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Autoria: A culpa é minha
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Autoria: A culpa é minha

Eu poderia dizer que a culpa é da astrologia, como sempre. Poderia culpar os signos ou a Vênus retrógrada, como sempre faço. É mais fácil culpar os outros, mas não quando nos deitamos no travesseiro e aquele fardo cai sobre nós. Porque é isso. A culpa é minha, não dos signos retrógrados em alguma casa zodiacal. É minha, só minha.

“Food you saved for later, in my refrigerator, it’s been too long since later never came.”

Leia ouvindo: In Case, Demi Lovato

Se não fosse eu, não daria tão errado assim.

Talvez a vida seja uma loteria e alguns são os premiados. Sim, aqueles prêmios que são mais difíceis de ganhar que um raio cair na sua cabeça. Cadê meu raio, então? Porque acho que ganhei. Ou será que devo dizer que perdi? Porque se esse é o prêmio de quem venceu, o que ganha quem perde? Que devaneio complicado.

Mas não, a vida não é uma loteria. É você quem faz, quem erra e sim, você é o culpado. Sempre você, não é?

Talvez eu me pergunte o que devo fazer agora. Nada. Não há absolutamente nada a ser feito, essa é a realidade. Temos que lidar com isso, lidar com o peso das nossas próprias escolhas porque, assim como na academia, nós pegamos coisas mais pesadas para que possamos ficar cada vez mais fortes. Bom, de forte eu não tenho nada, mas ainda posso colocar uma armadura e fingir que sim. Podemos fingir que somos fortes, apesar de tudo. Porque eu sei como é, ser um caco por dentro e inteiro por fora.

Dói, sabe. Aquele tipo de dor que congestiona o rosto e dá sinusite. Que escorre dolorosamente. Mas a gente lida, supera… respira e chora. Caso tudo isso passe uma hora. Sei que deve, sei que passará….

Não é um fantasma, é sua vida presente
Autorais, Livros

Autoria: Não é um fantasma, é sua vida presente

Te velei em pensamento todos os dias da minha vida presente. Te exorcizei do meu passado. Te excomunguei do meu futuro. Nenhum contato. Nenhuma possibilidade de contato, por mais remoto que seja. Nenhum contato ou será que seria melhor dizendo nenhum afeto?

Te tirei de todas as minhas redes sociais. Te removi da minha vida. Te excluí da minha convivência. Nenhuma foto. Nenhuma memória de que sequer algum dia nos conhecemos. Nossa história nunca sequer se esbarrou. Sequer se esbarrou mesmo me dando parte de quem sou?

Eu disse que você voltava. Como um vômito. Uma ânsia. Um fantasma do passado na minha vida presente. Um enjoo quente que vem do estômago depois de uma crise de gastrite e sai garganta afora em direção ao vaso sanitário fétido. Comida podre. Carne em decomposição. Alimento em digestão.

Eu disse que você tinha ido embora. Como quem não se importava. Jamais essas duas histórias se cruzaram na história da humanidade. Jamais houve qualquer contato. Não preciso da tua herança. Não quero teus laços. Mesmo teu sangue, maldito, correndo em cada pedacinho do meu ser.

Você morreu. Foi velado. Enterrado. Entrou em estado de putrefação. Fedeu. Fedeu muito.

Você sumiu. Nunca existiu. Sequer pisou no planeta Terra ou em qualquer outro do sistema solar. Seus átomos sequer estiveram nessa dimensão. Nunca houve reação química ou biológica capaz de criar algo tão desprezível.

Você não voltava. Você nunca voltou porque para voltar, antes, é preciso partir. E você não partiu. Talvez você tenha se desintegrado, ficado invisível e ou talvez, tenha se tornado o próprio furacão. Bagunçou tudo a sua volta.

Você não foi embora. Você não é um fantasma, ainda. Você é a indócil e amarga realidade. Você é a vida presente com gosto de vômito.

E eu não sei se isso me conforta ou

corrói minhas entranhas em puro nojo e desgosto.

