Tags

ucrânia

Guerra da Rússia: Quem poderia estar por trás dos pensamentos de Putin
Atualizações

Guerra da Rússia: Quem poderia estar por trás dos pensamentos de Vladimir Putin

Sabe-se que a invasão Russa à Ucrânia é um movimento anunciado, mas não era confirmado até que, na quinta-feira, dia 24 de fevereiro a Rússia decidiu em definitivo invadir a vizinha Ucrânia.

+ Rússia x Ucrânia: Livros para entender o conflito

Direto de Portugal, conversamos com o PhD em neurociências, historiador e antropólogo com registro IFJ como jornalista internacional, o professor da Universidad Santander e Chefe do Departamento de Ciências da Logos University International, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela que nos contou o que pode estar por trás dos pensamentos de Vladimir Putin, confira na íntegra:

Por: Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Alexandre Dugin, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Estatal de Moscou, é o guru de Vladimir Putin. Pensador nacionalista ortodoxo na esfera geopolítica. Considerado uma variação do fascismo, superação do liberalismo e do comunismo, como mostra em seu livro “A Quarta Teoria Política, em 2009”.

É um pensamento da Guerra Fria modernizado. Ele prega pelo fim definitivo da hegemonia ocidental. É a chamada política eurasiana ou eurasianismo, um movimento político na Rússia, anteriormente dentro da comunidade de emigrantes russos “brancos”, que postula que a civilização russa não pertence às categorias “europeia” ou “asiática”, mas sim ao conceito geopolítico da Eurásia. Desenvolvido em 1920, o movimento apoiou a revolução bolchevique.

O eurasianismo prega a Rússia como referência ao lado da China. Putin já foi chamado por Dugin como “o homem da Eurasia”. A democracia não é um valor nas ideias de Dugin que também é contra os LGBT+, casamento gay chamando de perversão.

Mediante a este pensamento, Putin acredita que o povo russo e ucraniano é um só, chegou a mencionar antigo povo rus, considerado o ancestral comum de russos, bielorrussos e ucranianos. Ou seja, em sua ideologia, a Ucrânia deveria fazer parte da Rússia, traduzindo em miúdos.

A visão dominante do nacionalismo russo é que a Ucrânia é o coração da nação russa. Porém, não é o sentimento ucraniano que são fiéis opositores à Rússia, o que causa frustração e raiva no país vizinho.

Putin é um idealista convicto em deixar o seu legado, ex-agente da KGB (agência de inteligência da URSS), foi treinado na era soviética e acredita que o ocidente transformou a Ucrânia em uma região estratégica que ameaça à Rússia.

A guerra

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, iniciou o que chamou de ‘operação militar especial’ nesta quinta-feira, 24. As divergências entre os dois países têm origem logo após a Guerra Fria, com a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) para o leste europeu, e a incorporação de países que faziam parte da antiga União Soviética. A Ucrânia não faz parte da NATO, mas já vem negociando uma possível adesão ao grupo.

Com base nessa aproximação, a Rússia, comandada por Vladimir Putin, decidiu enviar militares para a fronteira entre os dois países. Mesmo negando, de início, estar preparando uma invasão, na manhã desta quinta-feira (24/02), a Ucrânia sentiu o poder bélico russo na pele.

Os ataques realizados pela Rússia geram consequências não apenas para a Ucrânia, ainda que o país seja o mais afetado, mas para os demais países do continente. O pós-pandemia, a preocupação em empregar a população e a maior inquietação que está relacionada a um possível aumento do gás e combustível em geral, já que ambos dependem da Rússia afetando a Europa e, como consequência, o resto do mundo.

Que fatores abriram o caminho para o conflito?

A Ucrânia é um “problema” para a União Soviética até 1991, altura em que votou esmagadoramente pela independência, no momento em que o maior país do mundo estava enfraquecido. Em 2004 se uniu à NATO (Aliança de países da Europa e da América do Norte) ex-repúblicas soviéticas do Báltico Estónia, Letónia e Lituânia. Em 2008, a organização declarou a sua intenção de propor a adesão à Ucrânia.

Em 2014 protestos em Kiev na Ucrânia forçaram a saída de um presidente favorável à Rússia. Foi então que a Rússia respondeu com a anexação da península ucraniana da Crimeia e a incitação a uma rebelião separatista no leste da Ucrânia, que veio a assumir o controle de parte da região de Donbas.

Com fracassadas tentativas de cessar-fogo desde 2015, os dois lados não alcançaram a paz e a linha da frente mantém-se praticamente inamovível. Já morreram quase 14.000 pessoas no conflito e existem 1,5 milhões de deslocados internos na Ucrânia.

Como a guerra afeta o Brasil?

