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Resenha: A morte é um dia que vale a pena viver, Ana Claudia Quintana Arantes
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As melhores frases de “A morte é um dia que vale a pena viver”

Em 2012, Ana Claudia Quintana Arantes deu uma palestra ao TED que rapidamente viralizou, ultrapassando a marca de 1,7 milhão de visualizações. A última fala do vídeo, “A morte é um dia que vale a pena viver”, se tornou o título do livro que, desde seu lançamento em 2016, vem conquistando um público cada vez maior.

+ Resenha: A morte é um dia que vale a pena viver, Ana Claudia Quintana Arantes

Uma das maiores referências sobre Cuidados Paliativos no Brasil, a autora aborda o tema da finitude sob um ângulo surpreendente. Segundo ela, o que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la, de não usarmos nosso tempo da maneira que gostaríamos.

Invertendo a perspectiva do senso comum, somos levados a  repensar nossa própria existência e a oferecer às pessoas ao re dor a oportunidade de viverem bem até o dia de sua partida. Em  vez de medo e angústia, devemos aceitar nossa essência para que o fim seja apenas o término natural de uma caminhada.

As melhores frases de “A morte é um dia que vale a pena viver”

“O que você vai fazer com esse tempo que vai passando? O que você está fazendo com esse tempo que está passando? O que eu faço com meu tempo?”

“A preocupação do morrer traz a consciência de que nada do que temos ficará conosco.”

“Não é possível segurar o tempo. Em relação a ele, a única coisa de que podemos nos apropriar é a experiência que ele nos permite construir o tempo todo.”

“Todas as pessoas morrem, mas nem todas um dia poderão saber porque viveram.”

“Não há espaço para falar de morte com pessoas que não estão vivas em suas próprias vidas.”

“Quando passamos a vida esperando pelo fim do dia, pelo fim de semana, pelas férias, pelo fim do ano, pela aposentadoria, estamos torcendo para que o dia da nossa morte se aproxime mais rápido.”

“Com ou sem prazer, estamos vivos 100% do tempo. O tempo corre em ritmo constante. Vida acontece todo dia, e poucas vezes as pessoas parecem se dar conta disso.”

“O problema é que caminhamos ao lado de pessoas que pensam que são eternas. Por causa dessa ilusão, vivem suas vidas de forma irresponsável, sem compromisso com o bom, o belo e o verdadeiro, distanciados da própria essência.”

“Gente viva que vive de um jeito morto.”

“Quando estamos perdidos, a gente encontra lugares que, se a gente soubesse onde estavam, jamais teria encontrado.”

“Todos chegaremos ao fim. Qual é o caminho mais difícil até esse dia? Aqueles na vida que só tiveram uma escolha, a de sobreviver, em geral chegam ao final da vida com a plena certeza de que fizeram o melhor que podiam com a chance que tiveram.”

“A energia de um trabalho que não traz sentido à nossa vida, é uma energia ruim. Se ganhamos uma fortuna e chegamos à nossa casa com cara de zumbis, tem algo errado.”

“A baixa autoestima é um jeito torto de ser egocêntrico. Não somos tão especiais a ponto de todos pensarem que não somos bons o suficiente.”

“A palavra tem poder de transformação e de destruição muito maior do que qualquer tratamento. Muito maior do que qualquer cirurgia ou remédio. E tem muito mais poder quando ganha voz.”

Resenha: A morte é um dia que vale a pena viver, Ana Claudia Quintana Arantes
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Resenha: A morte é um dia que vale a pena viver, Ana Claudia Quintana Arantes

Senti vontade de ler A morte é um dia que vale a pena viver ouvindo um podcast da Mônica Martelli, em que ela falava sobre sua vida, sobre fazer escolhas e entender que se está no caminho certo (spoiler: a gente nunca entende). Ela indicava esse livro como um daqueles que mudara a sua vida. Como sou muito fã de toda a narrativa que Mônica criou em sua vida e em sua arte, comprei o livro na mesma hora e me surpreendi: devorei em uma única sentada.

+ Resenha: Violetas na Janela, Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho – pelo espírito Patrícia
Resenha: Carta de Amor aos Mortos, Eva Dellaira

A morte é um dia que vale a pena viver é um livro narrado em primeira pessoa pela autora, Ana Claudia Quintana Arantes, que após estudar medicina, descobriu e decidiu trabalhar com Cuidados Paliativos e desmistificar o que significam esses cuidados, dentro de hospitais. Primeiro, ela começa explicando que algumas doenças não têm cura. Não há o que fazer além de testes que podem mitigar todo o resto de bem-estar que um paciente tem no hospital. Quando isso acontece, muitos médicos dizem que chegaram ao seu limite e acabam sedando o paciente para uma morte “tranquila”, “dormindo”.

