Autoria: Vai me destruir?
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Autoria: Vai me destruir?

“O menino nunca mais chorou e nunca mais se esqueceu do que aprendeu: que amar é destruir e que ser amado é ser destruído.”

– Cassandra Clare, “Cidade dos Ossos”

Sempre me orgulhei de ser a pessoa que vai se destruir por sentir demais em um mundo onde as pessoas sentem de menos. Eu escrevi isso no meu primeiro livro, O garoto que usava coroa. Sobre o quanto era horrível sentir demais, se destruir demais por coisas que não valiam a pena.

Leia ouvindo: Você vai me destruir, Jão

Mas quando foi que eu parei? Quando foi que eu deixei de sentir tanto e a reprimir os meus sentimentos? Quando eu parei de me permitir sentir tanto? Pera lá, eu estava reclamando mas não eram pros sentimentos ficarem tão reprimidos, não!

Entrei em um estado de negação profundo. Como se negar fosse fazer sumir a sua existência, que para mim, estava sendo inexistente. Sua morte seria mais fácil pra mim. Mas quando foi que eu gostei de seguir o caminho mais fácil, no final das contas?

Então te reneguei. Te velei. Deixei me destruir.

Ao negar, senti que me neguei. Me deixei reprimir, reduzir ao tamanho de uma bolinha de gude. Deixei que tudo se escondesse no mais íntimo do meu ser. Te vi definhar e isso foi meu combustível. Por que parei de me deixar sentir? Porque te deixei me destruir.

Eu sei que preciso me permitir sentir mais. Preciso sofrer esse luto de alguém que está morto mas pode aparecer como um zumbi na minha frente a qualquer momento ansioso por devorar cada parte minha. Por que não se permitir julgar as pessoas quando elas merecem?

Eu sempre falei que era jornalista, não juiz. Seria isso um pressuposto pra deixar você massacrar cada pedacinho meu e ainda sim esperar o melhor de ti? Por que, sabe, eu sempre espero o melhor das pessoas. Mas as pessoas não entregam o que a gente espera.

O que acontece? Quando foi que eu deixei você entrar? Quando foi que eu me permiti?

Me deixa ir.

Você vai me destruir?

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