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Capa do livro O Conto da Aia
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RESENHA: O CONTO DA AIA, DE MARGARET ATWOOD

Sinopse: O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político, ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985 e inspirou a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original), produzida pelo canal de streaming Hulu em 2017.

 O Conto da Aia mostra a vida na República de Gilead, anteriormente o território dos EUA, após o país sofrer uma revolução teocrática e ser governado por radicais cristãos. Regidos por interpretações exageradas do Velho Testamento, os novos governantes excluem as mulheres da vida em sociedade e as dividem em castas funcionais: as Marthas, são pelos serviços domésticos; as Esposas, administradoras do lar; as Aias, como reprodutoras; e as Tias, senhoras que educam as mulheres para a servidão e submissão.

Em Gilead, sem direito a opinar, de se expressarem ou mesmo de serem alfabetizadas, as mulheres estão no nível mais baixo da sociedade. Além disso, através das informações que são passadas pela protagonista, sabemos que Gilead está passando por conflitos contra outras nações – e que alguma radiação trouxe infertilidade ao país. Sendo essa a razão de algumas mulheres, saudáveis e ainda férteis, serem tomadas como aias.

Contra-capa-conto-da-aia

Imersa nesse contexto, Offred é uma aia que vai nos contando sua rotina na casa do Comandante, tendo ali a estrita função de lhe dar um filho. Entre lembranças do seu passado com seu marido e filha e sua realidade no presente, cheia de horrores, Offred vai tecendo sua narrativa que, conforme a autora brinca com hipérboles, guarda semelhanças com a realidade do século XXI.

Publicado em 1985, o livro tem inspirações visíveis na Revolução Islâmica que ocorreu no Oriente Médio, em meados do século passado – tornando o Irã uma república islâmica teocrática, pautada pelo radicalismo, e retirando quase totalmente a liberdade feminina no Afeganistão. Ao parafrasear esse contexto para uma versão cristã de dominação, Atwood subverte alguns dos princípios ocidentais e nos releva até que ponto o radicalismo religioso pode levar a sociedade.

Nesse sentido, o maior trunfo do O Conto da Aia é seu flerte com a realidade. Seguindo a tradição do gênero distópico, que se apropria de hipérboles sociais para criar um cenário impactante ao leitor, por um lado o livro nos apresenta uma situação que beira ao absurdo – já que nossa própria narrativa ocidental tem caminhado em uma direção contrária a esse estado radicalista. Afinal, na maior parte dos países da Europa e América, as politicas costumam ser pautadas pela liberdade de credo, de sexualidade e maior autonomia feminina.

Contudo, a obra ainda permanece relevante, pois o objetivo da ficção cientifica é nos alertar dos perigos de nossas próprias intolerâncias e preconceitos. O propósito da obra não é simplesmente retratar a realidade do mundo, mais apresentar uma perspectiva de futuro assombrosa – propondo uma reflexão profunda do que nos levaria até tal ponto como sociedade, e possibilitando que tomemos um outro rumo.
Ao apresentar uma realidade onde o patriarcado e o radicalismo triunfão em pleno ocidente, Atwood nos direciona para o extremo oposto – nos deixando receosos e desejosos pela liberdade.

Contudo, também não se pode negar que toda a violência contra a mulher revelada, sem censuras, dentro da história são uma maximização do que ocorre nas vielas e becos de muitas cidades brasileiras e ao redor do mundo. A violência e opressão sofridas por Offred e todas as aias, ainda que não aconteça em escala governamental, é uma analogia ao que ocorre em muitos lares e relacionamentos abusivos – onde os homens ainda persistem em subjugar ao mulheres, simplesmente por serem aquilo que são. Impondo-lhes uma realidade de terror e escravidão social.

interior do livro o conto da aia

O Conto da Aia não deve ser lido de forma leviana, nem é um mero entretenimento. Sua mensagem poderosa deve ser absorvida e refletida, para que possamos cada vez mais nos distanciar da sociedade de Gillead, e avançar para uma mais libertária, igual e digna.

Vale ressaltar também o poder da escrita de Atwood, que possuí uma enorme superioridade em relação a alguns dos romances dessa mesma temática. No Canadá, o livro de Atwood é considerado um clássico na literatura nacional, sendo estudado em escolas e universidades, não apenas por seu conteúdo impactante, mas também pela sua força literária.

Baseada na obra, a série The Handmaid’s Tale estreiou em 2016, pelo serviço de streaming Hulu, e já venceu 8 Emmys e 2 Globos de Ouro. Atualmente, a série está em sua 3º temporada e pode ser acompanhada pelo Globoplay

O livro pode ser encontrado nas maiores livrarias do país, e também pode ser adquirido em lojas online como a Amazon, Americanas, Livrarias Cultura, Submarino ou por qualquer outra de sua preferência.

Sobre a Autora: Escritora canadense que atua como romancista, poetisa, contista, ensaísta e crítica literária. Reconhecida por inúmeros prêmios literários internacionais de grande importância. Recebeu a Ordem do Canadá, a mais alta distinção em seu país. Em 2001, foi incluída na calçada da fama canadense e muitos dos seus poemas foram inspirações para contos de fada europeus. Desde 1976, é membro fundadora de uma organização não governamental que atua em apoio da comunidade de escritores canadenses ou que residem no país. Desde 1976, é membro fundador do Writers’ Trust of Canada, uma organização não governamental que atua em apoio à comunidade de escritores canadenses ou que residem no país. Suas obras são conhecidas por mesclarem uma veia irônica e lúdica com sua aguçada perspicácia para questões contemporâneas – como as relações de gênero e o meio ambiente.

Ficha Técnica:
Capa comum: 368 páginas
Editora: Rocco; Edição: 1 (7 de junho de 2017)
Idioma: Português
Autora: Margaret Atwood
Tradução: Ana Deiró
ISBN-10: 8532520669
ISBN-13: 978-8532520661
Dimensões do produto: 20,8 x 14,2 x 2,4 cm
Peso de envio: 363 g

Margaret Atwood com seu livro

Crítica: As Panteras (Charlie's Angels, 2019)
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: As Panteras (Charlie’s Angels, 2019)

Estamos vivendo um boom de continuações e remakes dos filmes e séries que amamos. Devo confessar que não sou grande entusiasta do formato mas nunca dispenso a oportunidade de ver filmes com mulheres que dão socos e pontapés. E foi assim que eu fui parar na cabine do novo “As Panteras”, escrito e dirigido por Elizabeth Banks.

