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“Colocando o tijolo e o cimento, dou um tapa na cara do meu passado”

Oi amô, tô pronta! Tô aqui, na pista. Foi esse um dos primeiros contatos que tive com Igor William Lopes, 29 anos, morador do Conjunto Habitacional Bairro Treze, no Rio de Janeiro. Conheci sua realidade depois que meu namorado me enviou um print de sua história, estampada em um grupo LGBT do Facebook, dando vida a Safira O’hara, uma drag queen pedreira. “Vou respondendo aos poucos, ô Jesus, ô vida. Tô aqui numa loucura, nêgo, pra terminar esse telhado, mas vamo lá!”, disse entusiasmado, mesmo depois de responder às mesmas perguntas inúmeras vezes para jornalistas diferentes.

Igor e sua drag, Safira, ficaram conhecidos em abril de 2019, após a mesma postagem viralizar e rodar o Facebook milhares de vezes. A drag queen pedreira. Várias reportagens nos mais diversos sites. “Isso é algo motivacional. Uma quebra de estereótipos da sociedade, né? Drag pode tudo. Somos seres humanos, somos seres normais. Somos pessoas. Porque não, entendeu? Cada tijolo que eu coloco, é como se eu desse um tapa na cara do meu passado. É isso aí, vamos construir.”, relata emocionado com a possibilidade de inspirar pessoas. E construir sua história sem depender de ninguém.

“Vítima é o caralho. É partir pra cima, entendeu? É meter a mão na massa, botar o tijolo e vambora, vambora.

Igor foi expulso de casa aos 19 anos pelos familiares. Mas, como ele mesmo diz, são coisas do passado, como todo LGBT vive e conhece. Viveu 10 anos morando de aluguel, mas sempre sonhou em ter sua casa própria. “Acho que todo LGBTQI+ tem que ser sua casa própria pra ter suas liberdades, para que sua felicidade possa habitar”, confessa. Na época, já fazia teatro e nele, conheceu a arte transformista. Diz que já era transformista antes mesmo de ser. Foi se apaixonando, descobrindo sua sexualidade e se entregando a arte cada vez mais, dentro do período da expulsão. Mas frisa que não foi por isso. Foi por conta de sua sexualidade. “Aí eu tive que me virar, né? Há 10 anos, só tinha computador na lan house a um e cinquenta. Era você mesmo e se vira”, relembra Igor.

Os dias que vieram depois, não foram nada fáceis, principalmente no começo. “Tive que sair montada de casa, e isso era outro preconceito que eu sofria. Tipo assim, ‘porra, a gente tem que aturar o gay, agora tu tá virando mulé?’. Pensavam que eu tava virando mulher trans e coisas e tal”, conta de queixo erguido.

Candomblecista, o filho de Logunedé, nessa época, morava de aluguel em uma casa de pessoas evangélicas, parceria que não deu certo por muito tempo. Mudou-se após pedirem a casa, e foi em busca de outra, caindo aos pedaços, como William mesmo descreve, porém com aluguel em conta. “Mas eu sonhei em ter minha própria casa, né? E as casas eram num valor acima de setenta mil e eu nunca terei esse valor”, pondera. Mas, se tem uma coisa que Igor e Safira sempre souberam fazer é dar tempo ao tempo. E apareceu Rodrigo Miller, grande amigo, que conseguiu um terreno para eles. “Desde então, eu venho construindo a minha casa. Na vida, a gente não constrói nada sozinho”, ressalta e acrescenta emocionado, “Eu tenho ajuda, e tem histórias que me motivam. Eu vi relatos de mulheres que são pedreiras. Então por que eu também não posso ser? Se elas aguentam o rojão, por que eu não vou aguentar?”

E Igor aguenta. Sua história já chegou em grandes portais de notícia como OGlobo, Uol e Razões para Acreditar. Já recebeu milhares de histórias no Instagram de LGBTs que acreditavam que pedreiro não era profissão para eles. “Eu fiquei muito feliz, porque com isso, eu vi o relato de um menino no Instagram que é auxiliar de pedreiro, e ele chegou pra mim emocionado, falando ‘nossa, tudo bem que eu já imaginava encontrar um gay nessa profissão, mas não uma drag queen… Isso me emocionou muito, porque eu achava que trabalho de gay é cabeleireiro, maquiador, artista, balé, essas coisas assim’. Então é isso, motivar as pessoas. Motivar os LGBTs para eles terem a casinha deles.”, relembra cheio de energia para colocar o próximo tijolo.

Porra, a gente tem que aturar o gay, agora tu tá virando mulé?