O que Luísa Sonza e Vitão nos ensinam sobre responsabilidade afetiva
Colunas

O que Luísa Sonza e Vitão nos ensinam sobre responsabilidade afetiva

Nos últimos dias, o relacionamento entre os cantores Luísa Sonza e Vitão foi pauta em todo lado. As suspeitas do namoro que começaram com uma música em parceria, ficou confirmada quando ambos confirmaram a relação por meio de suas redes sociais. Em pouco tempo, além da fofoca, uma outra questão foi levantada: os cantores não tiveram a famigerada responsabilidade afetiva com Whindersson Nunes, ex-marido de Luísa e amigo de Vitão?

Primeiro, vamos entender o que é responsabilidade afetiva ou responsabilidade emocional, de acordo com a definição:

Responsabilidade afetiva é ter comunicação e consideração. É tomar para si a responsabilidade pelo sentimento, afeto ou expectativa que você cria em alguém durante um relacionamento (no começo ou no final dele também). É praticar a empatia, se comunicar para entender o que a outra pessoa espera de você e deixar claro o que você espera dela, para que juntos, vocês possam ter as expectativas futuras alinhadas. É planejar um futuro com alguém, é não despertar o interesse sem a intenção de ficar.

Dito isso, precisamos estabelecer e entender que ninguém é obrigado a preencher nossas lacunas e a corresponder às nossas expectativas. Responsabilidade afetiva se desenvolve com o tempo, com os acertos e erros, com a maturidade. Pense em ser transparente com a pessoa que você está se relacionando quando pensar em ter responsabilidade afetiva.

É nesse ponto que quero analisar e estabelecer a relação de Luísa Sonza, Vitão e a mídia. Muita gente dizendo que ela não teve a tal responsabilidade afetiva com o ex-marido. Será?

Luísa e Whindersson terminaram o relacionamento há aproximadamente quatro meses. Agora, ela assumiu o relacionamento com o Vitão. O que eu quero dizer é: Luísa Sonza era, até então, uma garota solteira. Vitão, um rapaz solteiro. E não basta duas pessoas solteiras, que se gostam, para começar um relacionamento?

Luísa fez a parte dela e o que era necessário para iniciar um novo relacionamento, de acordo com as nossas convenções sociais: terminou o relacionamento antigo, não estava com ninguém. Uma vez que você termina, você cumpriu o requisito principal e mais importante para começar um novo relacionamento, quando quiser.

Falar de responsabilidade afetiva aqui é silenciar e subjugar Luísa. É querer que ela corresponda às expectativas da mídia e do que as pessoas esperam que ela seja, um domínio de outra pessoa. Não vou entrar muito nesse assunto porque aqui perco meu local de fala, mas recomendo o perfil da Manuela Xavier, psicanalista incrível que faz análises cirúrgicas da situação da mulher perante a uma situação como essa. Aqui, quero me ater ao assunto da responsabilidade afetiva, unicamente.

As pessoas ficam viúvas, órfãs, enlutadas, de uma relação que não as envolve. A relação que existia era entre Luísa e Whindersson. Sua responsabilidade afetiva era durante o relacionamento. Acabou, acabou. Ela (e qualquer outra pessoa  solteira) assume o relacionamento que quiser depois disso.

Até quando vocês querem culpabilizar e destinar as expectativas frustradas de vocês para pessoas que não tem absolutamente nada a ver com isso?

Imagina terminar um relacionamento e não poder começar outro porque é falta de responsabilidade afetiva?

os esforços falharam, afinal
Autorais, Livros

Autoria: Os esforços não falharam, afinal

Esse texto fazia parte da coletânea do meu primeiro livro, O garoto que usava coroa. Na época, eu resolvi excluir porque achava pessoal demais. Hoje sequer lembro porque foi escrito. Todos os meus esforços pra manter esse texto não publicado vão falhar também.

Tem algo mais bonito que o som do seu nome? Só de dizê-lo faz meu coração tocar como um sino. Coisa estranha de se imaginar… Tá, não vou começar assim. Só queria escrever um início legal, pra te surpreender depois com uma carta que você não enjoe de ler, espero que goste, de verdade.

Você se lembra de como nos conhecemos? Que coisa louca. Rende uma história, e vou conta-la do meu ponto de vista. Vamos voltar para o final de 2013…

05 de dezembro de 2013, 11:03 AM, para ser mais exato. Graças ao Zezé de Camargo, que não cantava mais nada, no Encontro da Fátima Bernardes. Se isso não é começar uma amizade improvável, não sei o que é.