Se você tem por volta dos 20 e poucos anos e quase ou nenhum interesse pelo universo dos anos 70/80 que que seus pais provavelmente viveram (e amaram), saiba que As Panteras (Charlie’s Angels) nasceu no formato de série de televisão nos anos 70 com todo o girl power e hair goals que se poderia ter. Lá pelos anos 2000, a franquia foi adaptada para a conhecida versão com Drew Barrymore, Cameron Diaz e Lucy Liu.

O Girl Power vende. Nós sabemos e Hollywood também – ainda mais após movimentos como o Me Too. Então, não é a toa todo o barulho que o filme vem trazendo ao se apresentar como feminista. De fato temos mudanças positivas da versão dos anos 2000 – e é impossível não comparar o atual com esta versão – tal qual saímos da hipersexualização das personagens e acrescentamos mulheres que podem hackear e manjam muito de tecnologia – papéis geralmente desempenhados por homens até pouco tempo (mas estamos virando esse jogo através de filmes e séries, alô Sense 8 e Oito Mulheres e Um Segredo).

Ainda no universo feminino, presenciamos nossas “anjas” passarem por situações como macho palestrinha levando crédito pelo que a mulher fez, assédio no trabalho e o homem chato que caga regra do que a mulher deveria fazer ou como eu chamo tudo isso: mais um dia na vida da mulher.

Porém, por mais que o filme tente, acaba encaixando suas protagonistas em caixinhas dos clichês. Sabina (Kristen Stewart) é a clássica menina que era problema durante a adolescência, ama curtir a vida adoidado e não tem filtro na hora de falar. Elena (Naomi Scott) é a que cai de paraquedas, inocente e querendo mostrar serviço e Jane (Ella Balinska) é a típica fortona que não chora e “não precisa de ninguém”. Mas a química entre o trio é visível e faz toda a diferença durante o longa.

Aqui vale elogiar a face comediante que conhecemos de Kristen Stewart. Torcer o nariz para os filmes da atriz com base em Crepúsculo é golpe baixo em 2019. A atriz se entregou em vários papéis diferentes – de filmes mais independentes como Para Sempre Alice até trabalhos com o diretor francês Oliver Assayas, no qual foi premiada com o César por Personal Shopper. A personagem de Stewart é carismática e traz leveza para o filme.

Outro ponto positivo é a boa fotografia do filme mas o que realmente chama a atenção é a trilha sonora com um compilado de vozes femininas. A trilha ficou na responsabilidade de ninguém menos que Ariana Grande, que arrasou nas escolhas. Entre a seleção, está a música “tema” do filme “Don’t Call me Angel” com participação da própria ao lado de Miley Cyrus e Lana Del Rey, passando por um remix de “Bad Girl” de Donna Summer e o original “Pantera” de Anitta, que abre o filme numa cena de um Rio de Janeiro fake.

Vale lembrar que o filme tem cena pós-créditos e vale pela espera.

As Panteras é uma feliz surpresa – ainda mais naqueles dias que a gente só quer ver um filme com ritmo e ir para casa sem pensar muito. No mais, elas que lutem.

eu, a vó e a boi
– Turandot (Arlete Salles) e Yolanda (Vera Holtz) vestidas iguais de baianas
Atualizações, Filmes, Novidades

Eu, a Vó e a Boi, série baseada em thread do Twitter, estreia dia 29

Uma história de inimizade de mais de 60 anos. Uma guerra declarada entre duas vizinhas capazes de tudo para prejudicar a vida uma da outra. De um lado, Turandot (Arlete Salles); do outro, Yolanda (Vera Holtz), a “Boi” – apelido dado pela primeira, ao concluir que “vaca” está fora de moda. Ninguém sabe quando tudo começou, mas já aposentadas, viúvas e, portanto, dispondo de tempo livre o suficiente nas mãos, nenhuma delas tem a menor intenção de propor um tratado de paz. Em meio a esse embate, o neto em comum, Roblou (Daniel Rangel), tenta sobreviver ao ambiente hostil onde foi criado e se agarra à única oportunidade que encontra em seu caminho: Demimur (Valentina Bulc), menina cheia de sonhos com quem descobre as alegrias e as dores do amor. É pelo seu ponto de vista, um tanto fragilizado, que o público acompanha as constantes desavenças entre as duas senhoras.

O storyline de ‘Eu, a Vó e a Boi’, apesar de nada convencional, tem como pano de fundo a vida real. Em 2017, Eduardo Hanzo decidiu compartilhar com seus seguidores no Twitter a bélica – e muitas vezes cômica – relação de inimizade entre sua avó e a vizinha dela. A história viralizou e chamou a atenção de Gloria Perez, que, assim como um grande número de internautas, achou que a postagem divertida na rede social renderia um roteiro de televisão.

Nas mãos de Miguel Falabella, a narrativa deu origem a uma série de humor ácido, com personagens alucinados e, ao mesmo tempo, absolutamente comuns. “Embora seja uma série de humor, com tipos muito inusitados, ela também coloca o dedo na ferida. Hoje temos um país sentido, dividido. O discurso é sempre da truculência. E isso é o que a avó e a Boi fazem nessa história. Elas não argumentam, elas agem uma contra a outra. São situações engraçadas, mas por trás desse humor as coisas são ditas”, revela o autor.

A trama se passa na Tudor Afogado, uma rua cinza e monocromática, inspirada no subúrbio do Rio de Janeiro. Separadas por uma vala que praticamente materializa a aura de ódio e rancor entre as vizinhas, vivem frente a frente as famílias das duas. Por ali, ninguém escapa ileso dos boicotes diários praticados pelas matriarcas. Quando Norma (Danielle Winits) e Montgomery (Marco Luque), filhos das rivais, se apaixonam perdidamente, tudo parece sentenciado ao caos eterno. Nem mesmo o nascimento dos netos Roblou e Matdilou (Matheus Braga) abre uma trégua entre as duas senhoras.

Ao longo de 12 episódios, os personagens surgem em cena com reações e atitudes que beiram o absurdo. “São todos alucinados, com relações alucinadas. Na série não há uma cronologia muito rígida. São fatias de emoção. Os personagens reagem aos estímulos das situações propostas. É como se fosse a toca do coelho da Alice, em que a gente mergulha e vai viver um universo paralelo”, explica o diretor artístico Paulo Silvestrini.

