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Música do Mundo: Marian Hill

A primeira vez que escutei Marian Hill foi num Vine (RIP). Me lembro de escutar aquela voz envolvente, um mix de jazz e bass, bem ao estilo cabaret, e pensar: preciso saber quem canta isso. E quando ouvi o álbum Sway, me apaixonei por completo. O duo (não, Marian Hill não é o nome da moça), composto por Jeremy Llyod e Samantha Gongol, tem um estilo tão único que é difícil fazer comparações. As modulações de voz, os graves pesados, o jazz presente na bateria e no sax; tudo isso compõe uma música inebriante, melodiosa e contagiante. Marian Hill passeia muito bem entre sensualidade e romance; seja com as letras instigantes ou com o jeito suave de cantar de Samantha, algo nas canções te prende.

Recentemente, o segundo álbum (Act One) foi lançado, e sua versão estendida contém as músicas de Sway e o single “Back to Me”, colaboração do duo com Lauren Jaregui. Esse artigo vai considerar Act One (The Complete Collection) como uma peça única e avaliar algumas das melhores faixas. Vamos lá!

Act One (The Complete Collection)

 

  • One Time
    Narrando com leveza a tensão sexual entre duas pessoas, o sax cria a magia nessa faixa.
  • Got It
    É aqui que Samantha mostra tudo que ela consegue fazer com sua voz. A pronúncia é arrastada, devagar, sensual, e o alcance vocal varia bastante.
  •  Lips
    O riff no piano é o destaque nessa faixa, que une uma letra sobre desejo com um ritmo perfeito para se imaginar beijando o crush.
  • Lovit
    Com o riff principal executado no trompete, o sintetizador e a batida fazem o resto do trabalho para acompanhar os vocais apaixonados.
  • Down
    Descrita por Jeremy como uma música mais simples, tanto na letra quanto nos acordes; mas que contém a essência do que é “Marian Hill”.
  • I Want You
    A vibe dessa faixa é mais próxima daquele jazz quase soul, no estilo Norah Jones (com bastante batida e sintetizadores, claro).
  • Take Your Time
    Sensualidade definem tanto a letra quanto a melodia. Aqui o estilo se aproxima mais do R&B.
  • Good
    Uma das poucas músicas do duo sobre superação romântica; o vocal chopping aqui utilizado por Jeremy nas edições continua forte aqui.
  • Mistaken
    Também bastante influenciada pelo R&B, essa faixa tem um riff no trompete acompanhando o refrão com uma leve influência de pop.

Se quiser trocar o mainstream das músicas sensuais de The Weekend e Justin Timberlake por algo novo, Marian Hill pode ser o que você procura. Dá uma olhada e se você gostou, compartilha e fica ligado aqui no Beco Literário pra mais artistas da música do mundo aqui na coluna, sempre aos domingos.

 

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5 novos nomes do jazz nacional contemporâneo que você precisa conhecer

O Brasil possui monstros do jazz, isso todo mundo sabe, e o nome Hermeto Pascoal deve vir logo à mente. No entanto, há toda uma produção contemporânea que merece atenção redobrada. Adicionando novas sonoridades ao jazz clássico, as nuances brasileiras se misturam e os resultados são maravilhosos. Ao ouvir o jazz nacional sentimos que ele transparece o que somos: uma mistura. Nosso jazz não é só jazz, é soul, é funk, é hip hop, é bossa nova, é tudo junto pra formar algo singular, assim como nosso povo. Então, para massagear os ouvidos, conheça abaixo 5 nomes do jazz brasileiro contemporâneo:

1. AMARO FREITAS

Pianista e compositor pernambucano, Amaro Freitas já gravou com Hermeto Pascoal, Paulinho da Viola, Wilson das Neves e Roberto Menescal. Em seu mais recente trabalho, o álbum Sangue Negro, o músico inova trazendo uma mistura interessante entre free jazz, samba e frevo. Em entrevista para o Jornal do Commercio, Amaro diz que “às vezes a gente fica preso às formas de melodia e harmonização, mas o som já existe. Essas são apenas as formas esquematizadas de organizar a música – e a música europeia, não é nem a nossa música. O som é muito mais do que isso. O som pode ser ruído, pode ser qualquer coisa que eu possa trabalhar dentro da minha cabeça”, e que a ideia central do álbum foi “trazer elementos da música pernambucana para instrumentos eruditos”.