Não somente as consequências de qualquer guerra que afetam na bolsa de valores e o mercado em geral. Sendo mais específico, afetam nos preços de combustíveis com o aumento da procura mundial. Com o comércio interrompido, os europeus passarão a ter a ausência de energia recorrendo ao mercado mundial deixando os preços mais caros. O que afeta no preço dos alimentos, instabilidade econômica, inflação pelas altas de energia, combustível e moedas. O crescimento econômico tende a ser freado com essas consequências.

Rússia x Ucrânia: livros para entender o contexto da guerra
Livros

Rússia x Ucrânia: livros para entender o contexto da guerra

Com a invasão da Rússia na Ucrânica, aumentam as dúvidas sobre as origens do conflito e as consequências de uma guerra entre as nações. A tensão que culminou com ataques militares não é novidade entre estes dois países que possuem histórias cruzadas.

+ Adaptação televisiva de obras literárias aumentam em plataformas de streaming

Preparamos uma seleção especial de livros para quem deseja se aprofundar nestas questões e entender o contexto político, econômico e social da guerra entre estas duas figuras importantes do Leste Europeu.

São títulos que apresentam a história dos países desta região e que revelam, em detalhes, as diferentes facetas da Rússia, segunda maior potência militar do mundo. Confira!

1. Por Que o Socialismo Ruiu? – Paulo Fagundes Visentini

Após polarizar a política mundial por sete décadas, em apenas dois anos, de 1989 a 1991, o socialismo europeu ruiu de forma brusca, porém pacífica. De Berlim à Moscou, manifestações da sociedade civil teriam causado a derrubada de regimes impopulares, com incrível facilidade, libertando 420 milhões de pessoas. Mas foi isto mesmo que ocorreu? Três décadas depois, com base em novo documentos disponibilizados, memórias publicadas e estudos mais objetivos e menos emotivos, o quadro se mostra bem diverso. Com grande clareza, maturidade e a lucidez que lhe é característica, o pesquisador Paulo Fagundes Visentini analisa e descreve nesta obra esses extraordinários eventos que mudaram o mundo, mas não na direção esperada, como a obra demonstra. O socialismo parecia ter os dias contados, mas em 2021 o Partido Comunista da China comemorou seu centenário, liderando a segunda economia do mundo e os ex-países socialistas da Europa mostram que não se adaptaram ao mundo liberal.

2. História da Rússia – Gregory L. Freeze

A obra trespassa os mitos e mistérios que envolvem a Rússia desde os seus primórdios, com revelações de arquivos confidenciais cuja existência se desconhecia até recentemente. Uma equipe distinta de historiadores removeu a propaganda e os preconceitos do passado para contar a história definitiva da Rússia, desde o seu início em Kiev e no Principado Moscovita até os três últimos séculos de império, revolução, comunismo, crise pós-soviética e reconstrução. Esta edição atualizada abrange ainda os desenvolvimentos desde a era de Putin até à primeira década do século XXI, constituindo uma história por si mesma envolvente e essencial para todos aqueles que se interessam pela Rússia e pelo lugar que este país ocupa no mundo.

3. Báltico – Erick Reis Godliauskas Zen

Em diferentes áreas da política, do esporte à música, na arte e na cultura encontrarmos pessoas influentes com origem e referências culturais no Báltico. No entanto, ainda hoje são poucas as referências à história dos países Bálticos disponíveis em português. As poucas referências com relação aos povos do Báltico se devem a fatores históricos, pois, enquanto países autônomos, as três Repúblicas têm uma trajetória breve. Foi durante a Primeira Guerra Mundial que os países Bálticos se tornaram independentes pela primeira vez. Por essa razão, 2018 marcou nos três países a comemoração do centenário da primeira independência. A obra Báltico propõe uma análise histórica de três países, Estônia, Letônia e Lituânia, buscando entender como se formou a identidade nacional nesses países, os períodos das ocupações, guerras, conflitos e as lutas pelas independências. Além dos aspectos políticos, são abordados os aspectos culturais dos países. O livro ainda oferece uma perspectiva sobre a atualidade dos países a partir da visão do autor.

4. História da União Soviética – Peter Kenez

Esta obra analisa não só as transformações políticas da URSS durante a sua existência, mas também a evolução social e cultural do país neste período. O livro identifica as tensões sociais e as inconsistências que estiveram na origem da mudança de regime no começo do século XX, culminando na Revolução de Outubro de 1917. Para Kenez há três grandes períodos que merecem especial atenção: a evolução da União Soviética durante toda a década de 20 – os anos das Novas Políticas econômicas – até à era estalinista; a nova ordem pós-Estaline e a tentativa ambígua de os líderes soviéticos chegarem a um entendimento pacífico com o ocidente, tendo sempre a Guerra Fria como contexto; e ainda o período Pós-soviético.