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Ensaio: Elementos Estruturais da Narrativa - Espaço #02
Ensaio: Elementos Estruturais da Narrativa – Espaço #02
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Ensaio: Elementos Estruturais da Narrativa – Espaço #02

Pensando em seu desenvolvimento e amadurecimento como ledor, caro leitor, me senti encorajado para escrever alguns ensaios cujo objetivo seja auxiliá-lo a inferir, interpretar e/ou facilitar qualquer tipo de leitura que esteja fazendo. Fundamento nossa discussão norteando a sua criticidade para os cinco elementos de análise literária de textos, que são:

  1. Foco Narrativo
  2. Tempo
  3. Espaço
  4. Personagens
  5. Enredo

Já foi publicado um escrito a respeito do Foco Narrativo (post intitulado de: Elementos Estruturais da Narrativa – #1 Foco Narrativo), neste espaço, separei um assunto bem interessante sobre o espaço, o espaço dentro dos romances, contos e crônicas.

Vamos utilizar Gaston Bachelard para ser o fundamento do nosso estudo, especificamente seu livro: “A Poética do Espaço”. A ideia do filósofo e ensaísta francês é discutir o espaço em dois grandes polos, através do polo material, real, geográfico e também ideal, não material e psicológico.

Portanto, para Bachelard, o espaço dentro de uma narrativa por exemplo, não será necessariamente uma cidade, ou uma casa, talvez um quarto (limitando este espaço somente ao seu aspecto físico e material), mas sim uma manifestação psicológica advinda de um aspecto físico. Parece complicado, não é? Mas fique tranquilo, é mais fácil que pensamos.

Ao ler o livro “A Poética do Espaço”, inferimos em cada capítulo uma alusão a essa união entre o material e não material e físico com psicológico. Os títulos são:

Capítulo 1 — A casa. Do porão ao sótão. O sentido da cabana;
Capítulo 2 — Casa e universo
Capítulo 3 — A gaveta. Os cofres e os armários
Capítulo 4 — O ninho
Capítulo 5 — A concha
Capítulo 6 — Os cantos
Capítulo 7 — A miniatura
Capítulo 8 — A imensidão íntima
Capítulo 9 — A dialética do exterior e do interior
Capítulo 10 — A fenomenologia do redondo

Podemos imaginar o livro sendo uma casa, não é mesmo? E cada cômodo um capítulo. O autor constrói em seu livro essa imagem, e é assim que se deve analisar o espaço de um livro. Cada lugar reserva tanto ao personagem quanto ao narrador, um comportamento específico, e em alguns casos, o enredo da história se torna cativo do espaço.

Por exemplo, no livro “Estórias da casa velha da ponte”, da escritora goiana Cora Coralina, a casa que se encontra aos arredores da ponte da Cidade de Goiás, antiga capital goiana, se torna uma personagem de grande importância no desenvolvimento da narrativa. É possível observar o amadurecimento da personagem principal do livro através do retrato do envelhecimento da casa.

É possível também discutir a vivacidade e psiqué do espaço lendo Machado de Assis e observando o contraste e retrato da sua linda e marcante cidade do Rio de Janeiro em seus romances e contos.

Quer mais um exemplo? “Os Sertões” de Euclides da Cunha. O aspecto seco e árido do sertão nos traz uma leitura desgastante (não, no sentido de leitura ruim). O espaço produz um homem que precisa ultrapassar a sequidão do sertão e de seus relacionamentos. O homem deve ser duro, combatente a fome e a sede. Não pode transmitir fraqueza, nem mesmo em suas relações.

O que achou? Deixe nos comentários se está gostando da série de ensaios e discussões.

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Ensaio: Elementos estruturais da narrativa – Foco Narrativo #01

Hey leitores do Beco! Espero que esteja tudo bem com vocês!

Reservei algo super interessante para discutir com vocês hoje: Elementos Estruturais da Narrativa. Não é muito interessante quando se lê um livro narrativo e não se entende quem é a voz que está a contar e desenvolver a trama. Causa um tipo de fragmentação e a leitura se torna complicada e, para alguns tipos de leitores, nem um pouco apreciável.

