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Livros, Resenhas

Resenha: Lugares Escuros, Gillian Flynn

 

Lugares Escuros conta a história de Libby Day que, quando tinha apenas 7 anos, sobreviveu a uma chacina diabólica ocorrida na década de 80, que pôs fim à vida da sua mãe e das suas duas irmãs pequenas. Agora, beirando os 30 anos e em busca de algum meio para manter o seu sustento, ela aceita a proposta (financeira) de um grupo de fanáticos por assassinatos famosos e resolve “reviver” a sua história em busca de falhas que possam ter levado, injustamente, o seu irmão para a prisão perpétua. Porém, o detalhe é que foi ela quem, aos sete anos, testemunhou contra ele.

Incrível e chocante, mais uma vez Gillian Flynn me surpreendeu com a sua escrita verossímil e impecável. A história se desenvolve de forma tão envolvente e realista, inclusive com relação à detalhes técnicos que, por vários momentos, você chega a crer que aquilo tudo é verdade.

Além disso, apesar de ser uma história fictícia (graças a Deus) é impossível não comparar com casos semelhantes que de fato aconteceram, até mesmo a reação da “sociedade” envolvida nos acontecimentos do livro refletem atitudes reais, que me levaram a pensar: “ainda bem que não é só no Brasil que as pessoas reagem dessa forma (rs)!”

As personagens são absolutamente complexas, com traços de caráter duvidosos, mas que em certo momento você se pega torcendo por elas, para que tenham um desfecho heróico e feliz, mesmo que isso seja um pouco impossível em uma história tão chocante, isso falando de um modo geral. Por sua vez, com relação à protagonista, tudo isso se multiplica, pois apesar de ser uma vítima e uma sobrevivente, de forma alguma pode ser considerada uma heroína ou uma coitada, pois a sua personalidade é feia, vergonhosa e contrária a tudo que lhe aconteceu.

O desfecho é brilhante e coerente com o restante da história, sem dar lições de moral ou revelar um pote de ouro no final do arco-íris, vez que depois da tormentosa história narrada seria impossível acontecer algo tão belo.

Apesar de ser assumidamente apaixonada pelas obras de Gillian Flynn, principalmente pelas mesmas serem desprovidas de clichês, Lugares Escuros me surpreendeu como seu eu nunca tivesse lido nada escrito por ela, enfim, me reapaixonei à terceira vista!

 

 

Livros, Resenhas

Resenha: A Escolha, Nicholas Sparks

“Às vezes, as pessoas não têm noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem”

Travis Parker possui tudo o que um homem poderia ter: a profissão que desejava, amigos leais, e uma linda casa beira-mar na pequena cidade de Beaufort, Carolina do Norte. Com uma vida boa, seus relacionamentos amorosos são apenas passageiros e para ele, isso é o suficiente. Até o dia em que sua nova vizinha, Gabby, aparece na porta.
Apesar de suas tentativas de ser gentil, a ruiva atraente parece ter raiva dele. Ainda sim, Travis não consegue evitar se engraçar com Gabby e seus esforços persistentes o levam a uma jornada que ninguém poderia prever.
Abrangendo os anos agitados do primeiro amor, casamento e família, A Escolha nos faz confrontar a questão mais cruel de todas: Até onde você iria manter o amor de sua vida?

Este não foi, nem de perto, o primeiro livro de Nicholas Sparks que peguei para ler. É sempre bom pegar um de seus livros para ler pois ele faz jus à fama que tem no quesito de “livros que te fazem chorar baldes d’água”. Obviamente, peguei uns lencinhos e me preparei psicologicamente para as lágrimas que deveriam aparecer no decorrer dessa leitura.

O livro é contado em terceira pessoa, de modo que temos a visão dos dois personagens principais: Travis e Gabby.