O que você vai fazer com esse tempo que vai passando? O que você está fazendo com esse tempo que está passando? O que eu faço com meu tempo?

Ana Claudia resolveu estudar e ir além nessa atuação. Já que não há nada para ser feito do ponto de vista da cura, o que pode ser feito para que os últimos dias daquelas pessoas sejam os mais agradáveis possíveis? Com menos dor, mais alegria e mais presença daquilo que eles realmente querem? É nesse Cuidado Paliativo, que ela faz questão de escrever com letras maiúsculas no livro que ela acredita e nos explica durante as 192 páginas que permeiam suas reflexões sobre a nossa vida – e principalmente, o dia da nossa morte.

A preocupação do morrer traz a consciência de que nada do que temos ficará conosco.

Nós não temos certeza de nada enquanto vivemos. Não dá para saber se vamos seguir a carreira certa, se vamos fazer as melhores escolhas, como será o dia de amanhã… Mas uma coisa temos certeza: iremos morrer. E quando a morte chega, ela aparece como uma muralha da China na nossa caminhada. Não tem o que fazer, é a linha de chegada. Não dá para pular, dar a volta, transpor. E essa muralha tem um espelho que vai te fazer olhar para si próprio e se questionar: o que você fez do seu tempo vivo? Você viveu ou apenas sobreviveu?

Não é possível segurar o tempo. Em relação a ele, a única coisa de que podemos nos apropriar é a experiência que ele nos permite construir o tempo todo.

Em todos esses anos de Cuidado Paliativo, ela conta que ouviu inúmeras histórias de pessoas que se arrependiam de ter passado a vida toda correndo atrás de dinheiro, de pessoas que gostariam de ter perdoado ou de serem perdoadas, de pessoas que gostariam de ter seguido um sonho antes que foi adiado, adiado, adiado, até que não desse mais para cumprir. O tempo é o nosso bem mais precioso por aqui e é o único bem que não se renova. Ele não tem volta. O que gastamos, gastamos. Será que não estamos gastando-o em coisas que não queremos de verdade? Será que estamos gastando nosso tempo em um emprego medíocre que paga bem, nos faz comprar um Porsche mas que também nos faz chegar em casa sem energia nenhuma e com olheiras que vão no pé?

Todas as pessoas morrem, mas nem todas um dia poderão saber porque viveram.

A morte é um dia que vale a pena viver é uma narrativa crua, singular e sincera sobre alguém que está ali quando todos estão partindo para o outro lado. Ana Claudia é uma espécie de anjo da morte que escuta as mais sinceras confissões, que auxilia no conforto do último suspiro e garante aos que ficam: a morte é um dia que vale a pena viver. Enquanto o seu dia não chega e você o teme chegar, o que você tem feito na lacuna?

Não há espaço para falar de morte com pessoas que não estão vivas em suas próprias vidas.

Um novo olhar sobre o luto: 3 leituras para ressignificar perdas
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Luto: 3 leituras para ressignificar perdas

Embora a morte seja uma das poucas certezas que se tem na vida, lidar com a perda é sempre difícil para quem vivencia o luto. A dor por não ter mais aquela pessoa querida por perto vai existir, porém, é possível encontrar outras maneiras de se conectar e cultivar boas memórias.

+ Como o cérebro lida com o luto?

A partir desta perspectiva, selecionamos três livros que vão contribuir para ressignificar o luto e desconstruir a imagem temível da morte. Com estas obras, você poderá encontrar um novo sentido para as perdas e até mesmo para a própria existência.

3 leituras para lidar com o luto

Morte: a essência da vida

O que é o luto, se não uma oportunidade de enxergar a vida sob uma nova perspectiva? É essa visão que a escritora e defensora dos direitos humanos, Barbara Becker, apresenta no livro Morte: a essência da vida. Ao presenciar inúmeras perdas desde a juventude e, ao tomar conhecimento do diagnóstico terminal da melhor amiga de infância, Becker buscou o significado do que é ser mortal e qual o sentido de viver sabendo que a morte é o fim. As respostas estão reunidas neste livro.

(Autora: Barbara Becker | Editora: Latitude)

Vamos falar sobre a vida?

A morte de uma pessoa querida é um tema difícil de ser abordado com crianças e adolescentes, ainda mais quando os pais também vivenciam o luto. Depois de passar por essa experiência, a psicopedagoga Camila Capel escreveu Vamos Falar sobre a Vida? para conciliar a perda em família. Nesta obra, a autora convida o leitor a desconstruir imagens, conscientes e inconscientes que carrega sobre temas de vida e morte.

