sabe, a gente perdoa. mas certas coisas não saem da cabeça.
certa vez, alguém da minha família me disse que eu era um fardo. que era difícil me aguentar. ela se arrependeu. foram dois anos de terapia. na ocasião, ela me disse, desenha uma árvore.
desenhei.
sua árvore está sozinha.é assim que você se vê?
não. eu tinha só doze anos. mas ali tinha aprendido a maior das lições que as pessoas levam anos pra aprender. por você, só você. aprenda a se amar. você não é um fardo pra ninguém. ninguém precisa te aguentar. você não é difícil de ser amado.
esse foi meu mantra muitos anos. li no livro da demi lovato que precisamos de um mantra todos os dias de manhã quando acordamos. e depois de anos, interiorizei. interiorizei que eu era bonito. que eu era maravilhoso. que eu valia a pena. que eu era fácil de ser amado.
e eu ainda acho isso. e acho que essa é a lição mais valiosa que a gente deve aprender.
a gente acostuma a achar coisas ruins, por que não a achar coisas boas?
uma vez fui no médico com crise de sinusite. desvio de septo. como você respira com um só lado do nariz?, ele perguntou.
é o poema da dor. alguém me disse certa vez que sem dor, não havia poema. depois descobri que havia, sim. os mais lindos e mais floridos. aqueles que só o amor desperta. aliás, aquele amor capaz de florescer nas partes mais escuras da nossa mente. floresceu, sim. e eu tentei regar todos os dias, mas parecia murchar.
murchou lentamente, como se a qualquer momento fosse florescer de novo. veio a crise. fácil é amar quando tudo está bem. na crise, é que colocamos isso tudo a prova e vemos que nem sempre é o que parece. na crise, sempre é mais fácil virar as costas e dormir. fingir que nada aconteceu. não é comigo, afinal. uma hora tudo vai se ajeitar. o sol vai surgir, né? às vezes não.
não sei descrever o sentido desse poema, não sei em que ele vai resultar depois. mas é o poema da dor. é o poema do coração partido, é o poema do fim. não é fácil lidar, não é fácil enfrentar nem nossos fantasmas, quem dirá dos outros. mas não tem problema. nunca tem.
que atire a primeira pedra quem nunca errou. que atire a segunda, quem assumiu e foi atrás do erro. e atire o resto, quem deu as costas (cuidado com o apedrejamento). ele vem. a pior dor da perda, é aquela imprevisível. a morte, sim. mas a partida. eu ouço sua voz pedindo pra ficar, mas o som tá muito alto, eu não consigo te escutar. quantas vezes eu tentei, quantas vezes eu me esforcei, mas agora longe está e sinto que não vai voltar. as lembranças vão surgindo, seu sorriso eu consigo ver. mas não sei se é real.
ou só vontade de te ter. vontade de ter de novo aquilo que tínhamos. quando foi que tudo deu errado? ah. sei. lembrei. mas a diferença é que continuamos vivos. eu não queria continuar, juro. vale a pena morrer por um amor de verdade. o que não vale a pena é viver em um mundo sem amor.
quatorze vezes ou quatorze mil vezes, não importa. eu estarei por aí. a um estalar de dedos. você estará?
trilha sonora indicada para leitura deste texto: the night we met – lord huron
secretaria eletrônica: oi! aqui é a ana, estou estudando agora e não posso te atender… desculpa! mas deixe seu recado que entro em contato depois! beijos! – BEEP
– oi ana, sou eu [risos]. queria te perguntar se está tudo bem… como foi a sua avaliação? qualquer coisa estou aqui, está bem?! um beijo e bons estudos!
cheguei um pouco tarde e muito cansado, nem tirei a roupa, ainda com tênis deitado na minha cama. passo a mão no rosto. tenho uma cicatriz no meu dedo. meu celular vibra, uma notificação
@artur respondeu a sua história: mas quem não é estranho? – dou um sorriso de canto sincero.