Por este motivo, trouxe algumas teorias da literatura para te ajudar a reconhecer o foco narrativo do seu livro em leitura, e concretizar a beleza e a doçura de se ler um livro e entendê-lo completamente. Ao se fazer a análise de qualquer livro (seja ele romanceado ou não) numa macrovisão, ou conto ou crônica numa microvisão textual, é preciso se atentar para cinco elementos base de estudo:

• FOCO NARRATIVO (NARRADOR)
• PERSONAGENS
• TEMPO
• ESPAÇO
• ENREDO

Este ensaio tem o objetivo de discutir o foco narrativo com exemplificação e profundidade teórica.

Um dos grandes nomes da análise literária é Gérard Genette, teórico literário e crítico francês que elaborou a sua própria abordagem poética a partir do viés estruturalista. Para este autor, a narrativa se concretiza como DIEGESE: “termo empregado para indicar a história, a fábula, conjunto dos acontecimentos num texto literários”, em tal abordagem estrutural, a análise literária se torna cabível a partir do reconhecimentos de dois planos congruentes, correlacionados que preexistem na atmosfera artística das letras.

São eles:
– Plano da Enunciação
– Plano do Enunciado

Enquanto o Plano da Enunciação se restringe em estudar a voz que perfaz a ação de narrar, o Plano do Enunciado se propõe a discutir o que já está escrito, o plano do discurso ou da narrativa. Para Gérard Genette, “narrativa” é: “todo discurso que nos apresenta uma história imaginária como se fosse real, constituída por uma pluralidade de personagens, cujos episódios de vida se entrelaçam num tempo e num espaço determinados.”

Mas quem é a voz que tem o trabalho de descrever ao leitor todo esse sistema dito na citação anterios?
– Somente uma resposta cabível: o narrador.

Em uma grande área, existem dois tipos de narradores. O narrador em primeira pessoa e o narrador em terceira pessoa.

O narrador em primeira pessoa também é conhecido como um narrador personagem e possui quatro tipos.

– Narrador Personagem: Segundo Pouillon, o narrador personagem está fundamentado na teoria do “Visão com”, isto é, um personagem envolvido na história assume o papel de narrador e o leitor passa a conhecer a história pela ótica do mesmo.

– Narrador Personagem Protagonista: identifica-se como personagem principal que vive os fatos da narrativa e acumula o papel de sujeito da enunciação e do enunciado.

Exemplo:
Livro: Dom Casmurro
Narrador Personagem Protagonista: Bentinho
Escritor: Machado de Assis

– Narrador Personagem Secundário: o personagem/narrador não está em primeiro plano, embora participa da narrativa, sua função é mais importante no nível da enunciação.

Exemplo:
Livro: O Morro dos Ventos Uivantes
Narrador Personagem Secundário: Sr. Lockwood
Escritora: Emily Bronte

– Narrador Testemunha: personagem presente no texto só para narrar os acontecimentos. O termo testemunha diz respeito ao fato de o personagem narrador contar tudo aquilo que viu, ouviu ou que leu em algum lugar.

Exemplo:
Livro: O resto é silêncio
Narradores Testemunhas: Doutor Lustosa; Norival; Tônio Santiago; Aristides Barreiro; “Sete- Meis”; Chicarro e Marina.
Escritor: Érico Veríssimo

Narrador em terceira pessoa é um tipo específico que possui um dom chamado ONISCIÊNCIA. Ele sabe de tudo. Entretanto, uma teoria fora discutida por Friedman, elenca quatro subáreas para o narrador pressuposto, são elas:

– Onisciente Neutro
– Onisciente intruso
– Onisciente seletivo
– Narrador Câmera

Em linhas gerais, o narrador pressuposto é uma entidade da narrativa que sabe de todas as coisas, inclusive dos pensamentos e sentimentos das personagens e detalhes de cada acontecimento. Para Gérard, um exemplo claro seria a Morte no livro “A menina que roubava livros”. Estava em todos os lugares, sabia de detalhes dos acontecimentos e os sentimentos das personagens ao morrer.

E aí, curtiram? Espero ter ajudado vocês! Um grande abraço e até a próxima.