(Autora: Camila Capel)

Cuide dos seus achados, esqueça os seus perdidos

Ressignificar. Este é o convite que a cronista Aurê Aguiar faz aos leitores no livro Cuide dos seus achados, esqueça os seus perdidos. Na obra, publicada pela Citadel Grupo Editorial, a autora aborda diferentes tipos de luto: um ente querido, um amor, uma amizade e até mesmo um trabalho. E mostra de que maneiras é possível encontrar aprendizados até mesmo nos finais tristes.

(Autora: Aurê Aguiar | Editora: Citadel Grupo Editorial)

Como o cérebro lida com o luto
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Como o cérebro lida com o luto?

O luto é um momento difícil em que muitas emoções diferentes afloram, mas a neurociência tem uma explicação para isso. Em “O cérebro de luto”, novo livro da Principium (Globo Livros), a pesquisadora e professora de psicologia Mary-Frances O’Connor explica como o nosso cérebro lida com a dor da morte e também com outros tipos de luto, como uma demissão, o fim de um relacionamento, uma limitação provocada por alguma doença, etc.

+ Minhas considerações sobre você, luto

A autora explora as diferentes fases do processo e discute como a idade, o gênero e a personalidade podem afetar a forma como lidamos com a perda. Com uma linguagem clara e descomplicada, o livro combina um texto leve e afetuoso com explicações científicas acessíveis, baseadas nas mais recentes pesquisas e na própria experiência da autora para ajudar os leitores a entender melhor o que acontece — neurológica, física e emocionalmente — quando estamos em luto e a lidar com a perda com mais facilidade.

A psicóloga também fornece ferramentas práticas e exercícios para ajudar os leitores a lidarem com o próprio luto ou o de terceiros, para que todos possam encontrar a cura emocional.

Sobre a autora

Mary-Frances O’Connor é psicóloga clínica e pesquisadora na área de perda. É professora de psicologia clínica na Universidade de Arizona, nos Estados Unidos, e diretora do Laboratório de Neurociência na mesma universidade. O’Connor é uma pesquisadora ativa na área de luto há mais de 20 anos e já publicou inúmeros artigos em revistas científicas sobre o tema. Seu trabalho é reconhecido internacionalmente e ela é frequentemente convidada a dar palestras e entrevistas sobre suas pesquisas.

Resenha: Confissões do Crematório, Caitlin Doughty
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Resenha: Confissões do Crematório, Caitlin Doughty

Confissões do Crematório é um livro que chegou até mim em um momento de luto. Aquele momento em que a gente quer entender e desvendar todos os mistérios da morte. E posso dizer que fui surpreendido positivamente com a narrativa de Caitlin Doughty e também, por ser o primeiro livro da Darkside que eu realmente gosto.

Um livro para quem planeja morrer um dia “Uma menina nunca esquece seu primeiro cadáver.” – Caitlin Doughty

É a única certeza da vida. Então, por que evitamos tanto falar sobre ela? A morte é inevitável, sentimos muito. Mas pelo menos, como descobriu Caitlin Doughty, ficar a sete palmos do chão ainda é uma opção. ”Confissões do Crematório” reúne histórias reais do dia a dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos históricos, mitológicos e filosóficos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, Caitlin Doughty desmistifica a morte para si e para seus leitores. O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician e da – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira honesta, inteligente e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma benção, é apenas uma forma profunda de terror”. Caitlin Doughty é agente funerária, escritora e mantém um canal no YouTube onde fala com bom humor sobre a morte e as práticas da indústria funerária. É criadora da websérie Ask a Mortician, fundadora do grupo The Order of the Good Death (que une profissionais, acadêmicos e artistas para falar sobre a mortalidade) e também autora de Confissões do Crematório.

Explico: não tenho uma boa relação com os livros da editora. As edições são lindas, espetaculares, disso não há o que questionar. Também acho os valores justos, mas quando falo de conteúdo, sempre me deixou a desejar. Aconteceu isso com “O Segredo dos Corpos”, “Bruxa Natural” e alguns outros.

O livro conta a história da própria autora, Caitlin, que também é curiosa com relação aos trâmites da morte. Com isso, ela resolve arrumar um estágio em um crematório da sua cidade, sem experiência nenhuma. Lá, ela precisa barbear mortos, preparar cadáveres e limpar até os fornos de cremação e nos leva para uma jornada em que nos deparamos com a nossa perenidade e com a nossa organicidade.

Sim, Confissões do Crematório nos traz a consciência de que somos orgânicos. Para além das crenças espirituais do que acontece na vida depois da morte, conteúdo que tive contato em “Violetas na Janela”, Confissões é um livro mais cru, que fala mais dos corpos que das psiques.

