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O falso moralismo da internet

Já pensou se alguém te questionasse sobre o que você espalha na internet?

“Você não tem direito de expressar sua opinião. Você tem direito de expressar a sua opinião fundamentada. Ninguém tem o direito de ser ignorante.” Harlan Ellison

Vivemos em um período de desconstruções, quebra de tabus e enfrentamento de problemas. Isso evidencia-se, com frequência, todas as vezes que decidimos dar aquela passadinha nas redes sociais. Amigos repassam, sem pudor, questões ligadas à movimentos sociais e que propõem reflexões profundas como laicidade do Estado, criminalização da homofobia, igualdade de gênero, descriminalização das drogas e tudo mais. Além dos que se dizem “pessoas de bem” e defendem figuras políticas neonazistas marcadas especialmente por discursos violentos.

Esse tipo de ocorrência levanta uma dúvida: toda essa informação é o que o indivíduo acredita ser certo ou trata-se novamente da cultura de massa?

A situação é mais alarmante quando o perfil do usuário é totalmente contraditório e as publicações são todas rasas sem nenhum embasamento verídico. O mesmo que propaga algo em favor da legitimação da identidade de gênero, instantes depois já aparece com uma tirinha usando a expressão “traveco”. A divulgação da imagem de um casal gay feliz transfigura-se numa máscara que caí logo depois do mesmo usar o termo “afeminado” de maneira pejorativa.

O fato é que o botão compartilhar converteu-se num grande disseminador de opiniões. Entretanto, você realmente acredita no que acabou de reproduzir ou só o fez na esperança de uma imagem pessoal mais interessante? Tal conteúdo possui fundamento?

É simples enaltecer um texto antirracista, uma tirinha questionando o estatuto da família, uma imagem exigindo a descriminalização do aborto. Mas e se deixássemos as curtidas e o ego de lado, a intensidade da nossa militância seria a mesma?

Abraçar nosso ponto de vista é primordial, porém, é indispensável o uso de bons argumentos, uma boa interpretação de texto e tolerância. Do contrário, nada adianta olhar para o próximo quando não conseguimos nem tirar os olhos de nós mesmos.

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