as possibilidades de confeccionar Zines. Podem ser manuscritos, digitados, impressos e xerocados. Há uma série de técnicas para estilizar cada livreto, ou folheto, o autor “zineiro”, escolhe como prefere, enfim. Eu conheci o Zine e fiz o meu primeiro no ano de 2007, quando estudava no Centro do Rio de Janeiro e lá mesmo dobrava uma folha de papel A4, escrevia uns poemas e xerocava para vender, ou mesmo trocar pelo que rolasse, geralmente aceitava uma contribuição espontânea só para pagar a xerox mesmo. Hoje, dez anos depois, as coisas mudaram um pouco, porém a essência continua a mesma e cada vez mais os zines vão ganhando modelos, materiais e formatos diferentes, os mais comuns são de poesias, mas também se encontra com contos, quadrinhos e outros gêneros literários e uma das galeras mais resistentes desse cenário é o pessoal do “AmeopoemA”, que tem ponto entre a porta do Centro Cultural Banco do Brasil e Cinelândia. Nelson Neto, Shaina, Dy Eiterer, Sidney Machado, Paulinho, Rômulo Ferreira, Luiz Silva e outras figurinhas fáceis por ali já ofereceram suas poesias para milhares de pessoas naquele local. Segundo Rômulo Ferreira, o movimento é:
Acervo: AmeopoemA
“Grupo de leitura e proliferação poética e artística!
Criado em junho de 2010, a partir de uma forma física que era o ZINE AMEOPOEMA, veio a vida este grupo que tem a intenção de facilitar a proposta de ser lido e divulgar os trabalhos de amigos e desafetos!
Temos três formas de espalhar poesia pela cidade:
1- Zine mensal impresso AMEOPOEMA, que está em sua 47 edição.
2- Sarau AMEOPOEMA, rede de leitura e troca de ideias em praças públicas de todo o território nacional.
3- Página em rede social, onde todo autor e leitor podem interagir de forma mais direta.
Criado por Rômulo Ferreira e Bárbara Barroso. O AMEOPOEMA, vem atuando de forma independente e sem ajuda de custos de lei alguma, vivemos basicamente da colaboração de amigos e alguns passantes de onde os eventos acontecem.”
Eu, Guarnier, este humilde poeta, já os considero parte do imaginário poético daquele canto da cidade e um dos patrimônios do Centro do Rio, portanto você que vier dar uns roles por aqui, tem que passar lá, comprar seu zine e beber dessa poesia, já para você que nem pretende pisar estas terras, mas que gostaria de conhecer o trampo, é só dar uma conferida na página do Facebook deles que deixarei no final da coluna.
Dia 21 de Março de 1960. Joanesburgo, capital da África do Sul. O apartheid reinava no território africano e veladamente por toda a extensão do globo. As leis repressivas eram criadas pela minoria branca a fim de segregar negros e brancos. Uma delas era a Lei do Passe, citada pela primeira vez em 1945 e obrigava negros a portarem uma caderneta onde estavam escritos os lugares que estes podiam frequentar. E assim seguiam, não entravam em bairros brancos, nem em cafeterias de brancos, nem em ônibus de gente branca, nem em nada, porque o mundo era de gente branca, governado por gente branca e ditado por brancos. Mas aí, no bairro de Shaperville, 20 mil negros resolveram protestar para mudar a situação. Foi um massacre, matou e feriu centenas de manifestantes. E hoje, 57 anos depois do episódio, não mudou muita coisa.
Jovens negros inocentes baleados pela polícia esquecidos por todo mundo. É tão comum que chega um momento que você toma aquilo por normal. Só acontece. Que tal pensar sobre os seus privilégios hoje? Por eles, os que foram escravizados, segregados e humilhados por tanto tempo, e ainda são. Nós, brancos, não somos culpados pela escravidão ou por tudo aquilo que começou bem pequenininho durante o neocolonialismo do século XIX, mas carregamos todas as consequências desses acontecimentos. No Brasil, somos minoria populacional e ainda assim somos maioria em universidades, escolas particulares e no meio científico. Já parou para pensar que talvez o mundo seja assim por falta de oportunidade? Tudo isso dentro de um sistema estruturalmente racista, que continuamente perpetua essa situação perversa.
