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Livia Dibe

Livros, Resenhas

Resenha: Lugares Escuros, Gillian Flynn

 

Lugares Escuros conta a história de Libby Day que, quando tinha apenas 7 anos, sobreviveu a uma chacina diabólica ocorrida na década de 80, que pôs fim à vida da sua mãe e das suas duas irmãs pequenas. Agora, beirando os 30 anos e em busca de algum meio para manter o seu sustento, ela aceita a proposta (financeira) de um grupo de fanáticos por assassinatos famosos e resolve “reviver” a sua história em busca de falhas que possam ter levado, injustamente, o seu irmão para a prisão perpétua. Porém, o detalhe é que foi ela quem, aos sete anos, testemunhou contra ele.

Incrível e chocante, mais uma vez Gillian Flynn me surpreendeu com a sua escrita verossímil e impecável. A história se desenvolve de forma tão envolvente e realista, inclusive com relação à detalhes técnicos que, por vários momentos, você chega a crer que aquilo tudo é verdade.

Além disso, apesar de ser uma história fictícia (graças a Deus) é impossível não comparar com casos semelhantes que de fato aconteceram, até mesmo a reação da “sociedade” envolvida nos acontecimentos do livro refletem atitudes reais, que me levaram a pensar: “ainda bem que não é só no Brasil que as pessoas reagem dessa forma (rs)!”

As personagens são absolutamente complexas, com traços de caráter duvidosos, mas que em certo momento você se pega torcendo por elas, para que tenham um desfecho heróico e feliz, mesmo que isso seja um pouco impossível em uma história tão chocante, isso falando de um modo geral. Por sua vez, com relação à protagonista, tudo isso se multiplica, pois apesar de ser uma vítima e uma sobrevivente, de forma alguma pode ser considerada uma heroína ou uma coitada, pois a sua personalidade é feia, vergonhosa e contrária a tudo que lhe aconteceu.

O desfecho é brilhante e coerente com o restante da história, sem dar lições de moral ou revelar um pote de ouro no final do arco-íris, vez que depois da tormentosa história narrada seria impossível acontecer algo tão belo.

Apesar de ser assumidamente apaixonada pelas obras de Gillian Flynn, principalmente pelas mesmas serem desprovidas de clichês, Lugares Escuros me surpreendeu como seu eu nunca tivesse lido nada escrito por ela, enfim, me reapaixonei à terceira vista!

 

 

Atualizações

Ah o verão….

Ah o verão chegou e com ele vieram também o sol, a praia, a piscina, as férias e os clichês! Sim, os clichês que tentam impôr a todos a obrigatoriedade de serem felizes nesta estação, de estarem prontos pra pegação mas que para isso, de precisarem, necessariamente, estarem com os seus corpos “cool for the summer”, como diria Demi!

Confesso que antes de escrever este post estava com vontade de escrever sobre corridas de rua e como isso pode ser uma prática esportiva muito legal e acessível a qualquer pessoa com disposição. Só que ao assistir o clipe da música acima mencionada, fiquei pensativa sobre esta questão do “corpo do verão” e “felicidade enlatada”.

A verdade é que, apesar de adorar academia, fazer dieta (mas comer besteiras tb), correr e tudo mais, eu (e mais um monte de gente sensata) acho um verdadeiro absurdo essa ideia muito difundida na estação de que existe um tipo de corpo ideal pra você desfilar por aí. Como se a pessoa não fosse desejável/interessante porque não se enquadra em um determinado esteriótipo e mais, que não merecesse ser feliz por não ser assim.

É como se nas estações mais frias você fosse obrigada (o) a se destacar pela sua inteligência, bom gosto, cultura e erudição, mas no verão, ah…. no verão você se resume apenas ao seu corpo e ao quão prazeroso ele pode parecer (Pra quem? Que seja pra você, pfvr!!!). Me soa como uma coisa animalesca, hormonal, no sentido mais “animal planet” possível.

Enquanto uns vivenciam a frustração por não atingir ao pseudo “padrão ideal”, outros de digladiam nas academias, achando que por terem se matriculado em outubro, em dezembro estarão sustentado um corpo invejável (será? se sim, qual foi o custo?). E se não for assim, mais frustração? Será que o verão é só isso??? Pra mim, definitivamente não é!!!

Acho um absurdo a venda massiva dessa ideia, pra mim é o pior clichê do verão. Até porque, independentemente de estar com o meu corpo sarado (ainda não) ou com a “cor do pecado” (nunca terei), me recuso a frequentar praia/piscina de short ou camiseta por não atender aos padrões impostos. Em contrapartida, também respeito quem não se sente à vontade em se enfiar em um traje sumário só para se adequar, porque o mais importante é a pessoa se sentir bem consigo. Ok, isso também é um clichê, mas esse é super verdadeiro.

Antes de encerrar, gostaria de falar que apoio um estilo de vida mais saudável (não apenas no verão), que proporcione bem estar, saúde e também benefícios estéticos, pois seria muito hipócrita se dissesse o contrário. Isso é importante porque as facilidades tecnológicas  estão tornando as pessoas cada vez mais sedentárias, me arrepio só de lembrar do filme Wall-e e  no que podemos nos tornar em algumas décadas. Entretanto, sou totalmente contra a escravizar as pessoas a um esteriótipo que nos reduza a um objeto que, na maioria das vezes, possui cunho exclusivamente sexual.

Portanto, aproveitem o sol e o calor sem neuras, com liberdade e personalidade, porque nós merecemos ser felizes tanto no verão, como no ano inteiro (embora acho mais fácil com roupas mais leves)!!!