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Autoria: HomemLiteratus - a arte de criar
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Autoria: HomemLiteratus – a arte de criar

A liberdade é seu jardim secreto. Sua pequena conivência para consigo mesmo. Um sujeito preguiçoso e frio, algo quimérico, razoável no fundo, que malandramente construiu para si próprio uma felicidade medíocre e sólida, feita de inércia, e que ele justifica de quando em vez mediante reflexões elevadas. Não é isso que sou?

Jean-Paul Sartre

O Sol está lá fora,

Manhã de sexta-feira. É verão e o sol está brilhando no céu dos homens. Os pássaros regorjeiam nas copas das árvores, libélulas sobrevoam a superfícies de pequenos lagos e um jovem tenta escrever o que se pode escrever de algo que é escrito por pessoas que gostam de escrever. Tudo está conforme a atuação da lei natural, segundo a Equação Geral do Universo Filosófica: “enquanto alguns vivem, outros refletem sobre a justificativa do por que viver”.

Pensar em arte é pensar na capacidade que o homem tem de expressar simbolicamente o abstrato, metafísico. E se há relação entre o sentimento e a obra, pode-se apreender de uma relação existente entre a realidade da obra literária, e a realidade do autor – aquela em que nós chamamos ser a nossa realidade, marcada pelo tempo – sol, lua, números representando horas e minutos; pelo convívio social.

O homem é explicado/construído/elucidado sócio- histórico e antropologicamente, noções essas que podemos acentuar como desinências de realidade.

Sistematizar esse primeiro conceito que foi tematizado, é mister entender que essa questão entre criador e criatura não se separa, porque o criador é envolvido por uma certa fenomenologia para que a inspiração opere para ser formada a criatura.

Mesmo sendo eu autor, mas evocado por um pseudônimo, não nega essa afirmação. Pois, o narrador é constituído como uma entidade ontológica psicológica e não física.

Todavia, esta análise propõe com o objetivo de especificar, como por exemplo, o arquétipo dado nesta introdução “expressão fraternal existente entre criador e criatura”, para explicitar com mais acessibilidade um dos focos de discussão deste ensaio, que é a mimésis, a imitação.

Nós leitores, passamos a compreender que a realidade de uma obra literária é ficcional, mas essa ficção, de certa forma, é oriunda de uma realidade, a de quem escreve.

PS: Tratemo-nos em começar a segunda parte da discussão relendo a crônica: “Homem” que serve para ilustrar a dimensão homem e as suas complexidades

Assim como Ralph Linton (1965) argumenta em seu arquétipo ‘antropo-sociológico’ O Homem: Uma Introdução à Antropologia – metamorfoseando tal pensamento em uma linguagem mais poética – a não ser que a ciência se enquadra em um sistema de teorizações equivocadas, a espécie humana, o homem, não se caracteriza como anjos caídos, mas como animais aperfeiçoados.

Seres constituídos biologicamente de células – corpúsculos bioquimicamente preparados para perfazerem sistemas de vivência e sobrevivência através de minúsculos compartimentos denominados organelas celulares que, possuem individualmente, no interior da célula, alguma atividade em particular – ao se agruparem, dão existência a tecidos que, por sua vez, formam órgãos que constituem sistemas e, por final, resulta em um organismo vivo.

Por conseguinte, coloquemos as ironias a parte desta discussão, e questionemos o retrato realizado pelo texto literário ao descrever uma tripartição no homem: corpo, consciência e o livre – arbítrio. Dissecar o corpo e discutir sobre sua função, composição, nutrição é por demasiado menos complicado. Não é presunção de minha parte não reconhecer a luta incansável do homem em buscar conhecer a ciência e colocá-la como sua fiel escudeira na formação de idéias e opiniões, desfazendo de sua importância e descaracterizando o seu lugar no ranking de necessidades da comunidade homem. Mas a discussão desse ensaio não é essa. O objetivo é traçar uma opinião, um perfil de atividade psicológica e não orgânica.

Afinal, conhecemos a sociologia, filosofia, antropologia, cosmologia contemporânea, filologia e outras logias que o ser humano tratou de separar corpus de pesquisas e atribuir-lhes nomenclaturas, significações e lugares na rede da ciência, como descreve Rubem Alves ao discutir o que é científico e não científico.