Não por coincidência, vários filmes e documentários abordam o tema de maneiras diferentes e perspectivas diversas. Em 2016, a Netflix lançou o longa“13th”, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2017. Com um roteiro e direção sensacionais, o filme argumenta que a escravidão continua viva dentro do sistema carcerário americano, o maior do mundo, que afeta desproporcionalmente a população negra nos EUA.
Mesmo sendo abolida em 1865 através da 13ª emenda da constituição, a escravidão ainda teve espaço legal dentro do sistema prisional americano. Essa cláusula, que permite o uso de força involuntária como punição para crimes, vem sendo utilizada em campanhas políticas nacionais, como é o caso da guerra contra as drogas de Richard Nixon, que pesava muito mais sobre a comunidade minoritária negra das cidades estadunidenses. A conclusão chega a ser óbvia: o complexo carcerário se tornou uma indústria lucrativa e é um grande aliado do sistema discriminatório dos Estados Unidos.
Ainda, o vencedor do Oscar 2017 de melhor filme, “Moonlight” é atual e ousado, tratando sobre homofobia dentro da comunidade negra. O longa é contado em três partes e narra a busca de um jovem por sua identidade no meio social intolerante no qual vive. É, sobretudo, uma história de libertação e quebra muitos tabus modernos. A visão paradigmática de que o jovem negro é da rua, do futebol e da heterossexualidade, conceitos propagados também pelo próprio grupo étnico. Os três momentos da narrativa, “Little”; “Chiron” e “Black” são progressivos e abordam de maneira envolvente os estágios de aceitação pelas quais o personagem principal precisa passar.
Um queridinho do público, “Histórias Cruzadas”, aborda a história de empregadas domésticas que conseguem a ajuda de uma jornalista para escrever um livro e denunciar o racismo que sofriam em suas jornadas de trabalho. O filme foi baseado no livro “The Help” e vai além da biografia dessas mulheres marcantes, contextualizando toda uma época de terror dentro da comunidade negra no Mississipi.
A narrativa começa em 1963, ano em que Medgar Evers, ativista do movimento dos Direitos Civis foi morto por supremacistas brancos da Klu Klux Klan. Os depoimentos das empregadas revelam a humilhação e o descaso com o qual eram tratadas, mesmo cuidando dos filhos de mulheres brancas por anos e ganhando um quinto do salário mínimo da época. Ademais, o filme tem uma preocupação em mostrar, também, a imensa desigualdade de gênero existente na década de 60.
Além destas, várias outras obras merecem ser citadas.
“I am not your negro”: Documentário narrado por Samuel L. Jackson que explora a história do racismo nos Estados Unidos por meio das figuras de liderança do movimento dos direitos civis Medgar Evers, Malcom X e Martin Luther King Jr.
“Menino 23: Infâncias perdidas no Brasil”: Documentário do brasileiro Belisário Franca, acompanha a pesquisa do historiador Sidney Aguilar, que descobriu que, durante os anos 1930, 50 meninos negros foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para uma fazenda no interior de São Paulo, onde foram submetidos a trabalho escravo e identificados por números.
“O.J.: Made in America”: O documentário, produzido pela ESPN e dividido em episódios, conta a história da tensão racial dentro dos EUA através de uma das figuras mais polêmicas do país, Orenthal James Simpson, astro de futebol americano. Ganhador do Oscar de melhor documentário em 2017.
“A boneca e o silêncio”: Curta-metragem de Carol Rodrigues que acompanha a jornada penosa de uma menina de 14 anos depois de ter decidido interromper a gravidez. Segundo a diretora, o objetivo era mostrar uma visão diferente do aborto no Brasil, que atinge significativamente a população negra e pobre no Brasil.
“12 anos deescravidão”: O filme narra a história real de Solomon Northup, negro livre que em 1841 foi sequestrado e vendido como escravo, condição na qual permaneceu por 12 anos. É baseado no livro de mesmo nome.
Depois dessa lista de filmes, não tem como reclamar da falta de conteúdo para entender a abrangência e importância do assunto. Por isso, vamos deixar o orgulho de lado e observar o quão importante são, por exemplo, as ações afirmativas que encontramos pelo Brasil, o dia nacional da consciência negra e as leis que protegem uma minoria há tempos prejudicada.