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Tag: Livros que passaram de maneira catastrófica

Fazia tempo que a gente não aparecia com uma TAG por aqui no Beco, certo? Hoje criamos a nossa! Livros que passaram de maneira catastrófica na nossa vida, aqueles que não foram nada silenciosos… Bora?

#1 – Quais são os principais livros que mudaram a sua vida?
A incrível saga de “As Crônicas de Nárnia” (C.S.Lewis), que leio anualmente e sonho constantemente em passar pelo menos um dia ao lado de Aslam; “Crime e Castigo” (Fiodor Dostóievski) e por último, “Alice no País das Maravilhas” (Lewis Carrol).

#2 – Livros que todo mundo leu, mas você não
Nunca li Harry Potter e nem assisti ao filme. A história do pequeno bruxo é uma coletânea que não tenho nenhum conhecimento e sei a respeito somente de ouvir falar. Talvez eu leia algum dia… se alguém quiser me emprestar para eu saborear cada página, estamos aí (aceito de presente também, claro!)

#3 – Finais catastróficos
Não gostei do final de “Cidades de Papel”, do John Green. Nunca pensei que a Margo poderia me decepcionar tanto com aquela atitude (R.I.P. paixão platônica pela personagem). Porém, outro final catastrófico e desastroso é de “Morro dos Ventos Uivantes” (Emily Brontë). Simplesmente catastrófico, desastroso e lindo. Amei!

#4 – De leitor e louco todo mundo tem um pouco! Recomende um livro que nunca pensou que ia gostar e amou!
Raramente julgo um livro pela capa (sou uma pessoa bem madura, eu sei). Contudo, acontece. Um livro que eu li e pensei que não iria gostar por escutar alguns comentários ruins foi: Dom Casmurro, de Machado de Assis. Já faz algum tempo, escutei alguns comentários que não favoreceram a obra. Quando terminei a leitura, pensei: Sério? Como não gostar deste livro?!

É isso! Que tal agora responder você a essa TAG em suas redes sociais ou no seu blog? Depois manda para a gente ler as suas escolhas também.

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Música do Mundo: Morat

O Folk latino é algo que vem acontecendo lentamente. Quem acompanhou o programa Superstar na Globo ano passado viu a banda paulista Pagan John, nosso representante do gênero. Lá na Colômbia, quem faz sucesso é a banda bogotana Morat, que mistura a pronúncia marcada mas também suave do espanhol colombiano com os ritmos simples e melodiosos do Folk, além de injeção de um certo estilo local. Após “Mi Nuevo Vicio”, inicialmente cantada com Paulina Rubio, a banda ganhou certo reconhecimento e lançou seu primeiro álbum (Sobre El Amor Y Sus Efectos Secundarios) em 2016. O álbum foi bastante premiado, e conferiu a banda o álbum de platina e primeiro lugar nos Top Charts no México e na Espanha.

Se interessou? Vem escutar algumas das melhores músicas da banda:

Sobre El Amor Y Sus Efectos Secundarios

  • Cómo Te Atreves
    Indico começar por essa porque, além de ser uma das faixas mais populares da banda, já mostra o folk logo de início. É o “especial do chefe” da banda.
  • Aprender A Quererte
    Toda sobre se dedicar-se a uma pessoa, essa faixa é linda e tem a vantagem do refrão fácil, que dá pra cantar e tirar da cabeça (porque vai grudar, acredite).
  • En Un Sólo Dia
    Se você gosta de sertanejo, essa faixa é pra você. A influência dos ritmos latinos aqui predominou sobre o folk em si.
  • Ladrona
    A melodia mais romântica, com bastante piano e a uma dolorosa carga emotiva.
  • Yó Mas Te Adoro
    Essa tem uma história legal por trás: quem escreveu a música foi o pai de um dos integrantes do Morat, há 25 anos. Eles resolveram então dar um arranjo no estilo retrô e lançar a música, que por sinal, tem um clipe que vale a pena conferir.
  • Eres Tú
    Um dos melhores exemplos de como Morat consegue balancear bem os elementos necessários pra compor um bom folk latino, que aqui ainda recebe uma pincelada de rock com os power chords de uma guitarra.
  • Del Estadio Al Cielo
    Uma das músicas mais chicletes, que aproveitou bem a catchiness do folk combinada com uma batida quase reggaeton.
  • Amor Com Hielo
    Uma base mais rock, regada ao dedilhado de um banjo. Lembra algumas bandas de pop-rock brasileiras.