Além das confissões do que pode acontecer com nosso corpo nesses locais, Doughty traz para a nossa consciência que a morte é um negócio lucrativo, que faz de tudo para afastar a experiência dos vivos, que continuam sua jornada na Terra.

O livro é dividido na parte em que Caitlin está trabalhando no crematório, parte que gosto mais, e em uma segunda parte, quando ela resolve se especializar “na morte” e ir estudar em outro estado. Com isso, ela mostra que o negócio americano da morte vai muito além do que a gente imagina. Essa segunda parte não me agradou tanto, talvez pela falta de proximidade.

Mas, se você é uma pessoa (enlutada ou não, apesar de que, se estiver em luto, assim como eu, creio que a leitura pode ser mais proveitosa) interessada pela morte, Confissões do Crematório é um livro indispensável e que me fez entender como quero chegar ao fim da vida e como quero que lidem com meus restos mortais.

Minhas considerações sobre você, luto
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Minhas considerações sobre você, luto

Hoje faz cinco meses. Por mais que insistam em dizer que minha vó se foi no dia 12/12, para mim, a partida aconteceu no dia 11. No interminável dia onze que também foi o último dia que estivemos juntos. O dia doze nunca existiu. Só existiu um dia onze que durou 48 horas ininterruptas e que depois se tornou dia treze, o número do azar, como dizem por aí. No fundo, eu sempre soube que seria você o primeiro luto a vir. Desde criança, eu soube que você seria a primeira a ir embora, vó. Nunca falei para ninguém das intermináveis noites em que eu chorava sozinho, convulsivamente, com a possibilidade desse dia chegar. Mas o sol brilhava lindo no dia seguinte porque o dia ainda não tinha chego. Porque você estava lá, me dando bom dia com suco de laranja.

+ Esqueci como respira

Até que o dia chegou. De mansinho. Quando eu menos imaginava, quando eu menos esperava. Quando eu sequer pensava que você viria, luto insensível e que chega sem avisar. Não dá nem um spoiler. A gente bebeu, conversou o dia todo, demos risada, nos divertimos… E na madrugada você se foi, sem sequer me dar um toque. Podia ser uma coisa breve. Podia ser algo do tipo olha, aproveita, viu? Amanhã não estou mais aqui.

Escute ouvindo nossa música preferida, “Meu mundo caiu”, de Maysa, que mais parece uma premonição desse dia horroroso

De fato, eu aproveitei mesmo sem aviso. Não sei explicar o que existia dentro de mim naquele dia onze que me fez aproveitar tanto a sua presença, vó. Talvez tenha sido o mesmo sentimento que me fez chorar por noites a fio com a possibilidade que me trouxe um sutil alerta de que agora seria de verdade. Inconsciente, eu não devo ter percebido. Mas que bom que é o inconsciente que guia nossa vida, né? Porque o luto só vem e entra sem bater, derrubando tudo o que tem pelo caminho.

Quando cheguei em casa nesse mesmo fatídico dia, dormi. Ressaca. A gente tinha bebido muito juntos, vó. Eu nem sei se já bebi essa quantidade na vida. Mas você gostava e assim foi. Acordei de madrugada com um mal estar horrível, tomei meu banho e voltei pra cama. Tudo inconsciente, afinal, esse mal estar só podia ser a ressaca, né? Coloquei A Diarista pra passar na TV, a série que a gente gostava de ver juntos e que, até hoje, vinte anos depois, continuava sendo minha série de conforto.

Cinco minutos depois, a ligação veio. Você tinha partido uma hora atrás. Como assim, morreu? Eu gritei. Não tem como morrer assim. Ninguém morre do nada, sem dar a chance da tecnologia médica intervir, fazer alguma coisa, reanimar. Não é pra isso que serve aqueles choques que dão no coração? Aquele monte de máquinas que ficam apitando e fazendo você ficar vivo, mesmo que de forma mecânica? Como assim morreu sem sequer passar pelo hospital antes, dar algum aviso, algum sintoma? Não, não pode ser.

Mãe, só me fala para onde preciso ir que chego em 20 minutos. Vem para o IML, ela disse. IML, kkkkk. Esse é o lugar para onde levam pessoas que a gente tem certeza que estão mortas. Se minha avó passou mal, ela deve estar no hospital primeiro. Ninguém vai pro IML tão rápido assim. O corpo nem esfriou ainda, como vai pro IML, pensei, mas fui.