Hoje, dia 20 de março, é comemorado o dia do blogueiro. Mas, o que é um blogueiro? Onde ele vive? O que come? Como se reproduz? O Beco voltou aos primórdios da Internet para explicar como surgiu essa raça tão importante para o nosso acesso à informação nos dias de hoje.
O termo weblog foi criado por Jorn Barger, criador do primeiro blog, o Robot Wisdom, em 17 de dezembro de 1997. A abreviação blog, por sua vez, foi criada por Peter Merholz, que, de brincadeira, desmembrou a palavra weblog para formar a frase we blog (“nós blogamos”) na barra lateral de seu blog Peterme.com, em abril ou maio de 1999. Pouco depois, Evan Williams do Pyra Labs usou blog tanto como substantivo quanto verbo (to blog ou “blogar”, significando “editar ou postar em um weblog“), aplicando a palavra blogger em conjunção com o serviço Blogger, da Pyra Labs, o que levou à popularização dos termos.
Jorn Barger, criador do Robot Wisdom, considerado o primeiro blog, em 1997
Antes do formato blog se tornar amplamente conhecido, havia vários formatos de comunidades digitais como o Usenet, serviços comerciais online como o GEnie, BiX e Compuserve, além das listas de discussão e do Bulletim Board System (BBS). Em 1990, softwares de fóruns de discussão como o WebEx criaram os diálogos via threads.
O blog atual é uma evolução dos diários online, onde pessoas mantinham informações constantes sobre suas vidas pessoais. Estes primeiros blogs eram simplesmente componentes de sites, atualizados manualmente no próprio código da página. O site do cientista e pesquisador brasileiro Cláudio Pinhanez, que na época já trabalhava no MIT Media Lab, é considerado o primeiro a ser publicado em formato de diário virtual. O seu “Diário Aberto” (Open Diary), publicado no Laboratório de Mídia do MIT, tinha o objetivo de documentar acontecimentos em sua vida e foi atualizado até 1996. Em seu primeiro texto, ele falava sobre o filme Vanya on 42nd Street (Tio Vanya em Nova York ), que havia achado o máximo. A evolução das ferramentas que facilitavam a produção e manutenção de artigos postados em ordem cronológica facilitou o processo de publicação, ajudando em muito na popularização do formato. Isso levou ao aperfeiçoamento de ferramentas e hospedagem própria para blogs.
Cláudio Pinhanez, criador do primeiro diário virtual, Open Diary, em janeiro de 1994
A mensagem passou a modelar o meio, quando no início de 2000, o Blogger introduziu uma inovação – o permalink, conhecido em português como ligação permanente ou apontador permanente – que transformaria o perfil dos blogs. Os permalinks garantiam a cada publicação num blog uma localização permanente – uma URL – que poderia ser referenciada. Anteriormente, a recuperação em arquivos de blogs só era garantida através da navegação livre (ou cronológica). O permalink permitia então que os blogueiros pudessem referenciar publicações específicas em qualquer blog.
Em seguida, hackers criaram programas de comentários aplicáveis aos sistemas de publicação de blogs que ainda não ofereciam tal capacidade. O processo de se comentar em blogs significou uma democratização da publicação, consequentemente reduzindo as barreiras para que leitores se tornassem escritores.
Interface do Robot Wisdom
A blogosfera, termo que representa o mundo dos blogs, ou os blogs como uma comunidade ou rede social, cresceu em ritmo espantoso. Em 1999, o número de blogs era estimado em menos de 50; no final de 2000, a estimativa era de poucos milhares. Menos de três anos depois, os números saltaram para algo em torno de 2,5 a 4 milhões. Atualmente, existem cerca de 112 milhões de blogs e cerca de 120 mil são criados diariamente, de acordo com o estudo State of Blogosphere.
Existem diversos tipos de blogs atualmente. Entretanto é possível dividi-los em três grandes ramos:
Blogs pessoais: são os mais populares e, normalmente, são usados como um gênero de diário com postagens voltadas para os acontecimentos da vida e as opiniões do usuário. Também são largamente utilizados por celebridades que buscam manter um canal de comunicação com seus fãs.