Energia que ele transforma para ir pra cima dos desafios, acordando dia após dia, superando todos os seus problemas, depois das injustiças do passado. “Lá no meu trabalho tinha uma menina que o marido dela era pedreiro e ela era ajudante dele, e eles construíram a casa para morar com os filhos. Por que que eu não vou meter a mão? Vou sim. Então é bom que eu colocando o tijolo, colocando o cimento na parede, eu dou um tapa na cara do passado. Porque eu acho que o passado foi muito injusto comigo, entendeu?”, se emociona ao lembrar, mas logo se recompõe dizendo que nós, LGBT, devemos ir para cima. “Vítima é o caralho. É partir pra cima, entendeu? É meter a mão na massa, botar o tijolo e vambora, vambora. Surgiu a oportunidade, agora é construir a casa.”, retruca.

E de fato, Igor William não deixou nenhuma oportunidade escapar. Hoje, mantém uma relação saudável com a mãe, mas cortou laços com grande parte de sua família. “Eles lá e eu cá. Minha mãe não é mais aquela pessoa de 10 anos atrás e nem eu. Ela me apoia e hoje estamos bem melhores, né? As coisas mudam, nada melhor que dar tempo ao tempo”, suspira e finaliza, preocupado. “Espero que você tenha gostado da minha história, que eu tenha te interessado. Estamos aí, tamo junto!”

Sim, Igor! Estamos todos juntos nessa.

Livros, Resenhas

Resenha: O garoto quase atropelado, Vinicius Grossos

O garoto quase atropelado foi um livro que me atropelou. Recebi a prévia dele de supetão, comecei a ler e logo comprei a versão completa porque era difícil de largar logo nas primeiras páginas.

Escrito na forma de diário, dia após dia de um mês de novembro, conhecemos a história do garoto quase atropelado. Não conhecemos seu nome em momento algum, mas isso é o que deixa a história mais única. Não descobrimos seu nome, mas embarcamos em uma longa viagem de autodescoberta e da recuperação dos poderes da nossa mente.

Quando me sinto tomado pela vergonha, o senso do ridículo me alcança com uma eficácia admirável.

Sabemos que o menino sofreu algum acontecimento muito traumático, logo de cara, e por isso, está lutando contra a depressão e este diário é um dos exercícios sugeridos pela sua psicóloga para lidar melhor com tudo aquilo que precisa descobrir e curar em si mesmo. Ele precisa escrever religiosamente os fatos de todos os dias. Nos primeiros relatos, percebemos sua relutância em narrar os acontecimentos, mesmo porque não acontece nada.

Até que ele é literalmente quase atropelado por uma garota com cabelo de raposa, que depois descobrimos ter o nome de Laís. Ela apresenta um novo mundo ao garoto quase atropelado e ele, claro, fica perdidamente apaixonado por ela. Mas, como Laís mesmo diz, ela tem a mente quebrada.

E são nesses altos e baixos que o garoto, juntamente com Laís, embarca numa montanha russa de sentimentos bons e ruins. Ele também conhece Acácio e Natália, que eram os melhores amigos de Laís e acabam por ser seus melhores amigos também. Em certa passagem do livro, a amizade deles é descrita como um triângulo com uma bolinha no meio. Laís, Acácio e Natália são o triângulo, uma amizade perfeita, mas com segredos que são escondidos uns dos outros e o garoto quase atropelado é a bolinha no meio, que transita entre cada um e conhece coisas que nem eles mesmos parecem conhecer logo de cara. Ele se torna o elo do grupo.

(…) apesar de legalmente ter se separado apenas da minha mãe, a separação também aconteceu comigo e com o Henrique. De um pai normal, aos poucos, ele foi se transformando num estranho.

Numa avalanche de sentimentos e pensamentos, vemos o desenrolar de toda a história no mês de novembro e de toda a recuperação do garoto com seu passado traumático, que descobrimos não estar tão no passado assim. A desgraça havia sido há poucos meses e ele ainda tentava fazer as pazes com os fantasmas que o assombravam. E ele consegue. A partir do momento que vemos que ele está preparado para nos contar tudo, o livro traz um turbilhão muito forte de emoções que mal sei descrever.

Me arrancou lágrimas, sorrisos, gritos de desespero e no seu clímax final, foi um dos poucos que me causou mal estar. A gente sente as dores do garoto quase atropelado, e esse mal estar, confesso que achei que não fosse ser curado até o final do livro: mas foi. Vinicius Grossos consegue conduzir a história de uma forma surreal, controlando não só os sentimentos do garoto quase atropelado, mas também do leitor. É uma avalanche, um incêncio e uma montanha russa, tudo ao mesmo tempo.

Devo confessar que eu, particularmente, me deliciei com a minha mãe, enfim, colocando meu pai em seu devido lugar. Não que eu sentisse ódio ou raiva dele, mas meu pai meio que não era mais meu pai. Ele nos abandonara e não tinha mais espaço em nossa família.