Gabby é uma assistente médica que trabalha incansavelmente numa clínica pediátrica. Ela muda-se de Savannah na companhia de sua cadela Molly para Beautford, uma pequena cidade do interior, para ficar mais perto de seu namorado perfeito, porém enrolado, Kevin. Tirando o fato de que ele vinha se esquivando há quase cinco anos de um evidente matrimônio, Gabby ficou feliz em poder estar ao lado dele e achava que, dessa forma, o relacionamento poderia atingir um novo patamar.
Já Kevin não tinha os mesmos planos. Era o tipo de cara que não pensava muito no futuro, e estava mais interessado em seu trabalho com seu pai, no ramo comercial.
Dessa forma, Gabby foi se sentindo cada vez mais sozinha nessa nova cidade, afinal, não tinha ali mais nada que ela conhecesse e pudesse passar o tempo, além de sua cadela Molly. Até que ela percebe que a cadela vem agindo de forma estranha, começa a ganhar peso e bom… ela estava grávida, algo que deixou Gabby extremamente furiosa. Tão furiosa que, sem nem pensar, ela toma a decisão de atravessar o gramado e a cerca que divide seu terreno com o de Travis, dono de Moby, um cachorro que ela havia visto rondando por ali e acreditava ter engravidado sua cadela, para tirar satisfações e fazer com que ele arque com a sua parte na responsabilidade do que houve.

Travis é vizinho de Gabby. Um solteirão bonito e apaixonado por esportes radicais. Todos os seus amigos de infância se casaram, formaram família e esperam que ele faça o mesmo.
Ele gostava de levar uma vida livre e radical. Até queria formar uma família algum dia, mas isso não era algo em que ele pensasse muito… até a noite em que Gabby atravessa seu gramado acusando Moby, seu cachorro, de ter engravidado a sua cadela.
Ela chega como um furacão. Num momento de extrema loucura e abalada por tantos problemas na cabeça, Gabby faz um escândalo por acreditar que o cachorro dele tinha algo a ver com o incidente com sua cadela.

Mas a partir daí, o rumo de suas vidas muda completamente.

A atração foi instantânea. Travis não teve como se defender, mas de alguma forma, ela tomou seu coração com todo aquele jeito louco e meio impulsivo. Ele tentou se desculpar, mas Gabby não permitiu que ele falasse de maneira nenhuma.
No dia seguinte, ela levou sua cadela numa clínica e, para seu espanto, Travis era o veterinário. E para piorar sua situação, apesar de Molly estar grávida, Moby não podia ser o pai, pois ele era castrado.
Depois de muito se desculpar por suas gafes, os dois acabam se tornando amigos. Em um final de semana em que Kevin não estava na cidade, Gabby aceitou um convite de Travis para um passeio de barco com ele e seus amigos, como forma de esquecerem o que houve anteriormente. E embora fique bastante claro que os dois não se parecem em nada, é inevitável que eles se apaixonem durante o tempo que passaram juntos.

Então Gabby precisa decidir se continua com Kevin que, apesar de se esquivar do matrimonio que ela tanto deseja, ela já o conhece e sabe como ele é, ou se deve abandoná-lo para ficar com Travis, que tem um jeito muito diferente do dela.

A essa altura da história, pensei que essa era a tal escolha a que se refere o título do livro e, para falar a verdade, fiquei bem desanimada, pois achei que o restante da história era só “encheção de linguiça”, pois se a história é sobre os dois, é óbvio que ela escolheria o Travis e fim do romance, certo?

Bem, eu estava enganada. Não sobre Gabby escolher Travis, pois isso realmente acontece, como já era de se esperar. Mas a tal escolha não era essa.
Considero Nicholas Sparks um bom autor, ele sabe como envolver e tem uma narrativa muito gostosa de se ler, mas ele não seria quem é se não introduzisse em suas histórias uma boa dose de drama ou tragédias.

Depois de alguns anos de casamento e duas lindas filhas, Gabby vai trabalhar no hospital da cidade e se depara com o caso de um senhor cuja esposa está em coma há alguns anos e acompanha o sofrimento do homem, e como todo o seu amor e devoção a esposa acabaram se tornando ressentimento devido ao seu quadro clínico que nunca mudara. Esse caso deixou Gabby tão chocada que ela chega a ter uma séria conversa com Travis exigindo que, caso ela se encontrasse nas mesmas condições, e seu quadro não mudasse em 3 meses, ele deveria prometer que desligaria os aparelhos e a deixaria morrer.