Blogs coorporativos e organizacionais: muitas empresas vêm utilizandoblogs como ferramentas de divulgação e contato com clientes. Tanto é assim que já existe a profissão de blogueiro, ou seja, profissionais são contratados pelas empresas com o cargo de blogueiro para a realização de blogs internos ou externos para registrar as diversas atividades corporativas, respectivamente, para públicos internos (colaboradores) de forma mais privativa e externos, como clientes e fornecedores. A empresa líder em blogs pelo mundo é a Microsoft com um total de 4500 blogs.
Blogs de gênero: por fim, háblogs com um gênero específico, que tratam de um assunto dominado pelo usuário, ou grupo de usuários. Estes são os blogs com o maior número de acessos, sendo que eles podem apresentar conteúdos variados, como humorísticos, notícias, informativos ou o de variedades, com contos, opiniões políticas e poesias. Algumas categorias de blogs recebem denominações específicas, como blogs educativos, blogs literários, Metablogs, etc. É nessa categoria que encaixamos o Beco Literário.
Podemos dizer que o tatatatataravô do Beco foi o primeiro blog brasileiro criado em 1998 por Nemo Nox, que não revela seu nome verdadeiro nem sua idade. Naquela época, não existiam plataformas próprias para blogs, então, ele precisava criar cada página em HTML em um editor de texto e publicar por FTP. As postagens do blog eram principalmente atividades culturais: livros, filmes, música, etc. Alguma semelhança?
Nemo Nox, primeiro blogueiro brasileiro
Junto com os blogs, nasceram os blogueiros, os profissionais responsáveis por publicar qualquer coisa sobre qualquer tema em um blog. Isso não precisa ser, necessariamente pela escrita, pode ser por vídeo ou por voz, como é o caso dos Youtubers.
A Bela e a Fera (em francês La Belle et la Bête) teve sua primeira versão publicada por Gabrielle-Suzanne Barbot, Dama de Villeneuve, na La Jeune Ameriquaine et les Contes Marins, em 1740. A versão mais conhecida foi um resumo da obra de Madame Villeneuve, publicado em 1756 por Madame Jeanne-Marie LePrince de Beaumont, no Magasin des enfants, ou dialogues entre une sage gouvernante et plusieurs de ses élèves. A primeira versão inglesa surgiu em 1757. Desde então, variantes do conto foram surgindo pela Europa. Um exemplo é a versão lírica francesa “Zémire et Azor“, escrita por Marmontel e composta por Grétry, em 1771.
Na versão de Beaumont, o conto A Bela e a Fera relata a história da filha mais nova de um rico mercador que tinha três filhas, porém, enquanto as filhas mais velhas gostavam de ostentar luxo, festas e lindos vestidos, a mais nova, que todos chamavam de Bela, era humilde, gentil, generosa, gostava de leitura e tratava bem as pessoas.
O mercador perdeu toda a sua fortuna, com exceção de uma pequena casa distante da cidade. Bela aceitou a situação com dignidade, mas suas irmãs não se conformavam em perder a fortuna e os admiradores, e descontavam suas frustrações em Bela, que, humildemente, não reclamava e ajudava seu pai como podia.
Um dia, o mercador recebeu notícias de bons negócios na cidade e resolveu partir. As filhas mais velhas, esperançosas em enriquecer novamente, encomendaram-lhe vestidos e futilidades, mas Bela, preocupada com o pai, pediu apenas que ele lhe trouxesse uma rosa.
Quando o mercador voltava para casa, foi surpreendido por uma tempestade e se abrigou em um castelo que avistou no caminho. O castelo era mágico e o mercador pôde se alimentar e dormir confortavelmente, pois tudo o que precisava lhe era servido como por encanto.
Ao partir, pela manhã, avistou um jardim de rosas e, lembrando do pedido de Bela, colheu uma delas para levar consigo. Foi surpreendido, porém, pelo dono, uma Fera pavorosa, que lhe impôs uma condição para viver: deveria trazer uma de suas filhas para oferecer em seu lugar.