Curtiu? Fica ligado aqui no Beco pra descobrir artistas novos, sempre às segundas!

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Música do Mundo: Echosmith

Provavelmente você se lembra do hit “Cool Kids“, que explodiu na internet e nas rádios dois anos atrás. Se não escutou, de nada. A música é da banda Echosmith, um grupo de indie-pop americano composto pelos irmãos Sidney, Noah e Graham Sierrota. Jamie Sierota, o mais velho, era guitarrista da banda, mas saiu em 2016. O que você talvez não saiba é que, além de Cool Kids, a banda tem outros hits que mostram que eles tem tudo pra alcançar o topo. E talvez isso aconteça em breve; o próximo álbum (que provavelmente se chamará “Goodbye”), deve sair no fim desse ano. Como até agora o grupo só lançou um álbum, Talking Dreams, vou mostrar as músicas que representam bem o álbum (as que eu considero melhores).

Com um estilo influenciado pelo rock, pop e folk, mas ainda essencialmente indie, Echosmith é a aposta certa para quem quer ter o gostinho de dizer “eu conhecia antes de ficar famoso”. Vêm escutar, seus hipsters. Eu sei que vocês querem.

Talking Dreams

 

  • Come Togheter
    A música que abre o álbum pode confundir fãs dos Beatles, mas a vibe é bem diferente. Aqui a única alusão do ao rock é um pouco da guitarra e o ritmo da bateria, e zero duplo sentido ousado (os irmãos eram novos demais pra isso quando o álbum lançou). É bem animada, e dá destaque ao lado mais pop-rock da banda.
  • Let’s Love
    Vai aqui uma ressalva: Let’s Love vale a pena ser ouvida na versão acústica (que você encontra facilmente no YouTube). A instrumentação belíssima e a mudança na percussão transforma a música, dando um ar mais folk, muito mais leve e original. Na original, parece mais uma continuação de Come Togheter.
  • Come With Me
    Em algumas passagens talvez lembre um pouco de Taylor Swift. A instrumentação é bem gostosa, mas o que realmente prende é o ritmo, a batida – como na maioria das músicas da banda. Vale a pena dar uma olhada na letra.
  • Bright
    Sem dúvida a música mais romântica do álbum. Novamente, a instrumentação aqui é muito bonita, e o baixo recebe um destaque muito bem vindo. O refrão provavelmente vai ficar na sua cabeça pelo resto da semana.
  • Nothing’s Wrong
    Com um riff envolvente, essa faixa fala sobre seguir em frente apesar das adversidades.
  • Surround You
    Tudo nessa música é bem suave. A voz de Sidney, o violão, o vibrafone. Até nas partes onde o ritmo se intensifica, a letra ainda é bem calma e tranquila. Linda.
  • We’re Not Alone
    Essa é na verdade uma faixa bônus, inclusa na versão deluxe do álbum, mas é uma das melhores da banda. O ritmo vai ficar na sua cabeça, e a música vai te transportar se você deixar. A letra, sobre saber que você não está sozinho mesmo num mundo onde todos te dizem que suas novas ideias são erradas, é bem motivadora.

 

Echosmith vai estar dominando a Billboard daqui a uns anos. E você, onde vai estar semana que vem? Descobrindo música nova aqui no Beco Literário, claro. Até a próxima!

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Música do Mundo: Bebe

A cantora espanhola Bebe é popular nos países de língua espanhola, mas por aqui, nem tanto. Dona de uma voz rouca e, para alguns, bastante sexy, ela é a pedida certa para quem gosta de música em espanhol. O sotaque extremenho (da região de Extremadura, na Espanha) ajuda a deixar cada palavra um som bem rasgado. A combinação disso tudo com o estilo único da cantante cria uma mistura sensacional, que vale a pena ser conferida mesmo que você não entenda um pingo de espanhol. E se entender, dá uma olhada nas letras que elas também são bem legais!