Enem: Dissertação Argumentativa x Artigo de Opinião
Enem: Dissertação Argumentativa x Artigo de Opinião
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Enem: Dissertação Argumentativa x Artigo de Opinião

Olá, leitores do Beco! No nosso espaço hoje, reservei um ensaio explicativo bem interessante para continuarmos a discussão a respeito da “arte da escrita”.

Já foi falado sobre os vários tipos de textos – assunto anterior: tipologia textual – e ilustrado os mais comuns, aqueles mesmos encontrados no ensino médio, nas avaliações de concursos/vestibulares e os famosos “textão de facebook” (vulgo artigo de opinião, com ironia e risos destaco esta ultima parte com aspas).

Para relembrar…

Para te ajudar a entender a logística que une e diferencia esses dois tipos textuais, é necessário entender primeiramente que, os dois textos são considerados importantes e covalentes em uma linha imaginária paralela, não há hierarquização onde um se manifesta com uma importância rotulada por ser “culto” e o outro marginalizado por ser “popular”. Reafirmo, não.

O primeiro parâmetro que diferencia estas duas modalidades textuais é o viés que cada tipo de texto é escrito. A Dissertação Argumentativa, por ser um texto puramente científico, se manifesta pela impessoalidade e mantem o caráter filosófico e questionador assim como o Artigo de Opinião é caracterizado pelo sarcasmo, linguagem irônica e a marca de pessoalidade, isto é, a presença das primeiras pessoas (tanto no singular, quanto no plural).

Entretanto, a construção de ambos os textos são iguais:

– Introdução
– Desenvolvimento I
– Desenvolvimento II
– Conclusão

No processo da escrita, é comum que, todo indivíduo que se submete a posição sujeito escritor em algum momento, seja prova ou qualquer outro tipo de avaliação, expor num papel uma linguagem “rebuscada”, “culta” (ou pelo menos tentar).

Então, como fazer uma introdução de um texto, seja ele dissertativo argumentativo ou artigo de opinião? A resposta é bem simples e palpável. Vá direto ao objeto de estudo. Posso descrever aqui neste ensaio, no mínimo dez maneiras de se introduzir um texto, mas vou me atentar ao caminho mais claro:

Pergunta: Como introduzir um texto?
Resposta: Conceitue a palavra chave da proposta temática.

A melhor maneira de se introduzir um texto é a abordagem de conceito.

Por exemplo:

Tema: “Os impactos da violência no trânsito brasileiro”

Palavra-chave da proposta temática: Violência

Contexto para argumentação: Trânsito brasileiro

 

Tema: “Os desafios do bullying nas escolas brasileiras”

Palavra-chave da proposta temática: Bullying

Contexto para argumentação: escolas brasileiras

Em ambos os exemplos, é possível perceber que existe uma palavra que é a chave da proposta temática do texto, e você precisa encontra-la. Portanto, se você não entender o tema que esta sendo exigido, será um pouco mais complicado redigir a sua redação de forma mais coesa e coerente.

Antes de falar dos impactos da violência do trânsito no Brasil, conceitue a palavra violência, o que é violência? Antes de falar dos desafios do bullying nas escolas, o que os alunos que são excluídos ou também, o que os alunos são capazes de fazer para fugir da dor da exclusão social, por que não conceituar para o leitor que irá ler a sua redação na introdução, o que você conhece, o que você sabe de bullying? Qual o conceito de bullying?

A dissertação argumentativa ou artigo de opinião fica mais fácil de se escrever quando se sai do real marco zera – o conceito da palavra-chave da proposta temática do texto.

Lembre-se, ao iniciar um texto, tente encontrar a palavra chave e conceitue, sua argumentação fluirá com mais facilidade após essa estratégia.

Dissertação Argumentativa vs. Artigo de Opinião: qual a diferença?
Dissertação Argumentativa vs. Artigo de Opinião: qual a diferença?
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Ensaio sobre Dissertação Argumentativa vs. Artigo de Opinião: qual a diferença?

Hey Leitores do Beco! Espero que esteja tudo bem com vocês! Estamos percorrendo por uma série de ensaios cujo objetivo seja auxiliá-los na realização de uma boa escrita.