E como um bom clichê, isso realmente acontece. Gabby sofre um acidente e está há 3 meses em coma, sem sinais de melhora. Travis se vê obrigado a tomar uma decisão. Mas como prosseguir? Honrar com sua promessa e realizar o pedido de sua esposa? Permitir que ela morra e o deixe sozinho, junto de suas duas filhas? Impedir que ela parta, ignorando sua promessa e o testamento (que o obriga, por lei, a seguir o que foi escrito) deixado por ela?
Durante essa segunda fase acompanhamos todo o drama envolto a decisão que Travis deve tomar, mergulhando direto em suas emoções e sentindo sua angustia crescente a cada frase lida, conforme a história vai avançando.

Até onde devemos ir em nome do amor? Isso eu vou deixar que vocês descubram durante a leitura.
Uma conclusão surpreendente e uma história que nos faz refletir sobre nossas escolhas, como tudo o que fazemos gera consequências e como elas afetam a vida de outras pessoas.

Novidades, Resenhas

Resenha: Neil Patrick Harris, a Autobiografia Interativa

Neil Patrick Harris conquistou o mundo graças ao impagável Barney Stinson, do seriado How I met your mother, sucesso no Brasil, onde é exibido pelo canal a cabo Sony. Para o personagem, a vida é sempre divertida e, como adora repetir, lendária. Este primeiro livro do premiado e querido ator americano também é. Em vez de contar sua trajetória de maneira tradicional, Neil Patrick mistura realidade, ficção e muito humor. E o melhor: é o leitor é quem escolhe para que direção a história vai.

LEGEND…wait for it, DARY! Pra qualquer pessoa que já ouviu essa frase, sabe a quem ela pertence e provavelmente é apaixonado por esse ator incrível…e se esse é o caso, eu sei que esse livro é pra todos nós (porque temos que admitir, Barney Stinson é vida).

Eu particularmente não estou habituada com biografias, mesmo porque as únicas que li foram por causa da escola ou da faculdade (e me causavam sono extremo)… mas, essa não era uma biografia comum, era o maravilhoso Neil Patrick Harris contando sobre ele da maneira mais “Barney” de ser (se é que me entendem).

Acredito que a parte mais divertida foi ver que os caminhos que tomei durante o livro me fizeram duas vezes transformá-lo num cara que vendia sanduíches e sonhava com a Broadway e outra em que ele morreu numa cratera arenosa no Saara e o corpo nunca foi encontrado (imagine as minhas risadas enquanto eu lia), todas essas vezes tendo uma ilustração do fim trágico e a palavra “FIM”.

Além disso, o livro não possui ordem cronológica ou capítulos. Logo ao final do primeiro capítulo opções são apresentadas para a suas opções de vida, e todas podem levar à fins bons ou ruins:

Se você quer viver uma infância feliz, vá para a página 8.

Caso prefira uma infância miserável para depois se gabar de ter superado a pobreza contra todas as circunstâncias, vá para a página 5.

Um fato importante: você se sente como se a vida fosse sua, como se fosse alguém contando a sua história e te dizendo o quanto será bonito, pai de gêmeos… lendário (hahaha).

Brincadeiras à parte, chega a ser impressionante o tanto que Neil já realizou na vida, quem já conheceu (caviar com Elton John?), todos os filmes, peças, séries, programas que apresentou, e ele te mostra como ele (ou melhor, você) se sentiu a cada momento da sua vida, até chegarmos na sua maior realização pessoal: seu marido David e seus dois filhos.

Falando de David, não podia deixar de comentar a maneira que Neil conta como se conheceram, porque, durante toda a descrição, há anotações do marido nas laterais ou destaques grifados, nos contando o outro lado da história (momentos de pura risada e momentos “awn”).

E, é claro, não podia faltar a parte de How I Met Your Mother, onde ele conta como foi para ser contratado e sua experiência como Barney Stinson utilizando a mesma forma que a série começa (senti uma lágrima pelo fim da série?), contendo por fim, uma carta do próprio Barney sobre o que ele pensa do Neil…pois é.

Gideon, Harper, vou contar uma história incrível para vocês. A história de como me tornei um bro. [A música tema de ‘Como me tornei um bro’ começa a tocar e vemos imagens suas e do elenco.]