É perceptível também as ótimas referências musicais durante o livro (se eu surtei quando vi Arctic Monkeys e Marina and the diamonds? Nããaao, imagina!) e as referências de outras obras da literatura como As Vantagens de ser Invisível e História é tudo o que me deixou. É um livro cinco estrelas e a única coisa que me decepcionou, foi ter lido no Kindle e não ter conseguido prestar uma homenagem final para a Laís. Mas tenho certeza que Acácio, Natália e o garoto quase atropelado fizeram isso com magnitude e representando todos nós.

Caminho Longo, Vinícius Fernandes
Livros, Resenhas

Resenha: Caminho longo, Vinícius Fernandes

Sinopse: Uma tragédia afastou para sempre Bruno de seu irmão Mateus. Sem seu melhor amigo e confidente, ele se prende a lembranças e tenta superar o luto.

Entre angústias e o crescimento pessoal, ele precisará definir do que é possível abrir mão em nome da felicidade, mesmo que isso represente viver de um modo que seus pais podem não aceitar.

Enquanto define o que deseja de seu futuro, Bruno irá descobrir que nossas existências são feitas de momentos e que cada um deles é um aprendizado nesse caminho longo chamado de vida.

Quando recebi o primeiro texto sobre “Caminho Longo”, algo já despertou em mim aquele comichão pra ler, ainda mais que sou apaixonado por romances e dramas, com a qualificação de que era LGBT. Me ganhou pela temática. Recebi o livro do autor um pouco tempo depois e comecei a ler no dia em que terminei meu TCC, querendo esfriar a cabeça e passar um tempo livre. Eu tinha uma hora de leitura antes da faculdade e pensei, bom, vou começar o livro e depois termino. Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram.

Caminho Longo conta a história de Bruno, um garoto gay que ainda está se descobrindo como tal. Ele sabe que é diferente dos outros de sua idade e sabe que há uma remota possibilidade de gostar de garotos. A trama tem um prólogo que me deixou ansioso e um desenvolvimento rápido, que mostra Bruno criança e logo depois, já no ensino médio, quando conhece Luiz, sua primeira paixão avassaladora.

O romance com Luiz logo se desenvolve em proporções inimagináveis. Eles ficam juntos no colégio, saem pra tomar café e ir no cinema depois dele, viajam pela primeira vez juntos e tem outras primeiras vezes que acontecem de forma tão sutil no livro que chega a ser bem fofo. Isso é algo que vale destaque, porque poucas pessoas conseguem dosar a sutileza de uma cena de sexo a ponto de saber que ela está ali, mas não a ponto de chegar no erótico-sensual-maior-de-idade.

Ao longo desse caminho, Bruno ainda não se assumiu para sua família, mas sempre teve o apoio do irmão mais velho, Mateus, que é precocemente e brutalmente morto em um assalto logo nas páginas iniciais. Sim, você chora já de início e foi isso que me fez não largar o livro depois da minha primeira hora de leitura e ir pra faculdade lendo depois. Terminei logo em seguida, incapaz de deixar pra trás sem saber o que aconteceria dali em diante.

O livro tem elipses temporais que vão e voltam, até que chega no ponto presente em que a história se desenvolve com uma certa linearidade. Não é confuso de entender, muito pelo contrário, o autor deixa bem claro quando se trata de uma lembrança e quando se trata de presente, o que também torna a leitura mais agradável.

Na época da morte de Mateus, descobrimos então, que Bruno não está mais com Luiz, seu primeiro amor, mesmo achando que eles ficariam juntos para sempre. Luiz passou em uma faculdade em outra cidade e o relacionamento não sobreviveu à distância. Cada vez mais longe, Luiz deu o gostinho doloroso e ácido de sua ausência para Bruno, seguido da pancada de uma traição na festa universitária. Essa parte do livro dói como um tiro, e se você já foi traído alguma vez na sua vida, vai te fazer rememorar da mesma forma e sofrer na pele de Bruno. A escrita bela de Vinícius Fernandes é ao mesmo tempo, brutal para o nosso coração fraco de leitor.

Bruno segue em frente com amores rasos, cada vez mais se decepcionando com as pessoas. Sonhando em ser escritor, lança o primeiro livro que é sucesso de vendas e conhece Diego, um fã que acaba por ser o grande amor de sua vida. Não é o primeiro, não é o segundo e tudo nos leva a crer que é o verdadeiro. E somos enganados mais uma vez. Depois de se assumir para os seus pais, se mudar para a casa de Diego e depois para o Canadá (!!!), Bruno e Diego começam a esfriar o relacionamento, como quem se perdeu e não sabe como se encontrar. Até tentam chamar uma terceira pessoa, Sam, por quem nutro ódio mortal para uma noite de aventuras, fato que aparece só afastar os dois ainda mais. Pausa para falar que uma parte sadomasoquista de mim gostou do relacionamento ter ido para a ruína depois de chamarem Sam para um sexo a três. Sempre tive a opinião de que isso mais atrapalha que ajuda e vê-la confirmada, mesmo que na ficção me traz uma pontada de paz interior.