Assim que o mercador chegou em casa e contou a história para suas filhas, Bela resolveu se oferecer para a Fera, imaginando que seria devorada. Ao invés de devorá-la, a Fera foi se mostrando, aos poucos, como um ser sensível e amável, fazendo todas as suas vontades e tratando-a como uma princesa. Apesar de achá-lo feio e pouco inteligente, Bela se apegou ao monstro que, sensibilizado, a pedia constantemente em casamento, pedido que Bela gentilmente recusava.
Um dia, Bela quis visitar sua família, pedido que a Fera, muito a contragosto, concedeu com a promessa de que Bela retornaria em uma semana. O monstro combinou com Bela que, para voltar, bastaria colocar seu anel sobre a mesa, e magicamente retornaria.
Bela visitou alegremente sua família, mas as irmãs, ao vê-la feliz, rica e bem vestida, sentiram inveja, e a envolveram para que sua visita fosse se prolongando, na intenção de que a Fera ficasse aborrecida com sua irmã e a devorasse. Bela foi prorrogando sua volta até ter um sonho em que via a Fera morrendo. Arrependida, colocou o anel sobre a mesa e voltou imediatamente, mas encontrou a Fera caída no jardim, pois ela não se alimentara mais, temendo que Bela não retornasse.
Bela compreendeu que amava a Fera, que não podia mais viver sem ela, e confessou ao monstro sua resolução de aceitar o pedido de casamento. Mal pronunciou essas palavras, viu a Fera se transformar em um lindo príncipe, pois seu amor colocara fim ao encanto que o condenara a viver sob a forma de uma fera até que uma donzela aceitasse se casar com ele. O príncipe casou com Bela e foram felizes para sempre.
A versão de Villeneuve inclui alguns elementos omitidos por Beaumont. Segundo essa versão, a Fera foi um príncipe que ainda jovem perdeu o pai, e sua mãe partiu para uma guerra em defesa do reino. A rainha deixou-o aos cuidados de uma fada malvada, que tentou seduzi-lo enquanto ele crescia; quando ele recusou, ela o transformou em fera. A história revela também que Bela não é realmente uma filha do mercador, mas a descendente de um rei. A mesma fada que tentou seduzir o príncipe tentou matar Bela para casar com seu pai, e Bela tomou o lugar da filha morta do mercador para se proteger. Beaumont diminuiu o número de personagens e simplificou o conto.
La Belle et La Bête de 1946, dirigido por Jean Cocteau
Adaptado, filmado e encenado inúmeras vezes, o conto apresenta diversas versões diferentes do original que se adaptam a diferentes culturas e momentos sociais. Como um filme francês feito em 1946 que segue o conto de Beaumont, dando a Bela duas irmãs, mas também um irmão que fica cuidando delas enquanto o pai está desaparecido. Nessa versão, viram como necessário que tivesse algum homem na casa para proteger as moças, inclusive das investidas de casamento, o que reflete a visão da época. Já uma versão feita na União Soviética em 1952 foi baseada em uma versão de Sergei Aksakov chamada A flor vermelha (The scarlett flower), em referência à rosa que Bela pede para seu pai. Essa versão já se mantém mais fiel à história de Beaumont, mas o nome de Bela é mudado para Nastenka, um diminutivo de Anastásia.
A Bela e a Fera de 1987, dirigido por Eugene Marner
Em 1987, temos a primeira versão como musical com uma Bela loira e o tradicional vestido amarelo, e, em 1991, o conto é consagrado em uma animação da Disney, sendo a primeira animação a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme. Nessa versão que aboliu as duas irmãs de Bela e também o irmão misterioso que apareceu em 1946, também não se viu necessário entrar em maiores detalhes sobre o motivo de Bela e seu pai viverem em um vilarejo pacato no interior da França. Bela é apresentada como uma moça forte e inteligente que adora ler e não se encaixa na visão retrógrada da época. Ela vai sozinha ao encontro de seu pai quando esse desaparece e se oferece por vontade própria para ficar no lugar dele. Vemos Bela como uma personagem feminina forte, corajosa e independente, que, ao contrário das outras princesas, salva seu príncipe e conquista o seu felizes para sempre. É nessa versão de 1991 que é baseado o live action estrelado por Emma Watson e que chega aos cinemas amanhã (16). CONFIRA NOSSA CRÍTICA AQUI!