Posso dizer que foi uma experiência diferente e divertida, e, com certeza, me fez olhar para biografias com outros olhos. Super recomendo para todos os amantes da série, do ator, ou mesmo para se divertir conhecendo a vida dele.

Resenhas

Resenha: Perdendo-me, Cora Carmack

Virgindade… Bliss Edwards vai se formar na faculdade e ainda tem a sua. Chateada por ser a única virgem da turma, ela decide que o único jeito de lidar com o problema é perdê-lo da maneira mais rápida e simples possível com uma noite de sexo casual. Tudo se complica quando, usando a mais esfarrapada das desculpas, ela abandona um cara charmosíssimo em sua própria cama. Como se isso não fosse suficientemente embaraçoso, Bliss chega à faculdade para a primeira aula do último semestre e… adivinhe quem ela encontra?

Eu não entrei com tantas expectativas no livro, porque não conhecia a autora e também porque achei que era algum romance água com açúcar… mas não tinham passado nem 20 páginas e eu já estava rindo alto com os comentários mentais da Bliss e dessa história toda de perder a virgindade com algum cara de um bar. Ela é uma estudante de teatro, tem 22 anos, e sempre precisa estar no controle da situação, seja em relação à faculdade, a homens ou a qualquer ramo da sua vida, mas devo admitir que gostei dela.

Um dos pontos positivos do livro é que apesar de ser completamente focado no romance, você ainda participa da vida dos personagens secundários, e consegue se apegar a eles. Principalmente os melhores amigos dela, Kelsey, Cade e também a sua gata Hamlet (risadas a parte com essa daí). Kelsey, é a amiga maluca que coloca na cabeça de Bliss a ideia de que perder a virgindade é como tirar um curativo, e Cade é o perfeito melhor amigo que é lindo, carinhoso, engraçado e super atencioso… A combinação dos dois fez com que o livro, apesar de um pouco clichê, se tornasse mais divertido.

Mas falemos do mais importante, o misterioso ‘cara do bar’ que é nada mais nada menos do que um maravilhoso inglês, com um forte sotaque britânico, amante de Shakespeare, professor de teatro e ator…bem daqueles que a gente encontra em qualquer fila de banheiro de bar (só que não mesmo). Garrick, é o tipo de personagem que você precisa de 5 segundos para estar babando que nem a protagonista.

Ele colocou o livro de lado, mas não sem antes marcar onde havia parado. Meu Deus, ele realmente estava lendo Shakespeare em um bar.

Apesar de Bliss começar meio bobinha, eu achei que ela cresceu durante o livro e usou toda aquela turbulência de emoções e confusões para se tornar uma ótima atriz e também mais corajosa com as coisas que sentia. E eu realmente amei o relacionamento dela com o Garrick, porque apesar da premissa do livro, o foco não foi só o sexo, mas a relação deles em si.

Despejei tudo o que tinha de tesão, medo, dúvida e vergonha naquela apresentação de um minuto e meio. Eu me doei de um jeito como nunca fiz na vida real, porque aqui… aqui eu podia soltar e lidar com isso e fingir que não se tratava da minha pessoa… podia fingir que se tratava de Fedra. Eu era mais honesta sob o calor daquelas luzes (…)

A escrita da autora é simples e por isso a leitura flui muito bem, mas uma coisa que eu realmente gostei é que nessa trilogia (sim, são três livros) o foco não é somente em um casal. A cada livro a história continua com outros personagens que já estamos familiarizados. O segundo livro, “Fingindo”,  tem Cade como protagonista, e já temos uma leitora ( euzinha aqui) ansiosa pra ver como será a vez dele.

Resenhas

Resenha: Fúria Vermelha, Pierce Brown

Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade.

O que dizer sobre esse livro que acabei de terminar e já considero tanto? Apenas F E N O M E N A L.

Eu sei que já estamos enjoados de distopias, porque o mercado está se afogando de livros e livros desse gênero, mas sou obrigada a admitir a qualidade deste aqui, que mistura um mundo distópico, com sci-fi e aquele toque perfeito de guerras e estratégias como um jogo de War (adorava esse jogo, hahaha).

