Era verdade que eu sempre me encolhia quando perguntavam de você, ou ainda, se eu estava bem. Dizia que sim, e sorria. Mas disso, passava longe.
Eu tinha certas paranoias, e era só tocar Taylor Swift que um curta (ou devo dizer longa?) passava pela minha cabeça. E eu ouvia sua voz de novo, sentia seu toque e seu gosto.
Eram tiros, e diziam que só o tempo era capaz de curá-los. Mas o tempo nunca fez nada por mim, e confesso, não queria que fizesse. O tempo provavelmente me faria esquecer o ritmo da sua respiração, a textura da sua pele ou onde estava cada pinta do seu corpo. E para isso, eu não estava preparado.
Não estava preparado para ter só as fotos do país das maravilhas que encontramos e fingimos ser para sempre. Um para sempre numerado e limitado. Se tivesse dormido de olhos abertos, talvez tivesse aproveitado mais, observado mais.
Mas agora tudo o que resta são fotografias e lembranças. Gosto das fotos por isso. Elas são as provas de que pelo menos, por um milésimo de segundo, tudo estava perfeito. Tudo era realmente, o país das maravilhas em que nos perdemos por um infinito finito.
Eu sabia que minha escapada da realidade duraria pouco, de certo modo. Sempre soube. Mas não queria admitir para mim mesmo. Mas eu sabia. Soube quando foi a primeira vez, e quando foi a última. A vida nunca foi tão ruim, mas também, nunca foi tão boa. E bota boa nisso.
Então, tempo, obrigado por me deixar nesse limbo. Porque nem eu sou capaz de decidir o que eu quero. Aliás, eu sou, sim. Eu decido ficar. Fico por todos que jamais ficaram, fico porque é preciso. Mas acima de tudo, fico por mim mesmo – afinal, eu ainda não encontrei o caminho de volta do nosso país das maravilhas que você há tanto tempo partiu.