Bruno até tenta salvar o relacionamento, mas Diego fica imaginando outra pessoa ao seu lado. Nada vai pra frente dessa forma, infelizmente e o livro se encerra com mais acontecimentos brutais na vida de Bruno que o levam para caminhos cada vez mais diferentes pelos quais nunca imaginou passar. “Caminho Longo” é uma leitura leve, daquelas que você consegue e precisa terminar em uma única leitura, mas espinhenta com muitas adagas enfiadas no seu coração. Mas o que mais eu poderia esperar de um drama, certo? Leitura obrigatória para quem é LGBT e já sofreu com decepções amorosas, o autor parece acessar a mente do leitor de alguma forma assustadora mas que traz aquela sensação de cura e calmaria. Recomendo muito (não só porque meu lado sádico gostou de sofrer com Bruno, mas também porque é realmente um bom livro).

Atualizações, Livros

Censura na Bienal do Rio – como foi e o que podemos fazer sobre

A Bienal do Livro do Rio, evento esperado com muita ansiedade para diversos leitores, foi palco de uma tragédia para aqueles que amam a literatura no país, ao ser alvo de censura por meio da Prefeitura da cidade. Com o objetivo de calar e tirar a voz de autores LGBT+, diversos fiscais foram enviados ao evento com o objetivo de envolver diversas publicações em plástico preto e determinar uma classificação de 18 anos para tais obras, mesmo aquelas sem qualquer cunho sexual.

O QUE ACONTECEU E O MOTIVO

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, determinou ontem (05) que exemplares dos quadrinhos “Vingadores: A Cruzada das Crianças” fosse recolhida da Bienal do Livro, que está ocorrendo no RioCentro. Segundo o prefeito, a história contém “conteúdo sexual para menores”, e por tal motivo, deveria ser retirado de circulação. O tal conteúdo sexual relatado, na verdade, se trata de um beijo entre dois rapazes, completamente vestidos, conforme pode ser visualizado na imagem ao lado. Publicado originalmente em 2016 pela Panini Comics, a obra se esgotou na manhã desta sexta-feira no evento. Fiscais da Prefeitura estiveram na Bienal, com o objetivo de lacrar e censurar diversos livros que, segundo nota, “contenham histórias ou cenas de homotransexualismo”. Tal ação ocorreu após a mãe de uma criança que comprou o livro na Bienal se revoltou ao ver um casal homossexual sendo relatado na história.

Logo após o ocorrido, os mesmos fiscais foram enviados para grandes e pequenos estandes, com o objetivo de encontrar tais obras – importante reforçar que livros de cunho erótico, como a saga 50 Tons de Cinza, passaram batidos pela fiscalização, deixando claro que se trata de uma censura ao público LGBT+. A organização da Bienal do Livro se manifestou de forma oficial com o seguinte parecer: “A Bienal Internacional do Livro Rio, consagrada como o maior evento literário do país, dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser. Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados, inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater literatura Trans/LGBTQA+.”.

Apesar da posição oficial, diversos fiscais foram enviados com uma ordem extrajudicial para retirar as obras de circulação ou às envolver em plásticos pretos. Hoje, às 9:00 tais profissionais estavam carimbando e censurando obras conforme imagens compartilhadas pelo perfil no Twitter @valelerumlivro:

Importante reforçar que, envolver tais livros em plástico e sinalizar conteúdos eróticos é uma prática para obras com cunho eróticos, e o que está acontecendo é que histórias com personagens LGBT, que muitas vezes apresentam apenas beijos entre os personagens, estão sendo o grande foco de tal ação.

 

PARTE DA REPERCUSSÃO

Neste meio tempo, Luiz Schwarcz, CEO e fundador da editora Companhia das Letras afirmou em carta aberta que “Essas medidas, mais a suspensão do edital que daria apoio a produção de filmes LGBTQ+ por parte do governo federal, indicam uma perigosa ascensão do clima de censura no país – flagrantemente inconstitucional – e que traz a marca de um indesejável sentimento de intolerância discriminatória”. O autor do livro “Você Tem A Vida Inteira”, da editora Galera, Lucas Rocha, reforçou em seu twitter: “A gente não pode parar. Não dá pra parar. É tipo quando a gente sai do armário e percebe que não tem volta. Lutar para simplesmente TER PAZ é um processo quase de alcoólico anônimo, um dia depois do outro, uns melhores do que outros.”. Além de Lucas, a mesma editora possui diversos títulos voltados ao público LGBT, entre eles diversos de David Levithan; em seu instagram, a editora reforçou que não se deitar para a tentativa de censura: “Homofobia é crime e acreditamos que o papel do estado é incentivar a leitura e não criar barreiras que marginalizem uma parcela da população que já sofre com a intolerância. Nossos livros estão à venda no estande e em todas as livrarias brasileiras, online e físicas. Vamos continuar lutando para que todos os jovens se vejam representados em nossas histórias.”.

