Artigos assinados por

Rodrigo Batista

Atualizações, Resenhas

Resenha: Uma Vida Pequena, Hanya Yanagihara

As apostas ao Prêmio Putlizer esse ano estavam todas no segundo romance de Hanya Yanagihara, o badaladíssimo Uma Vida Pequena, porém, o mesmo não ganhou. Apesar das diversas nomeações à renomados prêmios da literatura, o livro dividiu opiniões de uma maneira tão extrema que a curiosidade por minha parte foi maior que acabei embarcando no navio que é a vida de Jude, Willem, JB e Malcom.

A história tem o ponta-pé inicial com a vida dos quatro amigos logo após a faculdade. A partir desse ponto, vamos acompanhando os dramas tanto da vida adulta deles, quanto os traumas de seus passados.

Falar sobre Uma Vida Pequena é o mesmo que falar sobre dor. Todo tipo de dor. Física e psicológica. Apesar de o livro falar sobre os quatro amigos, o foco das quase 800 páginas é em Jude, um homem que já passou por todo tipo de abuso existente. Sexual, físico e psicológico. É uma pessoa cheia de medos e angústia, acompanha-lo durante duas semanas foi um trabalho que me exigiu muita compaixão e muito estômago, pois não houve quase um momento sequer que ele não estivesse sofrendo. De início, a história é instigante, deixa o leitor curioso para saber o que se esconde por trás de tantas camadas que rodeiam aqueles personagens, mas depois, é torturante passar as páginas e ter medo do que nelas irá encontrar. Não que seja mal escrito ou que a história seja ruim, mas o conteúdo desse livro é tão forte, tão pesado que a cada revelação sobre a vida desses personagens é como um soco. Com o desabrochar do passado de Jude, eu ficava angustiado e enojado com cada palavra que eu lia. Foi duro ler o que uma uma criança teve de fazer para sobreviver, o que aguentou durante muitos anos e o que a assombrou quando adulta.

Além disso, todo o clima pesado do livro, Yanagihara faz uma descrição que beira ao sadismo. O que transpareceu durante toda leitura era que, mesmo demonstrando um assunto tão delicado, ela se deliciava ao mostrar ao leitor o tanto de sofrimento e dor que Jude havia sentido. E isso me deixou muito desconfortável.
Particularmente, acho que nunca vi ou ouvi falar de um livro que tratasse de tantos problemas que Uma Vida Pequena trata. Parece que Hanya Yanagihara quis fazer de Jude o Atlas que segura todo um mundo em suas costas.

Uma coisa que me desagradou em Uma Vida Pequena é que a sua premissa é baseada na amizade, mas no decorrer das páginas, acaba se perdendo e falando apenas sobre dor, dor e dor.

Seria hipocrisia minha se falasse que não gostei do livro, porque sim, eu gostei, e muito. Mas também o detestei. É muito sádico, muito cruel. Ao mesmo tempo que me comovi, me senti enojado.

Se você pretende ler Uma Vida Pequena, prepare-se para ler sobre pedofilia, auto-mutilação, depressão, abuso sexual, relacionamentos abusivos e auto-depreciação. Tudo isso vai sendo despido para o leitor no decorrer das suas pesadas e densas 784 páginas. Yanagihara não poupa ninguém. (Separem lencinhos para as duas últimas partes do livro, principalmente para a que se chama “Caro camarada”.)

Livros, Resenhas

Resenha: A Maldição do Vencedor, Marie Rutkoski

Kestrel quer ser dona do próprio destino. Alistar-se no Exército ou casar-se não fazem parte dos seus planos. Contrariando as vontades do pai – o poderoso general de Valória, reconhecido por liderar batalhas e conquistar outros povos -, a jovem insiste em sua rebeldia. Ironicamente, na busca pela própria liberdade, Kestrel acaba comprando um escravo em um leilão. O valor da compra chega a ser escandaloso, e mal sabe ela que esse ato impensado lhe custará muito mais do que moedas valorianas. O mistério em torno do escravo é hipnotizante. Os olhos de Arin escondem segredos profundos que, aos poucos, começam a emergir, mas há sempre algo que impede Kestrel de tocá-los. Dois povos inimigos, a guerra iminente e uma atração proibida… As origens que separam Kestrel de Arin são as mesmas que os obrigarão a lutarem juntos, mas por razões opostas. A Maldição do Vencedor é um verdadeiro triunfo lírico no universo das narrativas fantásticas. Com sua escrita poderosa, Marie Rutkoski constrói um épico de beleza indômita. Em um mundo dividido entre o desejo e a escolha, o dominador e o dominado, a razão e a emoção, de que lado você permanecerá?

