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Resenha: O guia definitivo do mochileiro das galáxias, Douglas Adams

Pela primeira vez, reunimos em um único volume os cinco livros da cultuada série O Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams. Com mais de 15 milhões de exemplares vendidos, a saga do britânico esquisitão Arthur Dent pela Galáxia conquistou leitores do mundo inteiro. O humor ácido e as tramas surreais de Douglas Adams se tornaram ícones de uma geração e seguem fascinando – e divertindo – leitores de todas as idades. Pegue sua toalha, embarque nessa aventura improvável e, é claro, não entre em pânico! O Guia do Mochileiro das Galáxias: segundos antes de a Terra ser destruída para dar lugar a uma via expressa interespacial, Arthur Dent é salvo por Ford Prefect, um E.T. que fazia pesquisa de campo para a nova edição de O Guia do Mochileiro das Galáxias. Pegando carona numa nave alienígena, os dois dão início a uma alucinante viagem pelo tempo e pelo espaço. O Restaurante no Fim do Universo: Arthur Dent e seus quatro estranhos companheiros viajam pela Galáxia a bordo da nave Coração de Ouro, em uma busca desesperada por algum lugar para comer. Depois de fazer a refeição mais estranha de suas vidas, eles seguem pelo espaço e acabam descobrindo a questão sobre a Vida, o Universo e Tudo Mais. A Vida, o Universo e Tudo Mais: Arthur Dent passou os últimos cinco anos abandonado na Terra pré-histórica, mas ainda acordava todos os dias com um grito de horror. No entanto, talvez fosse melhor continuar nessa tediosa rotina do que ser arrastado para a sua próxima missão: salvar o Universo dos temíveis e infelizes robôs xenófobos do planeta Krikkit. Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes!: depois de viajar pelo Universo, ver o aniquilamento da Terra, participar de guerras interestelares e conhecer criaturas extraordinárias, Arthur Dent está de volta ao seu planeta. E tudo parece estranhamente normal – exceto pelo desaparecimento dos golfinhos. Disposto a desvendar esse mistério, ele parte em uma nova jornada. Praticamente Inofensiva: após muitos anos vivendo separados, cada um em um canto mais insondável do Universo, Arthur Dent, Ford Prefect e Tricia McMillan se reencontram. Mas o que deveria ser uma festejada reunião de velhos amigos se transforma numa terrível confusão que põe em risco – mais uma vez – a vida de todos.

Já começo essa resenha com uma pausa. Que edição é essa, Arqueiro? Confesso que quando vi o livro na livraria, quis comprar na mesma hora. A capa dura, o cheiro, o cuidado na preparação do livro estão perfeitos… Eu, que sempre via promoções da série no Submarino, fiquei pensando essa é a oportunidade de ler todos os livros.

Vamos comentar um pouquinho sobre o enredo principal, e os cinco livros, que estão presentes em uma edição. Ford Prefect é um alienígena de um planeta bem distante e colaborador do Guia do Mochileiro das Galáxias, um livro essencial para pessoas e criaturas que desejam se aventurar pelo espaço sem gastar muito dinheiro. É quando o alien, que queria passar uma semana na Terra para atualizar o capítulo sobre o planeta acaba ficando por aqui por quinze anos, que a história começa a ficar melhor. O enredo é bem cativante, e você lê o livro sem nem perceber o tempo passar. O autor, que apesar do toque de surrealidade, consegue passar sua crítica à realidade e ao planeta, consegue nos prender do início ao fim de cada um dos volumes, que são bem curtinhos, você consegue ler em uma tarde.

Um tema bastante abordado, é que não podemos exigir respostas sem nem sabermos quais perguntas temos. Parece óbvio, mas essa é exatamente a realidade em que vivemos atualmente. O segundo volume dá continuidade à história com maestria, e apresenta críticas sociais ainda mais fortes. Temos mais viagens entre espaço e tempo e um restaurante, que as personagens conseguem ver o fim de todo o universo!

Parece que o terceiro livro, era o que finalizaria a trama, a princípio, porque vemos Arthur Dent – melhor amigo terráqueo de Ford – na pré-história, com personagens muito bem construídos e aqueles acontecimentos aleatórios que nos fazem amar e devorar cada vez mais a história. Gente, nesse ponto aqui eu já estava apavorado com a ideia da série acabar nesse livro. Tinha que continuar!