O QUE PODEMOS FAZER?

Sob ameaça de volta dos fiscais para o dia de amanhã, a programação da Bienal do Livro segue conforme programado. O que nós resta neste momento, é, da mesma forma que os quadrinhos do Vingadores se esgotaram rapidamente, é esgotar os livros de nossos amigos LGBT, apoiar os seus trabalhos e fazer o que fazemos de melhor: resistir. No twitter, a autora do livro Céu Sem Estrelas, Iris Figueiredo, separou uma thread com livros LGBT+ criados por autores NACIONAIS e que estarão nos próximos dias no RioCentro. Você pode conferir as indicações clicando aqui e inclusive sugerir outros que conheça.

 

 

Atualizações

Starbucks lança camiseta especial e lucros serão doados para apoiar a comunidade LGBT+

Dando continuidade aos seus projetos de diversidade e inclusão, a Starbucks irá apoiar novamente a Casa 1 durante o mês de visibilidade LGBT. Desta vez, a marca desenvolveu camisetas exclusivas, nas opções preta e branca, estampadas com as cores da bandeira LGBT+ que estarão disponíveis para venda em 27 lojas da rede em São Paulo, pelo valor de 49,90. Todo o lucro líquido arrecado de 15 a 23 de junho com a venda das camisetas será revertido para a Casa 1 e têm o objetivo de auxiliar nos custos mensais de moradia dos habitantes e do centro cultural mantido pela organização.

A ONG criada em 2015 pelo jornalista Iran Giusti, é uma residência compartilhada localizada no bairro da Bela Vista que acolhe pessoas LGBT+ em situação de risco. A Casa 1 já recebeu mais de setenta moradores, também funciona como um centro cultural para o público e oferece apoio com roupas e alimentos para moradores de rua. Há alguns meses, mais precisamente em março, a ONG realizou uma campanha de financiamento coletivo para continuar em operação – com recursos para se manter apenas até o final do ano, a campanha recebeu o apoio de diversas personalidades da comunidade, entre eles Pabllo Vittar, Gloria Groove, Lia Clark e Lorelay Fox.

Na Starbucks, nos comprometemos em ser um local de inclusão e diversidade. Estamos muito orgulhosos em nos aliar, mais uma vez, à Casa 1, uma instituição extremamente importante que apoia a comunidade LGBTQIA+ no país. Desde que abrimos nossas portas, sempre nos empenhamos para criar uma empresa e uma cultura que trate nossos partners (colaboradores) e clientes com respeito e dignidade”, comemora Sedenir Junior, gerente de marketing da Starbucks Brasil.

As 27 unidades da cafeteria em São Paulo irão celebrar o mês com uma bandeira do arco-íris em suas fachadas. Com o tema “amor maior que tudo”, as lojas distribuirão fitinhas e adesivos Starbucks Pride aos primeiros clientes que chegarem às lojas. A marca também lançará uma versão comemorativa do icônico Starbucks Frappuccino, que estará disponível de 19 a 23 de junho em celebração a Parada do Orgulho de São Paulo.

Atualizações, Livros

Conheça: Editora Hoo, livros com representatividade LGBTQ+

Você é o tipo de leitor que busca histórias com mais representatividade? Ou, apenas, gostaria de ver mais personagens LGBTQ+ em livros jovens? Então, você já conhece a editora Hoo! Não? Bom, fica tranquilo que a gente te apresenta!

A editora Hoo surgiu em 2015 sendo composta 100% por autores nacionais. Hoje, a editora já traz algumas obras traduzidas, dando voz, principalmente, a personagens LGBTQ+. A Hoo busca promover uma representação LGBT em suas histórias, porque, afinal, eles também têm coisas muito importantes para nos contar e aventuras instigantes que podemos acompanhar!

divulgação Hoo facebook

A nova aposta da editora é o livro História é tudo que me deixou, do Adam Silvera, em que conhecemos um pouco a história de Griffin, um garoto que já está na faculdade, na Califórnia, quando seu ex-namorado, Théo, morre afogado. Griffin, embora já esteja namorando Jackson, terá que aprender a lidar com o luto, enfrentando o passado que viveu com Théo. O livro é emocionante e promete dar, além de boas lágrimas, uma grande reflexão sobre o luto, depressão e amor.