A Bela e a Fera de 2017, estrelado por Emma Watson e com direção de Bill Condon
De abril de 1994 a julho de 2007, A Bela e a Fera ficou em cartaz na Broadway por um total de 5461 performances, sendo o oitavo musical por mais tempo em cartaz na história da Broadway. Produzido pela Walt Disney Theatrical, essa montagem foi inspirada na animação de 1991 e veio a se tornar a primeira da Disney nos palcos da Broadway (Nova Iorque – EUA), após a ideia de apresentar uma peça de 25 minutos sobre a história no Walt Disney World. Pelo sucesso do musical em Nova Iorque, foram montadas adaptações para inúmeras filiais da Broadway pelo mundo, como em São Paulo, no antigo teatro Abril (hoje, Teatro Reunalt), em 2002-2003 e novamente em 2009.
A Bela e a Fera exibido no antigo Teatro Abril em 2009
A Bela e a Fera é mais uma prova de como os contos de fadas são atemporais. Eles se adaptam às épocas e lugares e instigam a imaginação humana. Que menina nunca sonhou em ser uma princesa? Ou que menino nunca quis ser um bravo cavaleiro defendendo seu reino em batalhas épicas? As histórias de amor impossíveis e o triunfo do bem sobre o mal nunca vão deixar de encantar e nos trazer essa esperança de que tudo sempre dá certo no fim e de que todos têm direito ao seu felizes para sempre.
Desde que grandes filmes derivados de livros, como Harry Potter, O senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia surgiram, vemos várias outras sagas literárias ganhando forças nas telas do cinema ou virando séries de tv, algumas dando certo e outras nem tanto, inclusive já fizemos uma matéria aqui sobre as 10 Séries Literárias que não Deram Certo nos Cinemas. No entanto, mesmo com o grande número de adaptações que fracassaram nos últimos anos, o mercado cinematográfico continua investindo nas adaptações literárias e alguns bons livros talvez ainda cheguem as telas nos próximos anos.
A seguir vocês verão uma pequena lista com 10 livros que em algum momento deram sinal de que sairiam das páginas paras as telas, sejam elas dos cinemas ou séries para a TV, e que ainda temos esperanças de poder assistir:
Crônicas Lunares – Marissa Meyer
Uma combinação de contos e fadas e ficção cientifica traz um mundo dividido entre humanos e ciborgues, uma rainha do espaço do mal, e uma corrida para salvar a população humana.
Escrito por Marissa Meyer e publicado no Brasil pela Editora Rocco, a saga teve seus direitos autorais para uma adaptação comprados e segundo a própria autora o roteiro já está sendo escrito.
Trilogia Grisha – Leigh Bardugo
Alina Starkov nunca esperou muito da vida. Órfã de guerra, ela tem uma única certeza: o apoio de seu melhor amigo, Maly, e sua inconveniente paixão por ele. Cartógrafa de seu regimento militar, em uma das expedições que precisa fazer à Dobra das Sombras – uma faixa anômala de escuridão repleta dos temíveis predadores volcras –, Alina vê Maly ser atacado pelos monstros e ficar brutalmente ferido. Seu instinto a leva a protegê-lo, quando inesperadamente ela vê revelado um poder latente que nunca suspeitou ter.
A Entertainment Weekly anunciou que os direitos da saga literária escrita por Leigh Bardugo e publicada no Brasil pela Editora Gutenberg foram vendidos para a DreamWorks e David Heyman seria o produtor. Infelizmente isso foi anunciado em 2012 e até hoje não tivemos mais notícias da adaptação.
Carta de Amor aos Mortos – Ava Dellaira
Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky.
Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.
Os direitos do romance homônimo escrito por Ava Dellaira e publicado pela Editora Seguinte foram vendidos para Fox 2000 e Temple Hill. Wyck Godfrey e Marty Bowen, que produziram a Culpa é das Estrelas de John Green, estão produzindo o longa.