Os textos mais comuns que são encontrados em toda área acadêmica são:

  1. Dissertação Argumentativa
  2. Artigo de Opinião

Antes de iniciarmos a análise da primeira parte da estrutura textual – Introdução, é preciso entender o objetivo de cada construção textual, ou seja, para que cada texto é usado? Qual veículo de comunicação é ele utilizado?

Dissertação argumentativa é uma produção textual puramente científica e teórica, portanto, todos os assuntos retratados por essa construção de ideias devem ser fundamentados em fatos históricos, pensamentos de teóricos e dados mediante pesquisas e gráficos. A principal característica que diferencia a tipologia textual dissertação do artigo de opinião, é a pessoa inscrita dentro do texto.

No Artigo de Opinião, a pessoa que é inscrita dentro do texto é a primeiro, isto é, pode se utilizar a primeira pessoa do singular/plural em todos os verbos que compõem o texto; já a dissertação não, esta é escrita e descrita pelos verbos em terceira pessoa o que garante a impessoalidade e a confidencialidade da criticidade e da ciência, isto é, o texto científico não foi regido por “achismo” ou senso comum, mas por uma base ideológico que se apresenta ao leitor por meio de provas.

Como o artigo de opinião é um tipo de texto comum em jornais e revistas [meio de veiculação de maior reconhecimento pelas massas sociais], o texto é escrito e descrito pelas primeiras pessoas tanto no singular quanto no plural. Entretanto, se for um texto exigido por uma banca de avaliação universitária por meio de vestibular ou concurso público, o seu texto em primeira pessoa deve ser escrito em primeira pessoa, mas fundamentado por gráficos, pesquisas provando um posicionamento pessoal, nada de senso comum.

Para ilustrar essa diferença entre tais textos, aqui vai um exemplo:

Exemplo 01 – Enem 2016
Acadêmica: Marcela Sousa Araújo, 21 anos

Título do texto: No meio do caminho tinha uma pedra

No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores intolerantes.

O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de preocupação.

Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.

Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.

O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.

Fonte

Exemplo 02 – Artigo de Opinião
Autor: Desconhecido
Tema: Racismo

Ainda que grande parte da população brasileira seja descendente de negros, o problema do racismo está longe de ser resolvido.

No período colonial, Portugal trazia os negros da África para trabalharem no país em condição de escravos. Desde então, o racismo esteve incutido na mente de muitos brasileiros.

Embora a Lei Áurea tenha libertado os negros do trabalho escravo em 1888, a população negra apresenta os maiores problemas ainda hoje no país. Por exemplo, as condições de vida, o trabalho, a moradia, dentre outros.

Se observarmos as favelas do país ou mesmo as penitenciárias, o número de negros é sem dúvida maior. A grande questão é: até quando o racismo persistirá no nosso país?; pois mesmo séculos depois, ainda é possível nos deparamos com um racismo velado no Brasil.

A implementação de políticas públicas poderá resolver nosso problema, mas ainda temos muitos caminhos a percorrer. Infelizmente, creio que não estarei vivo para contemplar essa conquista.

Fonte

– Dissertação argumentativa:

  1. a) Colocação verbal – “torna-se”

– Artigo de Opinião:

  1. a) Colocação verbal: “observamos”, “deparamos”, “creio”, “temos”
  2. b) Pronomes possessivos: “nosso”

Outras características importantes:

– Artigo de Opinião:

  1. a) Uso de ironia, sarcasmo e crítica acentuada
  2. b) Assinatura do autor no final
  3. c) Títulos persuasivos e polêmicos

Outras características importantes:

  1. Impessoalidade
  2. Exposição clara dos argumentos, sem abordagem de ambiguidade

Espero ter ajudado! Até o nosso próximo encontro!

Narrativa
Narrativa
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Ensaio: Elementos estruturais da narrativa – Foco Narrativo #01

Hey leitores do Beco! Espero que esteja tudo bem com vocês!

Reservei algo super interessante para discutir com vocês hoje: Elementos Estruturais da Narrativa. Não é muito interessante quando se lê um livro narrativo e não se entende quem é a voz que está a contar e desenvolver a trama. Causa um tipo de fragmentação e a leitura se torna complicada e, para alguns tipos de leitores, nem um pouco apreciável.