Acreditando no renascimento de boas histórias, em dar voz às pessoas sem limitá-las à orientação sexual, retratando a vida como ela é, sem preconceitos e nem vernizes sociais, a Hoo surge para preencher uma lacuna dentro da Universo dos Livros

A editora juntou-se à Universo dos Livros e é no site deles que você poderá encontrar todo o catálogo deles. O sucesso Minha versão de você, da Christina Lauren,foi trazido ao Brasil por eles e esteve em todos os últimos eventos literários como a Bienal de São Paulo e a Flipop.

A Hoo tem uma pegada mais jovem e engajada. Eles aproximam os leitores promovendo ações divertidas. Na Flipop, o festival literário dedicado à literatura jovem, eles distribuíram tatuagens temporárias e brindes de orgulho LGBT.

Então, se esse é seu tipo de leitura, ou se você está só buscando saber um pouquinho mais sobre esses personagens, vale a pena conferir o catálogo da editora e, ainda por cima, acaba dando uma força para a literatura nacional.

Livros, Resenhas

3 livros com personagens LGBTQ+

A representação LGBT em produções culturais voltada para jovens é muito pequena e sabemos o quão importante é a sua existência. Pensando nisso, busquei livros YA (young adult/jovens adultos) que retomassem essa temática ou que simplesmente tivessem personagens desse universo. Alguns deles, me surpreenderam positivamente em sua profundidade e decidi listar 3 dos meus favoritos aqui.

Os dois mundos de Astrid Jones

gutenberg

Astrid Jones é uma jovem que mudou-se de Nova York para uma cidade pequena onde todos sabem de tudo que acontece, tudo pode vir a se tornar assunto e há convenções sociais conservadoras a serem seguidas. E, é contra essas convenções que a protagonista luta.

Em meio à uma mãe insensível, um pai negligente e uma relação complicada com a irmã, Astrid se divide entre seus dois mundos: o interno, no qual ela pode ser quem deseja, e o externo, no qual ela deve agir conforme o esperado. Para dar vazão às suas questões internas, a garota passa boa parte de suas tardes observando aviões, que estão livres daquela cidade, e envia todo o seu amor aos passageiros desconhecidos. Esses, também se encaixam na narrativa, de modo que passamos a conhecer, paralelamente  à vida de Astrid, suas pequenas histórias.

Então envio meu amor. É fácil como sempre é, e é duro também porque eu realmente não sei a resposta para esse mistério. Amor é algo que sempre estará disponível? Será sempre confinado e indigno de confiança como parece hoje? Tem o suficiente por aí? Estou desperdiçando o meu com estranhos?

Assim, o livro se torna uma lição de empatia e luta para ser o que se é de verdade, mesmo em um local tão pequeno e conservador. A história escrita por A.S. King está longe de ser apenas um clichê adolescente, nos apresentando uma protagonista completamente envolvente e bem construída. É quase impossível não gostar de Astrid e não se perder em seu universo particular.

 

Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo

seguinte

Aristóteles e Dante encontram-se durante um verão quando Dante se oferece para ajudar Ari a aprender a nadar. Com a história narrada em primeira pessoa, sob a perspectiva de Ari, somos apresentados a amizade desses dois garotos, suas peculiaridades e suas diferenças. Dante é um menino bem resolvido, seguro de si e altamente expressivo, Ari é um garoto reservado, confuso e questionador. O livro nos mostra os conflitos da transição para a vida adulta de ambos os personagens de forma simples e inspiradora.

Ari, sendo um garoto melancólico e conflituoso,  encontra em Dante, e no universo que o cerca, tudo aquilo que ele não é.  Enquanto em sua casa prevalece um clima mais reservado, com seu pai  solitário que carrega as memórias da Guerra do Vietnam e um irmão do qual ninguém na família quer falar sobre – nem mesmo sua amorosa mãe; na família de Dante, ele encontra pessoas expressivamente amorosas e abertas a falar sobre tudo.

Minha mãe e meu pai deram as mãos. Imaginei como era – como era segurar a mão de alguém. Aposto que às vezes é possível desvendar todos os mistérios do Universo na mão de uma pessoa.

A história consegue, de forma fluída, mostrar que as diferenças desses dois meninos, muitas vezes, os completa. Além disso, narra os conflitos internos de Ari, que luta contra o que ele é e contra o mundo ao redor, inclusive por querer saber respostas sobre o irmão desaparecido.  Assim, de uma forma leve e sutil, o livro escrito por Benjamin Alire Sáenz nos convida a descobrir os “segredos do universo” com Ari e Dante enquanto crescem.

 

Quinze Dias

 

O livro, narrado em primeira pessoa, nos apresenta Felipe, um garoto doce que está prestes a entrar nas férias de julho e, com isso, pode, enfim, ficar longe dos garotos que zombam dele no colégio.  Se seus planos incluíam ficar horas vendo filmes e afundado na internet, tudo vai por água abaixo quando sua mãe o informa que, por quinze dias, hospedarão o vizinho do 57, Caio.