‘Eu, a Vó e a Boi’ é uma série original Globoplay, desenvolvida pelos Estúdios Globo. Criada e escrita por Miguel Falabella, com Flávio Marinho e Ana Quintana, a partir de uma ideia original de Eduardo Hanzo, a obra tem direção artística de Paulo Silvestrini e direção de Mariana Richard.

A casa da vó

Turandot, já aposentada e viúva, tem na vida uma única motivação: atrapalhar tanto quanto for possível cada um dos dias de sua arqui-inimiga Yolanda, que – ela jura – roubou todos os seus namorados da juventude. Em sua casa, onde mora com as duas filhas, Celeste (Giovana Zotti) e Norma (Danielle Winits), e com o neto Roblou, ela é a dona da primeira e da última palavra. E ai daqueles que ousarem contrariá-la: para estes, a fama de grande atiradora é zelada constantemente.

Sua mais recente determinação é vencer a eleição e tomar da Boi o posto de presidente da associação de moradores. O motivo da candidatura, segundo ela, é conseguir dar andamento às obras de cobertura da vala com esgoto a céu aberto que divide ao meio a rua Tudor Afogado. Mas todos sabem que este é só pretexto para tirar tudo o que pode de sua rival. “A Turandot é uma mulher que, infelizmente, escolheu como sentimentos condutores da vida dela o ódio e o rancor. Ela não é uma mãe feliz, não é uma mulher feliz, não foi uma amante feliz. Como intérprete, é uma alegria porque esse é um grande personagem” conta a atriz Arlete Salles.

Celeste é quem mais sofre com as loucuras da mãe. Há 25 anos, a ascensorista é noiva de Cabello (Edgar Bustamante), o dono da Cabello Lanches. Mas, no que depender do comerciante, os sonhos de casamento não têm data para serem concretizados. Não bastasse toda a frustração, ela ainda é lembrada diariamente pela própria mãe de que sua vida e seus planos, há muito, estão falidos.

Norma também não teve sucesso na vida amorosa. Escolheu casar-se justamente com o filho da inimiga de Turandot, Montgomery (Marco Luque), com quem teve dois filhos – Roblou e Matdilou. Sempre foi perdidamente apaixonada por ele, enfrentando até mesmo toda a torcida contra o relacionamento. Quando os meninos ainda eram crianças, foi abandonada pelo marido e, dez anos depois, ainda vive sob o efeito dos remédios que toma para esquecer que um dia foi feliz ao lado do amado. Seu refúgio é a boate Mona de Ekê, onde trabalha como recepcionista e, em meio a muita purpurina, lantejoulas e conversas animadas com a amiga Sapore (Adriano Tunes), esquece dos problemas.

A casa da Boi

Do outro lado da vala, exatamente na casa em frente, vive Yolanda. A atual presidente da associação de moradores da Turdor Afogado divide teto com o filho Marlon (Magno Bandarz) e o neto Matdilou, e não poupa um minuto sequer do tempo que se dedica a planejar artimanhas contra a rival. Defende os seus como uma leoa, independente do que façam.

Isto inclui o filho mais velho, Montgomery. Dez anos depois de abandonar esposa e filhos e sumir no mundo, ele volta para casa – e para debaixo das asas da mãe. A alegria da Boi ultrapassa o retorno de sua cria: a volta de Montgomery desestabiliza Norma e, consequentemente, a harmonia da casa de Turandot. Era tudo com o que poderia sonhar. “A Yolanda é a matriarca de uma família direta, sem rodeios e sem julgamentos. Eu gosto dessas personagens que não têm passado nem futuro, vivem o tempo presente, são o que são. A Boi não está nem aí. Ela não gosta da Turandot e você não sabe bem o porquê. Ela não gosta, simplesmente”, explica a atriz Vera Holtz.

Também na casa, Marlon e Matdilou são praticamente cúmplices. Um imita o que o outro faz. Marlon adora se exibir nas redes sociais como o bonitão que é, enquanto o sobrinho Matdilou se revela um ótimo filmaker com o canal “A vida interessante das pessoas”. Preocupados em se dar bem financeiramente, eles encontram um caminho em comum: o relacionamento com Sugar Mammas. No namoro de contrato, tudo é acordado entre eles e as senhoras mais velhas com as quais cada um se relaciona – Belize (Eliana Rocha) e Mary Tyler (Stella Miranda), respectivamente.

O elo ferido entre duas família

Roblou é o narrador e testemunha ocular das desavenças entre Turandot e Yolanda. O drama enfrentado pelo protagonista de apenas 18 anos é semelhante ao de muitos brasileiros: impactado e ferido pelo ambiente de ódio em que cresceu, ele faz parte dos 75% de jovens que não têm qualquer esperança no Brasil. Onde não há esperança, o que sobra?

O amor. É nele que Roblou encontra sua válvula de escape e, talvez, a única saída para colocar sua vida nos eixos. Quando Demimur volta a morar com o tio, Cabello (Edgar Bustamante) – o dono da lanchonete da vizinhança –, um sentimento arrebatador inflama seu coração, bem no dia de seu aniversário de 18 anos. A menina com quem brincava na infância agora é uma jovem bailarina, linda e encantadora. Chega como um presente. Juntos, eles vivem as emoções de uma paixão intensa, capaz de transportá-los para um universo paralelo.

A felicidade dos pombinhos só tem um grande percalço: a tão almejada carreira internacional de Demimur. Prestes a embarcar para uma competição de dança esportiva de salão na Europa, ela precisa se dividir entre a intensa rotina de treinos, conduzida pelo rigoroso professor Rosalvo Lebrão (Cleto Bacic), e os momentos ao lado de Roblou.

O protagonista de ‘Eu, a vó e a Boi’ também é o responsável pelo diálogo com um importante interlocutor: o público. Roblou quebra a quarta parede, olha para a câmera e fala diretamente com quem o assiste sobre tudo o que vê nos arredores da Tudor Afogado. “Ele é o narrador da história e, além disso, é o protagonista, está em todas as cenas. São muitos textos falados para a câmera, muita narração em off. O Roblou tem uma troca com os personagens e com o público ao mesmo tempo. Para mim, esse é o lado mais desafiador desse personagem”, revela o ator Daniel Rangel.