Bom, eu não sei como as coisas foram muito depois disso, eu poderia baixar nossa conversa do WhatsApp, mas ela é interminável. Só sei que, – essa parte vai ficar muito melosa, sério, mas é necessária –, você com seu jeito único, conseguiu me deixar apegado a você em pouquíssimo tempo, como você deve ter percebido. Eu sou meio complexado, então sempre achava que você estava brava comigo por alguma coisa, ou algo assim, mas eu sei que não. (Pelo menos espero que não).

Lembro-me de um dia em que você estava triste e eu fiquei praticamente toda a madrugada conversando com você pelo Whatsapp. Para mim, foi um dos melhores dias, não pela parte da tristeza, mas pela parte de que pela primeira vez, eu parecia ser um “amigo útil” para você. Pode parecer besteira minha, mas não é, te juro. Claro que, nesse dia fiquei bastante preocupado, não parecia ser possível como alguém poderia ter te machucado de tal maneira. Não parecia lógico, real. Como eu já disse uma vez, você é o tipo de pessoa que nos faz te querer sempre por perto, e ter aquela vontade de afastar tudo de ruim que possa vir a te acontecer. Não que você precise da proteção de ninguém, sua força é invejável, mas é como um imã. Ou como a terceira lei de Newton. Ação e Reação.

Foi difícil escolher algo pra te dar. Primeiro pensei em um CD do OneRepublic, porque foi essa a primeira banda que você me indicou. Sempre que ouço o Native, me lembro de você. Algumas musicas em especial. Counting Stars, porque foi a primeira. What You Wanted, porque apareceu no trailer de A Culpa É das Estrelas, e eu sempre relacionei esse filme/livro a você, também, por algum motivo. I would kill for you, that’s right, if that’s what you wanted… É um trecho que explica bem o que eu disse alguns parágrafos atrás. I Lived é minha música preferida de todos os tempos. Tem também Burning Bridges, que é a sua preferida, Preacher… Mas acho que Something I Need é a mais original que eu relaciono a você. Não é porque é a primeira, porque apareceu em um filme, ou porque é a sua ou a minha preferida. É porque simplesmente foi você a primeira pessoa que veio na minha cabeça quando ouvi ela pela primeira vez.

Bom, voltando aos presentes. Pensei em outras várias opções, mas eu não sabia se você já tinha ou não. Então resolvi dar o meu livro preferido e iniciar essa carta igual o Will. Não que eu goste dele, mas tenho que admitir que ele é criativo.

Eu poderia citar agora, inúmeras ocasiões em que você me fez rir nos momentos em que eu estava na pior, mesmo sem você saber disso. Obrigado, sério, mas essa não é uma carta sobre mim, então vou só comentar.

Você se lembra de quando você falou “Não ficou um lixo porque você que escreveu. E você escreve com o coração.” Ou quando você disse que eu tinha potencial para ser um best-seller? Você foi, e ainda é, uma das únicas que realmente acreditou em mim de tal maneira, e eu não sei como agradecer isso. Enquanto todo mundo me olhava torto porque eu estava escrevendo um livro, ou sonhava em ser escritor, você dizia isso. E isso valia e ainda vale tudo valer a pena, tudo.

Teve uma época, durante esse ano, em que nós não nos falamos muito, estávamos bem ocupados. Primeiro, pensei que nunca mais teríamos tudo aquilo de volta. Mas depois, percebi que nada havia mudado, senão para melhor. I’m on a rollercoaster that only goes up my friend.

Tem uma música que explica bem como eu me sinto, sobre isso e sobre algumas outras coisas que eu já havia comentado. Você vai entender quando ouvir. Você provavelmente já ouviu I wanna be the rain, do RBD. É essa. E nenhuma descreve melhor, sério.

E para finalizar este livreto que escrevi, saiba que nunca, NUNCA, te quero ver longe de mim. E aqui cito John Green diretamente, mais uma vez, “You realize that trying to keep your distance from me will not lessen my affection for you. All efforts to save me from you will fail”. (Tenha em mente que tentar manter distância de mim, de forma alguma, diminui o que eu sinto por você. Todos os esforços para me salvarem de você irão falhar.)