Você entende o meu desespero? Gordo, gay e apaixonado por um garoto que nem responde o meu “bom dia” no elevador. Tudo por dar errado.

Com essa surpresa, Lipe se vê confrontado por suas inseguranças físicas, por ser um menino acima do peso, e internas, já que Caio foi sua primeira paixão quando criança. A história narra de forma delicada os conflitos desse menino e sua relação com esse vizinho que está em sua casa durante as férias, tratando de questões como o bullying, homossexualidade e gordofobia.

Lipe é um personagem real, com quem é muito fácil de se identificar. Nele, são refletidos os dramas de muitos adolescentes que lutam contra as suas inseguranças e as mudanças ocorridas no corpo e na mente durante o período da vida. A história não deixa a desejar, é doce e emocionante, garantindo bons sorrisos e lágrimas do leitor. Quinze Dias é um livro que toca e aquece o coração de quem lê.

Atualizações, Filmes

“Thor: Ragnarok” e a primeira personagem LGBT da Marvel nos cinemas

A atriz Tessa Thompson confirmou, através do Twitter, que Valquíria, sua personagem em Thor: Ragnarok, é bissexual – e a primeira personagem LGBT do Universo Cinematográfico Marvel.

Thompson fez a revelação em resposta às críticas de que Valquíria estaria sendo representada como “uma típica tomboy assexuada da Marvel”.

“Ela é bi. E sim, ela se importa muito pouco com o que os homens pensam dela. Que alegria interpretá-la!”, escreveu a atriz.

Em seu terceiro filme solo, Thor está preso do outro lado do universo, sem seu martelo, e se vê numa corrida para retornar até Asgard e impedir o Ragnarok – a destruição de seu lar e o fim da civilização asgardiana – que está nas mãos de uma nova e poderosa ameaça, a terrível Hela. Mas primeiro ele vai enfrentar uma batalha de gladiadores contra o seu ex-aliado e vingador – o incrível Hulk.

No elenco, Chris Hemsworth, Tom Hiddleston e Mark Ruffalo retornam como Thor, Loki e Hulk, respectivamente. Idris Elba e Anthony Hopkins também estão de volta e Tessa Thompson, Cate Blanchett e Jeff Goldblum entram para o time.

Dirigido por Taita Waitiki, Thor: Ragnarok estreia nesta quinta-feira (26/10), no Brasil.

Romances dão protagonismo a pessoas trans e não-binárias
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Música

Orgulho LGBT*: 7 artistas que representam o “T*” na música nacional

A representatividade na música brasileira de artistas LGBT* vem crescendo cada vez mais. Ainda que, muitas vezes, essa parcela de músicos não atinjam a mídia tradicional, plataformas como Spotify e Youtube facilitam o compartilhamento e distribuição dos lançamentos.

Outra mudança importante também tem acontecido. Artistas gays e lésbicas existem há muito tempo na nossa música (vide Ana Carolina, Cássia Eller, Renato Russo, Cazuza e tantos outros), a questão agora é que além de artistas trans e travestis terem ganhado nossos corações visibilidade, há uma discussão muito maior com relação a questões de gênero pelos próprios músicos. Liniker e Rico Dalasam são ótimos exemplos aqui.

Pensando em todas essas questões, resolvi trazer algumas artistas trans, travestis e drags que não só produzem boa música, mas também suscitam um debate interessantíssimo sobre tais questões. Elas têm conseguido cada vez mais patrocínio para a produção de seus hits, cantando e mostrando a cultura LGBT* para a sociedade.

Quando vejo essas artistas, penso em todas as outras que existem e lutam todo dia para fazer sua música e vencer o preconceito. Imagino o quão importante é para elas poderem se reconhecer e ouvir, lá no fundo de cada clipe e música, a gente existe.

1. Candy Mel

Talvez a mais conhecida de todas, Mel Gonçalves lançou-se nacionalmente à frente da Banda Uó, grupo musical com referências indie, brega e eletrônica. Mel foi a primeira mulher trans a estrelar a campanha #EuSouAssim, da Avon, para o Outubro Rosa. Também se destaca como uma das apresentadoras do programa “Estação Plural”, na TV Brasil. Em entrevista ao site O Globo, Candy Mel diz

Só o fato de estar ali é importante. Representatividade é uma grande valia. Principalmente quando podemos nos ver em um meio de comunicação. Muitas vezes somos silenciados pela vida. É importante sair do armário e ter nossa voz ouvida.