É, luto maldito. Você me esperava lá. Era o IML mesmo e o corpo da minha vó em uma maca que parecia um barquinho. Um barco que conduzia sua existência para longe da minha existência. Sua bochecha estava corada. Ainda era você, Vokinha. Só estava dormindo. Ainda estava envolta naquela manta que muitas vezes dividimos para assistir A Diarista. Para de brincadeira, vó. 

Não era brincadeira e eu sabia. Inconscientemente de novo, todas aquelas noites de choro agora eram um dia interminável. Pra mim, ainda o dia onze. Para o resto do mundo, era a segunda-feira doze. A segunda-feira doze para mim se tornou mais temível que qualquer sexta-feira treze.

Chegou o velório. O caixão abriu. Não era você ali, vó. E você, luto, fazia questão de me espancar essa realidade de que, quem estava deitada ali, era uma boneca de cera que sequer parecia minha vó de aparência. O que vocês tinham feito com ela? Por que ela não estava se decompondo como um cadáver normal? Por que ela parecia uma boneca encerada, maquiada, com as bocas costuradas e os olhos colados? Um ser humano se decompõe quando morre. Não vira um boneco inchado e irreconhecível.

Mas, apesar de ser irreconhecível, o inconsciente estava em conluio com você, maldito luto. E me fez perceber que, sim, era o que restou de você. Um pedaço inanimado de carne com produtos químicos que retardavam a decomposição, mas que ainda sim ia pro trato digestivo de vermes, bactérias, minhocas ou seja lá o que que vive embaixo da terra.

A pior parte veio depois. Aquele bando de familiar que eu sei que falava mal de você, vó, indo perto do seu caixão prestar as últimas homenagens. Estão aliviados agora que ela morreu, né? Bando de hipócrita falso, maldito. Era o que eu queria falar. Era o que eu não parava de pensar, com ódio, com raiva. Estão felizes em ver ela assim? Morta? Né? Acabou! Veio ter a prova de que esse foi realmente o fim, né, sua galinha desgraçada? Mas a norma social me fazia ficar ali, no cantinho, com os pensamentos pra mim. Observando, contendo minha raiva, chorando, ficando ao lado do caixão com esse fantasma maldito do luto do lado.

Sei que em determinada hora, acho que foi quando o caixão abriu, eu dissociei, como se meu cérebro quisesse me acordar do pesadelo dizendo esse é só mais um sonho daqueles, ACORDA AGORA, vai dar bom dia para sua vó e tomar suco de laranja com ela. Mas não era mais um sonho daqueles e meu cérebro compartilhava comigo a frustração de não conseguir acordar, de não conseguir fugir daquele dia onze interminável, nem tampouco daquela segunda-feira doze maldita. Alguém me abraçou, segurou meus braços e me tirou de estar debruçado ali do caixão. Eu queria gritar para que me deixassem ali. Eu não queria ser salvo, eu não queria ser tirado dali, pelo amor de Deus, me deixa ficar aqui, me deixa tentar dissociar até que eu acorde, até que eu consiga sair desse pesadelo. Eu já saí outras vezes, eu já manipulei meu sonho outras vezes, vou conseguir de novo. Me deixa aqui. Mais alguns minutos e eu consigo. Sempre demorou, mas eu sempre consegui. Me deixa, me deixa, me solta, para de me afastar desse pedaço de carne em decomposição que horas atrás era minha vó que estava abraçada comigo, bebendo e comendo bolo de chocolate. Me deixa, caralho. Me solta. Eu não consegui dizer nada e fui só levado. Eu sequer consegui pensar tudo isso assim, em palavras.

Ali, eu era um amontoado de sentimentos que nunca me ensinaram a sentir debruçado em um amontoado de carne em decomposição que outrora fora minha avó.

O resto do dia transcorreu com eu fugindo dos seus abraços, luto. Cada pessoa que vinha me abraçar desejando força, paz do senhor ou força no meu coração me faziam sentir a bile na garganta. Sim, quase vomitei na cara de cada pessoa que, com mais boa vontade que tivesse, vinha me desejar seus sentimentos ou forças. Eu não queria seus sentimentos, já estou repleto dos meus. Guarde o seu para você e me deixa aqui, definhar até quem sabe morrer junto. Não quero saber de deus, de jesus que habita meu peito, de nada disso. Se existisse de fato um outro plano, a gente já saberia. Acabou aqui. Minha vó morreu. Seu cérebro simplesmente decidiu que era hora de parar, os órgãos pararam junto e agora resolveram que não deveriam mais funcionar e sim, comê-la de dentro pra fora até que nada mais se reste.