Darrow é um Mergulhador-do-Inferno, uma das funções mais perigosas e de prestígio entre os Vermelhos (classe mais baixa), e o que o torna extremamente habilidoso mesmo com a pouquíssima idade de 16 anos. É um bom menino, que perdeu o pai muito cedo, mas quando se casou com Eo, sua melhor amiga, foi como se uma parte do seu coração tivesse sido refeito.

E ele é um personagem diferente do que estamos acostumados em distopias, porque dentro das mais famosas o incômodo pela sociedade injusta está sempre presente nos protagonistas, mas Darrow realmente acredita ser parte importante e necessária da sociedade, possuindo aquela certa inocência, e tudo que ele quer é trabalhar duro pra prover o melhor pra família dele, sendo seu desejo mais ambicioso o de poder ver a luz do sol, já que trabalha no subsolo desde que nasceu.

 

Tudo que possuo é minha família e eu mesmo. Tudo o mais pertence à Sociedade. Sem eles, estaríamos na Terra moribunda como o restante da humanidade. 

Mas como se espera que aconteça, uma tragédia muda sua vida e o obriga a mudar suas perspectivas e questionar a justiça e a realidade que até então ele confiava e acreditava. Mas, essa é a única parte previsível do livro, o resto é uma montanha-russa de emoções.

As cores da Sociedade são uma parte interessante, porque é como são divididos e toda a sua composição está baseada nessa cor. Desde os cabelos até os olhos seguem o padrão da cor a que pertencem. Para se ter ideia da extensão em que se encaixam nas suas respectivas classes, a sua estrutura vai de mais resistente (Vermelhos) a mais delicada (Rosas) e inclusive indestrutível (Ouros). Tudo é uma prova do quão baixo ou quão alto você se encontra na hierarquia, não é uma questão precisa de sorte.

Admito que, como o autor tem que ambientar o universo para que possamos compreendê-lo, a leitura é lenta a princípio, mas a construção do mundo é necessária para o desenvolver da história, e, depois de uma certa parte já não é possível parar de ler.

O livro aborda os temas de forma adulta, a violência, a sede de vingança e a realidade do universo não são amenizadas, o que  é uma coisa boa, porque dessa forma é possível se apegar aos personagens e a suas respectivas realidades (afinal, como disse Augustus Waters, “a dor deve ser sentida”, hahaha).

Todos os personagens são muito bem contextualizados e intrigantes, o autor consegue te trazer os sentimentos de raiva e ao mesmo tempo compaixão em diversos casos, e uma das coisas que me agradou é que Darrow, mesmo tendo todos os motivos para ser puramente cruel, ainda mantém a justiça e a compaixão como algo a se considerar.

 

Fui forjado nos intestinos deste mundo duro. Afiado pelo ódio. Fortificado pelo amor. 

Essencialmente o livro é uma obra-prima do autor Pierce Brown. É diferente de todos as distopias que tinha lido, apesar de haver leves semelhanças com Jogos Vorazes, é algo único.

E lembra que no início falei das guerras e jogos de estratégia que esse livro tem parecido com War, não quero dar spoilers, então aqui fica apenas o gostinho a mais: existe um instituto onde todas essas estratégias são colocadas a prova (e que instituto é esse? acho que terão que ler…muahaha).

O segundo livro Golden Son deve chegar ao Brasil pela Editora Globo Livros no segundo semestre desse ano, e o terceiro Morning Star está para ser lançado nos EUA. E os direitos cinematográficos já foram vendidos para o diretor de Guerra Mundial Z, então podemos esperar um grande filme chegando por aí (ebaaa!).

Resenhas

Resenha: Quatro, Veronica Roth

Reunindo quatro histórias da série Divergente contadas da perspectiva do personagem Tobias, e três cenas exclusivas, Quatro Histórias da série Divergente oferece aos fãs da saga criada por Veronica Roth a chance de conhecer melhor a personalidade de um personagem fascinante e complexo e a chance de mergulhar mais fundo na sociedade dividida em facções criada pela autora. Com mais de 21 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, a série Divergente chegou aos cinemas com Shailene Woodley e Theo James nos papéis principais.