All efforts to save me from you will fail.
Todos os esforços para me salvarem de você irão falhar.

Do seu amigo, Gustav Albuquerque.

morar sozinho em outra cidade
Colunas, Estreias

Como é morar sozinho em outra cidade?

Morar sozinho, por si só, já um tremendo desafio. Adicione o fato de morar sozinho em outra cidade, longe de (quase) todos que você conhece e poderiam te ajudar em uma dor de barriga.

Com 21 anos, no último ano da faculdade, me mudei de São José dos Campos para Taubaté, onde eu fazia faculdade e trabalhava, para facilitar as coisas e morar com o meu namorado. Você pode falar, ah Gabu, mas são só 40 minutos de distância entre uma cidade e outra. Nem é tanto assim! Mas posso te garantir: faz toda a diferença.

Em Taubaté, além do Patrik, meu namorado, eu só tinha alguns poucos amigos da faculdade. Poucos, porque a maioria deles era de outra cidade e ia até Taubaté só de noite para estudar. Para resumo, umas duas ou três pessoas.

A mudança foi tranquila. A gente comprou os móveis principais (fogão, geladeira e afins – mas isso é assunto para outro post), outros nós já tínhamos e alguns nós improvisamos, tipo um sofá de pallets, colchão e almofada. O primeiro apartamento tinha poucos metros quadrados. Não dava para mais de duas pessoas morarem nele, mas ainda sim adotamos um coelho, o Gabrik.

Em um primeiro momento, você pode pensar que nada acontece assim, de tão extraordinário que precise de um help imediato de alguém da sua família ou conhecido. E mesmo hoje, dois anos depois, em outro apartamento e outra realidade, as coisas não mudaram muito.

A primeira vez aconteceu quando um cano estourou na cozinha. O azulejo ficou alagado por dentro. O que fazer? Encontrar o registro e desligar. Entrar em contato com um encanador. Mas onde fica o registro? Qual é o registro? Onde encontrar um encanador de confiança? O quanto é o valor do serviço e o quanto são pessoas querendo passar a perna por perceberem que são pessoas que não conhecem nada?

E lá se vai a gente ligar desesperado para os nossos pais. Você nunca sabe quando um cano vai estourar. Nem o que fazer com isso.

Outro dia, cozinhando, o Patrik, sem querer, derrubou uma panela de água quente no pé. Ok, chamo uma ambulância? Como chegamos ao hospital sem ter um carro? Ele não conseguia andar e estava morrendo de dor. Será que o Uber chega a tempo às 3h da manhã?

As coisas que você menos imagina acontecem quando você vai morar sozinho e, quando você está longe da sua rede de apoio, tudo fica ainda mais complicado. A gente sabe muito da teoria ensinada nas escolas, mas nada da prática.

Eu aprendi até a montar um armário de cozinha. Pela intuição. Peguei as tábuas, martelei aqui e ali e o armário estava montado. Ficou meio bambo? Ficou, mas isso não importa agora.

Hoje em dia, algumas coisas parecem que entraram em mim por osmose ou pura intuição. Eu sei como separar as roupas do cesto sem pegar pelo em nenhuma delas. Sei tirar manchas de vela, como clarear os azulejos e desentupir pias. Como lidar com síndicos e vizinhos sem noção e como me impor. Mas alguém precisa te falar: não é fácil, de verdade! Estando longe de todo mundo, é normal que bata aquela insegurança. Sendo jovem, as pessoas vão te olhar como se você fosse besta, impotente ou como se não levasse as coisas a sério. Ô se vão!

Recentemente, nosso coelho, o Gabrik, morreu. Eu estava cozinhando e senti que ele não estava normal. No mesmo instante, já liguei pro veterinário de plantão especializado, chamei um Uber e chegamos em menos de 30 minutos. Infelizmente, ele veio a falecer. Ok, eu sabia o que fazer até aquele momento. Mas e o corpinho? Não é justo deixar lá para descarte. Onde vamos enterrar? Moramos em um apartamento, que é grande, mas não tem um canteiro e é alugado!

