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A evolução das princesas Disney e seu reflexo da sociedade

A primeira animação feita por Walt Disney foi Branca de Neve e os sete anões, em 1937. A princesa submissa que canta com os passarinhos, limpa a casa dos anões, prendada e suspirante por um príncipe reflete o conservadorismo da época e o que acreditava-se ser o papel da mulher na sociedade. Em 1950, temos Cinderela que ainda mantém algumas características de Branca, mas, ao contrário da antecessora, vai até o príncipe em um ato rebelde de desobedecer sua madrasta e ir ao baile. As duas ainda precisam de um casamento no final para serem felizes e ainda são salvas por príncipes em cavalos brancos, pensamento retrocesso de que a mulher era feita para casar e ter filhos.

Em 2009, essa história começa a mudar com o surgimento da primeira princesa Disney negra: Tiana. A princesa e o sapo conta a história de uma garotinha de Nova Orleans que vê seu pai trabalhar duro a vida toda sem conseguir construir nenhum patrimônio, o que a faz ter o sonho de, um dia, conseguir ter seu próprio restaurante e ter uma vida diferente da do pai. Para isso, ela trabalha como garçonete e poupa cada centavo que ganha, até que um sapo falante cruza seu caminho e, ao beijá-lo na promessa de que ele virará um príncipe e a recompensará, Tiana vira uma sapa e tem que se salvar e salvar o príncipe desastrado que não tem a mínima ideia do que está fazendo.

Este ano, tivemos a primeira princesa Disney latina, Elena, da série de desenhos do canal Disney, Elena de Avalor. Ao contrário das outras, essa princesa não tem um príncipe e vira rainha de Avalor quando salva seu povo de uma perigosa feiticeira. Outra também que dispensou o resgate de um príncipe é Moana, a nova princesa Disney que estreia dia 05 de janeiro. A primeira princesa Disney polinésia mostra que a força da amizade é maior do que a força do amor e, com a ajuda de seus amigos, parte em uma expedição cheia de aventuras em busca da ilha mística de seus ancestrais. Ah, ela também tem um certo poder mágico de controlar o mar, uma grande evolução desde 1937.

Há quem defenda que não se deve mais contar histórias de princesas para as meninas, pois todas defendem que o final feliz só existe com um casamento e que o príncipe é sempre o herói que salva o dia. Não nego, mas elas também mostram que ser uma pessoa boa e não se entregar à vingança traz mais benefícios do que ser má e que o bem sempre vence no fim.

O que acontece é que as princesas de antigamente refletem os valores de suas respectivas épocas e, com o avanço do feminismo, as princesas também mudaram. Tiana, Elena, Moana e até a Rapunzel que é mais antiga, mas foi trazida pela Disney em uma releitura onde é mais corajosa e, no fim, salva o príncipe, refletem uma sociedade onde as mulheres também são heroínas, também podem trabalhar, realizar seus sonhos e escrever suas próprias histórias. As princesas Disney mostram a evolução da mulher na sociedade e representam as milhares de princesas da vida real que trabalham, estudam, criam seus filhos e correm atrás de seus objetivos.