Quatro é um livro de contos da trilogia Divergente.

Os contos contidos na obra retratam o processo de escolha do Tobias, mostra como foi sua iniciação na Audácia e traz alguns adicionais que se encaixam em ordem cronológica na trilogia principal.

É importante deixar uma questão bem clara: eu não gosto do Tobias. Simplesmente não gosto e tenho meus motivos. Primeiramente, minha relação com o misterioso Quatro em Divergente foi saudável, eu até gostava dele, porém, veio Insurgente e a coisa desandou. Ele ficou muito chato! Logo depois, a história foi narrada sob seu ponto de vista em Convergente e, aí sim, a raiva passou para um nível consolidado.

Particularmente, esperava que a tia Veronica me fizesse mudar de ideia sobre o cara, mas não deu. Gente, ele é muito zZzZz. Uma coisa que me fez ficar descontente foi o fato de que a narração sob sua perspectiva se assemelhou MUITO com a da Tris. Em vários momentos, eu ficava imaginando ela no lugar dele. Foi tenso! O que salvou foi a chance de poder embarcar de novo pela boa e velha história ambientada em Chicago. Estava sentindo saudades de “respirar o ar das facções”. E ah… saudades!

O que mais me alegrou durante a leitura foram as aparições da minha querida Jeanine. Não importava o quão chatas foram determinadas passagens do livro, quando ela aparecia fazia com que todos os problemas que tive com o livro se sanassem. Ver a psicopatia dela sobre os considerados divergentes foi fantástico. Ela é a melhor personagem ever! Não aguento. A líder da Erudição merecia um livro só para ela. Lendo as cenas de Divergente pela visão do Quatro, deu até vontade de reler os livros. Ver Tris tão boba e indefesa deu até dó. Odeio me lembrar dela. Só lágrimas.

Enfim, os contos não acrescentam nada demais na história. A função deles serviu apenas para transportar o leitor de novo para a Chicago das facções. Recomendado para aqueles que gostaram da trilogia e queiram reviver um pouco mais do mundo criado por Roth. Antes de acabar essa resenha (que ficou curta), gostaria de falar que a capa é uma das mais bonitas que eu tenho na minha estante. É isso pessoal, abraços e até a próxima.

Livros, Resenhas

Resenha: Como eu era antes de você, Jojo Moyes

Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Trabalha como garçonete num café, um emprego que não paga muito, mas ajuda nas despesas, e namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe. Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Tudo parece pequeno e sem graça para ele, que sabe exatamente como dar um fim a esse sentimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro. Como eu era antes de você é uma história de amor e uma história de família, mas acima de tudo é uma história sobre a coragem e o esforço necessários para retomar a vida quando tudo parece acabado.

Você quer um livro feliz? Um livro com finais românticos, sobre cura e contos de fadas? Então minha dica inicial é: procure outro livro.

“Como eu era antes de você” conta a história de Louisa Clarck, uma garçonete de 26 anos, que mora com os pais e namora o mesmo cara há sete anos, e está acomodada na vida. Acomodada em tudo: em seu emprego que não tem futuro, mas ela gosta de conversar com os clientes, e é cômodo. Em seu relacionamento, que não faz seu coração bater mais forte, que não se identifica mais pela pessoa que se apaixonou, mas é cômodo. Em viver em um quarto apertado numa casa cheia, por que é cômodo. Tudo muda quando o café que Louisa trabalha é fechado, e ela tem que procurar outro emprego. Depois de muitas buscas e tentativas, ela percebe que não está qualificada para fazer nada e sua única habilidade se resume a: saber lidar com pessoas.

Pela necessidade de ajudar financeiramente sua família, Louisa se vê obrigada a aceitar o último emprego que o Centro de desempregados tem como opção: ser cuidadora de um tetraplégico por seis meses, e é essa a motivação de Louisa “são apenas seis meses”.

Ao chegar na mansão onde vai trabalhar, Louisa (e nós) conhecemos Will (e é ai queridos amigos leitores, que seu coração começa a doer um pouquinho). Will era um advogado respeitado e disputado em Londres, que passava seu tempo livre em viagens longas para praticar esportes radicais com sua namorada. Após sofrer um acidente, Will se vê preso a uma cadeira de rodas, e  se torna uma pessoa amarga, infeliz e mal humorada.