ao ler, volto para o meu dedo e penso: cresci vendo aquela marca bem no alto do meu polegar, na primeira falange coladinho da unha. sempre a vi traçar a minha pele e eu nunca descobri como ela foi parar ali. não me lembro de nenhum machucado, nenhuma dor, nenhum sangramento. não tenho nenhuma história para contar de como fui presenteado com aquela marca no meu dedo, ela sempre esteve ali, comigo. por incrível que pareça, li sobre uma história que explica como essas marcas surgem e o porquê. segundo a lenda, um casal fora impedido de ficarem juntos. distanciados, afastados, com ritmos de vida totalmente diferentes, mas nunca longe um do outro, sempre arrumavam um jeito para encontros e eternizarem num só momento o amor. tiraram a visão dela, pois achavam que assim nunca mais poderiam se ver. ele tinha medo de se perderem na multidão. durante a última noite de invernia, ela decidiu marca-lo, uma cicatriz em sua mão. a dor do corte para lembrar a luta que tinham que conviver, o sangue do pacto e a cicatriz, a marca que a presença e ausência causa um no outro. estão ligados. com tal característica, não importa o tempo ao passar, ou o lugar ao caminhar, mesmo sem a visão ao cumprimenta-lo, ela sempre saberia que aquela marca em seu dedo seria a oportunidade de encontrá-lo na liberdade. a lenda diz que a cicatriz no dedo é a marca de um amor que está a sua procura. você está marcado e tem alguém te procurando.
meu celular vibra novamente
mas como assim? existe uma pessoa te procurando? existe toda essa onda de “pessoa certa” para você? artur diz que não, ana diz que sim. artur diz que existem pessoas certas para momentos certos, é assim que ele lida com os seus relacionamentos; ana me diz que existe uma pessoa certa para uma vida inteira, depois disso ela me convidou para ser padrinho de seu casamento, fiquei muito feliz com o convite [por sinal]. minha cicatriz me diz que tem alguém que me marcou e está a minha procura nesse exato momento, minhas experiências me dizem o contrário, não sou de ninguém, na há ninguém disposto a encarar minha realidade, pelo contrário, preciso me conquistar e tentar me aceitar, talvez nem eu queira ficar comigo mesmo, um eu fora de si.
não consigo pensar sobre isso, me enovelo em ideias e inúmeras variáveis. isso tudo está fora de mim. ”pessoa certa”, que ironia! com o tempo, passei a pensar nos relacionamentos e como eles são. alguns de nós estão predestinados a se amarem, outros, por sua vez, são na verdade, viajantes solitários da vida. estranhos e complexos demais para serem entendidos.
se existir a pessoa certa e ela morrer num acidente? fico sem ninguém? e se alguém estiver comigo e eu achar que sou a sua pessoa certa e ela está comigo por comodidade ou por falta de outras oportunidades? e se eu estiver com alguém no supermercado e encontrar a minha pessoa na fila de queijos, enquanto tem alguém me esperando com o carrinho segurando um pote de café? e se me apaixono pela pessoa certa de outro? onde estão as regras da vida? pelos céus!
fecho e abro minha mão algumas vezes, qual o motivo de ter uma cicatriz aqui? neste lugar? um sábio disse que você pode estar cercado por pessoas e se afogar em solidão, você pode ter alguém e estar só. não sei se existe uma pessoa certa, também não sei se há probabilidade de existir, muito menos de não existir. o “amor” é um jogo de poker, todos estão blefando e todos estão dizendo a verdade, depende do ponto de vista, depende daquilo que quer acreditar. não é possível saber o que se passa dentro do coração das pessoas, amar alguém é uma insegurança constante, nada no outro está ao seu domínio, muito menos reconhecimento. afinal, não sabemos de nada.
e voce? acredita que existe uma pessoa certa para você?
Como se livrar das lembranças e medos de um relacionamento depois do término? #BAD
Ao ler o livro da Colleen Hoover: Talvez um dia [Maybe Someday], vale lembrar que tem resenha dele aqui no site do Beco, comecei a refletir sobre términos de relacionamento.
Relacionamento é uma baita discussão, é possível unir várias vozes com inúmeras experiências e “ene” motivos para você pensar em namorar, casar ou criar/cultivar qualquer tipo de relacionamento com um alguém [ou “alguéns” caso seja adepto ao método de relacionamento aberto]. como acabei de escrever, seja um relacionamento aberto ou não, assumido ou não, com nome: namoro, noivado ou só ‘peguete’, é inerente ao ser humano a necessidade de ter um alguém e tocar esse alguém.
e o produto, ou seja, o que resulta de todo esse desejo, necessidade carnal correspondida a todos esses tipos de relacionamentos citados acima é a #BAD que sobra ao terminar. a pior parte.
nada na vida é eterno, tudo possui um início e um fim, tudo em sua vida tem um objetivo, não se engane. até um término catastrófico ou bem humorado, as lembranças e medos também, ouso escrever, sempre nos amedrontam.
e se o seu relacionamento acabar? como se livrar das lembranças e do incômodo da falta do mesmo?
primeiramente você precisa entender que você nunca vai conseguir ESQUECER qualquer relacionamento que você teve. todos estarão marcados no seu crescimento enquanto sujeito, enquanto pessoa. todo indivíduo depende DO OUTRO para crescer/ amadurecer e o principal: se conhecer – seja com a sua presença ou ausência e não estou generalizando e/ou radicalizando, estou sendo bem sincero.
