ATENÇÃO: Contém alguns Spoilers que achei necessários para expressar minha opinião sobre o filme!
Passageiros (Passangers) estreou no Brasil nesse dia 05 e chegou carregado de expectativas já que tem em seu elenco ninguém mais ninguém menos do que a queridinha de Hollywood Jennifer Lawrence e o galã Chris Pratt. Dirigido pelo norueguês Morten Tyldum, o filme se passa no futuro, onde a Terra é o centro da civilização com vários planetas colônias. Há uma empresa especializada em viagens interplanetárias que transporta as pessoas para as colônias, que vão em busca de mais espaço, mais qualidade de vida, um recomeço.
A história começa quando 5 mil pessoas estão indo para um planeta colônia e devem ficar em estado de hibernação durante 120 anos. Uma chuva de meteoros causa uma pane na nave e faz um passageiro acordar 90 anos antes da hora, Jim Preston (Chris Pratt). Ele passa 1 ano tentando voltar a dormir: estuda todo o funcionamento das cabines de hibernação, tenta falar com alguém da Terra e até tenta acordar alguém da tripulação, mas nada funciona. Enlouquecido e embriagado, depois de pensar em se soltar no espaço e morrer, Jim esbarra na cabine de Aurora Lane (Jennifer Lawrence), que vira sua obsessão.
Aurora é uma escritora que, para escrever a maior história de todas, se aventura nessa viagem para passar 1 ano na colônia e voltar para a Terra e conquistar muitos leitores. Preston pesquisa tudo sobre ela, assiste seus vídeos diariamente, lê todos os seus livros e se convence que está apaixonado por ela. Aí entra o dilema do filme: ele deve acordá-la ou não? Depois de muito deliberar consigo mesmo e com o robô barman, sua única companhia na nave, Jim decide por acordá-la, mas é claro que ele não conta para ela, deixando que acredite que seu despertar antes da hora foi um erro como o dele.
Passageiros tenta juntar vários gêneros em um só filme: romance, suspense, ação, ficção científica e até um pouquinho de terror, pois, quando ela descobre a verdade, se vê presa em uma nave até sua morte com seu próprio assassino. O problema é que, com tantos gêneros juntos, nenhum lado da história se mostra forte o bastante para prender a atenção e convencer o expectador.
Depois que Aurora descobre a verdade e se afasta de Jim, eles descobrem que a nave está com problemas mais sérios do que pensavam e se juntam para consertar as coisas e salvar a vida dos outros passageiros que, ao contrário deles, ainda têm chance de chegar até a colônia e realizar seus sonhos de uma nova vida. Como mágica, isso faz com que eles se aproximem novamente até o ponto em que, mesmo podendo voltar a dormir depois que tudo foi resolvido, Aurora escolhe ficar com Jim porque o ama.
Nessa parte, eu cheguei a um impasse muito grande: ele tinha direito de acordar Aurora e condená-la ao mesmo destino que o dele? E, assim sendo, é verossímil que ela o perdoe e abra mão de uma vida toda de realizações tão sonhadas? Alguns vão defendê-lo e dizer que ele estava desesperado e que qualquer um faria a mesma coisa e eu não sou ninguém para julgar o desespero do outro, mas o jeito que foi colocado no filme ficou muito superficial e não convenceu. A própria Aurora diz que ele é um assassino, que tirou a vida dela sem consentimento e, no fim, declara amor eterno.
Li várias críticas que dizem que o filme traz em sua essência a “cultura do estupro”, onde coloca a mulher como o ser inferior que deve aceitar a vontade do homem e sempre perdoá-lo, pois ele é homem e é assim mesmo. Eu não levaria a esse extremo, mas Passageiros tenta nos fazer engolir um romance água com açúcar onde a mocinha vê no homem seu cavaleiro no cavalo branco que tem todas as atitudes justificadas, salva o dia e se redime no final.
Da mesma forma, as cenas de ação tiveram muitos efeitos especiais, mas poucas coisas para serem feitas. A ficção científica que poderia ter sido mais explorada terminou só como um pano de fundo e ficou claro que o romance era o foco das atenções, mas, para um filme com a tão aclamada Jennifer Lawrence, Passageiros merece, no máximo, um horário na Tela Quente da Globo.