Aviso de gatilho: Pensamentos suicidas, codependência
Querido diário,
Não sei o que te escrever hoje. Acho que só busco um refúgio, uma válvula de escape que não me seja prejudicial como as outras eram. Te escrevo aqui, desesperadamente, de caneta azul, fugindo dos meus padrões, ao som de Troye Sivan porque dói. Aquela dor que te reduz ao tamanho de um grão, que você se encolhe tentando reprimir. Será que não existe felicidade abundante? Não, não existe. Ainda mais pra mim. Porra, o que eu estava pensando? Que eu seria aquele sorteado que se fodeu a vida toda só para se dar bem no final? Ha-ha. Jamais, né.
Tô preso. Desesperado. Ávido por uma resposta. Meu infinito tem numeração e Deus, como eu queria mais números. É doloroso porque posso tê-los. Mas estou preso e impedido de pega-los. Porque eu não merecia isso?
É muito para o meu final feliz. Sempre soube. Estou fadado à amargura. Ao fim solitário. E eu sou só mais um nesse turbilhão de sentimentos. Não sou o primeiro, nem o último. Quedas doem muito. Muito mais do que eu gostaria. Mas eu não sei viver fora dos excessos. Não sei não sofrer por antecipação. Não sei.
Eu só queria poder pegar mais números para o meu infinito. Mas estou preso. Cansado. Cansado da dor. E o meu medo só aumenta. Sim, medo de mim mesmo. Do que posso me tornar sem você. Medo do que posso voltar a ser. Os fantasmas assombram crianças fracas e amedrontadas. E eu temo ser uma delas. Porque eu sei quem eu sou com meu travesseiro.
Só ele sabe os pensamentos suicidas que me visitam todas as noites. Só ele, além de você, consegue acalmar minhas madrugadas de tormenta. Mas ele não pode ser você. Já você, pode muito bem ser ele. Dormir com a sua respiração talvez seja a melhor coisa do mundo.
E temo estar perdendo, junto com a minha sanidade que se esvai a cada lágrima caída.
Por que amor é dor?