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O mundo não gosta dos introvertidos

Sempre tive uma mania de prestar atenção em mim mesma e nas pessoas ao meu redor, no modo que elas falam, que agem e se comportam. Tenho curiosidade em entender as pessoas, achar diferenças e semelhanças entre nós. E foi ao analisar a mim mesma e aos outros que tirei a inspiração para escrever esse texto, meu título pode ter sido um pouco dramático. “O mundo não gosta dos introvertidos” soa um tanto pesado, mas definitivamente, o mundo não faz da vida dos introvertidos uma tarefa fácil, já sofri e já vi muitos amigos sofrendo com isso e é em nome dessas pessoas que eu quero falar.

Eu me considero uma pessoa introvertida e desde que me lembro, sempre fui assim. Se você também é, sabe que pode ser bem complicado. Todo tímido tende a ser introvertido, mas se engana quem acha que todo introvertido é tímido. Temos nosso grupo de amigos e nos sentimos muito confortáveis com ele, podemos conversar sobre tudo, saímos e nos divertimos, mas diferente das pessoas extrovertidas, gostamos muito de ficar sozinhos, passar um tempo em casa, vendo filmes, séries e lendo um bom livro, não precisamos estar fora de casa e na presença de pessoas para se sentir bem.

É totalmente possível que o introvertido participe de atividades com grande interação social, como fazer palestras, dar aulas, fazer uma apresentação de teatro, pois como eu disse, introspecção não é sinônimo de timidez, o problema maior é conhecer gente nova, manter uma conversa com alguém desconhecido ou pior, puxar assunto (o que pode ser bem estressante).

Normalmente não somos o tipo de pessoa que fala alto, ri alto e gosta de chamar atenção (não tem problema nenhum se você for assim), mas por favor, não nos faça se sentir mal se não agirmos assim, nem nos force a fazer algo que não queremos.

Há momentos que não temos muita vontade de conversar, não por sermos anti-sociais, por estarmos tristes, nem estressados, simplesmente por essa ser uma característica nossa. Também temos a necessidade de agradar as pessoas, tentamos ser educados e gentis sempre, jamais queremos criar um clima ruim. Muitos aproveitam dessa situação, sendo grosseiros ou intimidadores, exatamente por saber que não vamos responder.

Outra característica que todos precisam saber é que quando ficamos um longo período expostos a estímulos externos, ou seja, se ficamos o dia todo tendo que interagir ou em um lugar lotado, nos cansamos muito e meio que nos “desligamos”, paramos de responder a todos os estímulos, você já deve ter ouvido sua mãe falar: “Melhora essa cara!”, acham que somos pessoas sérias, porque não sorrimos o tempo todo, ou que estamos emburrados, quando na verdade entramos em “stand-by” por assim dizer, não é tristeza, nem raiva, só cansaço mesmo.

Mas o mundo entende isso? Não. Desde pequenos somos estimulados a fazer tarefas em grupo, comunicar-se com as pessoas, fazer apresentações em público, expor suas ideias e sentimentos, como se todos nós fôssemos iguais, mas não somos. Na televisão, na internet, vemos pessoas extrovertidas, engraçadas, comunicativas e elas são extramente valorizadas por essas características.

Há pessoas que se sentem muito confortáveis com isso, outras não. É claro, que o ser humano é um ser social, precisamos viver em grupo para nossa própria sobrevivência e a escola, os pais, não estão errados em estimular isso. Porém, é necessário que se saiba os limites de cada um.

Ser introvertido, muitas vezes, faz com que a pessoa seja insegura e ansiosa (não são todos, como já disse, todos nós somos diferentes). Quando estamos em um grupo no qual não estamos familiarizados, agir “naturalmente” pode ser um desafio. Você pensa onde colocar as mãos, se sorri ou se fica sério, se fala ou se fica quieto e o pior, quando fala, 3 situações desagradáveis podem acontecer: primeiro, alguém fala algo do tipo, “Olha, fulano tá falando!”; segundo, tiram sarro de você; terceiro, sequer prestam atenção no que você disse, é ignorado e interrompido. O introvertido vai se sentir muito estimulado a falar de novo, pode ter certeza!

Enfim, ser introvertido não é fácil, as relações sociais não são tão simples, mas não precisa se preocupar, é muito normal, muita gente é assim e se isso não atrapalha sua vida e impede que você faça alguma coisa, não é de modo algum, um problema.

Agora um recadinho do coração para os extrovertidos, o seu modo de viver, comportar-se e até mesmo o modo em que você se diverte não são os únicos no mundo, por exemplo, ir a uma festa pode ser super legal para você, mas tem gente que realmente não gosta (por mais estranho que pareça, é verdade), ou seja, o que serve para você, não serve para todos.

Para o extrovertido não é problema nenhum falar com os mais variados tipos de pessoas o que der vontade, expressar suas opiniões e ideias, mas pode acontecer de você não prestar atenção ao introvertido do seu grupo e apagar completamente a presença dele. Quando ele falar, ouça, pode ter sido um esforço para ele, não tente desmerecer o que ele disse, não faça “brincadeiras” chatas e opressivas com ele, principalmente em público, por saber que ele não vai responder, não vai brigar. Pode parecer esquisito, mas eu já vi isso acontecer várias vezes e sim, isso é bullying, não é legal.

Enfim, espero que você introvertido tenha se identificado com o texto. Saiba que você não está sozinho e que sua maneira de ser feliz é tão válida quanto a de qualquer outra pessoa. Para quem não é, espero que tenha entendido melhor sobre o assunto e que comece a ter mais empatia a partir de agora. Lembrando que é importantíssimo respeitar as pessoas por mais diferentes que elas sejam de você.

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