Série Feios – Scott Westerfeld
Séculos depois da destruição da civilização industrial em um apocalipse ecológico, a humanidade vive em cidades-bolha cercadas pela natureza selvagem. Lá, Tally Youngblood é feia. Não, isso não significa que ela é alguma aberração da natureza. Não. Ela simplesmente ainda não completou 16 anos. Em Vila Feia, os adolescentes ficam presos em alojamentos até o aniversário de 16 anos, quando recebem um grande presente do governo: uma operação plástica como nunca vista antes na história da humanidade. Suas feições são corrigidas à perfeição, a pele é trocada por outra, sem imperfeições ou – nem pense nisso – espinhas, seus ossos são substituídos por uma liga artificial, mais leve e resistente, os olhos se tornam grandes e os lábios, cheios e volumosos. Em suma, aos 16 anos todos ficam perfeitos.
Tally mal pode esperar pelo seu aniversário. Depois da operação, vai finalmente deixar Vila Feia e se mudar para Nova Perfeição, onde os perfeitos vivem, bebem, pulam de paraquedas, voam a bordo de suas pranchas magnéticas, e se divertem (o tempo todo). Seu único trabalho é aproveitar muito.
Scott Westerfeld, autor da série, fez um tweet sobre um possível filme e comunicou oficialmente a notícia na Comic-Com lá em 2011, no entanto, desde aí não houve nenhuma atualização pública sobre o longa.
Trilogia Legend – Marie Lu
Ambientada na República, nação instalada numa região outrora conhecida como costa oeste dos Estados Unidos e que vive em guerra contra as Colônias, a série acompanha o romance improvável entre dois jovens de origens distintas numa realidade opressora.
Legend, escrito por Marie Lu e publicado pela Editora Rocco teve seus direitos adquiridos pela CBS Films, que contratou os mesmos produtores da Saga Crepúsculo. Jonathan Levine foi convidado para a direção, mas abandonou o projeto. Desde 2013, a história aguarda o sinal verde para entrar em produção.
Trilogia Red Rising – Perce Brown
Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade.
No início do ano passado, Pierce Brown disse que o filme estava em desenvolvimento com direção de Marc Forster (Guerra Mundial Z). Não houve nenhuma atualização desde então.
Trilogia Destino – Ally Condie
Cassia Reyes vive em uma sociedade do futuro, onde tudo é extremamente controlado: a alimentação, o lazer, o trabalho, a cultura, a morte e até mesmo os casais e, consequentemente, as famílias. No entanto, ela nunca teve motivos para duvidar da eficácia do sistema e seu respeito pela Sociedade apenas cresce quando Xander, seu melhor amigo, é designado para ser seu Par. Mas, após um mal entendido, tudo em que Cassia acredita parece desmoronar e é quando ser diferente dos outros começa a se tornar atraente.
A Trilogia escrita por Ally Condie e publicada sobre o selo Suma da Companhia de Letras teve seus direitos adquiridos pela Disney que anunciou Jon M. Chu como diretor da adaptação, no entanto nenhuma outra informação sobre o longa foi dada desde então.
Série A Seleção – Kiera Cass
Para trinta e cinco garotas, a “Seleção” é a chance de uma vida. Num futuro em que os Estados Unidos deram lugar ao Estado Americano da China, e mais recentemente a Illéa, um país jovem com uma sociedade dividida em castas, a competição que reúne moças entre dezesseis e vinte anos de todas as partes para decidir quem se casará com o príncipe é a oportunidade de escapar de uma realidade imposta a elas ainda no berço. É a chance de ser alçada de um mundo de possibilidades reduzidas para um mundo de vestidos deslumbrantes e joias valiosas. De morar em um palácio, conquistar o coração do belo príncipe Maxon e um dia ser a rainha. Para America Singer, no entanto, uma artista da casta Cinco, estar entre as Selecionadas é um pesadelo.
Em 2012, o canal americano CW adquiriu os direitos para uma série de tv. No entanto, nem o primeiro e nem o segundo piloto foram aprovados e os direitos acabaram voltando para autora Kiera Cass que vendeu para a Warner Bros em 2015 que transformaria a seéri em filme agora. Em 2016 foi anunciado que a direção do filme ficaria sobre responsabilidade de Thea Sharrock.