Pafuera Telarañas

 

 

“Xô, teias de aranha”, em português. O primeiro álbum tem algumas faixas que representam um pouco da incerteza de estilo (quando ela deriva um pouco demais para o pop), mas também tem belas pérolas.

  • Malo
    Começando com um violão clássico bem gostoso de ouvir, a musica vai evoluindo e termina com guitarras e scratching. A letra é poesia revolucionária feminista, com versos como “Y tu inseguridad machista/
    Se refleja cada día en mis lagrimitas” (E sua insegurança machista se reflete a cada dia em minhas lágrimas).
  • Como Los Olivos
    Plena de uma instrumentação belíssima, a voz e os trejeitos de Bebe nessa faixa tornam-a a mais sensual do álbum. A letra é um romance, e na poesia tem o quê? Mais sensualidade. Eu to escutando aqui bem seduzido.
  • Que Nadie Me Levante a Voz
    Outra faixa com uma temática bem feminista, sobre independência da mulher e do processo de se desprender do papel de “faz-tudo” ao qual muitas são relegadas.

Y.

 

 

Aqui a cantora começa a encontrar seu estilo. Muitas canções do álbum começam com sons ambientes ou pequenas declamações de Bebe, o que também lhe dá um toque artístico.

  • Escuece
    Aquela clássica música sobre superar quem tentou te deixar na pior. Ao som da voz de Bebe e esse ritmo animado, parece até fácil.
  • Sinsentido
    O ukelele nessa música é a coisa mais gostosa de se ouvir, e acompanha muito bem a cantora, que canta aqui uma de suas melodias mais bonitas. A letra também não fica pra trás, falando sobre cuidar de si mesmo (mais especificamente, do seu corpo) numa perspectiva bem saudosista. Seria essa minha música favorita dela?
  • Me Fui
    Escolhi essa música para a transição para o próximo álbum porque o nome dela é Me Fui porque ela resume bem a identidade desse álbum e faz um contraste com a primeira do próximo. A guitarra com distorção e o dedilhado do violão são elementos fortes nessa faixa que voltarão no futuro, o que deixa a passagem para Un Pokito de Rocanrol bem interessante.

Un Pokito de Rocanrol

 

 

Marcado por baixos bem definidos, as faixas aqui são bem animadas, algumas até viciantes. A diversidade entre as faixas também é uma característica desse álbum.

  • Me Pintaré
    Existe algo de animalesco nessa faixa, que faz você querer beijar. Jogar na parede mesmo. Pra quem entende a letra, a sensação é ainda maior – não são só os tambores evocando uma sensação primitiva – o erotismo dos versos de Bebe aqui é de enlouquecer.
  • Mi Guapo
    Uma das músicas mais populares da cantora, o baixo aqui é quase chiclete, mas a música é bem gostosa de se ouvir. O ritmo em que ela canta em algumas partes meio que te deixa em transe, se você se deixar levar.
  • Sabrás
    Quebrando um pouco o ritmo mais animado e dançante, Sabrás é um tanto melancólica, e mostra que Bebe também se dá bem com esse estilo.

Cambio de Piel

 

 

O nome não é sem motivo: o álbum foi realmente uma troca de pele para a cantora. O estilo aqui muda muito, focando em músicas mais calmas, melódicas, em alguns momentos mais profundas; a voz singular e a pronúncia rasgada fazem com que, apesar de tudo, Cambio de Piel ainda seja bastante Bebe.

  • Tan Lejos Tan Cerca
    Tan Lejos Tan Cerca é um pouco do que há de melhor nessa fase de Bebe. A instrumentação é profunda e melódica, e uma nostalgia romântica vem fácil à cabeça. Consuma com moderação.
  • Chica Precavida
    Quase um símbolo rebelde fincado no meio do álbum, essa faixa é um bom rock entre os tons mais aveludados que a cercam.
  • Todo Lo Que Deseaba
    Uma música bastante singular na discografia de Bebe, o piano suave, digno de um bom Jazz, dá o tom dessa música que parece não se encaixar em lugar nenhum – exceto, claro, em Cambio de Piel. Apesar de ser completamente diferente de tudo que Bebe já fez, gosto muito dessa música e espero que vocês gostem também.