2- TRIO X

O Trio X, formado pelos graduandos em Música da Unicamp Daniel Moreira, Felipe Ribeiro e Zeca Vieira, apresenta uma música instrumental que atualiza o jazz com muita personalidade. Feather, música composta por Felipe Ribeiro, parece contar uma história através da música, e essa é uma experiência musical das mais importantes: suscitar no ouvinte outras sensações e transportá-lo para outro lugar. É o tipo de música para se ouvir de olhos fechados. No canal do YouTube da banda há mais produções igualmente deliciosas de se ouvir.

3- VALV TRIO

O trio formado por Felipe Julio (Guitarra), Marcelo Borges (Guitarra) e Bruno Hernandes (Bateria), apesar de ainda não possuir um repertório muito grande, mostra que a fusão entre o jazz, o rock e a música eletrônica funciona muito bem. Aguardamos mais músicas do trio!

4- KICK BUCKET

A banda formada por Bruno Kioshi (baldes), Thiago Kim (sax), Levy Santiago (baixo) e El Cid (teclado), traz um formato no mínimo inusitado. Para começo de conversa, Kick Bucket não só chuta baldes, mas apresenta suas batidas com maestria. No balde há jazz, blues, soul, funk, tudo isso apresentado na rua pra todo mundo ver e ouvir. Neste último domingo de dia das mães (14) tive a oportunidade de vê-los se apresentando na Avenida Paulista, e mesmo com o barulho ensurdecedor das pessoas/carros/ônibus ouvi um som que lembra Badbadnotgood, mas com um toque especial brasileiro. A proposta de tocar nas ruas é importantíssima, pois promove a popularização do jazz e aproxima o público dos músicos.

5- ÈKÓ AFROBEAT

O afrobeat vem se mostrar com toda sua pluralidade sonora em ÈKÓ Afrobeat. A banda é formada por Igor Brasil (guitarra), Tibless (voz), Gustavo Boni (baixo), Paulo Kishimoto (Teclado), Eduardo Marques (bateria), Chico Santana (percussão), Natan Oliveira (trompete), Edmar Pereira (sax barítono), Rodrigo Bento (sax tenor) e Evandro Bezerra (trombone). No seu álbum de estreia intitulado Sambou África, toda essa galera adiciona cada um sua especificidade e traz um som diferente misturando o funk, soul, free jazz e ritmos tradicionais iorubá.

Ajude a difundir o jazz nacional, ouça e compartilhe o som dos nossos artistas!

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Música do Mundo: Lena

Se você gosta de música que te deixa alegre e dançando, vem cá abrir seu presente.

Conheça Lena: Com um estilo contagiante e uma personalidade forte, ela foi campeã do Eurovision 2010 com o single “Satellite”. Apesar dos hits dançantes, com batidas bem marcadas e baixos envolventes, Lena também se sai bem em músicas mais tranquilas e românticas. Em seus 4 álbuns, é fácil ver que sua voz é versátil, adapta-se bem a diversos estilos. Seu sotaque (apesar de cantar em inglês, Lena é alemã) foi suavizando-se ao longo dos álbuns; outra mudança veio com o álbum Crystal Sky, onde a cantora parece ceder à pressão do mainstream e perde um pouco da originalidade que faz das músicas dos primeiros álbuns tão irresistíveis.

Vamos ver agora o que faz de Lena tão especial:

My Cassete Player

O álbum de estréia tem Satellite, seu primeiro hit, e outras faixas que mostram o quão envolvente Lena pode ser. É aqui que o sotaque dela mais se destaca (em algumas músicas mais do que em outras). Com letras românticas e descontraídas predominando em todos os álbuns, vou aqui deixar como dica as que acho que vão te prender de primeira.