é preciso entender que o que passou, passou. ponto final. a vida é construída de momentos bons e ruins e a sua essência é destilada através das respostas que você dá a esses acontecimentos. a vida sempre vai te exigir uma resposta, como você vai responder à adversidade?
IMPORTANTE: nunca, eu escrevi NUNCA, use outra pessoa para “esquecer” alguém com quem já se relacionou. sentimentos é a artéria aorta da alma, se você corta-la, automaticamente estará matando a alma de alguém e a destruindo emocionalmente. saiba lidar com as suas lutas, chore o que tem que chorar, grite o que tem que gritar e expresse tudo que está sentindo, jogue para fora tudo que está guardado dentro de si. o tempo da cicatrização deve ser respeitado e vivido.
outro passo importante, tire um tempo para você mesmo. relacionamento quer dizer adaptar ao outro, depois de um término bom ou ruim, você precisa se reencontrar novamente, não engate em outro tipo de vínculo. gaste um tempo com você mesmo/mesma. se reconheça, se faça, se refaça.
já tentou fazer algo diferente? a vida a dois deve ser incrível, mas a vida que você pode ter contigo mesmo é inigualável. se respeite e pegue o tempo que precisar para se reconstruir.
portanto, o que aprendemos neste pequeno texto:
PASSO-A-PASSO PARA A VIDA:
1- se acostume com as suas memórias, o outro fez parte da sua vida. Você precisa respeitar o bem que ele te fez e aprender com o mal. é papel do outro te ajudar em seu crescimento e amadurecimento. faz parte da sua maturidade entender que não acontece uma limpeza na sua memória ao terminar um relacionamento. as lembranças continuarão para sempre;
2- se respeite, leve o tempo que precisar para se reconstruir;
3- não use pessoas para satisfazer um ego ferido, isso é maldade nível sociopata;
4- faça o que te faz feliz: ficar em casa e assistir Netflix com pipoca ou ir para balada, está tudo bem, encontre a sua melhor forma de se reencontrar;
5- você pode postar uma ou no máximo duas indiretas depois de algumas horas, isso massageará o seu ego por alguns instantes. está tudo bem também, depois que o outro te der view, deleta. vamos suavizar o impacto.
6- faça algo que sempre planejou fazer, mas nunca fez;
garanto que, depois de viver cada etapa bem vivida, você estará pronto/pronta para começar uma nova aventura nos braços de um outro alguém.
já ouviu um ditado que diz: você aprenderá chorando e no final rirás ganhando? pois então, eu aprendi e foi com muito choro, sem hipérbole ou eufemismo. demorei um longo ano para me reconstruir e tive que fazer isso sozinho, eu comigo mesmo pegando cada pedaço meu no final da nossa última briga. longos dias, duros meses. perdi algumas partes da minha integridade, mais da metade do meu amor próprio tinha caído em algum lugar que cheio de amargura, infelizmente, não consegui achar. no momento que decidiu voltar, fiquei assustado, juro que fiquei. empaquei em várias madrugadas pensando no que eu fiz de errado naquele tempo, foram horas pensando o que eu poderia ter feito de diferente, busquei reviver cada momento de nossa história na minha mente tentado encontrar algum significado ou até mesmo ressignificar qualquer de nossas ações. mas não deu. eu não agiria diferente, não mesmo. mais uma vez eu não te deixei ir. sim, você escolheu ir mais uma vez [cansativo, não?]. você decidiu por si mesma a explodir como uma granada e atingir principalmente a mim, com a sua inquietude e arrogância. gosta tanto de borboletas e se esqueceu de aprender com elas, cada fase possui o seu tempo, não dá para nascer com belas asas sem primeiro passar pelo casulo. o pior de tudo, é que quando decidiu ir, tentou levar mais uma vez as minhas expectativas contigo, inocente, já aprendi que quando “alguém” ousar me derrubar, eu caio em pé, se for para cair que seja para cima. para provar que não mudou, voce continua com a mesma tática de sempre, tentar levar minha integridade e me deixar em pedaços ao chão. só que não foi dessa vez, desculpa aí meu anjão. pela primeira vez na vida, com muito orgulho, posso afirmar que me amei tanto que você não teve a chance de tirar a minha paz. nada me impediu de te dar o adeus merecido, o adeus verdadeiro. na total e singela sinceridade, não me arrependo de ter te presenteado com uma segunda chance, você é imatura demais para entender agora no que perdeu, você é instável demais para saber que palavras são tão marcantes quanto ações. da última vez eu demorei um ano para me entender, hoje eu percebo que você nunca se entendeu em uma vida inteira. indeciso, inseguro, imaturo, medroso talvez um pouquinho. posso listar aqui inúmeros dos meus defeitos, eu sei e reconheço todos, mas o problema é que sempre foi você, você não sabe entender que o outro possui vontades e pensamentos. depois de tudo que aprendi sobre você e sobre mim, eu te perdoo por sufocar. você me deu o espelho daquilo que eu nunca quero parecer. quem tem que te agradecer, sou eu! muito obrigado por tudo!