 

Gostou? Continua de olho aqui no Beco Literário que toda semana tem mais, aqui na coluna Música do Mundo. Até a próxima!

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Especial dia dos namorados: 5 livros melosinhos para entrar no clima

Hoje, dia dos namorados, é o dia do romance, do amor, do chocolate, do filminho água com açúcar para curtir agarradinho e, por que não, dos livros. Sim, para entrar no clima desse dia cut cut, o Beco traz 5 dicas de livros beeeem românticos para você entrar no clima e sair distribuindo coraçõezinhos por aí.

1 – Como eu era antes de você, Jojo Moyes

Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Trabalha como garçonete num café, um emprego que não paga muito, mas ajuda nas despesas, e namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.

Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Tudo parece pequeno e sem graça para ele, que sabe exatamente como dar um fim a esse sentimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.

2 – Apenas um dia, Gayle Forman

A vida de Allyson Healey é exatamente igual a sua mala de viagem: organizada, planejada, sistematizada. Então, no último dia do seu curso de extensão na Europa, depois de três semanas de dedicação integral, ela conhece Willem. De espírito livre, o ator sem destino certo é tudo o que Allyson não é. Willem a convida para adiar seus próximos compromissos e ir com ele para Paris. E Allyson aceita. Essa decisão inesperada a impulsiona para um dia de riscos, de romance, de liberdade, de intimidade: 24 horas que irão transformar a sua vida.
‘Apenas um Dia’ fala de amor, mágoa, viagem, identidade e sobre os acidentes provocados pelo destino, mostrando que, às vezes, para nos encontrarmos, precisamos nos perder primeiro… Muito do que procuramos está bem mais perto do que pensamos.

3 – Um homem de sorte, Nicholas Sparks

Logan é um jovem que esteve no Iraque com as forças dos Estados Unidos. Em um dia de treinamento ele encontra, no meio do deserto, uma foto de uma garota loira e linda. De início ele coloca aquela foto no mural para que o dono a encontre novamente. Mas passa algum tempo e ninguém a tira de lá, então, ele resolve tira-la de lá e guarda-la com ele. Após sobreviver a vários atentados e bombas e após vários jogos ganhos, Victor, seu amigo e também fuzileiro, tenta convencê-lo de que essa sorte sem tamanho tem vindo daquela foto. Ele era um homem de sorte graças àquela garota, graças àquela foto. Após cinco anos, seguindo o conselho de Victor, ele resolve sair em busca da garota da foto. Ele devia um obrigado a ela. Afinal, graças àquela foto, ele estava vivo até aquele dia. Porém a única pista que ele tinha era uma dedicatória atrás da foto com a inicial ‘E.’. Após várias procuras na própria foto Logan consegue imaginar onde ‘E.’ estaria. E foi então que ele resolveu rodar os Estados Unidos inteiro à pé com seu fiel amigo Zeus, um pastor alemão.

4 – Meu romeu, Leisa Rayven

Cassie está prestes a realizar o grande sonho – estrelar um espetáculo na Broadway. O que ela não esperava era ter que enfrentar o reencontro com o ex-namorado, que será novamente protagonista ao seu lado, em uma peça cheia de romance e cenas quentes. Trabalhar com Ethan traz o passado à tona, e lembra a Cassie que o que existe entre eles vai muito além de simples química.

5 – Eleanor & Park, Rainbow Rowell

Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.

 

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Música do Mundo: Blind Pilot

Blind Pilot é para quem tem folk correndo nas veias. A banda começou como um dueto composto pelo cantor Israel Nebeker e o baterista Ryan Dobrowski; após o sucesso do primeiro álbum, quatro integrantes se juntaram ao grupo e deixaram o som mais rico em instrumentos. Além da poesia bem simbólica, variando entre reflexiva e romântica, Nebeker (que escreve as músicas da banda) consegue criar melodias que você vai se ver cantando baixinho ao longo do dia. Tendo crescido bastante, seu mais recente álbum “And Then Like Lions” teve uma recepção gigantesca se comparado ao primeiro álbum do grupo. Um dos singles mais legais, “Packed Powder“, ganhou até um clipe bem bonito e divertido.

