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“Três Anúncios Para Um Crime” e “Big Little Lies” são os destaques do Globo de Ouro

A 75ª edição do Globo de Ouro, que aconteceu neste domingo (7), foi marcada por discursos calorosos e protestos contra o assédio sexual. Das alfinetadas do apresentador, Seth Meyers, até as atrizes trajando preto, tudo remetia ao escândalo que tomou conta da indústria cinematográfica no último ano, após a onda de denúncias de abuso em Hollywood.

A homenageada da noite, Oprah Winfrey, fez um discurso emocionante sobre a força da mulher, assédio e racismo, ao receber o prêmio Cecil B. DeMille por sua contribuição ao mundo do entretenimento. Em sua fala, Oprah criticou a “cultura corrompida por homens brutalmente poderosos”. “Por muito tempo as mulheres não foram ouvidas e foram desacreditadas quando ousaram falar a verdade para os homens. Mas esse tempo acabou”, disse a apresentadora sob forte aplauso dos colegas presentes na cerimônia.

Oprah Winfrey (Foto: Paul Drinkwater/NBC/Reuters)

Contrariando boa parte das expectativas, Três Anúncios Para Um Crime foi um dos destaques da noite, vencendo quatro prêmios – melhor filme dramático, atriz dramática (Frances McDormand), ator coadjuvante (Sam Rockwell) e roteiro. Considerado favorito, indicado em sete categorias, A Forma da Água terminou a noite com dois prêmios – diretor para Guillermo Del Toro e trilha sonora. Nas categorias para musical ou comédia, Lady Bird: A Hora de Voar levou as estatuetas de melhor filme e atriz (Saoirse Ronan).

O destaque nos prêmios televisivos foi Big Little Lies, que levou quatro prêmios – melhor minissérie, atriz (Nicole Kidman), ator coadjuvante (Alexander Skarsgard) e atriz coadjuvante (Laura Dern). Na categoria de melhor série dramática, The Handmaid’s Tale conseguiu desbancar The Crown e Game of Thrones – e também levou o prêmio de atriz de drama (Elisabeth Moss).

Confira a seguir a lista completa dos vencedores.

Elenco e equipe de “Três Anúncios Para Um Crime” (Foto: Paul Drinkwater/Courtesy of NBC/Handout via REUTERS)

Atrizes da série “Big Little Lies” (Foto: Jordan Strauss/Invision/AP)

CINEMA

Melhor Filme – Drama
  • Três Anúncios Para Um Crime
Melhor Filme – Comédia ou Musical
  • Lady Bird: A Hora de Voar
Melhor Diretor
  • Guillermo Del Toro (A Forma da Água)
Melhor Ator – Drama
  • Gary Oldman (O Destino de uma Nação)
Melhor Atriz – Drama
  • Frances McDormand (Três Anúncios Para Um Crime)
Melhor Ator – Comédia/Musical
  • James Franco (Artista do Desastre)
Melhor Atriz – Comédia/Musical
  • Saoirse Ronan (Lady Bird: A Hora de Voar)
Melhor Ator Coadjuvante
  • Sam Rockwell (Três Anúncios Para Um Crime)
Melhor Atriz Coadjuvante
  • Allison Janney (Eu, Tonya)
Melhor Filme de Animação
  • Viva: A Vida é Uma Festa
Melhor Filme Estrangeiro
  • Em Pedaços (Alemanha)
Melhor Roteiro
  • Martin McDonaugh (Três Anúncios Para Um Crime)
Melhor Trilha Sonora
  • A Forma da Água
Melhor Canção Original
  • “This Is Me” (O Rei do Show)

 