E lá se foi o Patrik ligando para os pais dele, que chegaram em casa algumas horas depois para levar o corpinho para ser enterrado na chácara. E se eles não pudessem vir? A resposta era pegar um Uber até a cidade vizinha, que provavelmente seria mais de cem reais.

O fato é: morar sozinho é caro. Morar sozinho é complicado. Morar sozinho, em outra cidade, longe daquela rede de apoio que você se acostuma é complicado e, muitas vezes, para solucionar seus problemas, você vai precisar de mais dinheiro ainda.

E quem disse que jovens tem dinheiro assim? O jeito é dar o famoso jeitinho aqui e ali porque, apesar da dificuldade, eu faria tudo de novo. Sair da casa da minha mãe me proporcionou um autoconhecimento e um conhecimento de mundo incrível. Eu tive essa oportunidade, parte por necessidade, mas consegui. E, se você tem essa oportunidade também, vai fundo. Não se acomoda.

Eu sei, é mais quentinho ali no conforto da casa da sua família, com tudo na sua mão. Mas, a partir do momento que é você por você, ou no máximo, você e seu namorado contra o mundo, a figura muda um pouco. Saiba que os momentos difíceis vão aparecer de onde você menos imagina. Mas a solução também vai sair de uma perspectiva que você jamais imaginou antes.

Autorais

Oportunidades e um dia chuvoso

Em um dia como esse, chuva fraca e todos os guarda-chuvas abertos pela cidade.

Vejo apenas cores, as cores dos guarda-chuvas, varias texturas, amores, oportunidades e odores. Enquanto eu, debaixo do toldo de uma antiga cafeteria da região, continuo aguardando essa chuva passar, me deixo levar e entorpecer pelo aroma inconfundível do café moído na hora, e acabo acompanhando as conversas aleatórias das pessoas que pararam para degustar a sua dose de cafeina diária, seja por puro prazer, em uma reuniao de negocios, em um encontro de velhos amigos, entre outros.

Uma garotinha de guarda-chuva preto rapidamente se junta a mim, me mede timidamente de baixo acima e dispara um sorriso inocente enquanto enxuga as gotas de chuva que a leve brisa lhe espirrara no rosto. Então, ela fecha seu guarda-chuva e espera o mesmo que eu, que essa garoa, a qual molha o asfalto e faz subir um cheiro de vida, de pressa e de cidade grande, passe logo para seguirmos nossos rumos distintos.

Depois de alguns minutos a chuva passa e logo o sol volta entre as nuvens cinzentas que estão no céu hoje.

E então, com o vento frio, meus cabelos voam e meus olhos castanhos se refletem com a luz do sol, a criança que estava ao meu lado corre para a multidão procurando seu rumo que estava a seguir outrora.

E agora, a maioria das pessoas não percebeu o sol pelo simples fato de não ter fechado o guarda-chuva ainda.

Isso me faz refletir sobre quantas oportunidades podemos perder na vida pelo simples fato de que nosso guarda-chuva ainda está aberto, vamos fechar e perceber o quão belo está o céu no aqui e agora? Vamos tentar mudar nosso rumo na vida e perceber que estamos perdendo alguns momentos bons pelo simples fato de estarmos presos a algumas situações ou pessoas ainda, deixando passar as boas oportunidades?

Autorais

Autoria: Conexões

O amor é mesmo um negócio complicado. Digo isso porque todas as vezes que achei que agora vai, nunca foi e para ser bem sincera meus romances dão marcha ré e caem direto no precipício. Se alguém sobrevive, esse alguém não sou eu. Pelo menos não imediatamente, leva um tempo para a cicatrização completa do coração.

Até aqui você deve me achar uma exagerada (e talvez seja), mas tudo começou quando Ele, vou chamá-lo por uma forma mais impessoal, me mandou direct. Conversamos durante um mês. A conversa fluía muito bem, tem pessoas que você mal conhece e já tem conexão rápida como se conhecesse há anos.

Depois desse mês apenas no virtual marcamos um encontro. Era a hora de tirar a prova dos nove, saber a realidade nua e crua, tal qual como ela é. Engraçado pois a conexão continuou e durou pelos meses seguintes. Quase um ano.