A vizinhança da Tudor Afogado

Ponto de encontro oficial dos moradores, a Cabello Lanches é um recorrente palco para as tensões entre Turandot e Yolanda. Quando não estão se estranhando de suas casas, frente a frente, é ali que as senhoras acabam tecendo grandes embates. Cabello, o eterno noivo de Celeste, é o proprietário do estabelecimento – o que põe a todos em posição de alerta com os lanches servidos no local, que têm a fama de serem servidos com uma amostra dos fios capilares do dono. O único funcionário é Dimundo (Alexandre Barbalho), que sempre tem na ponta da língua um comentário inoportuno sobre a vida dos clientes.

Em frente à lanchonete fica o brechó de Orlando (Otávio Augusto). Mesmo entulhado de itens de colecionador, nunca se teve notícia da venda de qualquer objeto. Isso levanta a suspeita de todos, inclusive da detetive Ardósia Rocha (Alessandra Maestrini), mais conhecida como Seu Rocha, que está sempre atenta à movimentação do local. E o antiquário não é o único motivo das visitas da policial à região. Perdidamente apaixonada por Norma, a detetive está sempre a postos para qualquer chamado por ali – inclusive vindo da amada, com quem também mantém uma bonita relação de amizade.

A volta de Montgomery para a casa da mãe também estaciona na Tudor Afogado um trailer. É nele que o filho da Boi vende as empanadas feitas por sua nova esposa, a venezuelana Milagros (Paula Cohen). A chegada dos dois preocupa não só o comércio local como também a família de Turandot, já que trata-se do mesmo trailer comprado por Montgomery com o dinheiro da sogra. E o mesmo veículo com o qual abandonou Norma, dez anos antes.

O palco de um universo fabular

Para que a história e as atitudes dos personagens de ‘Eu, a vó e a Boi’ fossem o maior destaque da série, foi preparada uma cidade cenográfica com ares de palco. Construída especialmente para o projeto, ela tem 2.325 metros quadrados inteiramente monocromáticos. Todas as casas e estabelecimentos montados no local são cinzas do lado de fora.

“A série tem um universo não-realista, com relações extremadas entre os personagens e, por isso, eu queria que tivesse algo de teatral no tom. A cidade cenográfica monocromática cria esse ambiente. Uma vez que o ambiente é cenográfico, como um palco de teatro, você se distancia da realidade imediatamente. Ela é feita para que tudo seja verdade ali porque, em outro lugar, não seria”, explica o diretor Paulo Silvestrini.

Bem no meio da cidade cresce uma vala que divide a rua Tudor Afogado. Na série, ela personifica a tensão entre Turandot e Yolanda, e é tão presente e atuante na trama como qualquer outro personagem. “Para nós, esse foi o item mais difícil de entender e projetar. Parece que é um buraco simples, mas não é. Ele é todo estruturado por dentro porque alguns personagens caem na vala e são filmados dentro dela”, detalha a cenógrafa Marcia Inoue.

O universo não-realista de ‘Eu, a Vó e a Boi’ é composto por exageros divertidos e momentos que beiram o surreal. A monocromia do exterior das casas contrasta com o colorido de seus interiores, que seguem a mesma paleta de cores de cada um de seus habitantes, diferenciando o “campo de guerra” do lugar de paz e liberdade dos personagens. E essas foram as características que a Produção de Arte adotou como linguagem principal. Todos os objetos foram garimpados um por um, e são uma mistura de itens de antiquários e brechós com artigos kitsch e de lojas modernas, resguardando o cuidado de não transformarem os ambientes em cenários de época. “Os cenários são como pequenos relicários, remetendo a muita vivência e lembranças, e com misturas e cores contrastando com o cinza e o vazio da cidade cenográfica, onde habitam os personagens. Assim representamos o complexo universo interior de cada um, cheios de segredos e mistérios, alegrias e tristezas, e, ao mesmo tempo, blindados por máscaras sociais”, revela a produtora de arte Carolina Pierazzo.

Carolina também detalha os elementos que diferenciam as casas – e o temperamento – das famílias de Turandot e Yolanda: “Turandot tem o vermelho como cor principal. É a cor da paixão, da intensidade, dos afetos, representante das duas filhas românticas e sonhadoras. As linhas da arquitetura da casa e do mobiliário são curvas como as linhas femininas. É uma casa viva, que tem sempre comida no fogão e um café fresco servido na mesa. Já na casa de Yolanda as linhas são retas. É um ambiente mais sóbrio, menos organizado. A paleta em tons de azul contrasta com o tom amadeirado dos mais de 40 porta-retratos antigos de família que preenchem uma parede inteira da sala, quase se transformando em um papel de parede texturizado. O acúmulo, ali, é memória”.

O trabalho das equipes de Arte e Cenografia foi complementado pelo de outras duas áreas: Efeitos Especiais e Efeitos Visuais. Os primeiros planejaram diferentes efeitos físicos para a cidade, como esguichos de água nos bueiros, sacadas móveis capazes de serem derrubadas em cena e a simulação de curto-circuitos em postes. E também um grande desafio: uma reprodução em maquete da rua Tudor Afogado e sua vala, com sete metros de comprimento, feita para facilitar alguns takes de câmera. “A série baseia-se muito na complexidade dos personagens e da relação entre eles. E isso, no desenrolar da história, cria situações em que a cidade literalmente colapsa. E nós preparamos toda a base desse colapso”, conta Renato Lopes, responsável pela área.

Já o time de Efeitos Visuais, comandado por Léo Faria, reproduziu graficamente, em 3D, todo o exterior das casas e estabelecimentos da cidade cenográfica. O trabalho ajudou a criar o efeito de gamificação que permite oferecer ao público pontos de vista diferentes dos tradicionais. Como se um joystick movimentasse as câmeras por todos os ângulos possíveis, transportando o público para dentro da cena. “Pensamos muito em tudo que poderíamos propor em termos de diferentes movimentos de câmera ao Paulo Silvestrini, que nos fez essa encomenda. Para as passagens de tempo, por exemplo, optamos por um enquadramento virtual estático, como uma foto”, revela Faria.