e como eu sempre termino minhas cartas [nao podemos sair do costume, não é mesmo?] – FELICIDADES sempre!
nada acontece como se espera. as coisas vem quando não se precisa mais pra te voltar a órbita. já nasci fora dela, meu bem. nada pode me colocar de volta.
não sou planeta anão, sou supernova, gigante vermelha. anã branca não mais. estar só não é viver em vão e isso me fez sentido só agora, no terceiro de sua sequência. o mundo não possui solução. tanta gente aí sem amor pra dar, tanta gente aí sem brilho nos olhos. hoje é minha independência, e calhou de ser xará de data com os estados unidos. meu lugar nunca foi aqui mesmo.
você chegou atrasado. chegou antes quando o tempo não era seu, atrasado quando era. na verdade, acho que nunca foi. eu me sentia a hannah, eu me sentia o charlie. eu me sentia especial. especialidades mudam, assim como os gostos. você me fazia sentir especial, agora qualquer um faz. eu entendi quem eu sou. entendi como devo ser.
vim escrever imediatamente depois do calote. fiz o mesmo caminho de três atrás e cai em mim. engraçado porque faço esse caminho todos os dias. não ouço mais taylor swift nele, talvez por isso tenha parecido tão diferente hoje quando percebi que era o mesmo. quando percebi que eu era o mesmo.
e eu percebi que te amava porque me amava. sim. eu te amava tanto que via meu amor em você, quando você não tinha um pingo de amor próprio no meio dos seus pensamentos autodestrutivos. eu sempre me amei. sempre amei o amor. mas ele estava refletido em você, ora. é mais fácil olhar para os outros que para o próprio umbigo, não é? então. esse foi o caso.
engraçado porque eu te amei tanto, até nas vezes em que eu não deveria. até nas vezes em que eu não te amava mais. até nas vezes em que eu estava no escanteio quando não deveria estar. mas hoje fiz morada nele. na verdade, fiz morada nele e me mudei. deixei a casa mais bonita para o próximo inquilino. inquilino porque sou meteoro e você planeta. milhões de anos para tirar minha marca da sua superfície.
e me mudei.
me mudei como alguém que é assaltado na casa térrea e compra uma cobertura sem financiamento, mesmo pagando o financiamento da casa. me mudei pra uma cobertura com visão ampla. eu consigo ver o céu. eu consigo ouvir os pássaros.
eu estava lendo aquele livro, textos cruéis demais para serem lidos rapidamente e nele vi que quando um braço quebra, ele pode voltar a ser o mesmo. mas não aguenta tanto quanto aguentava antes. meu braço aguentou.
aliás, não só ele, mas o todo eu. todo eu quebrado que já foi remendado e segurou o peso de nós mais uma vez. segurou o peso da insistência.
estar só não é viver em vão.
parte dois da parte três – diga não aos canudos. por mim. pelas tartarugas.
leia ouvindo: aqui, jão
não dança pra mim não. você é bom demais se articulando na vida. já era. o meteoro já caiu, mas eu era o forte e você o frágil. claro que nunca fui forte, mas agora sou.
e quem a gente vai culpar se o erro não é claro?
insano. pra mim sempre foi claro. o erro foi meu, assumo. mas não assumo o que não fiz e você me acusou sem fundada suspeita. meu advogado disse que se um dia tomasse enquadro, era pra perguntar a fundada suspeita.
ele nunca me disse o que fazer se o enquadro fosse vindo de você. eu sabia lidar com policiais, mas não sabia lidar com você, justamente porque você sabia lidar comigo e não de um jeito bom. não de um jeito que a gente sabe lidar com alguém que pode explodir a qualquer momento ou é mentalmente frágil.