Vou pular os detalhes da parte que deu certo e focar na obscura. Lembra que esse texto é sobre o que deu errado, né?! Iremos logo aos episódios em que a Bela adormecida acorda e descobre que o príncipe encantado nunca existiu.

Marcamos de sair em um domingo a tarde, iríamos ao cinema e posteriormente, lancharíamos na praça de alimentação do shopping. Esse foi o nosso ritual de praticamente todos os domingos desde que nos conhecemos. Quando a ida ao cinema não acontecia, ficávamos em casa para fazermos nosso programinha de casal. Mesmo sem a relação oficializada, eu nos considerava um casal. Além de exagerada, vejo coisas onde não tem.

Porém naquele domingo senti um clima estranho, Ele estava distante. Pressentia que algo estava por vir. Depois do filme, sentamos para lanchar e foi aí que descobri toda a verdade. Ele estava apaixonado por outra garota, difícil ouvir que já saíam há meses também, ou seja, ao mesmo tempo que comigo. Se você não entendeu o porquê dessa conversa ainda, te digo, Ele me dispensou naquela tarde. Sem demonstrações afetuosas, vi um completo estranho sentado a minha frente.

Trágico? Muito, porém aguentei e só desabei quando estava em casa. Apesar disso, ainda me resta um pouco de orgulho para evitar vê-lo me olhar com piedade. Dói saber que foi uma despedida fria que romperam as conexões que quiçá existiram. Um dia essa dor cessará e ficará somente as lembranças. Ainda bem.

tesouro
Autorais

Autoria: Tesouro em mãos erradas vira frangalhos

Há muito tempo o amor vem salvando vidas, primeiro salvou a minha, depois a sua e por fim, a nossa. Três pessoas na conjugação, uma na conexão. Nossa relação provou que é possível transformar frio no quente, tempestade em calmaria e pretensiosamente, até logo em quer ficar por toda a vida? .

E aqueles sentimentos antes organizados de forma confusa surgiram recolocados em caixinhas, em um leve balanço tudo se encaixou. Foi calmo, foi suave. Sem forçar a entrada e muito menos a permanência, você quis ficar e ainda ser diferença por onde muitas cópias fizeram uma infeliz estádia.

O motivo pela sua permanência tem nome e sobrenome, é o amor. Como disse ele nos salvou, primeiro o amor por nós mesmos porque não se pode dar algo que não se tem; e depois, o amor um pelo outro porque não se pode amar alguém que não esteja na mesma sintonia que a sua. O amor tem disso de equivaler as sintonias, os corpos, as almas. Foi ele que te fez chegar sereno e ter moradia fixa e própria no meu coração.

Quando te contei minha vida, por onde e quem foi andarilho, você não me julgou. Pois o amor não julga, cura. Não podia ver algo na vitrine de uma loja qualquer, que levava porque me lembrava você, mesmo que não houvesse nenhuma data em especial. Às vezes vejo seu rosto por aí e isso não chega nem perto dos delírios que sentiria se não estivesse ao meu lado. Doses de amor nunca são demais.

No amor se sonha e se acorda acompanhado. Há quem diga que o amor é muito mais sobre como a gente se enxerga ou tem guardado em um potinho no coração, descrito como o sentimento mais precioso que se pode ter. Essa preciosidade precisa ser moldada e bem cuidada. Tesouro em mãos erradas vira frangalhos. Mas amor também é afrouxar o laço e deixar ir mesmo que a vontade de ter por perto seja maior. No fim, amor é mais contradição que qualquer outra coisa.

janelas abertas
Autorais

Autoria: Janelas abertas, por Milênia Aquino

“Saliva, eca!” Pensou Sam ao imaginar seu primeiro beijo. Teria desistido daquilo pela milésima vez só na última hora, eram dúvidas demais para uma pessoa só.