A explosão de cores de um universo monocromático

Dando vida a um universo cinza, os personagens. Os figurinos assinados por Cao Albuquerque têm, para cada um, uma cor diferente. Juntos na rua Tudor Afogado, eles são uma explosão multicolorida. Para Turandot e Yolanda as referências foram as divas dos anos 1950 e as grandes rivais do cinema clássico, como Bette Davis e Joan Crawford. “Elas se parecem no visual, mas passeiam por cores distintas. Uma nunca tem a cor da outra. Enquanto Turandot tem um bloco de cor vinho, Yolanda traz o azul marinho”, descreve o figurinista. Já o protagonista Roblou tem uma pegada mais nerd no visual, refletindo sua afinidade com os muitos livros que têm dentre os seus pertences. Suas roupas flertam com o estilo do personagem Harry Potter, sempre em tons azul-esverdeados.

Assim como o trio protagonista, cada um dos demais personagens tem sua cor predominante. A licença poética para fugir desse padrão é Norma. Por trabalhar em uma boate, único lugar da série onde todos se sentem à vontade para serem, livremente, o que quiserem, a personagem abusa de diferentes cores e adereços com um figurino que acompanha seu humor, seja dentro ou fora da Mona de Ekê. “Ela é Beyoncé, Cher, Tina Turner. Um mix de referências dos clipes musicais dos anos 1980 e 1990”, pontua Cao.

São mais de 35 perucas dentre os itens de caracterização. Grande parte delas pertencente a Norma. “Ela foi o nosso parque de diversões. Sempre que tivemos a oportunidade, mudamos a cor e o corte dos cabelos de Norma. Ela é uma mulher livre e isso transparece no seu visual”, conta Dayse Teixeira. A caracterizadora ainda aponta a grande surpresa da equipe: o personagem Cabello. Na trama, ele é dono de uma vasta cabeleira com fios na altura dos ombros. Mas não é peruca e, sim, o próprio cabelo de seu intérprete, Edgard Bustamante. Em determinado momento da história, Cabello têm os fios cortados por Celeste. “Pensamos que teríamos que simular a careca do personagem. Mas, quando soube do corte de cabelo, o Edgar topou na hora. O cabelo real dele é cortado em cena”, revela Dayse.

Série original do Facebook Watch, ‘Limetown’ chega ao final nesta semana
Filmes, Novidades, Séries

Série original do Facebook Watch, ‘Limetown’ chega ao final nesta semana

Nesta quarta-feira, dia 13 de novembro, os dois últimos episódios de Limetown estreiam no Facebook Watch. A série original conta a história da jornalista investigativa Lia Haddock, vivida por Jessica Biel, que busca desvendar o misterioso desaparecimento de 300 pessoas em uma comunidade de pesquisa em neurociência, em Tennessee. A produção é baseada no podcast de ficção homônimo, lançado em 2015, e conta com 10 episódios, todos disponíveis com legendas em português na Página Oficial da série no Facebook.

Baseado no podcast de sucesso homônimo e produzido por Two-Up (“36 Questions”, “The Wilderness”), Limetown conta a história de Lia Haddock (Jessica Biel), jornalista da American Public Radio (APR), enquanto ela desvenda o mistério por trás do desaparecimento de mais de 300 pessoas em uma comunidade de pesquisa em neurociência no Tennessee.

Os 10 episódios da série de Limetown podem ser vistos aqui.

As estrelas da série são: Jessica Biel (The Sinner, BoJack Horseman)Stanley Tucci (A Private War, Jogos Vorazes), Marlee Matlin (Quântico, The Magicians), Kelly Jenrette (The Handmaid’s Tale, Grandfathered), John Beasley (Shots Fired, A Vida Imortal de Henrietta Lacks), Sherri Saum (The FostersAgentes da S.H.I.E.L.D.), Omar Elba (Negócio das Arábias), Louis Ferriera (O Homem do Castelo Alto,S.W.A.T.)Janet Kidder (ArrowO Homem do Castelo Alto)

Como assistir Limetown no Facebook Watch?

  1. Faça login  com sua conta do Facebook.
  2. Localize o ícone do Facebook Watch (no celular está no menu de opções na parte inferior e no computador está ao lado esquerdo)
  3. Busque no campo de pesquisa por ‘Limetown’ ou uma palavra-chave, por exemplo: ‘Jessica Biel’. Você encontrará a página oficial da série.
  4. Siga para não perder nenhum dos episódios e receber as notificações.
  5. Assista aos episódios de Limetown na página. O conteúdo aparecerá automaticamente com legendas no idioma que o seu Facebook está configurado. Para mudar, basta clicar em configurações e alterar clicando em ‘Idioma e Região’.
Doutor Sono
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Doutor Sono (Doctor Sleep, 2019)

Doutor Sono é uma adaptação do livro de mesmo nome de Stephen King que dá sequência a série “O Iluminado”. No geral, é um bom filme, mas não se parece com O Iluminado. São dois filmes diferentes com gêneros diferentes que em alguma hora se cruzam. Doutor Sono poderia ser facilmente uma história de origem de tudo o que acontece se quisessem seguir uma linha do tempo contínua a partir de agora. Não espere um Iluminado 2, estou avisando,

Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Dan Torrance lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele encontra Abra, uma adolescente corajosa com um dom extrassensorial, conhecido como Brilho. Ao reconhecer instintivamente que Dan compartilha seu poder, Abra o procura, desesperada para que ele a ajude contra a impiedosa Rose Cartola e seus seguidores do grupo Verdadeiro Nó, que se alimentam do Brilho de inocentes visando a imortalidade. Ao formarem uma improvável aliança, Dan e Abra se envolvem em uma brutal batalha de vida ou morte com Rose. A inocência de Abra e a maneira destemida que ela abraça seu Brilho fazem com que Dan use seus próprios poderes como nunca, enquanto enfrenta seus medos e desperta os fantasmas do passado.

O começo do filme é parecido com o livro, apesar de não mostrar tudo, mostra o quão poderosa é Abra e o quanto a performance de Rose estará presente durante toda a trama. O enredo se baseia no quanto a paz de espírito de Dan é destruída quando ele conhece Abra e posteriormente, com o aparecimento Rose. Nesse filme, Dan se mostra um pouco mais poderoso que antes, em algumas cenas capazes de nos tirar arrepios (falando sério!).

