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Me chame pelo seu nome, André Aciman
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Resenha: Me chame pelo seu nome, André Aciman

Me Chame pelo seu Nome, publicado em 2007, narra uma intensa história de amor. Nele, o autor André Aciman nos apresenta a vida de Ellio, cuja família tem o costume de receber hóspedes para ajudar escritores jovens a revisarem seus manuscritos. Então, todos os anos, pelas longas seis semanas do verão, Ellio cede seu quarto a um estranho e se muda para o antigo quarto do seu avô. Essa é uma prática comum na família dele, seu pai é um professor universitário influente e tem grandes conexões com outros profissionais da área. A vida do garoto de 17 anos, no entanto, muda com a chegada do jovem americano, Oliver, um escritor filósofo de 24 anos que irá passar o verão na casa da família.

A história se ambienta na Itália e a paisagem, as práticas locais e, até rotina da família, são muito bem descritas, não falhando em inserir o leitor naquele lugar. É quase como se pudéssemos sentir o calor e o ar da pequena cidade. O autor descreve com delicadeza cada cena, nos apresentando o dia a dia da família e cada personagem ali presente. Constrói-se, assim, um vínculo por parte do leitor com as pessoas que nos são apresentadas, por serem altamente realistas e autênticas. Me Chame pelo seu Nome é carregado de intensidade e narrativa poética, fazendo com que os sentimentos do personagem transpassem as páginas do livro.

Que o verão nunca acabe, que ele nunca vá embora, que a música toque para sempre, estou pedindo tão pouco, e juro que nunca mais vou pedir nada.

É sob esse cenário que Ellio nos conta o desenvolvimento de uma paixão. Ele é um garoto inteligente – vindo de uma família privilegiada intelectual e socialmente – conhecedor de literatura, artes e música. A relação que se desenvolve é tão intensa quanto se pode ser, em todos os aspectos psicológicos, intelectuais e sexuais. Intensidade, sem dúvidas, é a palavra que descreve essa história. Ellio é fiel aos seus confusos sentimentos que vão se desenvolvendo ao decorrer da narrativa e, fica muito claro ao leitor, o quão verdadeiro eles são em relação à Oliver e ao mundo ao seu redor, que muda com a sua chegada.

 A forte batida do meu coração quando ele aparecia sem aviso me aterrorizava e me fazia vibrar ao mesmo tempo. Eu tinha medo quando ele aparecia, medo quando não aparecia, medo quando ele olhava para mim, ainda mais medo quando não olhava.

Me chame pelo seu nome é um livro que trata de amor, paixão, desejo e descobertas. A história decorre de modo surpreendentemente intenso, que faz com que percamos o ar juntamente com Ellio. A adaptação para o cinema já está em cartaz e recebeu críticas muito positivas, mas vale a pena ler com detalhes essa história carregada de emoção.

Ele era meu canal secreto para mim mesmo… como um catalisador que permite que nos tornemos quem somos, o corpo estranho, o condutor, o enxerto, o curativo que desencadeia os impulsos certos, o pino de aço que mantém o osso de um soldado no lugar, o coração de outro homem que faz com que sejamos mais nós mesmos do que éramos antes do transplante.

Críticas de Cinema, Filmes

Crítica de Cinema: Me Chame Pelo Seu Nome (2017)

Estrelado por Timothée Chalamet e Armie Hammer, Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name, 2017) é um filme que versa sobra a autodescoberta durante a adolescência. Uma fase da vida que não tem como escapar. E durante esses anos de experimentação, descobrimos nosso corpo, descobrimos o que é desejo e descobrimos o que é amor.

Elio (Timothée Chalamet) é um garoto que vive numa casa de verão, em algum lugar ao norte da Itália. Durante a estação, seu pai costuma receber um acadêmico novo a cada ano para ajudá-lo em pesquisas. O ano é 1983 e o visitante é o americano Oliver (Armie Hammer). Aos poucos, a convivência vai aproximando os dois rapazes, e uma paixão vai surgindo.

Divulgação/Sony Pictures

Resumir Me Chame Pelo Seu Nome apenas como um filme de temática LGBT seria injusto. O longa de Luca Guadagnino (A Bigger Splash, 2015), inspirado no livro de André Aciman, retrata com sensibilidade e leveza o despertar do amor e do desejo, sob a perspectiva de um adolescente.

Nada é gratuito no desenrolar dessa relação. Conforme vão se conhecendo, Elio demonstra a vontade de experimentar, de viver aquele sentimento que desabrocha dentro dele, mesmo com a incerteza de estar sendo correspondido. Enquanto isso, Oliver, que apesar de ser um sujeito cativante, demonstra uma certa arrogância, um ar de superioridade, vai se desarmando conforme a confiança entre os dois vai sendo construída.

Divulgação/Sony Pictures

O roteiro escrito por James Ivory desenvolve a história com sensibilidade, num crescendo que, à primeira vista pode parecer um pouco enfadonho, mas que evidencia de forma apurada a hesitação de Elio entre a incerteza e o desejo. A paixão fugaz e intensa dos dois rapazes é retratada da melhor maneira “sexy sem ser vulgar”. E toda essa sutileza do roteiro é associada à belíssima cinematografia e cenários deslumbrantes. É poesia pura.

Me Chame Pelo Seu Nome é o perfeito retrato da primeira paixão, do amor de verão. Intenso, efêmero, mas que, de uma forma ou de outra, acaba sendo marcante. Seja pelo aprendizado, seja pela descoberta. O importante é viver intensamente e aproveitar cada segundo, mesmo que a felicidade seja finita.