Trilogia Estilhaça-me – Tahereh Mafi
Juliette nunca se sentiu como uma pessoa normal. Nunca foi como as outras meninas de sua idade. O motivo: ela não podia tocar ninguém. Seu toque era capaz de ferir e até matar. Durante anos, Juliette feriu e, segundo seus pais, arruinou o que estava à sua volta com um simples toque, o que a levou a ser presa numa cela.
A trilogia “Estilhaça-me” de Tahereh Mafi e publicada em território nacional pela Editora Novo Conceito vai ganhar uma série de TV produzida pela ABC Signature Studios. A autora da série divulgou a notícia através do seu twitter. Ela também afirma que estará na produção da série e que em breve teremos mais novidades. O primeiro episódio da série tem o título “O Fim, o Começo”, e seu roteiro foi escrito por Mike Le.
Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens – Becky ALbertalli
Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte. Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar.
Agora, o adolescente avesso a mudanças precisará encontrar uma forma de sair de sua zona de conforto e dar uma chance à felicidade ao lado do menino mais confuso e encantador que ele já conheceu.
De todas as adaptações citadas essa é a que, aparentemente, está mais próximo de chegar até nós. A Fox adquiriu os direitos do livro escrito por Becky Albertalli e publicado pela Editora Intrínseca e a produção já foi iniciada tendo seu elenco principal todo escolhido e anunciado recentemente. Nick Robinson e Jennifer Garner são alguns dos nomes que fazem parte do elenco do longa que deve chegar as telonas em breve.
O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.
Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.
Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra – em um protesto conhecido como “Pão e Paz” – que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.
Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975, comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e, em 1977, o 8 de março foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.
Para comemorar esse dia tão especial nas conquistas femininas, o Beco traz uma lista de 5 livros inspiradores sobre mulheres que vão fazer você celebrar esse dia com estilo:
1 – O Mundo de Sofia, Jostein Gaarder
Prestes a completar 15 anos, Sofia Amundsen recebe uma misteriosa carta enviada por um desconhecido. Ela passa a receber bilhetes anônimos contendo questionamentos à Sofia sobre sua origem e o que ela veio fazer neste mundo. Quem escreve as cartas é Alberto Knox, um senhor que passa a ser seu professor. Nas cartas, Sofia vai encontrar ensinamentos e aprendizados da filosofia, desde a Antiguidade Clássica até Kant e Darwin.
2 – Garota Exemplar, Gillian Flynn
Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?
3 – Sejamos Todos Feministas, Chimamanda Adichie
O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo. “A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.
“Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!'”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e — em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são “anti-africanas”, que odeiam homens e maquiagem — começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”.
Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade.
4 – Orgulho e Preconceito, Jane Austen
O principal assunto do livro é contemplado logo na frase inicial, quando a autora menciona que um homem solteiro e possuidor de grande fortuna deve ser o desejo de uma esposa. Com esta citação, Jane Austen faz três referências importantes: a autora declara que o foco da trama será os relacionamentos e os casamentos, dá um tom de humor á obra ao falar de maneira inteligente acerca de um tema comum, e prepara o leitor para uma caçada de um marido em busca da esposa ideal e de uma mulher perseguindo pretendentes.
O romance retrata a relação entre Elizabeth Bennet (Lizzy) e Fitzwilliam Darcy na Inglaterra rural do século XVIII. Lizzy possui outras quatro irmãs, nenhuma delas casada, o que a Sra. Bennet, mãe de Lizzy, considera um absurdo. Quando o Sr. Bingley, jovem bem sucedido, aluga uma mansão próxima da casa dos Bennet, a Sra. Bennet vê nele um possível marido para uma de suas filhas. Enquanto o Sr. Bingley é visto com bons olhos por todos, o Sr. Darcy, por seu jeito frio, é mal falado. Lizzy, em particular, desgosta imensamente dele por ele ter ferido seu orgulho na primeira vez em que se encontraram. A recíproca não é verdadeira. Mesmo com uma má primeira impressão, Darcy realmente se encanta por Lizzy, sem que ela saiba do fato. A partir daí, o livro mostra a evolução do relacionamento entre eles e os que os rodeiam, mostrando também, desse modo, a sociedade do final do século XVIII.
5 – Eu sou Malala, Christina Lamb e Malala Yousafzai
Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz.
Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes, incompreendido pelo Ocidente.