O quarto livro, mostra Arthur de volta à Terra, mesmo depois de passar anos viajando pelo espaço com Ford. Era um livro necessário, como eu disse anteriormente, e aqui vemos todo o processo de readequação do terráqueo, e a percepção de que nada mudou. Para alguns, a série termina aqui, porque o quinto livro parece algo desconexo dos outros , já que ambos os protagonistas estão separados. Parece também, que um sexto volume foi escrito por outro autor, e já foi inclusive lançado no Brasil. Quem já leu, deixa a opinião aí nos comentários: vale a pena, ou não?

É engraçado porque, como li em outras resenhas, é complicado explicar a trama de Mochileiro das Galáxias, por mais viciado que você seja. Leia confiando que a história é boa e você vai se apaixonar, além é claro, de descobrir muitas utilidades para uma toalha. Ele trata as críticas sociais com uma pitada de humor ácido, que deixa tudo mais gostoso se você, assim como eu, adora uns comentários que parecem ser um fósforo riscado em uma folha de papel.

Se você gostou, compra já essa edição com todos os volumes, porque eles são bem curtinhos e é linda. Além é claro, de você não precisar ficar sofrendo até estar com o próximo livro. E ah, importante: não é pesada!

Livros, Resenhas

Resenha: A gata do Dalai Lama, David Michie

Alguns livros nos ensinam lições, outros são divertidos. Porém a A gata do Dalai Lama de David Michie consegue fazer ambos sem presunção. De modo leve e divertido ao mesmo tempo que passa ensinamentos budistas conta a historia de GSS, a gata adotada por Sua Santidade Dalai lama, e modo como ela vivencia o dia a dia do templo onde vive.

O livro – curiosamente – é narrado em primeira pessoa pela própria GSS, desde o momento em que é encontrado por Sua Santidade, e mostra o dia a dia e s reflexões da felina ao acompanhar as visitas e as viagens dele e de seus assessores mais próximos.

Ao participar do cotidiano do mosteiro GSS se vê envolvida tanto nas praticas budistas quanto no cotidiano comum, como da cozinheira ou do motorista. Essa relação de sobreposição entre o comum e o espiritual leva ao leitor pensar e sua própria rotina e como ambos aspectos de nossa vida estão conectados  diversas formas.

Devido a sua leitura fácil e bastante questionadora de diversos aspectos, A gata do Dalai lama, se trata de um livro que pode ser lido por diversas pessoas, independente de seu credo religioso, uma vez que o intuito do livro não é converter o leitor, mas sim demonstrar de forma sincera preceitos budistas aos leigos ou iniciados.

O propósito do budismo não é converter as pessoas. É dar a elas as ferramentas para que possa criar uma felicidade maior. Para que elas possam ser católicas mais felizes, ateus mais felizes, budistas mais felizes. É o maravilhoso paradoxo que a melhor maneira de alcançar a felicidade é dar a felicidade ao próximo.

Os ensinamentos budistas são difíceis de serem assimilados, porém com o passar da leitura talvez o livro consiga deixar pequenos ensinamentos que permaneçam conosco por muito tempo e nos traga mesmo que uma pequena dose de felicidade ao final.

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Resenha: Depois Daquela Viagem, de Valéria Piassa Polizzi

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que li Depois Daquela Viagem pela primeira vez com 15 anos, em 2004. Acredito que ele me tornou um adolescente melhor ao fim da jornada que foi acompanhar a vida da autora, Valéria. O encontrei na biblioteca da escola, li, devolvi e ficou por isso mesmo. Depois de uns meses, fui à busca dele novamente. Nunca mais o encontrei. As memórias foram indo embora e eu havia esquecido seu nome. Sua história porém, ficou. Sempre tive a esperança de encontra-lo em alguma livraria. Muito que bem, começo deste mês de agosto, estava de bobeira na Saraiva quando finalmente o vi: a Editora Ática o reeditou e relançou em todo o Brasil e meus olhos brilharam ao vê-lo na estante. Agora, com 22 anos, o li novamente com toda a calma do mundo e com muita felicidade escrevo esta resenha para vocês. Enjoy it! =’)

 

Depois Daquela Viagem é um livro que se passa entre os anos 80 e 90, narrado em 1ª pessoa, contado por sua personagem principal: a autora Valéria Piassa Polizzi. Morena, branca, com longos cabelos pretos e de classe média alta, a história começa com uma viagem de Val com os pais em um cruzeiro, aos seus 16 anos. Neste cruzeiro, conhece um homem de 25 anos que meses mais tarde, viria a se tornar seu namorado. Sim, mesmo com quase 10 anos de diferença de idade, ele engrenam um relacionamento. Passado a fase de conto de fadas, Valéria se vê num relacionamento abusivo, na qual apanha do rapaz, é diminuída e é tratada como inferior. Apesar disso tudo, a morena acha que é culpada por tudo isso. A série de mal tratos só termina quando a família flagra uma cena de agressão e interfere pelo fim do relacionamento.