Não tem lado de lá. Parem de me abraçar. O único abraço que eu quero ter agora é o único que não posso ter. Seu abraço nojento só me lembra desse maldito luto, desse maldito fantasma, dessa maldita sombra que vai me acompanhar pro resto dos meus dias para me lembrar que minha vó não vai ver eu terminar uma nova faculdade, que ela não vai estar no meu casamento, na festa de um ano do meu filho e nem vai conhecer minha primeira casa própria. Não vai. Nem do plano de lá porque simplesmente isso não existe. É fábula para consolar quem fica. Nós. Os vivos com um fantasma pesado e insuportável do luto.

E você sabe que é maldoso, querido luto. Mais maldoso que a própria morte. Você faz aquele primo meu que eu não falo há anos, que eu amava falar mal com a minha vó, esquecer nossas diferenças ao lado do caixão e vir me abraçar desejando força e pêsames. Para o caralho com seus sentimentos. Você não sabe o que estou sentindo porque no segundo seguinte, você está fora da capela, ABRAÇANDO A SUA VÓ, VIVA, ALI, DO SEU LADO, CONVERSANDO. Eu sei que você pensa: coitado do Gabriel, ele não pode mais fazer isso, mas, que bom que eu posso. Antes ele do que eu. Antes a vó dele do que a minha.

Eu sei que você pensou isso. Eu mesmo já pensei isso em outros velórios: que pena, perdeu a pessoa. Mas que bom que eu não perdi ninguém e posso ir embora desse pesadelo de energia densa para o abraço daqueles que eu amo.

Até que eu não pude ir embora mais.

E todo dia pra mim é o mesmo dia. A maldita segunda-feira 12. Ou a maldita noite de domingo, dia 11.

Resenha: Violetas na Janela, Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho - pelo espírito Patrícia
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Resenha: Violetas na Janela, Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho – pelo espírito Patrícia

Violetas na Janela foi de longe o livro mais recomendado para mim quando minha vó morreu. Meus amigos, minha analista e até mesmo, algumas pessoas desconhecidas diziam que eu precisava ler este livro. Não sou espírita, a única vez que li um livro espírita na vida foi quando perdi meu cachorro aos quinze anos. Sim, parece um padrão recorrer a esse tipo de literatura quando a gente precisa de um alento para além da matéria.

Patrícia desencarnou aos dezenove anos. No mundo dos espíritos, recorda que despertou tranquilamente no plano espiritual, sentindo-se entre amigos. Feliz com a acolhida, adaptou-se à nova vida auxiliada por espíritos benfeitores que a receberam na Colônia São Sebastião. Em Violetas na janela, Patrícia explica o que é a desencarnação. Descreve as belezas do plano espiritual, onde não faltam trabalho, estudo e diversão. No início, estava cheia de dúvidas… Do que se alimentaria? O que vestiria? Sentiria as mesmas necessidades? Enfrentaria o calor, o frio? Aos poucos, tudo se esclareceu ao conviver com outros jovens desencarnados. Conheça o outro lado da vida: entenda como devemos proceder diante da morte de um ente querido – o que fazer para superar a separação e confortar aquele que partiu. Patrícia exemplifica a lição, relembrando a inesquecível ajuda que recebeu de familiares espíritas. (Livro 1 da Coleção Patrícia)

Violetas na Janela conta a história de Patrícia, uma garota que desencarnou aos dezenove anos e conta das suas experiências do lado de lá. Desde sua morte, entendemos, de acordo com a crença espírita, o que acontece com seu espírito na colônia, enquanto ele se desliga do corpo físico, lida com o luto, com os familiares e com a nova vida. É uma leitura leve, tranquila, e parece dar a sensação de que alguém está realmente te contando uma história. Vários foram os dias que li Violetas na Janela para dormir, peguei no sono e tive sonhos lindíssimos com a minha vó.

De acordo com o livro, leva algum tempo até o espírito se desligar do corpo físico, período este em que o desencarnado dorme bastante. Quando acorda, ele é recebido por um ente querido que funciona como uma espécie de mentor no seu mundo espiritual. Lá, ele precisa aprender a se alimentar, a se vestir, a trabalhar e a levar a vida. O grande ombro amigo do livro se dá quando se falam dos entes queridos que ficaram na Terra: quando eles choram, sofrem ou sentem saudades, o espírito se sente mal, triste e pesado. Quando os encarnados desejam um caminho de luz, alegria e felicidade, é como se enviassem flores para o espírito, que se sente cada vez mais forte e amado.

Devem os encarnados pensar nos desencarnados sadios, felizes e desejar-lhes alegria.