A Maldição do Vencedor é o primeiro livro da trilogia do Vencedor, lançado pela editora Plataforma 21.

Felizmente, posso dizer que o conteúdo da sinopse está no livro, mas com algumas ressalvas. Da primeira vez que ouvi falar em A Maldição do Vencedor, já estava pra lá de saturado de young adults assim, então nem dei muita bola. Até que a história de Kestrel foi traduzida e uma amiga (que é muito exigente) se mostrou interessada e aí, fui atrás de conhecer melhor. Comecei a ler na livraria e lá mesmo terminei, para a minha surpresa. Não é o melhor livro do mundo e passa longe de início de trilogia mais empolgante, mas uma coisa preciso admitir: Rutkoski soube como me fisgar.

Começando pela sua escrita simples e rápida, as páginas fluem com facilidade, além disso, os capítulos curtos também ajudaram.
Uma coisa que me surpreendeu durante a leitura foi a evolução dos personagens, porque de início, achei a Kestrel bem bobinha, mas com o decorrer da história a garota foi mostrando para o que veio, e eu achei bem bacana.
Outro ponto bem interessante e relevante desse livro é que Marie Rutkoski soube traçar muito bem o romance com a trama, coisa que é bem difícil encontrarmos por aí. Ela não deixa o romance interferir de maneira direta no decorrer dos acontecimentos. Além disso, gostei da construção da paixão entre os dois protagonistas, apesar dos clichês.

O que eu posso dizer para vocês sobre A Maldição do Vencedor é: se você tá procurando algo inovador ou coisa do tipo, não irá encontrar nele. Mas agora se você busca um passatempo, uma leitura leve pra se divertir e ficar torcendo para o que vai acontecer em seguida, embarque na jornada de Kestrel.

A Maldição do Vencedor fica longe de ser um livro original, de ser bombástico, de ser inovador e de ser o melhor livro que você vai ler. Porém, Marie Rutkoski fez um bom trabalho. Recheado de ação e intriga, é impossível não ficar ansioso para o próximo volume, mesmo a história sendo previsível.

Além disso, o trabalho da Plataforma 21 nesse livro está impecável. Vale a pena adquirir o físico. A lombada é LINDA!!

Livros, Resenhas

Resenha: Destinos e Fúrias, Lauren Groff

Destinos e Fúrias, um dos concorrentes ao Putlizer de Ficção, é um lançamento da editora Intrínseca.

E o que significa ser humano se nossa vida não pode terminar de um jeito melhor do que começou?

Prometendo uma odisseia bilateral sobre um casamento, Lauren Groff mostrou que o seu livro era muito mais do que apenas um drama sobre um casal contemporâneo. Dividido em duas partes, sendo a primeira intitulada de Destinos e a segunda de Fúrias. Em Destinos, temos a visão do talentoso e carismático ator e escritor, Lotto. Já em Fúrias, podemos acompanhar o olhar de Mathilde, esposa de Lotto, sobre o casamento de vinte e dois anos.

Se você tem altas expectativas com esse livro, felizmente posso lhe assegurar que sim, Destinos e Fúrias faz jus a todo o hype que vem recebendo. Eu estava assustadíssimo sobre o que eu poderia encontrar nessa história, porém, nas primeiras páginas fui fisgado pela tortuosa e bela trama desse casal. Mas antes de prosseguir essa resenha, preciso avisar que esse livro é 8 ou 80. Não há meio termo. Ou você odeia, ou você ama.

A forma como Groff vai tecendo a história é de uma leveza arrasadora, consegue penetrar na alma. Interessante ressaltar que, apesar de densa, sua narrativa é viciante e fluída. PORÉM, em diversos momentos você vai parar, fechar o livro e pensar. E isso é uma das melhores coisas que podem acontecer durante a leitura.