Após dois anos, Valéria descobre ser portadora do vírus da AIDS, o HIV. Como só havia transado com o namorado que a espancava, a equação é óbvia: ele a contaminou. E já era difícil falar sobre isso em uma época em que a internet não era acessível. Não havia tantos tratamentos e a doença já era diretamente associada a morte. Imagine isso para uma garota que mal havia chegado aos 18 anos. Até então, a AIDS era associada apenas aos gays e praticantes do sexo anal, o que não era o caso de Valéria. O preconceito com portadores do vírus no Brasil era absurdo e a falta de tato dos hospitais e planos de saúde não ajudava a atrair uma perspectiva melhor para os infectados. A única palavra era: morte.

Val se nega a iniciar os tratamentos oferecidos na época. O medo das reações e complicações que poderia ter, e também pela falta de humanidade nos especialistas pelos quais passou. Aquela imposição de “você tem que fazer isso, tem que fazer aquilo” sem nem ao menos explicar o que está acontecendo e dar alguma perspectiva de melhoria é realmente complicado. Após trabalhar algum tempo com o pai, Valéria, que já havia desistido de faculdade e da realização de diversos sonhos por conta de “não ter tempo para aproveitar nada disso”.

A expectativa de sua morte era para dali “5 ou no máximo 10 anos”, e então ela resolve que o melhor seria fazer um curso de inglês nos Estados Unidos e aproveitar um tempo sozinha. Longe de toda negatividade em torno de sua família e dos médicos brasileiros. É aí que tudo muda.

Nos Estados Unidos ela faz amigos, conhecem pessoas de culturas diferentes e aprende coisas que a fazem querer continuar viva. Talvez seja bem clichê, mas a meditação, a calmaria que um rapaz sueco traz para ela faz toda a diferença. Seu nome é Lucas, e ele se torna o grande companheiro de Valéria. Sempre fazendo caminhadas e trilhas, mostrando o lado mais calmo da vida, longe de tudo e de todos. A serenidade vem com tudo, trazendo uma calmaria interior que foi muito decisivo para clarear as idéias.

Também em terras americanas, se é apresentado uma novo lado dos pacientes com AIDS: o lado da vida. É demonstrado que sim, dá pra viver com o vírus. Dá pra se viver muito tempo com ele, de forma saudável. De forma comum. Apesar dessa ponta de esperança ser apresentada, Val não está convencida de iniciar os tratamentos com medicação pesada a qual deveria estar tomando. Porém, após contrair uma febre que não abaixa e um mal estar frequente, ela volta ao Brasil e logo após sua chegada, é internada. Após quase morrer, percebe o quanto vale a pena lutar e conseguir forças para continuar aqui e decide iniciar o tratamento ao qual tanto se negou.

Obviamente, o começo não é fácil. As reações a põe de frente para tênue linha entre a vida e a morte. É bonito acompanhar a força e a garra que a gente consegue ter nas horas que achamos que vamos desmoronar. E toda a história faz sentido neste ponto. E é lindo, é emocionante chegar ao final, em que temos uma prova de que tudo é possível.

Fora da história do livro, Valéria Piassa Polizzi tem hoje, em 2016, 41 anos, é super adepta da meditação.

Hoje já cuida dos pais, logo ela, que achou que nunca chegaria a este ponto. Ainda aguardo uma continuação de sua história, e espero que em breve ela se anime em nos contar, afinal, são quase 20 anos de espaço para serem preenchidos e muitas mudanças, não só tecnológicas, mas de cabeças, de pensamentos. Depois Daquela Viagem ao seu fim, nos coloca de frente ao preconceito, dentro da cabeça de quem o enfrenta. Simplesmente sensacional.

