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Resenha: Tartarugas Até Lá Embaixo, John Green

No mais novo livro do autor John Green, somos apresentados à Aza Holmes, uma garota adolescente que sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Em Tartarugas Até Lá Embaixo, Green nos convida a entender e conhecer a mente dessa menina que nos narra cada um de seus dramas e “pensamentos intrusos” – como ela denomina seus pensamentos ansiosos fruto da doença. O enredo se desenrola a partir do sumiço do bilionário Russel Prickett, CEO da Prickett Engenharia, logo após a descoberta de suas fraudes e esquemas de corrupção. Há uma recompensa de 100 mil dólares para quem encontrar Prickett e, é nesse esquema, que Aza e sua melhor amiga, Daisy, entram na busca.

Então, as duas vão à casa do bilionário para iniciar a descoberta do mistério do desaparecimento. Aza, quando criança, era amiga de Davis Prickett, filho de Russel, que vem a ser um personagem completamente fora do que se é esperado de um bilionário. Davis é um garoto inteligente com grandes questões existenciais e um enorme interesse por astronomia.  Ao contrário do que pode parecer, o livro não trata de uma investigação policial em formato YA (young adult), mas é uma caminhada pelas reviravoltas da mente de Aza – que está em busca do seu verdadeiro eu. Ela, por sofrer de TOC, não acredita que seus pensamentos sejam pertencentes a si mesma, afirmando que não pode controlá-los. Os pensamentos intrusivos são diversas vezes descritos ao longo da história.

Eu queria dizer mais, só que os pensamentos, inoportunos, indesejados, não paravam de invadir minha mente. Se eu fosse a autora da minha história, teria parado de pensar sobre o meu microbioma.

Fica claro que o que faz com que o livro tenha tamanha carga emocional é a proximidade entre o transtorno de Aza e do autor, John Green. Assim, a história apresenta, de forma surpreendente, os dilemas sofridos pela garota. A mente de Aza é confusa, sufocante. No livro, somos colocados dentro do espiral que é sua cabeça a qual a leva a acreditar, o tempo todo, que está sob ameaça de infecção por uma bactéria – fazendo com que  Aza faça um ritual rigoroso de limpar e trocar o curativo da ferida que está sempre aberta em seu dedo.

“A questão da espiral é que, se a seguimos, ela nunca termina. Só vai se afunilando, infinitamente.”

A história tira o leitor da zona de conforto e o coloca dentro da mente complexa da protagonista, e o faz da melhor maneira possível. O livro é carregado de emoções, aflições, mistérios e romances. John Green fez de Tartarugas Até Lá Embaixo um de seus melhores livros, combinando questionamentos filosóficos com os dramas pessoais de uma garota brilhantemente retratada. Não só Aza, mas cada personagem da trama é construído de modo com que fique fácil se identificar e se apegar a cada um deles.