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Livros, Resenhas

Resenha: Lua de larvas, Sally Gardner

Standish Treadwell é um jovem disléxico que vê o mundo de maneira diferente da maioria. Graças a essa visão, ele percebe que o mundo lá de fora não tem que ser necessariamente cinzento e opressor. Quando seu melhor amigo, Hector, é de repente levado embora, Standish percebe que cabe a ele, a seu avô e a um pequeno grupo de rebeldes enfrentar e derrotar a opressão permanente das forças da Terra Mãe. Com o pano de fundo de um regime implacável, disposto a tudo para vencer seus rivais na corrida para chegar à Lua. Este impressionante Lua de larvas é o novo livro da premiada autora Sally Gardner.

Lua de larvas é um livro de leitura rápida, mas tão intenso quanto um soco no estômago, não se deixe levar pela sua aparente simplicidade, ou logo será nocauteado sem perceber de onde veio o golpe.

Seu formato a principio pode estranhar, seus capítulos são minúsculos, cerca de dois parágrafos apenas. Cada capítulo é sempre seguido por alguma imagem (preste atenção nessas imagens, elas contarão uma história nem tão paralela ao livro, lembre-se que ratos são tidos como traidores). Como um todo, é um livro belo, sua arte de capa é certamente um detalhe chamativo, é sempre bom ter um livro de capa bonita na estante!

Sobre a trama, Standish é um garoto com dislexia numa sociedade totalitária, um adolescente solitário refém de uma realidade repressora e violenta, sua heterocromia não colabora, visto que crianças diferentes são brutalmente repreendidas. Não foi estabelecida a época em que ocorre, pode ser no passado ou num futuro distópico, mas aos poucos fica claro que o país em que ele vive — a Terra Mãe — é uma clara alusão à Alemanha nazista, e isso fica muito evidente devido às saudações, os soldados aqui chamados de “moscas verdes” e os agentes de casaco, muito parecidos com aqueles agentes estilosos que usavam trajes Hugo Boss.

Não é mostrado um clima de guerra, e sim, pós-guerra muito semelhante à guerra-fria, a tensão é constante, traições e falsas acusações são constantes, e até mesmo estimuladas nas escolas. É nesse caos que Standish conhece Hector, um garoto que ele confia e adora, nutrindo uma amizade que nunca experimentou antes.

Por fim, é um livro simples, num final de semana pode-se acabar, mas nem por isso é raso, pelo contrário, tal leveza só garante que você baixe a guarda, para quando isso acontecer, tome um golpe direto no queixo, como dito no titulo, é como dar um selinho numa granada de mão, é um história marcante, sua narrativa em primeira pessoa apenas garante uma maior aproximação do leitor, super recomendo!