Abaixo um booktrailler feito por fãs do livro disponibilizado no Youtube que resume bem tudo que eu disse:

 

Para finalizar, segue o blog de Valéria, caso você se interesse em continuar acompanhando sua jornada: http://valeriapiassapolizzi.blogspot.com.br/.

 

Livros, Resenhas

Resenha: A mais pura verdade, Dan Gemeinhart

Esperança – ou a falta dela – é o ponto principal desse livro instigante do Dan Gemeinhart. A mais pura verdade nos conta a história de Mark e seu cão Beau, que partem de casa em busca de escalar a montanha Rainier, onde Mark pretende morrer.

No decorrer do livro somos apresentados a cativante história de Mark e sua luta, diagnosticado desde muito novo com a câncer, tendo a esperança lhe sendo dada e tomada a cada nova etapa do tratamento, e no decorrer do tratamento como esse todos podemos nos sentir sozinhos e desamparados.

Mas muito além desse tema denso, A mais pura verdade é um livro divertido e cativante, e por se tratar de um livro narrado em primeira pessoa, sabemos tudo o que se passa com Mark. De várias maneiras Mark é um personagem divertido, sarcástico e espirituoso, e mesmo nos seus momentos mais tenebrosos ele pode contar com Beau para lhe acalmar.

Os capítulos de Mark são intercalados com os capítulos narrados pela sua melhor amiga Jessie, o que é um contraponto interessante as aventuras de Mark, pois mostra como as coisas estão em sua casa e como todos estão reagindo e em busca de encontra-lo.

Com relação a narrativa, é um livre bem simples, sem grandes técnicas, porém coerente com seus personagens. Acaba sendo um livro leve, cativante e com uma interessante mensagem. Amor, esperança redenção e amizade são temas tocados nesse livro e no fim você acaba percebendo que Mark, com todos os seus problemas, nada mais é que uma criança normal.

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Resenha: A Realidade Devia Ser Proibida, de Maria Clara Drummond

A Realidade Devia Ser Proibida, de Maria Clara Drummond conta a história de Eva, uma ruiva que tenta se enquadrar nos padrões de beleza por pressão da mãe, que é fanática por aparências e que insiste para a filha esconder suas imperfeições.  Quando sua mãe viaja, ela passa a morar com o pai, que se casou com outra mulher após uma separação complicada, e assim, é como se uma porta de liberdade se abrisse para a moça.

Um dos melhores momentos da história é quando somos apresentados ao melhor amigo de Eva, Manoel. Melhor amigo gay, é preciso enfatizar. Ele a leva para o centro da cidade e para festas de música eletrônicas, e Eva se encanta por um jovem cineasta chamado David, que já tem prêmios internacionais e é bem conhecido no ciclo social. Por conhecerem os mesmos autores e ter uma conversa muito agradável, a química fica instaurada e está claro que um romance nasceria dali. Mas não. E é aí que começa as aventuras na vida tão desinteressante da ruivinha. Decepções amorosas, bebedeiras, uso de drogas e arrependimentos. Muitos arrependimentos.

E é mágico. É real. É como nos apaixonamos pelo que imaginamos. O inexistente. Sabe aquela música da Sandy, que diz “eu me apaixonei pelo que eu inventei de você“? Então. É a partir daí que Eva ganha profundidade. Daí pra frente, ela se torna interessante. Ao menos, me vi completamente nela. A moça ganha atitude, ganha vida. Faltava um baque para que ela viesse á vida.

Leitura rápida, são cerca de 100 páginas apenas, e acredite, a leitura se alonga se você para parar refletir sobre sua vida ao longo dos trancos e barrancos da história de Eva. Num grande geral, parece que a autora Maria Clara Drummond juntou alguns elementos essenciais de Gossip Girl, The OC e Rebelde (!), bateu no liquidificador e adicionou uma essência de “pobre menina rica” e chegamos ao resultado final, que é muito bom para se ler numa tacada só. Reflexivo, mas não chocante. A capa chama muito a atenção, talvez pelas cores escolhidas e pelo efeito que ela causa pessoalmente. Perfeito para incluí-lo em alguma maratona de leitura.

 

 

Livros, Resenhas

Resenha: Bonsai, Alejandro Zambra

“NO FINAL ELA MORRE E ELE FICA SOZINHO”. É desta forma que Bonsai de Alejandro Zambra se inicia, e marca uma das mais interessantes características desse livro, a intensidade de sua narrativa.