lidar como se o seu conselho fosse advindo do arcano da força invertido. lidar como se você tivesse domínio sobre mim. e de fato, você teve, mas tão fraco. bastava eu fazer uma força pra romper essas algemas feitas de bala fini. porque você não teve a decência de comprar uma de ouro.
eu nunca fugi, nunca.
e se eu tentar fugir de novo qual vai ser meu preço? de te entregar conforto e paz mas eu sem ser inteiro?
mas sempre tentei te entregar o conforto e paz. mesmo sem ser inteiro. jão, é possível. não sei como te ensinar agora, mas eu sei que consegui.
mas não consigo mais agora. eu me lembro da nossa listinha de datas.
eu me lembro dos capítulos da nossa história.
eu me lembro.
eu me lembro que eu quis te contar as fofocas absurdas do trabalho. tentei te escrever um email, mas você nunca respondeu. tentei te contar pessoalmente, mas dentro da sua carcaça não era mais você. não era mais a pessoa pela qual eu tinha me apaixonado como a bella se apaixonou pelo edward.
não era mais a pessoa pela qual as lágrimas da rua eram destinadas. nem a pessoa pela qual o meio fio ouviu minhas lamentações.
não era mais a pessoa que causou dó no taxista a ponto de ele dar desconto na minha corrida. não era mais. eu tentei te ligar, eu tentei te mandar uma mensagem. mas não era mais você.
possuído.
sabe quando a gente gosta tanto de alguém e sonha com o velório da pessoa? nunca aconteceu, mas te velo em pensamento todos os dias vendo memórias de quando você me achava ridículo.
me dei uma diária sozinho no hotel. me reconciliei com o meu passado. fui na balada sozinho. aprendi francês. misturei vodka com catuaba. vendi dois livros. fiz uma tatuagem. tirei o piercing. benzi minhas células. contei pra minha mãe. pro meu pai ainda não, ele ficaria feliz, eu acho. e eu quero tristeza.
apesar de que não estou triste. aquele lá morreu também. você levou junto.
eu te olhei com calma e compreensão. eu te entendi mesmo quando não me entendia. eu não passei como as línguas, eu fiquei. sem nada, mas fiquei.
eu também chorei.
mas você gostava do olho do furacão né? e eu era o próprio furacão. não somente o olho dele. você não pode segurar. ainda guardo os tickets do cinema no meu livro de roma.
ainda guardo o guia de viagens da disney de agosto.
tive medo de ir para a faculdade sozinho. tive medo da recusa, então busquei a reclusa. não me fale sobre entrega. eu te entreguei no dia que hoje faz aniversário.
mergulhei fundo.
você colocou um pé, com medo da água fria. eu era mais baixa que nitrogênio líquido.
e você disse que eu era baixa mesmo. uma pessoa baixa. não de estatura, de caráter. disso não posso debater, você tem sua opinião.
cheguei atrasado, certo? me perdoe. como bem sabes, penso demais, penso tanto que as vezes estrago algumas coisas que nem chegaram a acontecer. ansiedade que escreve, certo?
certo! mas não é sobre isso que quero escrever hoje, quero falar sobre perdão e algumas outras coisas a mais. a vida nos concede algumas dádivas, o que é estranho, pois ela ama pregar peças e nos cercar de ironias, trágico. esses “presentes” ficam guardados, escondidos debaixo dos escombros, em meio as cinzas, as vezes jogados no lixo ou até mesmo podem ser encontrados no guiar de uma correnteza. depois de uma briga, depois de uma discussão e tomada de decisão sem ser pensada, depois de uma chuva forte, uma tempestade, depois de sermos destruídos por dentro e aparentar não sobrar nada a não ser paredes caídas e pó, as lágrimas já se secaram. é neste espaço desértico, quase irrecuperável que encontramos alguns tesouros, o amor próprio e a verdadeira essência que uma vez fora perdida. então você percebe que, o relacionamento que você construiu dentro de você, somente você era morador, a confiança era somente cultivada na sua horta e que o respeito não era recíproco. você estava vivendo num universo particular. pode até pensar que a sua felicidade está no encontro do outro, somos criados e programados para pensar assim. “amar” alguém e dedicar cada segundo, cada sorriso. importa-se demais com o “outro”, o que o “outro” vai pensar, o que o “outro” gostaria que acontecesse, eu preciso/tenho que agradar o “outro” e você se perde dentro de si, se esconde tanto, deixando seus próprios interesses, deixando de conquistar seus sonhos, deixando de escutar as musicas que [particularmente] gosta e acaba perdendo tudo dentro de si mesma e nem mesmo você, conseguiria encontrar novamente, a não ser que todo o castelo que você chamava de “relacionamento” viesse ao chão. tenho algo pior a pensar, ninguém percebeu que o Amor morreu na segunda metade do século XIX e que hoje, as pessoas só experimentam o apego e a carência, drogas baratas, entorpecentes viciantes que degeneram a integridade e tornam cativo um espírito livre. com a morte do Amor, o Bom Senso se encontrou em desespero, como viver num mundo onde o Amor não se faz presente? desertou, coitado. a vergonha de fugir não chegou nem perto do medo de viver a mediocridade e a superficialidade que o apego proporciona a carência, prostituição litigiosa, satisfação passageira. Enquanto isso, le-se “textoes” de facebook e fotos com legendas cercadas de corações vermelhos, ninguém mais sabe o valor que o coração vermelho tem? ora essa, que ilusão a minha, ninguém mais sabe o valor de um “eu te amo” quanto mais o significado da cor de um emoji de coração. acho que é pedir demais para essa geração, infelizmente.