A leitura é realmente um abraço quentinho para quem acredita que existe vida após a morte e que a morte não é o fim de tudo. Discordo de vários pontos do livro, o que considero perfeitamente normal por não ser da doutrina espírita mas, resolvi ficar e levar para o coração a mensagem principal que, onde quer que estejam os nossos entes desencarnados, que estejam bem, felizes e em seu caminho de luz. Por aqui, se lembrar com amor e ternura segue sendo nossa forma mais singela de amar.

O não entendimento da continuação da vida leva muitas pessoas a terem pena de quem desencarna. A desencarnação para os bons é paz e alegria. Para os maus e ociosos é o começo de sua colheita.

esqueci como respira
Autorais, Livros

Esqueci como respira

uma semana que eu esqueci como respira.

o processo de luto é muito peculiar. me pego várias vezes fazendo planos sem lembrar que minha vó se foi. em outros momentos, escuto a ligação da minha mãe me dando a notícia e o ar sumindo. de vez em quando parece que não tem mais ar pra respirar. e depois passa.

biel, a vokinha morreu. infartou.

depois vem a saudade boa. as lembranças boas. e então, parece que o ar vai faltar novamente. o ar parece que não preenche os pulmões. e eu volto pro início desse ciclo. eu sempre soube. mas jamais estaria preparado.

Leia ouvindo: Oceano, Mc Tha

tem horas que a saudade aperta tanto que não dá pra respirar. é engraçado porque moro longe da minha vó há alguns anos. mas, agora saber que nunca mais vamos nos ver nessa vida é sufocante, torturante.

em horas que estou distraído e penso: meu deus, preciso comprar uma caixa de skol beats para o natal. aí lembro que não preciso de uma caixa esse ano. minha vó não vai estar lá pra beber igual água comigo e sozinho não bebo tanto.

essa lembrança que assombra da ligação da minha mãe me dando a notícia é a pior. é ainda pior que entrar naquela sala minúscula do iml pra reconhecer o corpo. é ainda pior que ver que sim, era minha vó ali. ainda quente com as bochechas coradas.

biel, a vokinha morreu. infartou.

só não é pior que perceber a impotência e a impermanência da vida. ali, não tinha nada que pudesse ser feito. nenhum dinheiro no mundo, nenhum querer no universo, nenhuma simpatia, magia, misticismo ou medicina poderiam reverter.

a hora tinha chego. o meu ar tinha ido. e o apesar de pesava. pesava muito. o ar pesava muito. parecia chumbo nos pulmões. e o sangue ainda corria. não podia ser um engano? médicos também se enganam. ninguém morre assim, né? do nada. sem reanimar. sem nada.

como que pode isso? como que pode não ter nada na medicina que possa ser feito? tanta tecnologia, tantos anos de estudo e nada pode ser feito? eu tenho que aceitar? como se aceita o inaceitável? como se aceita o peso da ausência física eterna?

como se aceita o entender que minha vó nunca mais veria eu me formar. eu ter um filho. eu envelhecer. como se aceita o conformar de que eu nunca mais vou comer aquele frango frito que só ela fazia? como substituo os verbos no presente pelos verbos no passado?

como deixar algo no passado que eu quero que faça parte do meu presente e do meu futuro? como? como existir em um mundo onde não se existe mais? onde nunca mais poderemos rir, fazer planos e até se desentender, brigar?

como existir sem a existência física? como respirar esse ar pesado, irrespirável, sufocante? eu não sei.

esqueci como respira.

por enquanto, vou tentar me lembrar como se respira.

Quem cuida de quem cuida?
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Quem cuida de quem cuida?

Quando recebemos um diagnóstico médico difícil na família, pode parecer um pouco contraditório ter que parar e olhar para as suas próprias limitações, não apenas para as do ente adoentado. Segundo Cláudia Barroso, psicanalista à frente do Bem me Care há mais de 10 anos, e que já atendeu inúmeras famílias nessa situação, é preciso desenvolver um novo olhar sobre a doença, o paciente e sobre si mesmo para um melhor enfrentamento das mudanças que virão.

“Uma família abalada por um diagnóstico médico difícil necessita de ajuda para cuidar não apenas de quem está adoecido, mas para entender a saúde emocional de todos os envolvidos, como estão os vínculos diante do diagnóstico que estão enfrentando e como os papéis estão organizados”, explica Cláudia. Muitas vezes, a doença pega todos de surpresa e não há muito tempo para esse processo dentro da dinâmica familiar.

+ O tédio faz parte das relações saudáveis
+ Processo de luto é ainda mais difícil na pandemia

Cláudia lembra: “é natural que o foco seja quem tem a doença ou a nova condição. Mas receber o diagnóstico e fazer os ajustes necessários pode ser um processo muito doloroso, que se assemelha a um processo de luto”. Aquela pessoa já não pode mais desempenhar todos os papéis que antes lhe cabiam, e talvez precise de cuidados extensivos e com certa urgência, o que toma tempo e interfere no funcionamento emocional de todos.