Há algumas cenas melhoradas com relação ao livro, como por exemplo na cena do True Knot/Verdadeiro Nó, quando no livro o Dan só tem uma arma e a usa por necessidade, no filme ele está praticamente como o Rambo pra cima de todo mundo. É uma cena maravilhosa, que fez toda a sala de cinema vibrar junto com a trama. Claro que, Dan mais poderoso também contribuiu para essas cenas fortes, assim como posteriormente, quando ele vê Dick novamente sem saber que é ele mesmo. Satisfaz nossos corações ver essa evolução de personagens, mesmo o filme não tendo aquele fio que conecta com o que veio antes de forma tão poderosa.

Por fim, me resta dizer que o filme não tenta ser um Iluminado 2, definitivamente (vou repetir isso quantas vezes forem precisas). É um filme próprio, dentro do mesmo universo. Enquanto no primeiro filme vemos um Dan meio enfraquecido, sem poder falar muito sobre seus próprios poderes, agora vemos que ele não é tão poderoso quanto Abra, mas mesmo assim nunca esteve tão focado em melhorar suas habilidades como adulto, já que ele se tornou alcoólatra para escapar de tudo o que o torturou no primeiro filme.

É um filme perfeito para essa época de Halloween, apesar de ser extremamente difícil escrever uma crítica sem falar spoilers ou revelar muita opinião pessoal. Assista e vem aqui depois contar pra gente o que achou!

Bate Coração
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Bate Coração (2019)

Bate Coração é o novo filme brasileiro da Downton Filmes com a Estação Luz Filmes, que estreia nos cinemas de todo o país amanhã, dia 7 de novembro. Com nomes como André Bankoff e Aramis Trindade no elenco, nós do Beco Literário fomos convidados para ver o filme em primeira mão e contar nossa opinião pra vocês!

O filme aborda algumas questões que devem ser revistas pela sociedade, e que deveriam ser tratadas com maior naturalidade. A protagonista, médica, é negra e a maior parte das personagens é travesti.

O enredo do filme começa a se basear anos atrás, quando Isadora e Cassandra faziam sucesso em boates LGBTQ+, porém, em uma das noites, Isadora tem uma oportunidade de crescimento profissional e deixa Cassandra sozinha nos palcos, muito magoada. Baseado nisso, a trama começa a se desenvolver quando Isadora e sua esposa encontram Cassandra e uma amiga durante a festa de ano novo, enquanto são vítimas de preconceito por motoqueiros.

Indignada e querendo ajudar a amiga, Isadora os espanta, mas acaba sendo atropelada. Por outro lado, Sandro, típico garanhão, está curtindo sua noite de revéillon com seu amigo em uma balada, escondido da namorada. Claro que ela descobre e vai até ele, que começa a passar mal e é levado com urgência ao hospital. Resultado? Precisa de um transplante de coração.

Isadora não resiste ao acidente e acaba morrendo, porém, seu coração é deixado para Sandro, que sobrevive por um milagre, tendo em vista que não é fácil conseguir um coração de forma tão rápida. É nesse crossover que começa o verdadeiro enrosco de toda a história do filme.

O espírito de Isadora passa a perseguir Sandro, buscando ver se ele é realmente merecedor daquele coração, que é a verdadeira razão dele estar vivo.

O antigo Sandro era pegador, levava uma vida bem agitada e após as assombrações de Isadora, ele resolve ir atrás do seu doador e, quando descobre a verdade, briga com a médica. Nisso, ele se exalta e mais uma vez passa mal, ocasião em que conhece Luiza, de apenas 11 anos, a espera de um transplante de coração. Nisso, ele percebe e cai em si com a grande sorte que teve.

Publicitário a frente de uma grande agência, realiza uma ação de doação de órgãos em prol de Luiza, que consegue e, após seu transplante, se recupera e faz o moço se apaixonar pela médica. Enquanto isso, Vera, ex-esposa de Isadora, organiza uma homenagem a ela com seu filho na mesma boate.

Com tudo em ordem, Sandro com um novo comportamento, Cassandra perdoando Isadora pelo acontecimento de anos atrás, Isadora decide que é sua hora de ir para o plano espiritual.

O filme é leve, com pitadas ácidas de humor e capaz de tirar risos e lágrimas da plateia, tudo ao mesmo tempo. Recomendo muito!

MasterChef A Revanche
Filmes, Reviews de Séries

Review: MasterChef – A Revanche (Episódio 2)

MasterChef: A Revanche mal começou e as bombas já chegaram fortes na primeira temporada all stars do reality show culinário. Depois dos terríveis embates do primeiro episódio que eliminaram 10 cozinheiros e levaram os outros 10 para a competição em si, a primeira prova oficial da temporada veio pesada.

Divididos em dois grupos (vermelho e amarelo), os cozinheiros tiveram que preparar dois tipos de peixe (Namorado e Vermelho) para os 150 tripulantes do porta-helicópteros multipropósito Atlântico da Marinha Brasileira, o maior e mais importante navio da esquadra brasileira, que é utilizado, dentre outras coisas, para operações de ajuda humanitária.

A primeira prova em equipe da temporada não poderia começar de forma mais segregada. Os participantes tiveram 30 segundos para se dividir entre si nos grupos que cozinhariam dali em diante. Helton, que já começou insatisfeito com seu grupo, parece ter sido recusado no grupo amarelo, que se alinhou por afinidade.

Todas as provas são as mais desafiadoras do MasterChef até então, porém, essa tem um quê de revanche que não pode deixar de ser comentado. Alguns participantes, depois de suas respectivas temporadas, seguiram em frente com a carreira na gastronomia: fizeram faculdade, abriram restaurantes, cursos… Mas outros, não, e é aqui que essa mistura de amadores e profissionais começa a ficar estampada.

Thiago, o major, fica no comando da equipe amarela enquanto Fernando fica a frente da equipe vermelha, que ganha o par ou ímpar e cozinha o peixe Namorado. A avaliação dos pratos seria feita pelos tripulantes, mas os jurados avaliariam as performances individuais de cada cozinheiro.

A equipe amarela inicia a prova e transcorre por toda a sua duração de forma nebulosa, com alguns gritos e pouca organização, enquanto a vermelha, apesar de algumas dificuldades técnicas, parece ser a preferida dos chefes durante a execução dos pratos.