O primeiro (e o segundo, e o terceiro…) contato de Louisa e Will não são nada amigáveis. Enquanto Louisa se esforça para ajudar ao máximo, Will sempre lhe dá cortadas, e diz que sua presença não é necessária ali. Louisa permanece no emprego, onde convive mais com Nathan (enfermeiro que cuida de Will) do que com o próprio Will. E é graças a insistência da mãe de Will  que Louisa permanece no emprego e passa a conviver diariamente com ele e a respondê-lo da mesma maneira que ele : grossa e sarcástica. E então, aos poucos, eles começam a sua relação de amizade (e é ai, amigo leitor, que seu coração começa a doer mais um pouquinho).

Acredito totalmente na veracidade do livro: não é possível que duas pessoas que convivam 12 horas diariamente não criem nenhum tipo de laço. Acredito totalmente que um jovem na sua plena idade de diversão e curtição se torne uma pessoa insuportavelmente grossa e reclusa depois de um acidente. Acredito totalmente em jovens que deixam sua vida ir passando pela comodidade, pela falta de motivação de fazer algo a mais. Quando você percebe isso também, percebe como tudo pode ser verdade, como Will e Lou se parecem com pessoas que convivemos… é um problema: você já não consegue largar o livro.

Louisa e Will começam a fazer atividades juntos como assistir filmes, ou passear no ponto turístico da cidade, e Will começa a se abrir para Louisa, e não consegue entender como uma jovem tão inteligente se contenta em trabalhar em um Café. Em um desses momentos de ligação entre os dois, vemos a visita da ex-namorada de Will, que o olha visivelmente com pena e veio  lhe contar que estava noiva e Will apenas lhe dá os parabéns, mas conseguimos sentir – graças a escrita impecável de Jojo – o que ele está passando de verdade (e nessas horas amigo, nosso coração doi mais).

A cada hora que passa com Will, Louisa aprende mais. Aprende como uma pessoa consegue ser inteligente, e engraçada, e generosa mesmo estando numa situação terrível. Ela percebe como Will lhe dá mais atenção que seu namorado, Patrick, que só quer saber de trabalho e academia. Como Will lembra de detalhes que ela lhe contou há muito tempo, como Will pergunta sobre a sua família, e como eles criaram uma linda amizade. E todos os dias que tem até o fim do seu emprego (6 meses) Louisa passa planejando uma atividade nova e feliz, para fazer com que Will se senta vivo novamente. Enquanto isso, Will mostra a Louisa a sua própria capacidade de fazer coisas novas e experimentar novos ambientes, saindo da sua zona de conforto e desejando o melhor para si mesma.

“Como eu era antes de você” me deixou com a maior ressaca literária que já passei. Me apeguei a Lou, pela sua personalidade cativante e que gosta de conversar e animar as pessoas, me apeguei a Will por ser tão rabugento e engraçado, por resmungar pelos cantos e ainda assim fazer você querer ele sempre por perto e me apeguei até a Nathan, personagem terciário que nem sei por que eu gosto dele, apenas gosto. E dar adeus a esses personagens foi muito difícil.

Este não é um livro feliz, mas é um livro lindo. Se você quer ler para se distrair, ou para ver finais felizes, eu não aconselho a leitura. Mas o que posso dizer é que “Como eu era antes de você” me ensinou inúmeras lições (sobre preconceito, sobre ambição, sobre generosidade e sobre como podemos ajudar uns aos outros em todas essas passagens difíceis que sofremos na vida). Terminei a leitura em lágrimas, mas transformada. “Como eu era antes de você” ganha 5 estrelinhas no controle Rafa Donadone de qualidade, e posso dizer que é quase uma terapia, que custa apenas 29,90 na livraria mais próxima de você!

P.S. “Como eu era antes de você” já teve seus direitos autorais comprados pela MGM e vai virar filme o/

Leia nossa resenha sobre a continuação do livro, “Depois de você”, clicando aqui