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Review: Better Call Saul 1×05 – Alpine Sheperd Boy

CONTÉM SPOILERS

Better Call Saul chega à metade da temporada apresentando um episódio bem dinâmico, que nos leva do cômico ao dramático e introduz uma nova linha de narração muito esperada. Nesse ponto, a série já saiu da sombra de Breaking Bad que pairava sobre ela e possui uma base muito bem construída e aproveitada.

Alpine Shepherd Boy confirma, mais uma vez, que nada vem fácil para James McGill. Como já era esperado, o grande plano que o transformou em herói não deu muito certo. O motivo? Aparecer na TV atrai todo tipo de pessoa, inclusive as loucas.

Na primeira parte do episódio, James segue em busca dos clientes que começam a surgir após seus 15 minutos de fama. Só que não são exatamente os casos que ele esperava. O primeiro cliente quer simplesmente separar suas terras dos Estados Unidos, criando o que seria seu próprio país. Para isso, oferece nada mais nada menos do que o valor de um milhão para o advogado. Só que, infelizmente, não era na moeda americana, mas na moeda da nova terra. Jimmy vai do céu ao inferno em segundos, e isso já diz tudo sobre sua atual fase.

O segundo cliente parecia ter um caso mais simples, envolvendo uma patente. Sua genial invenção era um dispositivo que, agregado ao vaso sanitário, diz frases de incentivo que ajudariam as crianças a aprender a usá-lo. Até aí tudo bem, se não fossem as hilárias frases utilizadas, cheias de conotação sexual, que pai nenhum com juízo usaria com o filho. Outro caso perdido. O terceiro cliente, por sua vez, era uma idosa que queria fazer a divisão de seus bens. Uma tarefa mais simples e que logo é resolvida.

Essas três situações dão uma maior leveza nesse início de episódio e mostram que James continua tentando ganhar a vida honestamente, mesmo depois de toda a armação para conseguir os clientes. Mas não é bem sucedido de novo. Isso só reforça o fato de que seu retorno definitivo para o mundo do crime está cada vez mais próximo. O cara tenta de tudo e nada funciona. Eventualmente isso vai cansá-lo e bastará apenas mais uma oportunidade para que ele saia dos eixos definitivamente.

As flutuações que a série faz entre partes carregadas de humor e partes mais pesadas já são características, e deixam o episódio bem mais ativo, com doses certas de drama e comédia.

O que segue é a situação de Chuck após ser detido e internado no hospital. Sua hipersensibilidade ao eletromagnetismo (ou “alergia à eletricidade”) teria se desenvolvido há cerca de dois anos. A grande questão aqui seria a origem dessa doença e se é algo realmente físico ou psicológico. E, ao que parece, tudo está apenas na cabeça de Chuck. O que teria feito esse advogado, sócio de uma empresa bem sucedida, desenvolver esse tipo de aversão a ponto de viver isolado de tudo e de todos? Definitivamente, algo desencadeou essa reação psicológica e James pode ter participação direta na origem dessa doença. Ele mesmo afirma que o irmão piora quando descobre as armações dele.

Optar por não internar o irmão, mesmo após a prova da médica de que seria algo psicológico, ilustrou mais uma vez a linha tênue em que Jimmy vive. Afinal, fazendo isso, ele se tornaria responsável pelas finanças de Chuck, tendo acesso ao que ele recebe da Hamlin, Hamlin & McGill. Mas, ao invés disso, ele resolve levar o irmão para casa, mostrando que quando se trata de Chuck, as coisas são diferentes. Ficou bem claro que James realmente se preocupa com o irmão e quer evitar, acima de tudo, decepcioná-lo, além de se sentir culpado por sua piora. Grande parte do que o Jimmy é hoje ele deve ao irmão e acredito que Chuck é o que mais pesa em suas tomadas de decisões.

Como um camaleão, James transforma mais uma vez seu visual para exercer o direito com idosos. Sendo o bom vendedor (ou vigarista) que é, adequa-se ao novo público e já começa a fazer sua propaganda entre os mais velhos, incluindo Mike. É notável essa sua capacidade de mudança e a lábia utilizada para conquistar esse novo tipo de cliente. Apesar das escolhas e atitudes erradas, ninguém pode dizer que o advogado não está tentando de tudo para continuar na legalidade.

No restante do episódio, James sai de cena e dá lugar a Mike, que começa a ter sua história desenvolvida, gerando mais perguntas do que respostas. Mike é um personagem enigmático desde Breaking Bad e essa linha de narração agora focada nele permitirá um entendimento melhor de quem ele se tornou e de suas atitudes futuras. O vemos vigiando uma mulher que aparenta conhecê-lo, mas o ignora. Seria sua filha? Aliás, a única coisa concreta que foi revelada de seu passado é que ele era policial. Mas não sabemos em quais circunstâncias ele saiu da corporação. Foi demitido? Fugiu? Tudo indica que estamos prestes a descobrir agora que a polícia bateu à sua porta.

Parece que, no final das contas, Mike irá precisar dos serviços de James.

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