Acompanhar a triste odisseia do desgaste de um casamento pode trazer infinitos desconfortos. Nunca me casei, mas vivo em um relacionamento e Groff foi certeira ao tratar sobre diversos temas recorrentes em uma relação. O modo como as situações são retratadas toca lá no fundo de tão reais que são. Além disso, o fato de termos acesso à “visão” dos dois lados, enlaçou todo o drama vivido por Lotto e Mathilde.

Enquanto as prateleiras são preenchidas por livros fantasiosos sobre relacionamentos, Destinos e Fúrias vem para colocar pés nos chão, para mostrar que as coisas não são flores como pregam os Best-Sellers. Groff tem uma escrita poderosa que penetra na alma e dá um soco tão forte no estômago que é preciso ser forte e continuar com a leitura.

Certeza é uma coisa que não existe. Nada é absoluto. Os deuses adoram foder com a gente.

Destinos e Fúrias é intenso, forte, real e doloroso. Espero que livros romance água-com-açúcar em breve deem espaço à obras como a de Groff, pois, num mundo onde fantasias sobres relacionamentos perfeitos e inexistentes são aclamadas pelo grande público, um que retrata fielmente a realidade do que é uma relação, é rei.

Uma odisseia sobre um relacionamento a dois. Um café forte durante uma ressaca. Uma fúria numa maré de livros fracos.

Quem é pior: os deuses ou os homens?

Atualizações, Novidades, Resenhas

Resenha: A Rebelde do Deserto, Alwyn Hamilton

O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher.

Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele.

Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.

Todos os dias, nós, leitores, somos bombardeados por uma infinidade de novas sagas adolescentes. Até o início de 2015, toda semana minha lista de livros aumentava. Cada série que aparecia, eu corria para o skoob. Era inevitável. Mas hoje, quando leio a sinopse de mais uma história voltada para o público de 12-16 anos, percebo que já li aquilo em algum outro lugar, o que acaba gerando um certo desconforto. Porém, isso não faz com que eu deixe de ler. Aí é que mora o problema. Ao me submeter a ler mais um YA, sei que estarei exposto à diversos problemas durante a leitura. E antes de mais nada, não, não estou julgando o gênero, até porque é o que eu mais gosto. Só que, ultimamente, só estou tendo aborrecimentos.

Quando surgiu a oportunidade de ler A Rebelde do Deserto, fiquei bem curioso, aliás, a sinopse promete uma história sobre aventura e poder feminino. Além disso, a capa também me chamou bastante atenção. Como as aparências enganam…

Vejam bem, vocês provavelmente já devem ter lido a história de uma garota de dezesseis anos (sempre bom ressaltar essa idade) que acaba entrando em uma jornada junto com um menino (prestem bem atenção nisso) para fugir da cidade onde mora (outro ponto para ser marcado) e, nisso, acaba entrando em uma missão para salvar o país do cruel regime (!!!). Depois de ter lido em torno de 45 sagas, posso afirmar com clareza que já vi isso em 70% delas. E, estou cansado dessa fórmula. Antes que vocês pensem que estou dizendo que o livro é ruim, não estou. Mas, critico veemente a falta de histórias novas, inovadoras.

A forma como Alwyn vai tecendo a sua trama é bem interessante, porque ela não entrega a história de uma vez. Ela começa acanhada e, aos poucos, vai expandindo sua mitologia. Isso foi um dos pontos positivos do livro. Depois,  a sua narrativa que, apesar de ser em primeira pessoa (algo que eu não estou gostando ultimamente), eu gostei bastante. É super leve, divertida e fluída chegando a se assemelhar com a de livros infantis. Porém, essa semelhança acabou se tornando um problema para mim. Em muitos momentos, fiquei em dúvida se Hamilton queria contar a história por uma perspectiva mais infantil ou mais adolescentes. Houve momentos que claramente ela estava com uma pegada juvenil, mas em outros parecia que ela tava escrevendo para crianças de 10 anos.

Uma coisa interessante que vale a pena ser ressaltada de A Rebelde do Deserto é a cultura e o ambiente de onde se passa a história. Todo o cenário do deserto mesclado à magia, deu um tom especial à história de Amani.