acho que escrevi demais,
chega por hoje, meu caro, tivemos reflexões demais por um dia, estava com saudades, um até breve para você e se lembre, não conte para ninguém
O grupo BTS é o maior exemplo de sucesso global do K-POP. O último álbum dos coreanos estreou no topo das paradas norte-americanas e emplacou todas as músicas no Top 15 do iTunes.
Com a popularização do k-pop pelo mundo, muitos que conheceram o gênero há pouco tempo se espantam com a quantidade de k-poppers (fãs da música coreana) e a paixão que destinam aos seus grupos favoritos. Uma das coisas que mais chama atenção de quem se inicia no mundo da música pop coreana é a relação “ídolo e fã” que funciona de forma diferente e mais íntima do que no ocidente.
Em países como Estado Unidos, Reino Unido, Canadá, etc, a abertura para artistas é maior, mesmo para artistas pequenos, alcançar o sucesso ou a grande mídia, ainda que de forma momentânea, é mais fácil. A influência de cantores americanos, por exemplo, viaja ao redor do globo, e eles não precisam necessariamente da promoção feita pelos fãs para conseguir alcançar grandes charts (listas de mais ouvidos) ou prêmios. No entanto, no mundo do k-pop as coisas são um pouco mais complicadas, principalmente quando o objetivo é levar a cultura coreana além dos países asiáticos. Por isso os grupos coreanos são geralmente muito gratos aos fãs, grande parte dos idols tem consciência que foi com a ajuda de seu fandom (fã clube e grupos de fãs) que conseguiram parte de suas conquistas, e que o apoio dos fãs é fundamental para ir ainda mais adiante.
O k-pop é uma indústria muito concorrida, e mesmo quando o grupo é extremamente talentoso, ainda há possibilidades de que não tenha o sucesso e audiência que merece, por não ter um fandom forte o suficiente que o ajude com charts, recordes, prêmios, etc. Claro que há artistas americanos, canadenses, e de outros países do ocidente, que também são muito gratos e próximos de seus fãs, mas essa relação é muito mais fã e ídolo, enquanto no k-pop esses relacionamentos são mais íntimos. Por exemplo, você sabe o que o Justin Bieber gosta de comer antes de dormir? Ou qual o tipo de pijama ele usa? Ou qual a decoração do quarto dele? Você tem fotos da Taylor Swift com o rosto ainda inchado porque acabou de acordar? Provavelmente não. Isso porque os artistas não são tão abertos nos países com influência da indústria musical ocidental. No oriente, mesmo que não sejam todos os grupos de k-pop, muitos idols se abrem completamente com seu público. Fazem lives para conversar com os fãs, agradecem regularmente a ajuda nas conquistas, produzem eventos especiais para o fandom, fazem vídeos da vida cotidiana, fanservices (solicitações específicas dos fãs), programas de variedades, etc.
GOT7
Ao contrário dos fãs da música ocidental que podem não saber qual é o nível de competitividade da Beyoncé em jogos de tabuleiro, por exemplo, ou os action figures (bonecos de ação colecionáveis) que o Chris Martin tem em casa, para os k-poppers é possível saber qual é o assento do Taemin do SHINee em um determinado restaurante da Coréia que ele costuma frequentar, ou qual o tipo de sopa favorita do JB do GOT7. Detalhes da vida cotidiana dos artistas coreanos são revelados para os fãs, que sentem esse proximidade e adoram esse tipo de interação com eles.