Se quando você se apaixonou quando descobriu The Lumineers ou Mumford & Sons, é provável que goste de Blind Pilot. Vem dar uma olhada nos três álbuns da banda até agora:

3 Rounds and a Sound

No primeiro álbum, a banda ainda era composta apenas por Nebeker e Dobrowski, e a maioria das faixas são compostas de voz, violão e bateria apenas (aqui, One Red Thread e 3 Rounds and a Sound são exceções). As músicas eram, como o cantor já declarou em entrevista, intimamente pessoais à sua experiência de vida.

  •  The Story I Heard
    Com uma melodia simples e um bateria presente e viva, é uma das canções mais catchy do álbum. A letra reflete sobre a maneira como vivemos hoje, e sobre podermos nos libertar dessa prisão.
  • One Red Thread
    Uma faixa decorada pela crescente bateria e um equilíbrio entre ritmos doces e suaves e fortes e marcados, fala sobre como existe uma verdade em cada um.
  • 3 Rounds and a Sound
    Uma das músicas mais românticas da banda. A letra é bastante metafórica, mas uma das interpretações possíveis é sobre passar a vida com alguém que você ama.

We Are The Tide

A entrada dos novos integrantes na banda permitiu a experimentação com novos estilos e instrumentações. O estilo ficou um tanto diferente do estilo geral da banda.

  • We Are The Tide 
    A faixa que dá nome ao álbum tem uma das batidas mais animadas de todas as músicas da banda. A letra também expressa um sentimento de alegria e de conexão com o mundo.
  • Half-Moon 
    Uma expressão do lado mais pop-folk da banda. Lembra bastante Passion Pit.
  • White Cider
    O folk do álbum está presente com mais força nessa faixa, onde o contrabaixo e o piano ainda lembram um pouco do Jazz.

And Then Like Lions

  • Packed Powder
    A nova fase da banda mostra seu lado mais animado nesse single com uma guitarra envolvente, vocais cativantes e uma letra sobre encontrar a si mesmo.
  • Which Side I’m On
    Com uma poesia apaixonante sobre aprender com os erros e acertos na vida, essa canção tem uma instrumentação bem completa, com um ritmo que começa lento e torna-se vívido com o refrão.
  • Like Lions
    Sobre o potencial humano para o bem ou o mal, a faixa é construída sobre um formato de “chamada e resposta”, além da estrutura melódica cíclica. Uma das melhores poesias do álbum.

 

Curtiu? Fica ligado aqui no Beco Literário pra descobrir mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre às Segundas.

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Música do Mundo: Marian Hill

A primeira vez que escutei Marian Hill foi num Vine (RIP). Me lembro de escutar aquela voz envolvente, um mix de jazz e bass, bem ao estilo cabaret, e pensar: preciso saber quem canta isso. E quando ouvi o álbum Sway, me apaixonei por completo. O duo (não, Marian Hill não é o nome da moça), composto por Jeremy Llyod e Samantha Gongol, tem um estilo tão único que é difícil fazer comparações. As modulações de voz, os graves pesados, o jazz presente na bateria e no sax; tudo isso compõe uma música inebriante, melodiosa e contagiante. Marian Hill passeia muito bem entre sensualidade e romance; seja com as letras instigantes ou com o jeito suave de cantar de Samantha, algo nas canções te prende.

Recentemente, o segundo álbum (Act One) foi lançado, e sua versão estendida contém as músicas de Sway e o single “Back to Me”, colaboração do duo com Lauren Jaregui. Esse artigo vai considerar Act One (The Complete Collection) como uma peça única e avaliar algumas das melhores faixas. Vamos lá!