  • Satellite
    Canção vencedora do Eurovision 2010.
  • Not Following
    Um som bem gostoso de ouvir, com instrumentação chamativa e com destaque para os belos vocais.
  • Bee
    Dá quase pra ouvir ela sorrindo no começo da música. Sério!

Good News

Em Good News, fica mais aparente o lado romântico da cantora. Os destaques vão para:

  • I Like You
    Com uma melodia linda e uma pitada de folk, acaba sendo uma faixa única entre a discografia da cantora.
  • That Again
    Bem instrumentada e com uma certa vibe retrô, a faixa chama a atenção no álbum por lembrar mais as músicas de “My Cassette Player”.
  • Good News
    Trazendo um pouco do jazz/soul que aparece constantemente no plano de fundo das composições de Lena, a faixa que dá nome ao álbum é bem gostosa de escutar.

Stardust

Meu favorito dentre todos, Stardust mostra todo potencial que Lena tem para todos os gêneros nos quais ela consegue se inserir.

  • Pink Elephant
    Por favor, comece por aqui. Pink Elephant é viciante em sua melodia e vai te fazer querer escutá-la várias e várias vezes.
  • Neon (Lonely People)
    Se música fosse gastronomia, Neon seria um Risotto de Amy Whinehouse ao molho de The XX com infusão de Of Monsters And Men. Ou não. Eu não entendo muito de gastronomia.
  • I’m Black
    Para encerrar, I’m Black tem uma batida sensacional e um refrão que vai grudar na sua cabeça feito chiclete.

Crystal Sky

Crystal Sky é basicamente um bom álbum pop de 2015. Não tem muito de Lena, só o talento – mas isso por si só faz valer a pena dar uma conferida.

  • Traffic Lights
    Nº4 no Top 5 do Spotify, Traffic Lights é perfeita pra dançar e animar com a galera, com uma batida incansável e um refrão bem catchy.
  • Beat to My Melody
    A música mais balada de toda a discografia de Lena. As modulações vocais nos deixam distante da voz original da cantora, mas ainda assim o ritmo é interessante.
  • Crystal Sky
    A música que dá título ao álbum é a que mais parece com a raiz da música de Lena, mas ainda assim com a instrumentação mais eletrônica característica do álbum.

A cantora atualmente está trabalhando num novo álbum, do qual já conhecemos o single Lost in You. Por enquanto, divulga esse tesouro pouco conhecido da música do mundo! E até a próxima semana.

Spotify:  https://open.spotify.com/artist/5slpk6nu2IwwKx0EHe3GcL

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Confira o trailer de Chasing Trane: The John Coltrane Documentary

Chasing Trane: The John Coltrane Documentary, escrito e dirigido por John Scheinfeld, pretende trazer uma boa discussão a respeito da grandiosidade de Coltrane na música. Confira o trailer:

O comentário de Carlos Santana ao final do trailer resume em palavras o legado da música de Coltrane: some people play jazz, some people play reggae or blues, he played lifeJohn William Coltrane, além de saxofonista e compositor, foi um ser capaz de iluminar os caminhos do jazz e da expressividade musical, deixando uma marca tão forte na música que 50 anos após sua morte ainda podemos sentir sua presença de forma vívida no jazz contemporâneo.

O documentário irá explorar a vida e carreira do ícone do jazz através de entrevistas com nomes bem conhecidos do público, tais como os representantes do jazz Wayne Shorter, Sonny Rollins e Reggie Workman; lendas do rock como Carlos Santana e John Densmore; jovens artistas como Common e Kamasi Washington; o crítico Ben Ratliff e o filósofo Cornel West. Em vida, Coltrane fez pouquíssimas entrevistas de rádio e nunca foi entrevistado na televisão, por isso Denzel Washington empresta sua voz para interpretar alguns escritos do próprio Coltrane.

Chasing Trane: The John Coltrane Documentary estreia em abril nos Estados Unidos e ainda não tem datas de estreia para o Brasil.