Agora, o que mais me chateou no livro foi como a protagonista foi desenvolvida. A autora tinha até a intenção de transforma-la em uma personagem forte e marcante, mas pecou feio ao desenvolver o romance principal da história, o que acabou tornando Amani uma protagonista insossa.

Sob uma visão geral, eu diria a vocês que A Rebelde do Deserto é um livro bom para um determinado público. Por quê? Se você já leu a maioria dessas sagas adolescentes, provavelmente irá se sentir saturado do tema. Mas agora, se você quer presentear alguém entre 10-14 anos que  não tem muito contato com a literatura, A Rebelde do Deserto será um prato cheio para essa pessoa. É um livro curto, com linguagem fácil e recheado de romance. Além disso, tem fantasia (algo que chama muito a atenção). Eu arrisco até dizer que se você, um dia, não estiver nada pra fazer e quiser um passatempo, por que não pegar A Rebelde do Deserto para ler?

Resenhas

Resenha: As Vinhas da Ira, John Steinbeck

Ganhador dos dois principais prêmios da literatura (Putlizer e o Nobel), As vinhas da ira traz ao leitor uma odisseia colossal sobre os problemas da sociedade estadunidense perante a horrível crise de 29.

Steinbeck, em sua obra prima, convida o leitor a embarcar na dura e árdua viagem da família Joad em busca de uma vida melhor e emprego. Começando essa tortuosa aventura, temos Tom Joad, um homem que acabou de sair da prisão e vai atrás de seus parentes, sendo que este é surpreendido quando descobre que toda a sua família vai rumar para Califórnia atrás de emprego e moradia digna. Com esse fio, John Steinbeck nos submerge à terrível crise de 29.

Quando peguei As vinhas da ira pra ler, não fazia ideia de que seria um livro tão denso, pesado e triste. Por recomendação da minha professora de literatura (obrigado, Helena!), decidi ver porque a obra máxima de Steinbeck era tão aclamada. Não é pra menos. Começando por ser um romance histórico e tratar de um tema tão delicado e difícil. O maior impacto que as páginas trazem ao leitor são a memória de que muitas famílias passaram por aquelas mesmas situações que os Joad viveram. Além disso, a construção dos dramas entre o elenco, os capítulos em que havia todo um questionamento filosófico sobre o homem, a terra e o poder foram sensacionais.

Para mim, bons livros são como As vinhas da ira. Obras que trazem reflexões, que nos transforma como pessoas, que abrem a nossa mente, que nos fazem pensar que retrata algo que nossa sociedade já passou.

Intenso, duro, triste, mas sensacional. As vinhas da ira é uma obra prima e merece ser lida. Steinbeck tem um lugar reservado em meu coração e minha admiração completa.

Autorais

Tristes fins

Tristes fins

Vivi

Sorrisos falsos

Vendi

Ilusões perdidas

Achei

Tristezas infinitas

Doei

Em um coração

Achei

Doce confiança

Guardei

Falsa liberdade

Criei

Mágoas passadas

Resguardei

Críticas de Cinema

Crítica: Alice Através do Espelho (2016)

A doce Alice (Mia Wasikowska) cai em um sono profundo e, quando acorda, descobre que está de volta ao País das Maravilhas. Lá, ela é informada de que terá de viajar para o universo paralelo de um misterioso espelho, comandado pelo terrível Senhor do Tempo (Sacha Baron Cohen), que planeja transformar o País das Maravilhas em uma terra sem vida. Reencontrando velhos amigos, como o Chapeleiro (Johnny Depp) e a Rainha Branca (Anne Hathaway), ela terá ainda de descobrir um jeito de parar a malvada Rainha de Copas (Helena Bonham Carter), que quer aproveitar a situação para voltar ao trono.

Depois do estrondoso sucesso e aclamamento da crítica à Alice no País das Maravilhas, a Disney  resolveu adaptar a continuação da história de Carrol para os cinema. No primeiro filme, tínhamos o excêntrico Tim Burton à frente do projeto, o que resultou numa obra, no mínimo, peculiar. Diferentemente de seu anterior, Através do Espelho não traz uma aura sombria, mas sim muitas cores e lições de amor e amizade. As tramas que tecem uma hora e cinquenta minutos de filme, são típicas de obras infantis. Então não vá esperando algo elaborado ou denso, o propósito da película não é este. James Bobin realizou com êxito o objetivo de divertir e deslumbrar os seus telespectadores.