Quando o grupo BTS marcou história, sendo o primeiro artista coreano a ganhar um prêmio no Billboard Music Awards e o primeiro a se apresentar no AMAs (American Music Awards), a imprensa americana, que ainda estava engatinhando no gênero k-pop, ficou muito impressionada com o fandom do grupo (conhecido como armys), e principalmente com todo o amor e dedicação que as fãs direcionam ao grupo, diariamente.
https://www.youtube.com/watch?v=joJ-3cAjjbQ
Para se ter uma ideia, quando álbuns são lançados, os fãs não compram exemplares apenas para enfeitar a estande ou ter as músicas de forma “física”. Há intricados projetos entre fãs para compras em massas para ajudar o albúm nos charts de vendas, assim como há dezenas de projetos de streaming no Youtube, Spotify, etc. Os fãs sempre buscam maneiras de promover o grupo, ajudar com as listas de mais vendidos, prêmios em programas musicais semanais, etc. Assim como os que fazem mutirões de votos em plataformas como o Twitter, ou aqueles que pedem incessantemente músicas em rádios e programas de TV.
Em uma entrevista recente, o cantor americano Charlie Puth, conhecido pelo sucesso See You Again da franquia Velozes e Furiosos, disse ter “inveja” do fandom do BTS, e que fica impressionado quando eles são indicados a prêmios, milhões de pessoas se movimentam e se dedicam a faze-los ganhar, e isso nunca esperando algo em troca, apenas por amor e desejo de ver seu ídolo alcançar o sucesso.
A autora, youtuber e jornalista Gaby Brandalise é especialista em cultura coreana e no vídeo “Por que o BTS faz tanto sucesso”, ela comenta que o grupo busca formas de fazer com que os fãs não se sintam apenas ‘fãs’, mas que sim parte da família, como se fossem amigos íntimos.
Entre as diversas formas que um grupo busca para se promover e se aproximar dos fãs, algumas das maneiras mais comuns são fansigns: eventos em que os fãs podem conversar diretamente com os idols, dar presentes, ganhar autógrafos, etc. Fanmeetings, um tipo de show, porém com menos performances e mais brincadeiras, conversas com o público, vídeos especiais e exclusivos, etc. E claro, os programas de variedades próprios (todos coreanos), como o Seventeen Club, Real Got7, One fine day, Run BTS, Blackpink House, etc. Esses programas de variedades, que mostram os ídolos jogando, comendo, ou simplesmente tendo uma conversa aberta sobre sua vida ou trabalho, incentivam os fãs a terem uma relação e fazem com que eles se sintam próximos. E quando mais próximo, mais dedicado e apaixonado é um fã.
Alguns entendem, outros não, alguns admiram o amor e dedicação dos k-poppers, mas também há aqueles que julgam. O mundo da cultura coreana é enorme, e novo para muitos, por isso ainda há muita luta para que não haja preconceito com o gênero ou os fãs, e a forma mais fácil de entender, é abrindo a mente para aprender mais sobre esse outro mundo.
Sobre a autora: Gaby Brandalise é jornalista, escritora e tem um canal no YouTube. Começou escrevendo fan fictions de cantores, bandas e seriados. Depois, partiu para romances, crônicas, artigos, poemas e até músicas. É casada e tem um gatinho lindo chamado Gandalf (que tem esse nome porque é cinza e meio velho). Considera-se viciada em dramas coreanos, kpop e pasta de amendoim. No mais, segue iniciando os regimes às segundas.