Alejandro Zambra é um poeta e escritor chileno, nascido em 1975 e Bonsai, seu primeiro romance, foi traduzido na França, Itália, Holanda, China, Israel, entre outros. Zambra também foi eleito pela revista Granta como um dos vinte e dois melhores jovens escritores hispano-americanos. Curiosamente Zambra em seu tempo livre cultiva bonsais.

O Livro narra fins e começos, histórias paralelas e intercaladas sobre dois amantes, Júlio e Emília. Essa narrativa se faz através de um narrador onisciente que entende seus personagens e desde o início já sabe o destino de todos. O amor, o sexo, as amizades e os caminhos que vida nos leva a tomar são marcas nesse livro que nos faz a cada momento pensar se não nos encontramos em alguma daquelas etapas da vida.

Apesar de ser uma narrativa bastante direta – trata-se de um livro curto –, ela de modo algum é parca de personalidade ou repleta de clichês, muito pelo contrário o narrador se mostra bastante sarcástico e repleto de referências a outros autores, contemporâneos ou clássicos. Não obstante talvez esse seja o maior trunfo de Bonsai, ele se desenrola como se a história nos fosse contada em uma mesa de bar, a história de algum conhecido nosso de juventude que por acaso se torna o assunto da mesa.

Ao fim, chegamos à conclusão de que Júlio e Emília partilham as nossas histórias pessoais bem como a de nossos amigos, personagens ordinários e cotidianos e no fim talvez todos sejamos algum personagem secundário ou principal da história de alguém.

Resenhas

RESENHA: CORDILHEIRA, DANIEL GALERA

Moderno e contemporâneo, Cordilheira, de Daniel Galera, nos pega por ser um livro extremamente atual, mas deixando algumas particularidades modernas de lado, nos envolvendo como num romance que se passa há 20 ou 30 anos – e não me refiro apenas a ausência de telefones e celulares nos pontos chaves da trama, mas ao fato dos envolvidos estarem muito bem sem eles.

Conta-se a história de Anita, uma escritora de um único sucesso que renega o seu livro e prefere se manter longe da literatura. Em São Paulo, duas de suas melhores amigas tentam se matar – e uma delas consegue – e querendo se manter longe dessa negatividade e querendo dar uma mudança na sua vida, ela aproveita o lançamento tardio de seu livro na Argentina e decide largar tudo, ficando de vez em Buenos Aires. Antes de partir, a moça termina com o namoro de dois anos porque o namorado não tem intenção de ter filhos tão cedo, e essa passa a ser uma necessidade de vida ou morte para a jovem, que sente que se tornar mãe vai dar uma guinada e sentido para sua vida.

Precisamos ser sinceros em certo ponto: não tem como se morrer de amores por Anita enquanto ela está em São Paulo: ela nos é apresentada como fútil, arrogante, mesquinha e até egoísta. Do momento em que ela põe os pés em Buenos Aires, parece que somos apresentados a uma nova mulher: segura, sombria e determinada. Quando conhece o jovem José Holden, um grande fã de seu trabalho, a ex-autora começa a viver a grande aventura pela qual sua vida pedia, e fascinada, passam a morar juntos. O grande foco do livro é que tanto Holden quanto seus amigos estão interessados em Magnólia, personagem principal do romance da autora paulista, e não nela própria, e é neste ponto que este romance bem peculiar começa.

Cordilheira explora o limite da realidade e ficção e nos convida a pensar o que leva um escritor a falar sobre os assuntos que estão em seus livros, onde está o limite da arte com a vida. Terceiro lugar no prêmio Jabuti foi o penúltimo livro de Daniel Galera, anterior a Barba Ensopada de Sangue, e mantém as suas peculiaridades de detalhar bem o cenário em que se contam os fatos narrados, fazendo uma introdução muito bem feita não apenas do ambiente, como dos personagens. Breve, sombrio e bastante envolvente.

Resenhas

Resenha: Felicidade Clandestina, Clarice Lispector

Felicidade Clandestina é um compilado de 25 contos (maravilhosos, diga-se de passagem) da Clarice Lispector. Com estorias carregadas de subjetividade a autora insere o leitor sutilmente em discussões sobre a existência humana, amadurecimento e família a partir de conceitos simples como um ovo.

Contando com alguns contos simples e tocantes e outros extremamente densos, o livro é recheado de felizes surpresas e fará com que você pare e reflita. Clarice, como de costume em suas obras, se utiliza de uma profunda descrição psicológica de suas personagens o que contribui para o desenvolvimento perfeito do enredo.