Os atores conseguem ser carismáticos em seus respectivos papéis, porém não há nenhuma atuação brilhante ou marcante. É notável a diferença na direção e produção do primeiro para o segundo filme, enquanto o de Tim tinha uma essência dark, o de Bobin é colorido, alegre e saltitante. Típico da Disney.

Além disso, os efeitos são um show a parte. O filme é visualmente encantador, uma das raras exceções em que o 3D é necessário. Aliás, recomendo que assistam em IMAX 3D, a experiência vai ser, no mínimo, divertida.

Entretenimento de primeira qualidade, recomendado.

Resenhas

Resenha: Incendeia-me, Tahereh Mafi

Incendeia-me é o terceiro volume da trilogia distópica Estilhaça-me, escrita por Tahereh Mafi.

Começando exatamente onde Liberta-me terminou, o Ponto Ômega está destruído e Julliete acabou ficando nas mãos de Warner. Devido a isso, uma iminente guerra pode chegar ao Restabelecimento…

Primeiro de tudo, se eu pudesse resumir essa resenha, ela seria: “FUJAM DESSA TRILOGIA. POUPEM TEMPO.”. Mas acho que seria um desrespeito muito grande com vocês, então eis me aqui pra explicar os motivos para se fugir dessa história.

Minha relação com Estilhaça-me nunca foi amigável. De começo, eu não havia lido devido à sua capa horrenda. Mas ok, chegaram as novas e várias amigas falavam para eu ler e então dei uma chance. Li o primeiro livro e fiquei “what?”, tudo bem, era o primeiro volume e, tolo, acreditei que o segundo iria melhorar. Só que aí chega a continuação e, tcharaaaaan, as coisas pioram. Ao invés de evoluir um pouco, o negócio fez foi piorar. Mas não para por aí, como eu sou um teimoso e já tinha lido os dois primeiros livros, me arrisquei e lá se fui terminar essa trilogia. Jesus, o que foi esse terceiro volume? Desculpem a palavra, mas que porcaria foi essa que eu li? O livro é comum, não traz nada de novo, é chato, os personagens são irritantes, mas o pior de tudo é o romance. Sério, estou me perguntando até agora os motivos de tanta gente ter gostado dessa série, porque olha, é tudo mais do mesmo e não tem nada de interessante. Mafi não se deu ao trabalho de explorar o seu cenário, de sequer explicar mais coisas sobre o mundo, sobre o Governo. Decidiu bater na tecla de um romance chato, sem carisma, como se já não bastasse ter uma história insossa e simples.

Ao contrário dos outros dois livros, estes não tem o fator que deixava a leitura um pouco mais tragável. Mafi perdeu a essência poética de sua escrita, o que deixou a experiência com Incendeia-me o pior possível. A única coisa que realmente “salvou” foi os capítulos serem curtos e a linguagem ser simples. Apenas isso. Mas nada compensa o tempo perdido e o desconforto que tive ao ler esse desfecho.

Além disso, o desenrolar das coisas nesse volume é péssimo. Mafi enrolou demais e encaminhou o clímax de uma maneira rápida, como se tivesse feito só pra dizer que fez. Acredito que para quem gostou dos volumes anteriores, o encerramento foi satisfatório, mas para mim, não passou de uma tentativa muito, MUITO frustrada de fazer algo épico.

Sinceramente, o meu conselho para vocês é: evitem essa trilogia. É fraca e nada nos três livros compensam o tempo perdido e o dinheiro gasto.

Resenhas

Resenha: Simon vs. A Agenda Homo Sapiens, Becky Albertalli

Simon vs. A Agenda Homo Sapiens é um romance gay lançado recentemente pela editora Intrínseca.

Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Há não ser Blue, um amigo virtual de Simon, e Martin, um garoto que acidentalmente viu os emails de Simon para Blue e agora o está chantageando para não mostrar os emails para toda a escola.

Durante o desenrolar de Martin o chantageando, Simon vai se aproximando e se apaixonando por Blue, mesmo os dois nunca tendo se visto e o mais legal é que, ambos estudam na mesma escola.