trilha sonora indicada para a leitura deste texto: “one man town” – Elmore
no lugar que eu te falei que estaria, no momento certo
querido diário,
oi, tudo bem? que bom te encontrar por aqui. sei que chegou agora, mas vai ficar por muito tempo? estou aqui pensando em algumas coisas, acho que pode me ajudar, ou só ler se quiser. andei pensando que, reconhecer o Amor Verdadeiro, é a meta de conquista na vida de muitas pessoas. já ia me comprometer a escrever de “todas as pessoas”, mas achei muito agressivo. afinal, eu não estou a procura [entre as aspas]. uma pena ser tão raro e difícil de completar essa tarefa, talvez a parte mais dificil. eu não completei essa missão ainda, estou como um escoteiro sem a última medalha [risos]. já se imaginou assim? imagine agora, feche seus olhos e pense que somos escoteiros, sim: escoteiros! a última tarefa para pegar a última estrela dourada para completar o cinturão de honra cheio de missões dadas, missões concluídas, como: arrumar um bom emprego, cursar em uma universidade, se conhecer melhor; e agora só falta uma: encontrar o amor verdadeiro, aquele obstinado “sim, aceito passar minha vida inteira ao seu lado”. só assim, seremos escoteiros completos, com essa última estrela dourada. pouquíssimos de nós teriam o rastro luminoso e dourado no cinturão, não é mesmo? ouso pensar que por esse motivo o próprio Deus vem recebendo inúmeras orações para que Sua Mão Divina molde e encaminhe um coração sincero para dividir um apartamento, ser um amigo leal, um companheiro bom de cama e abrigo no temporal. tenho conhecido alguns ultimamente que, não sei se já estão descrentes em conseguir a pessoa ideal, só querem encontrar um amor, um amor que afaga, um amor que acompanha, um amor para dizer que se tem alguém. não sei se pode chamar esse tipo de amor de “Amor”. sem muitas exigências e muito menos expectativas, só um alguém. um alguém ali, como o abajur no meu criado mudo… me proporciona a solução para o meu problema com a escuridão por algumas horas. esse exemplo caiu como uma luva, normalmente esse tipo de amor só resolve nossos problemas na carência da noite. nota-se, os amores até aqui descritos são diferentes. bem diferentes. conheci uma garota que já encontrou o “amor verdadeiro” duas vezes esse ano, certamente ela postou nas redes sociais, então não se discute: é “verdadeiro”. ouvi falar de um rapaz que numa vida inteira nunca compartilhou um “eu te quero” dito sincero, bem colocado e ‘adocicado’ com um martine seco num encontro casual, quem dirá um “eu te amo”, esse último parece mais um mantra proibido de uma religião pagã. não se fala muito “eu te amo” hoje em dia, já percebeu? certamente porque não se encontra amores verdadeiros para serem ditos, como devem ser ditos. talvez já esteja se perguntando sobre mim. e eu? como eu fico? posso te responder… fico observando. observando aquela que me diz amar verdadeiramente e me abandona, observando a que me ignora e sonha estar em meus braços, observando aquele que se revelou para o verdadeiro amor e levou o fora e todo resto que continua sem entender qual é o verdadeiro sentido do Amor. enquanto se debulham em tentar encontrar alguém para amar, eu tento me encontro, todos os dias a todo momento por sinal, pois sei que vou amar verdadeiramente alguém a partir do momento que eu verdadeiramente me amar. aí sim, saberei amar a outra como a mim mesmo.
// no lugar que eu te falei que estaria, no momento certo
sensivelmente lhe escrevo hoje, já me conheces e sabes que não é o meu melhor momento. ainda perdido, acontece que pensara eu estar clareando os meus passos e entendendo o caminho que estou seguindo, mas não. estar na contra mão do mundo não é uma realidade fácil, exige força, exige movimento e já estou tão cansado que procuro um lugar para repousar. por que tenho ideias tão diferentes? e qual o motivo de me custar tanto sustentar essas ideias? os olhares aumentam e, normalmente, o julgamento vem em primeiro lugar. ainda estamos numa sociedade baseada na cultura da imagem, forma é melhor que conteúdo, medidas é melhor que um bom diálogo e os traços da perfeição se comprometem em te rotular no quadro do aceitável ou no rol dos dispensáveis. pego meu moletom azul todas as manhãs e luto, luto para terminar tudo bem. na selva de pedra da cidade grande, são os pássaros que nos observam em nosso habitat natural em um safari metropolitano. estamos submersos em expectativas, estamos naufragados pelas doces e sedutoras expectativas. o que vem depois de descobrir que tudo não passa de uma ilusão? o que vem depois? o que se pode fazer quando a verdade cai em despenhadeiro e no final dos barrancos marginalizados de nossas emoções só restar um sentimento abissal, autodestrutivo, consumidor, mas que não consome por completo. um sentimento que te traga por dentro, uma corrosão extasiante que te anestesia e te tranquiliza enquanto se debate em sua própria cobiça de existir. existir por que todos existem, sobreviver por que todos sobrevivem e viver, pois poucos sabem viver. meu velho e lendário já dizia, alguns sentem a chuva, outros apenas se molham. alguns respiram, outros inalam a coceira da consciência e alojam em seus pulmões num esconderijo imaculado. o que fazer depois de cair a ficha que não há nada a se fazer? cheguei num beco sem saída, não tenho respostas, somente este questionamento: o que fazer agora? sensivelmente me exponho.
o veneno da alma
vês no espelho
a força da palma
medes num conselho
ande a abstrai
corra e esvai
tudo que carregas
não suportas tudo somente, se não deixar ir.
sensivelmente escrevo, não há mais nada a se fazer. se guarde, as rosas murcharam e só restaram os espinhos, não viva a ilusão do belo jardim.