2. Gloria Groove

Gloria é uma drag queen do rap hip hop. Ganhou destaque no cenário nacional em 2016 com o clipe da música Dona, mas muito antes já participava do mundo musical. Em 2002 fez parte do grupo Balão Mágico e também já participou do “Programa Raul Gil”, da Band. Já abriu shows para drags conhecidas internacionalmente como Sharon Needles e Adore Delano. Em fevereiro de 2017 lançou seu primeiro álbum, O Proceder, com hits como Dona, Império, Gloriosa O Proceder.

Na letra de Dona, pode-se ler:

Ai meu Jesus, que negócio é esse daí? / É mulher? Que bicho que é? / Prazer, eu sou arte, meu querido, então pode me aplaudir de pé / Represento esforço, tipo de talento, cultivo respeito / Cultura drag é missão, um salve a todas as montadas da nossa nação.

3. Lia Clark

No gênero pop/funk temos Lia Clark. A cantora ficou conhecida em 2016 com o hit Trava, Trava e recentemente lançou parcerias com Mulher Pepita e Pabllo Vittar. Em setembro do mesmo ano lançou seu primeiro EP, Clark Boom. A cantora já abriu show para a Banda Uó e foi listada recentemente pela MTV como uma das 10 revelações da música nacional.

Em janeiro de 2017, firmou parceria com a marca Avon para o lançamento do “Baile da Boneca”, um bloco de carnaval inspirado no clipe de Chifrudo, sua parceria com Mulher Pepita.

4. Mc Linn da Quebrada

No site da artista, lê-se a biografia: Bixa, trans, preta e periférica. Cantora, bailarina e performer, Linn encontrou na música – em específico, o funk – uma poderosa arma na luta pela quebra de paradigmas sexuais, de gênero e corpo. Em 2016, a artista lançou os singles “Talento” e “Enviadescer” e neste ano ela abre as atividades com a música “Bixa Preta”.
Nascida no interior do estado de São Paulo, Linn cresceu em uma família religiosa, fato que exerce influência em várias de suas músicas/clipes quando a opressão da igreja é contestada. Em entrevista ao portal G1, a cantora relata:

Eu venho de uma criação religiosa muito rígida, eu era testemunha de Jeová, então tive o corpo muito disciplinado, domesticado pela Igreja e pela doutrinação, que me privava dos meus desejos. Era como se ele não me pertencesse. Até eu tomar o bastião de liberdade há alguns anos e me assumir

5. Mc Xuxú

Carol Vieira, a Mc Xuxú, começou a carreira cantando rap em Juiz de Fora, Minas Gerais. Ao se mudar para Jacarepaguá, zona oeste do Rio, a cantora recebeu influência do funk. Com letras que falam sobre a comunidade LGBT e preconceito ficou mais conhecida em 2013 com o clipe da música Um Beijo. Em fevereiro de 2017 lançou o clipe de O Clã o qual é baseado no famoso refrão cantado em manifestações da comunidade LGBT

As gays, as bi, as trans e as sapatão / E os que pregam ódio por aqui não passarão

6. Mulher Pepita

Priscilla Nogueira, a Mulher Pepita, é conhecida por ser uma das primeiras trans no funk brasileiro. Pepita começou seu trabalho na carreira musical como dançarina e logo lançou-se como cantora. Em 2015 lançou o single Tô à procura de um homem; em 2016 a música Chifrudo (parceria com Lia Clark); e em 2017 Uma vez piranha.

7. Pabllo Vittar

Cantora, compositora e dançarina, Pabllo Vittar ganhou reconhecimento nacional em 2015 ao lançar o clipa da música Open bar, uma paródia da música Lean On de Major Lazer.

Em 2016, Vittar estreou na TV como vocalista da banda do programa Amor e Sexo, da Rede Globo. No mesmo ano, foi anunciada como a garota propaganda da mais nova campanha Louca Por Cores, da Avon.

Em 2017 lançou Vai passar mal, seu primeiro álbum de estúdio, co-produzido pelo norte-americano Diplo. O videoclipe do single Todo Dia alcançou 18 milhões de visualizações, tornando-se o clipe original de uma drag queen mais visto no mundo, ultrapassando o clipe de Sissy tht walk, da drag americana RuPaul. A música também alcançou o 3º lugar na lista Viral 50 Global do Spotify.

https://youtu.be/HT1LTv5FHTY

hands
Atualizações, Música

Assista ao lyric video de “Hands” – A Song for Orlando

No vídeo, pessoas aparecem mostrando as mãos com trechos da música. Além disso, também conta com a participação de Patience Carter, Tiara Parker e Angel Anthony Santiago, sobreviventes do massacre.

Confira:

Lembrando que Hands trata-se de um single de caridade da Interscope Records, onde todos os lucros serão destinados aos institutos Equality Florida Pulse Victims Fund, GLBT Community Center of Central Florida e GLAAD.