“Entretanto”, enfatiza a psicanalista, “quanto mais rápido fizermos essa análise e resolvermos não apenas as questões burocráticas, mas as emocionais envolvidas, mais fácil será a adaptação”. Existem casos bem específicos, em que é preciso preparar os membros da família para todos os tipos de mudança, da rotina da casa à da empresa, por exemplo.

“Quem cuida pode adoecer também. Pode desenvolver culpa, angústia, ansiedade”, explica Cláudia, “e é uma realidade que precisa ser observada, mesmo ainda sendo um tabu”. Quem cuida precisa ser cuidado, também. E, muitas vezes, esse processo é esquecido em meio a tantas obrigações com quem está doente.

O Bem me Care desmistifica o fato de que só o familiar adoentado precisa de cuidados. As sessões, que funcionam de forma emergencial, são realizadas em grupo com os familiares, amigos e pessoas próximas que têm suas vidas modificadas pela situação. “É nesse ambiente acolhedor e no qual não há julgamentos que todos podem colocar suas dúvidas, incertezas, fragilidades, e encontrar uma forma de, juntos, desenvolver um novo olhar sobre a situação”, finaliza a especialista.

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Setembro Amarelo continua em pauta: processo de luto é ainda mais difícil na pandemia

Mais de 700 mil pessoas decidiram tirar a própria vida em 2019, número superior ao de mortes por HIV, malária, câncer de mama e homicídio, de acordo com o último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, foram registrados 12.895 casos em 2020, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Para os sobreviventes enlutados, termo criado por especialistas para se referir a quem enfrenta o suicídio de um parente ou amigo, o sentimento de perda foi agravado durante a pandemia, diante das restrições impostas para evitar a propagação do vírus.

+ A Covid e a impossibilidade de viver o luto

No atual cenário, o processo de luto tem sido ainda mais difícil, como explica a psicóloga Luciene Bandeira, cofundadora da Psicologia Viva, maior empresa digital de saúde mental da América Latina e integrante do Grupo Conexa. “Isso acontece, principalmente por causa de dois aspectos: distanciamento social e velórios limitados a poucas horas de duração e ao máximo de 10 pessoas presentes. Dessa forma, quem está enfrentando essa situação acaba se isolando e sente que faltou uma homenagem e despedida mais simbólicas ao ente querido”, ressalta.

Ela apresenta quatro especificidades que os sobreviventes enlutados enfrentam e que os diferenciam em relação à dor que envolve outros tipos de morte: sentimento de culpa, procura por justificação, estigma social e abandono. Esses fatores podem causar depressão, desenvolvimento de transtornos mentais, queda de produtividade, dependência química e desinteresse em sua própria vida.

Diante disso, Luciene destaca a importância da posvenção – cuidados e intervenções aos sobreviventes enlutados. Trata-se de uma forma de identificar e valorizar aspectos de proteção que possuam maior influência sobre os indivíduos, como senso de responsabilidade com a família; laços sociais bem estabelecidos com parentes e amigos; estar empregado; ter crianças em casa; capacidade de adaptação positiva; além de acesso a serviços e cuidados de saúde mental.

Esse último ponto, por sinal, tem crescido consideravelmente nos últimos dois anos. Por recomendação do Conselho Federal de Psicologia (CFP), as terapias presenciais passaram a acontecer na modalidade on-line, durante a Covid-19, visando à segurança de pacientes e psicólogos. A medida contribuiu para que mais pessoas se sentissem à vontade para procurar ajuda profissional, acredita Luciene. “Percebemos que os pacientes têm se sentido mais seguros e confortáveis em expressarem suas emoções, estando no ambiente doméstico. Eles não ficam expostos aos riscos de contaminação e também têm mais flexibilidade de horários”, completa.

Luciene acrescenta que o luto é um processo individual e não tem tempo específico de duração, pois cada um reage de maneira diferente e sua resolução envolve ressignificações em relação à perda, aceitação da condição e adaptação ao novo contexto. Para lidar com a ausência do ser que partiu, além da terapia, ela sugere algumas dicas, como buscar grupos de apoio organizados por profissionais e/ou pessoas que vivenciaram o luto; realizar rituais de despedida ou homenagens que acalmem o coração, caso a pessoa se sinta confortável para isso; participar de projetos de voluntariado; escrever conteúdos que possam contribuir com outras pessoas na mesma situação; compartilhar os sentimentos, entre outras.