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Um dia de cada vez: Autossabotagem

“Um dia de cada vez” é uma editoria escrita por pessoas que contam histórias em sua jornada de autoconhecimento, convivência ou recuperação de transtornos mentais. Os relatos são anônimos e enviados por leitores do blog. Hoje, leremos um relato de autossabotagem, que é consciente apesar do inconsciente ser confiante.

Por que a gente se cobra tanto? A gente precisa aceitar e entender que existe mais de um caminho para se chegar no mesmo destino. Eu, às vezes, acho que ele é único. Que não tenho para onde correr senão aquele caminho tortuoso. E eu fico me cobrando de percorrer por ele.

Eu tenho muita vontade de fazer as coisas. Eu faço as coisas, e sei que tudo o que vou me propor a fazer, vou dar conta e vou fazer bem. Sei que vai dar certo. Mas a que preço? O preço sou eu, minha saúde mental e meu bem-estar. Eu dou conta das coisas mas não dou conta de mim mesmo.

Parece que a autossabotagem não vem tão de dentro assim. Lá dentro, nas profundezas tenho a vontade e a certeza de que vai dar certo. Quando se torna real, quando vem pra fora de mim, o problema está armado: eu quero sabotar e terminar tudo. Eu sinto vontade de encerrar as coisas quando elas começam a acontecer.

Sou apaixonado pelos inícios, mas também pelos finais. Eu gosto de começar, de ver acontecer. Mas também gosto de terminar tudo. Vira e mexe sinto vontade de por fim em tudo e começar outra coisa. Sempre quero ter alguma coisa em mente para começar.

Quero, mas não quero. Sempre tenho algo em mente ou crio algo em mente pra começar. Mas eu quero ter um pouco da paz que me resta e quero levar algo pra frente de verdade. Quero entregar pro mundo de verdade essa mensagem. Não quero sentir vontade de terminar as coisas, de jogar tudo pro alto. Eu vou até o fim. Eu consigo finalizar. Mas por que eu quero finalizar do nada coisas que sequer começaram?

É o bichinho da autossabotagem que fica falando na minha orelha como se fosse um diabinho. Não era pra ser diferente? Eu já fiz tudo o que precisava fazer, todos os desafios para por em prática. Por que desistir quando já deu certo? Por que cancelar algo que coloquei tanto empenho para acontecer?

Foram tantas as coisas que eu já fiz e só agora entendo porque fiquei pulando de galho em galho. Porque eu nunca quis ter a responsabilidade de ver algo dando certo. Eu sei o que acontece quando dá errado: a gente vai pra próxima coisa. Mas e quando dá certo? O que a gente faz depois?

Eu antecipo o meu dar errado sem efetivamente dar errado. Simplesmente porque sei lidar e sei o que acontece. Mas será que eu preciso de uma coisa nova para dar certo? Será que não estou somente em outro caminho? Existem tantos para chegar na linha de chegada….

Aliás, existem vários caminhos para várias linhas de chegada diferentes. E a autossabotagem é aquela pessoa que fica ali, nas margens, dizendo que você nunca vai encontrar qual é o caminho certo e precisa urgentemente trocar de caminho. Você troca, troca, troca e só se atrasa para encontrar sua linha. Você nunca se deixa chegar no seu objetivo porque fica trocando de caminho várias vezes no meio do percurso.

Por que trocar tanto? Por que não ignorar essa vozinha e ir mesmo assim? Seguir em frente? A autossabotagem vai estar ali, de qualquer forma. Vale a pena dar voz ou ignorar o que ela diz?

Tem um relato da sua jornada e quer compartilhar com outras pessoas aqui no “Um dia de cada vez”? Envie para [email protected]. *Os relatos são publicados de forma anônima.

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1 comentário

  • Responder Raíssa 11/01/21 em 19:32

    Eu senti isso …

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