Act One (The Complete Collection)

 

  • One Time
    Narrando com leveza a tensão sexual entre duas pessoas, o sax cria a magia nessa faixa.
  • Got It
    É aqui que Samantha mostra tudo que ela consegue fazer com sua voz. A pronúncia é arrastada, devagar, sensual, e o alcance vocal varia bastante.
  •  Lips
    O riff no piano é o destaque nessa faixa, que une uma letra sobre desejo com um ritmo perfeito para se imaginar beijando o crush.
  • Lovit
    Com o riff principal executado no trompete, o sintetizador e a batida fazem o resto do trabalho para acompanhar os vocais apaixonados.
  • Down
    Descrita por Jeremy como uma música mais simples, tanto na letra quanto nos acordes; mas que contém a essência do que é “Marian Hill”.
  • I Want You
    A vibe dessa faixa é mais próxima daquele jazz quase soul, no estilo Norah Jones (com bastante batida e sintetizadores, claro).
  • Take Your Time
    Sensualidade definem tanto a letra quanto a melodia. Aqui o estilo se aproxima mais do R&B.
  • Good
    Uma das poucas músicas do duo sobre superação romântica; o vocal chopping aqui utilizado por Jeremy nas edições continua forte aqui.
  • Mistaken
    Também bastante influenciada pelo R&B, essa faixa tem um riff no trompete acompanhando o refrão com uma leve influência de pop.

Se quiser trocar o mainstream das músicas sensuais de The Weekend e Justin Timberlake por algo novo, Marian Hill pode ser o que você procura. Dá uma olhada e se você gostou, compartilha e fica ligado aqui no Beco Literário pra mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre aos domingos.

 

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Como lidar com a tal da bolha social?

Essa semana decidi ir à revistaria. Não sei exatamente o porquê dessa decisão repentina. Umas semanas atrás, vários textos e artigos sobre a tal da bolha social explodiram e eu não pude deixar de pensar o quanto isso me pegou de jeito, desprevenida mesmo, sem aviso. Eu estava lá, navegando no Facebook, compartilhando meus memes sobre nosso bom presidente Temer, lendo algumas pautas feministas e comentando no posts dos meus colegas de rede social. Até que de repente “BANG!”, aparece a manchete, ironicamente me questionando enquanto eu a questionava: você está dentro de uma bolha social? E a resposta sempre será sim. Não tem como você negar, o ser humano é, no final das contas, imperfeito e seletivo.

Se você não sabe do que eu estou falando, clica aqui ou tenta entender a explicação de uma leiga sobre o assunto (que inclusive é objeto importante de estudo da psicologia e computação cognitiva): nós estamos, na maior parte inconscientemente, homogeneizando intelectualmente nosso meio social. A verdade é que isso não é de todo ruim e com certeza se intensificou dentro das relações humanas com o advento da tecnologia, que possibilitou a entrada dos softwares de Inteligência Artificial no nosso dia-a-dia. O Google prevê os tipos de pesquisas que faremos a partir de dados coletados de cookies, sites, mensagens de e-mail e vídeos no youtube. O Facebook programa o nosso feed de notícias para que apareçam apenas postagens que podem nos interessar e amigos com quem você tem mais contato dentro da rede. O Waze consegue definir nossas rotas para o começo do dia sem nem mesmo termos tocado no telefone e colocado o endereço. Até mesmo os meus artigos do Medium são escolhidos de acordo com meus interesses específicos e desse modo eu fico num loop de informação que não contrasta nem se contesta.  É padronização.

Mas como disse Carlos Drummond de Andrade no seu poema “Igual-Desigual”:

“todas as histórias em quadrinho são iguais.

Todos os filmes norte-americanos são iguais.

Todos os filmes de todos os países são iguais.

Todos os best-sellers são iguais.

Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são

iguais.

Todos os partidos políticos

são iguais.

Todas as mulheres que andam na moda

são iguais.

[…]

Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.

Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou

coisa.

Não é igual a nada.

Todo ser humano é um estranho

ímpar.”

Todo ser humano é um estranho, ímpar, diferente. Nenhum é igual a outro homem. Ele é coletivo, heterogêneo e diverso. Só falta estourar a bolha e procurar por algo além das próprias convicções. Isso é muito difícil, a gente sabe. Provavelmente a tecnologia nunca vai estar a seu favor. Mas você sempre pode ir em uma revistaria e comprar um jornal ou uma revista sobre política e cultura. Você vai ser confrontado por opiniões distintas sobre assuntos diversos e encontrar uma disparidade de pensamento dentro de você mesmo. E é por isso que somos estranhos ímpares, porque não nos entendemos completamente.

Cheguei na banca e pedi para o moço me ver o que tinha de bom para esse mês. E um quadrinho, porque ninguém é de ferro.