Porém, é no final que as coisas realmente se revelam e a equipe vermelha, atropelada, deixa de servir alguns pratos principais e tem insumos faltantes para a sobremesa. Se aproveitando da fraqueza, a equipe amarela então resolve por servir uma segunda porção de seus brownies para quem quisesse repetir. O resultado não poderia ser diferente: lavada. A equipe amarela ganha a primeira prova e sobe inteira para o mezanino.

De volta para a cozinha dos estúdios, antes da prova de eliminação, os chefes resolvem comentar as performances individuais de cada um da equipe vermelha, de forma que cada chefe salva um membro para o mezanino. Helton e Vitor B. se enfrentam em um mata-mata, na prova do Croquembouche.

Com muitas dificuldades técnicas ao longo da prova e insumos limitados pela equipe do programa, os dois participantes parecem conseguir entregar uma réplica bem fajuta do que foi apresentado como modelo, o que foi totalmente compreensível pelo tempo de prova e pelo mercado. Em uma decisão acirrada, Helton é o primeiro eliminado da temporada (e talvez o mais eliminado de todas as temporadas do MasterChef). Aparentando maior humildade nos comentários que das outras vezes, o garoto de 19 anos agradece os ensinamentos dos chefes, que o fazem prometer nunca voltar. Jacquin ainda comenta que é melhor que ele esteja fora do MasterChef que dentro, para que ele vire um cozinheiro e não um garoto propaganda.

Ao final, já com Ana Paula Padrão, ele ainda revela que começará um estágio nas próximas semanas com um renomado chefe de cozinha.

Controle de Trânsito (Traffic Stop)
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Controle de Trânsito (Traffic Stop, 2019)

Controle de Trânsito (Traffic Stop) é a prova de que é praticamente crime ser negro nos Estados Unidos. O documentário começa a partir de cenas reais, captadas por uma viatura policial na rodovia de Austin, Texas. Vemos então o policial Bryan Richter seguir um carro até o momento em que ele é estacionado em um shopping. Ele também estaciona e conhecemos nossa protagonista, Breaion King, que recebe a ordem de voltar para o carro.

A partir daí, os dois começam a bater boca. Richter justifica sua abordagem por um suposto excesso de velocidade e começa a ficar impaciente. O clima de tensão aumenta e já sabemos que nada de bom vai suceder aquela cena. Entramos então para a cena mais brutal do documentário: o policial puxa King para fora do carro, jogando-a no chão e ameaçando usar sua arma de choque. Em extremo pânico, ela tenta reagir contra as agressões do policial que com muita brutalidade a imobiliza no chão para algemá-la. Nesta cena, não tem como ficar neutro ao ver uma situação de agressão gratuita. A convite da HBO, fizemos parte da cabine de Controle de Trânsito (Traffic Stop) e todo mundo da sala teve um baque durante essas cenas angustiantes.

O documentário em curta-metragem então desliga-se momentaneamente daquelas capturas policiais para que possamos conhecer nossa protagonista após o ocorrido. Breaion é uma professora afro-americana de apenas 26 anos e com ares carismáticos de Mary Poppins, queridíssima por seus alunos. Passamos a conhecer seu dia a dia e as sequelas que ainda a marcam, mesmo anos depois do ocorrido. São 30 minutos de documentário – ágeis e com ritmo, mas que poderiam ter se desdobrado facilmente em um documentário longa-metragem -, com impacto o suficiente para ter sido sido indicado ao Oscar de melhor documentário de curta-metragem na edição de 2018.

Voltamos para as capturas da viatura. Outro policial é chamado para conduzir nossa protagonista até a delegacia. Num primeiro momento, ele chega com calma para entender a situação e conversar com Breaion. No caminho, ela engata uma conversa sobre racismo, injustiças e polícia. Para a surpresa de ninguém descobrimos que este policial é outro racista, com falas em que afirma que ninguém da polícia americana é racista e que há de se entender o comportamento dos mesmos, uma vez que os presos mais violentos seriam os negros. Ou seja, passando aquele pano. O famoso: feito por homens brancos, para homens brancos em mais uma narrativa de abuso de poder. Acho importante ressaltar que mesmo com tantas provas tão claras em vídeo, o processo dela continua em aberto.

Documentário excelente. Do tipo que deveria ser passado em escolas durante aulas de filosofia e sociologia. E também que não pesa a mão na edição, ficando longe dos documentários massantes de temas parecidos. Fica a reflexão de quanta Breaions não passam pela mesma situação – senão pior – todos os dias. Nos créditos do curta-metragem, ficamos sabendo que o policial foi afastado após uma outra situação similar de racismo. Já diria Childish Gambino, This is America.

O documentário estreia na HBO e na HBO GO hoje, dia 22 de outubro.

Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Creed – Nascido para lutar (2015)

Creed: Nascido para lutar pode ser visto como a continuação de Rocky com um ator mais novo. Assim como vimos acontecer em Karatê Kid com Jack Chan, vemos mais um herói virar o mentor do próximo que continuará a franquia. Em Creed, Rocky Balboa é procurado pelo filho de Apollo Creed, um antigo campeão mundial de boxe já morto, para que seja seu treinador e o ajude a seguir os passos do pai.

Adonis Johnson escolhe não carregar o sobrenome do pai para que não seja comparado com ele, mas seu maior desafio não será nos ringues, mas sim, em provar para Rocky que ele tem a determinação e paixão necessárias para ser um verdadeiro lutador. Paralelo com isso, temos a luta do próprio Rocky que foi diagnosticado com câncer e escolhe não fazer o tratamento.

Como o sétimo filme da série Rocky, Creed não deve em nada nas cenas de treinamento e superação e todo aquele drama característico do estilo “não é o quanto você bate, mas o quanto você aguenta apanhar e permanecer de pé”. Aos poucos, Rocky e Adonis se entendem e se ajudam, levando o filme até a também característica luta final, onde culmina no clímax da história.

Para quem curte filmes sobre o mundo do boxe e, principalmente, os filmes da série Rocky, não vai se decepcionar. Porém, para quem esperava uma novidade, sinto informar de que só há mais do mesmo. O mentor com seu pupilo, tentando ensinar tudo o que aprendeu em seus anos e anos de lutador, tentando até transferir um pouco a relação que gostaria de ter tido com o próprio filho. Várias cenas de desentendimentos que terminam em aprendizado e pérolas de sabedoria que só o Rocky tem. Muito sangue e suor em pró da vitória no dia da grande luta, da qual depende a carreira de Adonis.