Ainda mais que o seu primeiro encontro, marcado para às 20:00 horas daquele sábado, era com o cara mais lindo da escola, o Hendrik. O tipo popular, moreno, alto, sonho de qualquer garota da idade de Sam. Nem mesmo ela entendeu como sairia com Hendrik, nem era popular e muito menos se achava bonita. Analisava a situação novamente quando seu celular vibrou com uma mensagem de Hendrik:

“Daqui a pouco passo aí”

“Ok”

Aquele “Ok” era a certeza de que iria ou pelo menos queria. Tomou banho, colocou o vestido previamente escolhido, passou uma maquiagem leve e estava pronta. Trinta minutos depois recebeu outra mensagem de Hendrik avisando que havia chegado. Quando abriu a porta, lá estava a visão do paraíso, mais lindo que nunca.

Foram caminhando até uma lanchonete perto de sua casa, conversaram sobre histórias icônicas de família, dos amigos e futilidades do dia a dia. Na volta, Hendrik disse para Sam que a levaria à um lugar especial e que seria surpresa. O lugar surpresa era a casa de Hendrik, seus pais não estavam em casa, o que fez Sam ficar receiosa.

“Hendrik, estou com medo. Eu nunca…”

“Eu sei, fica tranquila. Será especial para nós dois”, tranquilizou Hendrik.

Foi quando ele chegou mais perto, perto demais para Sam, porém não conseguiu resistir. O primeiro beijo foi melhor do que imaginava e os outros que sucederam ainda melhores. O clima estava esquentando e Sam pediu a Hendrik que a levasse para casa. Ele o fez, porém dessa vez demonstrava frieza, não tocou-a e nem quis beijá-la novamente, além de não ter respondido quando ela o questionou sobre aquilo.

Sam foi dormir chorando e acordou com várias mensagens e ligações dos seus amigos. Hendrik havia espalhado fotos comprometedoras deles na noite anterior e inventado coisas. Sam não fazia a mínima ideia de como caíra naquela situação.

Naquela semana Sam não saiu de casa, precisaria de mais tempo para tomar coragem e fora que ainda recebia mensagens desagradáveis sobre aquela noite, estava envergonhada demais por acreditar que Hendrik era o cara ideal. O sonho do primeiro beijo virara pesadelo. Agora estava nítido que ele só quis usá-la para se vangloriar, típico dos caras que não compensam envolvimento. Sam descobriu tarde demais que há pessoas que passam pelas portas do coração e quando vão embora deixam janelas abertas e o coração em pedaços.

tempo
Autorais

Mais ou menos? Considerações sobre o tempo

“Às vezes me pergunto como pôde ter acontecido de eu ter sido o único a desenvolver a Teoria da Relatividade. A razão, creio eu, é que um adulto normal nunca para para pensar sobre problemas de espaço e tempo.” (Albert Einstein)

Um, dois, três, quatro, cinco… Independente da contagem ser interrompida, um dos recursos mais importantes na vida, continua passando: o tempo. Cujo significado pode ser a duração das coisas e pessoas; sucessão de dias, horas, minutos, etc; período; época atual; e ocasião própria.

O senhor do mundo faz suas vítimas ou culpados. Considerado por muitos um vilão sem escrúpulos que tira daqueles que tanto precisam. Por outros, um recurso glorioso ligado à uma nova chance ou recomeço.

O tempo é também relacionado a vida e a morte, o cedo ou o tarde, o agora ou o depois. Além disso, ele é circunstancial e relativo, diz-se que para tudo há seu tempo e cada pessoa reage de acordo com o seu. Sabe aquele simples exercício de contar até dez para se acalmar? Justamente é a função tempo em relação ao estado sentimental. Imagina-se que você esteja numa discussão com amigos e um deles lhe contradiz ou fala algo desagradável, o período que você leva para reagir está interligado a forma que reagirá, bem ou mal, perante seus sentimentos.

Provavelmente, você também já tenha ouvido alguém reclamando da falta dele ou que o usou como desculpa para amenizar algo que deixou de fazer, por exemplo. Os motivos para usar o tempo como desculpa são inúmeros e até mesmo usados involuntariamente. Sempre é mais fácil arrumar um culpado do que assumir que ministrou o tempo de forma errada ou simplesmente não quer realizar determinada ação.

Diante disso, não podemos controlá-lo, mas podemos organizá-lo melhor. Assim a ideia de falta de tempo é equivocada, pois ao definir nossas prioridades, fazemos aquilo que consideramos mais importante. As regras das propriedades são individuais e o tempo não para para que você as defina.