Fazia muito, mas muito tempo que eu não pegava um livro e ficava tão encantado e feliz durante a leitura. Eu senti borboletas na barriga durante quase toda as 266 páginas. Simon é um personagem apaixonante, é impossível não ficar deslumbrado com o rapaz. Mas além disso, acompanhá-lo em sua jornada na descoberta de os seus sentimentos por Blue é incrível.

Narrado em primeira pessoa, podemos nos sentir mais próximos de Simon, o que é ótimo pois ele é uma pessoa maravilhosa. Qualquer Gay ou Lésbica que for ler o livro, em algum momento irá se conectar com alguma situação que Simon passa. Sério. Então, se você está cansado de não se sentir representado pelos personagens de livros YA ou seja qual for o gênero, leia Simon e viva o momento.

Becky Albertalli traz questionamentos muito importantes para o leitor. Ela fala sobre inclusão de minorias e quebra de padrões de um modo que é impossível quem está lendo não pensar sobre esses assuntos. Gosto bastante de quando um livro traz reflexões tão importantes e atuais como essas. Mas não para por aí, Albertalli sabe muito bem como se comunicar com o seu público alvo, não tornando a leitura chata ou maçante em momento algum. A delicadeza de sua escrita é impressionante.

Fico bastante feliz ao ver que cada vez mais editoras estão investindo em livros adolescentes voltados para LGBTs, o que mostra que, aos poucos, estamos caminhando para uma sociedade mais inclusiva e sem tantos preconceitos. Intrínseca está de parabéns por dar uma chance ao livro. E que venham muitas outras histórias lindas e fofas como a de Simon, nós leitores precisamos.

Resenhas

Resenha: Estação Onze, Emily St. John Mandel

Em um mundo devastado por um gripe que levou 99% da população mundial, a arte ainda vive. Mesmo com toda a devastação, um grupo chamado Sinfonia peregrina pelas cidades dos Estados Unidos encenando peças de Shakespeare e iremos acompanhar essa Sinfonia itinerante em Estação Onze.

Esse livro nunca me atraiu muito, confesso. Eu achei a premissa legal etc, mas eu estava e ainda continuo muito saturado de distopias. Depois de ler mais de vinte, todas elas começaram a parecer muito iguais, então quando Estação Onze foi lançado, nem dei muita bola. Então, eis que ele foi o escolhido do Clube do Livro da Intrínseca e eu tive que ler. Então lá se vem minha experiência com a Sinfonia…

De início, o livro começou bastante interessante, mostrava como a Gripe da Geórgia foi se espalhando e como o caos começou a ser instaurado etc. Em sequência, veio as partes da Sinfonia que eu gostei bastante. Só que, logo depois chegou os flashbacks e isso foi o grande problema.

Gosto muito de histórias que envolvam sobrevivência em situações apocalípticas e Estação Onze é vendido com essa premissa. Bem, não é bem assim. Na verdade, a trama do livro gira em torno da vida do famoso Arthur e todas as subtramas se interligam a ele. E esse é o maior impasse da obra.

Vocês já se sentiram enrolados? Pois é. Eu me senti assim com Estação Onze. Tenho minhas dúvidas se Mandel almejava um Putlizer com esse livro. A sua narração me lembra um projeto, diga-se de passagem, falho de outros livros vencedores de Putlizer que eu li. E gente, muita enrolação com isso de a história toda ser voltada na vida do Arthur que no fim das contas, não influencia em nada no futuro da trama. Ou seja, tava ali só pra preencher páginas e quando um autor recorre a isso, me deixa imensamente triste.

Além de a história ter tomado um rumo completamente diferente, os personagens não são cativantes. Não há muitos momentos de ação. Mas agora, é relevante o teor poético de muitas cenas. Só o fato de existir pessoas que mantêm a arte viva, é algo que tem um poder cultural imensurável. Gostei DEMAIS dessa ideia.

Estação Onze é um livro que tinha tudo para ser bom, mas no final acabou sendo razoável e não valendo o tempo. A obra levanta questionamentos interessantíssimos sobre o mundo em que vivemos, porém, a leitura é maçante. Fica a critério de vocês decidir se querem embarcar com a Sinfonia ou não.