Michael B. Jordam e Sylvester Stallone estão excelentes como sempre, a trilha sonora é vibrante e inspiradora e vemos algumas cenas que homenageiam os outros filmes da franquia, como a tradicional corrida da escadaria, já que o filme também se passa na tradicional cidade da Filadélfia, mas, claro, vemos um Rocky debilitado e cansado que, depois de tanto lutar e amparar, agora precisa ser amparado. Eles desenvolvem uma relação quase de pai e filho e, apesar do final clichê e já esperado, a emoção é inevitável.

Creed: Nascido para lutar chegou aos cinemas em 2015 e teve sua continuação em Creed II em 2018, dando continuidade a lendária série Rocky que iniciou em 1976.

MasterChef: A Revanche
Filmes, Reviews de Séries

Review: MasterChef – A Revanche (Episódio 1)

Depois de muito pedidos dos fãs, a Band finalmente resolveu fazer a temporada especial de MasterChef Brasil, intitulada de A Revanche. A temporada reuniu participantes injustiçados de todas as temporadas do programa original e continua apresentado por Ana Paula Padrão e julgado por Henrique Fogaça, Paola Carosella e Érick Jaquin.

Depois de muito pedir um All Stars de MasterChef, os participantes desta temporada, 20 no início, precisaram passar por embates em dupla para conquistar a tão sonhada dólmã, que faria com que eles estivessem oficialmente na competição. Os vencedores das provas individuais continuam faturando R$ 1 mil em compras no cartão Carrefour e R$ 500 nas mini provas e provas coletivas. Os dois finalistas ainda faturam a mesma quantia por mês durante um ano, e o vencedor ganha um troféu, reformulado no formato de uma estrela, R$ 250 mil reais, uma bolsa de estudos na Le Cordon Bleu do Rio de Janeiro, uma cozinha completa da Brastemp e equipamentos Tramontina.

Os 20 participantes selecionados para MasterChef: A Revanche foram: Ana Luiza (Temporada 4), Aristeu (Temporada 5), Bianca (Temporada 1), Cecília (Temporada 1), Estefano (Temporada 1), Fábio (Temporada 3), Fernando C. (Temporada 3), Fernando K. (Temporada 2), Haila (Temporada 6), Helton (Temporada 6), Iranete (Temporada 2), Juliana (Temporada 6), Katleen (Temporada 5), Mirian (Temporada 4), Raquel (Temporada 3), Sabrina (Temporada 2), Thiago (Temporada 5), Valter (Temporada 4), Vanessa (Temporada 3) e Vitor B. (Temporada 4).

Os 20 participantes precisaram passar por um embate, em duplas, para decidir quem ficaria com a dólmã e garantiria o seu lugar na competição oficialmente. Organizou-se um sorteio, em que o participante sorteado deveria escolher outra pessoa para duelar com ele. A pessoa escolhida, por sua vez, deveria sortear o que ambos cozinhariam, dentro dos temas pré-estabelecidos. Uma vez escolhido o tema, era preciso reproduzir o prato ou fazer algo típico do tema sorteado.

A primeira sorteada foi Ana Luiza, que escolheu Vanessa para o duelo, sob a justificativa de que gostaria de alguém que ficasse cozinhando mais em casa. No entanto, o que ela esqueceu, é que Vanessa já possui um restaurante, e com vergonha, ela assumiu ter errado na escolha. O tema foi Fusion, fusão entre Brasil e México que deu a vaga para Vanessa.

Katleen, por sua vez, desafiou Cecília no tema Mundo, em que tiveram que fazer uma Paella. Cecília não gostou de ser desafiada e achou que Katleen só a escolheu porque fez faculdade e ela não. De fato, quem levou a dólmã foi Katleen.

Na segunda rodada, Sabrina desafiou Iranete na reinvenção do Acarajé. Iranete perdeu a mão na pimenta e Sabrina, que inventou uma espécie de ensopado levou a melhor e consequentemente, a vaga na competição.

Haila desafiou Fernando C. no tema fast-food com o hambúrger vegetariano. Fernando, que é dono de hamburgueria levou a melhor, ao mesmo tempo em que Haila, como foi comum na temporada anterior, se descontrolou com as emoções e não conseguiu completar a prova, dizendo que iria desistir antes do final. Com o apoio dos colegas, não desistiu e finalizou o desafio, mas sem sorte.

Na terceira rodada, Fábio desafiou Mirian na reinvenção doce, com o Quindim. Sem muitas observações, a companheira de Yuko não se deu bem e Fábio garantiu seu lugar em MasterChef: A Revanche.

A sorteada Raquel resolveu enfrentar Helton no rinque achando que levaria a melhor por conta da pouca idade do garoto em um clássico Ratatouille, que Helton nunca havia feito. No final das contas, a moça não cozinhou bem os legumes e Helton está de volta para a competição.

Já na sequência, na quarta rodada, Vitor desafiou Aristeu no desafio regional de Xinxim de galinha. Aristeu, sem sua fiel escudeira Rita fazendo-o manter a calma, não conseguiu garantir sua tão sonhada dólmã.

Bianca e Fernando K. foram para o lado exótico da competição precisando preparar um prato com Enguia. Sem muita experiência em nenhum dos dois lados e sem levar em conta as dicas da chef Paola, Fernando venceu Bianca com uma generosa pitada de sorte.

No embate final, Estefano e Juliana, que já haviam combinado seu desejo de duelarem juntos, ficaram com a reprodução do Filé à Osvaldo Aranha. Juliana, que errou na preparação da carne e entregou um prato cru, não garantiu seu lugar na temporada com mais episódios de faíscas com Helton.

Thiago e Valter, a última dupla, se enfrentaram na confeitaria com o famoso Cheesecake, que Valter errou no preparo e o prato acabou por se desfazer antes mesmo da entrega. O major, queridinho de sua temporada, garantiu o lugar em MasterChef: A Revanche.

Com o top 10 definido agora o programa começa de fato já com uma prova em dupla, a ser exibida na próxima terça-feira, nova data, buscando maior audiência que nos domingos, como era anteriormente.

E você, pra quem está torcendo em MasterChef: A Revanche?