No conto homônimo ao titulo do livro nos é apresentada uma garotinha apaixonada por literatura, que ao decorrer da narrativa se vê numa situação de humilhação por parte da filha do livreiro que lhe prometera emprestar uma obra de Machado de Assis. Sabendo que a garotinha faria de tudo para ter esse livro em mãos ela inicia, nas palavras da autora, uma tortura chinesa. É nesse ponto em que vemos o lado reflexivo da autora, como o livro em mãos a garota conclui.

[…]Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. […] Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

E assim ao decorrer do livro é perceptível a noção de clandestino, de não pertencer  e muita das vezes retratar uma felicidade que não aconteceu para a personagem ou uma felicidade passageira e por mais curta que seja, ainda assim clandestina. Livro extremamente curto e ainda assim de uma profundidade digna de Clarice, ótima pedida para marinheiros de primeira viagem nesse mar de emoções que são suas obras.

Filmes

Rihanna vai participar de Bates Motel

A última temporada de Bates Motel vai contar a participação especial da cantora Rihanna, conforme anunciado ontem na Comic-Con. Atualmente girando o mundo com sua turnê Anti, Riri deixou claro diversas vezes ser fã da série.

Rihanna

Muito tem se falado sobre a 5ª e última temporada do sucesso inspirado no clássico filme Psicose, mas o produtor executivo Carlton Cuse deixou claro que a narrativa não será a mesma: “Vamos colidir com certos eventos da narrativa do filme, obviamente, mas seria chato apenas recriar os eventos”.

Bates Motel: Series Finale estreia em 2017 pela A&E.

Resenhas

Resenha: Os Assassinos do Cartão-Postal, James Patterson

Para quem é apaixonado por histórias com muita ação e suspense, presta atenção nessa resenha de Os Assassinos do Cartão-Postal. Esse é o terceiro livro do autor James Patterson, que também deu origem a Bruxos e Bruxas e O beijo da Morte. A obra, lançada em 2014, foi escrita junto da autora sueca Liza Marklund e consegue facilmente fisgar os amantes de romance policial. 

A obra tem três núcleos narrativos distintos. Primeiramente somos apresentados ao casal Sylvia e Mac Rudolph, dois estudantes de arte provocativos e tremendamente atraentes. Eles viajam por toda a Europa assassinando jovens apaixonados. A marca dos criminosos é o envio de cartões-postais para jornais da cidade antes e após os assassinatos, sendo, portanto, denominados de Assassinos do Cartão-Postal.

Depois dos serial killers, acompanhamos a trajetória do policial Jacob Kanon, da divisão de homicídios do Departamento de Polícia de Nova York. O detetive está em Berlim à procura do mesmo casal que, anos antes, assassinara sua filha Kimmy. Desde então, ele está em uma busca obsessiva pelos dois.

E finalmente, conhecemos a jornalista  Dessie Larsson. Em Estocolmo, ela recebe um estranho cartão-postal com uma frase de Shakespeare. Esse incidente faz a personagem ingressar em uma investigação policial alucinante para encontrar os mesmos assassinos. Jacob e ela se cruzam em um momento da história e acabam por unir forças na caça aos criminosos.

Com uma sinopse dessa é impossível não se interessar. Apesar de bem construída, o autor deixou algumas pontas soltas que parecem propositais e instigam o leitor a pensar um pouco mais sobre o que realmente aconteceu. O leitor será levado a tirar suas próprias conclusões ao decorrer da historia, as provas são convincentes, mas os álibis também.

Essa alternância entre os personagens nos proporciona uma intimidade maior com cada um deles e deixa a leitura bem mais dinâmica e menos cansativa. Desde a relação entre o casal até o desespero de Jacob por justiça durante cada descoberta. Fora que o toque de nos mostrar a visão dos assassinos torna tudo muito mais interessante e sangrento, inovando totalmente ao descrever a mente doente dos dois assassinos e na descrição das cenas de crime.

Com capítulos curtíssimos, as páginas voam pelos dedos e a trama não deixa de ser clara desde o início, sendo possível terminar a leitura tranquilamente em alguns dias. Salvo o final, apreciei muito os sentimentos que a obra conseguiu despertar em mim, uma mistura de pânico e adrenalina. Com todos esses elementos, Os Assassinos do Cartão-Postal se torna definitivamente um dos livros