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Autorias: Infindável Outono, Yago Luiz

 Dê play e sinta-se acolhido, afinal estamos todos presos no limbo do Infindável Outono

Cá estou. Escrevendo na tentativa de me libertar dessa constante monotonia que define a minha pseudo-vida. Horas, dias, semanas, meses e anos se passam, mas parecem ser sempre os mesmos. O roteiro da vida parece estar pré-definido, sem lacunas a serem preenchidas. A cada gole de café, uma morte. A cada palavra lida em um clássico livro, um sonho destruído. Expectativas frustradas. Amores emergem e afundam subitamente. Tudo isso justificado pelo grande sonho de consumo da raça humana: a felicidade. Ironicamente, é improvável que você a encontre em uma mercearia na esquina do seu bairro.

O outono está logo ali, tão próximo. Rente a janela são perceptíveis diversas folhas caídas ao chão que variam do vermelho ao amarelo. O meu maior desejo seria ter ânimo em sair e sentir essa brisa matinal consumir o meu ser, mas tudo o que consigo fazer é sentar na velha e empoeirada poltrona que ocupa grande parte da sala, observando o café se esvair, a cada gole, da xícara. E a cena se repete a cada dia.

A realidade em que vivemos pode ser definida por uma única palavra: camuflagem. As pessoas usam máscaras. Todas querem ser protagonistas nessa peça cíclica. As personagens mentem e corrompem para obter êxito. Elas querem sobressaírem.

A realidade em que vivemos pode ser caracterizada por uma palavra: imoral. Confesso que não tenho alento em viver em uma realidade como essa. Entretanto, como diz aquele velho ditado: “A esperança é a última que morre”. Anseio que esse outono triste e vazio passe e que ceda espaço para uma linda primavera que traga consigo todo amor, veracidade e compaixão.

Todavia, enquanto as flores não desabrocham, encontro-me condenado a dias confinado, longe dessa realidade desumana, apenas escrevendo na tentativa de me libertar dessa constante monotonia que define a minha pseudo-vida.

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