Por este motivo, trouxe algumas teorias da literatura para te ajudar a reconhecer o foco narrativo do seu livro em leitura, e concretizar a beleza e a doçura de se ler um livro e entendê-lo completamente. Ao se fazer a análise de qualquer livro (seja ele romanceado ou não) numa macrovisão, ou conto ou crônica numa microvisão textual, é preciso se atentar para cinco elementos base de estudo:

• FOCO NARRATIVO (NARRADOR)
• PERSONAGENS
• TEMPO
• ESPAÇO
• ENREDO

Este ensaio tem o objetivo de discutir o foco narrativo com exemplificação e profundidade teórica.

Um dos grandes nomes da análise literária é Gérard Genette, teórico literário e crítico francês que elaborou a sua própria abordagem poética a partir do viés estruturalista. Para este autor, a narrativa se concretiza como DIEGESE: “termo empregado para indicar a história, a fábula, conjunto dos acontecimentos num texto literários”, em tal abordagem estrutural, a análise literária se torna cabível a partir do reconhecimentos de dois planos congruentes, correlacionados que preexistem na atmosfera artística das letras.

São eles:
– Plano da Enunciação
– Plano do Enunciado

Enquanto o Plano da Enunciação se restringe em estudar a voz que perfaz a ação de narrar, o Plano do Enunciado se propõe a discutir o que já está escrito, o plano do discurso ou da narrativa. Para Gérard Genette, “narrativa” é: “todo discurso que nos apresenta uma história imaginária como se fosse real, constituída por uma pluralidade de personagens, cujos episódios de vida se entrelaçam num tempo e num espaço determinados.”

Mas quem é a voz que tem o trabalho de descrever ao leitor todo esse sistema dito na citação anterios?
– Somente uma resposta cabível: o narrador.

Em uma grande área, existem dois tipos de narradores. O narrador em primeira pessoa e o narrador em terceira pessoa.

O narrador em primeira pessoa também é conhecido como um narrador personagem e possui quatro tipos.

– Narrador Personagem: Segundo Pouillon, o narrador personagem está fundamentado na teoria do “Visão com”, isto é, um personagem envolvido na história assume o papel de narrador e o leitor passa a conhecer a história pela ótica do mesmo.

– Narrador Personagem Protagonista: identifica-se como personagem principal que vive os fatos da narrativa e acumula o papel de sujeito da enunciação e do enunciado.

Exemplo:
Livro: Dom Casmurro
Narrador Personagem Protagonista: Bentinho
Escritor: Machado de Assis

– Narrador Personagem Secundário: o personagem/narrador não está em primeiro plano, embora participa da narrativa, sua função é mais importante no nível da enunciação.

Exemplo:
Livro: O Morro dos Ventos Uivantes
Narrador Personagem Secundário: Sr. Lockwood
Escritora: Emily Bronte

– Narrador Testemunha: personagem presente no texto só para narrar os acontecimentos. O termo testemunha diz respeito ao fato de o personagem narrador contar tudo aquilo que viu, ouviu ou que leu em algum lugar.

Exemplo:
Livro: O resto é silêncio
Narradores Testemunhas: Doutor Lustosa; Norival; Tônio Santiago; Aristides Barreiro; “Sete- Meis”; Chicarro e Marina.
Escritor: Érico Veríssimo

Narrador em terceira pessoa é um tipo específico que possui um dom chamado ONISCIÊNCIA. Ele sabe de tudo. Entretanto, uma teoria fora discutida por Friedman, elenca quatro subáreas para o narrador pressuposto, são elas:

– Onisciente Neutro
– Onisciente intruso
– Onisciente seletivo
– Narrador Câmera

Em linhas gerais, o narrador pressuposto é uma entidade da narrativa que sabe de todas as coisas, inclusive dos pensamentos e sentimentos das personagens e detalhes de cada acontecimento. Para Gérard, um exemplo claro seria a Morte no livro “A menina que roubava livros”. Estava em todos os lugares, sabia de detalhes dos acontecimentos e os sentimentos das personagens ao morrer.

E aí, curtiram? Espero ter ajudado vocês! Um grande abraço e até a próxima.