TELEVISÃO

Melhor Série de TV – Drama
  • The Handmaid’s Tale
Melhor Série de TV – Comédia/Musical
  • The Marvelous Mrs. Maisel
Melhor Minissérie/Telefilme
  • Big Little Lies
Melhor Ator – Drama
  • Sterling K. Brown (This Is Us)
Melhor Atriz – Drama
  • Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)
Melhor Ator – Comédia/Musical
  • Aziz Ansari (Master of None)
Melhor Atriz – Comédia/Musical
  • Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)
Melhor Ator – Minissérie/Telefilme
  • Ewan McGregor (Fargo)
Melhor Atriz – Minissérie/Telefilme
  • Nicole Kidman (Big Little Lies)
Melhor Ator Coadjuvante
  • Alexander Skarsgard (Big Little Lies)
Melhor Atriz Coadjuvante
  • Laura Dern (Big Little Lies)
forma capa globo de ouro
forma capa globo de ouro
Atualizações, Filmes

“A Forma da Água” lidera indicações ao Globo de Ouro 2018

A temporada de premiações do cinema americano começou! Os atores Alfre Woodard, Garrett Hedlund, Kristen Bell e Sharon Stone anunciaram na manhã desta segunda-feira (11), diretamente de Los Angeles, os indicados a 75ª edição do Globo de Ouro.

A fábula de Guillermo Del Toro, A Forma da Água, lidera as indicações entre os filmes, concorrendo em sete categorias, incluindo melhor filme dramático e melhor diretor. O destaque nas categorias para televisão foi Big Little Lies, da HBO, que concorre em seis categorias.

A entrega dos prêmios será no dia 7 de janeiro, com apresentação do ator e comediante Seth Meyers. Confira abaixo a lista completa dos indicados:

A Forma da Água (divulgação)

Big Little Lies (divulgação)

CINEMA

Melhor Filme – Drama

  • Me Chame Pelo Seu Nome
  • The Post: A Guerra Secreta
  • A Forma da Água
  • Dunkirk
  • Três Anúncios Para Um Crime

Melhor Filme – Comédia ou Musical

  • Corra!
  • Lady Bird: A Hora de Voar
  • Artista do Desastre
  • Eu, Tonya
  • O Rei do Show

Melhor Diretor

  • Christopher Nolan (Dunkirk)
  • Ridley Scott (Todo o Dinheiro do Mundo)
  • Guillermo Del Toro (A Forma da Água)
  • Steven Spielberg (The Post: A Guerra Secreta)
  • Martin McDonaugh (Três Anúncios Para Um Crime)

Melhor Ator – Drama

  • Gary Oldman (O Destino de uma Nação)
  • Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)
  • Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)
  • Tom Hanks (The Post: A Guerra Secreta)
  • Denzel Washington (Roman J. Israel, Esq.)

Melhor Atriz – Drama

  • Frances McDormand (Três Anúncios Para Um Crime)
  • Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)
  • Sally Hawkins (A Forma da Água)
  • Jessica Chastain (A Grande Jogada)
  • Michelle Williams (Todo o Dinheiro do Mundo)

Melhor Ator – Comédia/Musical

  • Daniel Kaluuya (Corra!)
  • James Franco (Artista do Desastre)
  • Hugh Jackman (O Rei do Show)
  • Steve Carell (A Guerra dos Sexos)
  • Ansel Elgort (Em Ritmo de Fuga)

Melhor Atriz – Comédia/Musical

  • Margot Robbie (Eu, Tonya)
  • Emma Stone (A Guerra dos Sexos)
  • Judi Dench (Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha)
  • Saoirse Ronan (Lady Bird: A Hora de Voar)
  • Helen Mirren (The Leisure Seeker)

Melhor Ator Coadjuvante

  • Sam Rockwell (Três Anúncios Para Um Crime)
  • Richard Jenkins (A Forma da Água)
  • Willem Dafoe (Projeto Flórida)
  • Armie Hammer (Me Chame Pelo Seu Nome)
  • Christopher Plummer (Todo o Dinheiro do Mundo)

Melhor Atriz Coadjuvante

  • Laurie Metcalf (Lady Bird: A Hora de Voar)
  • Allison Janney (Eu, Tonya)
  • Mary J. Blige (Mudbound)
  • Hong Chau (Pequena Grande Vida)
  • Octavia Spencer (A Forma da Água)

Melhor Filme de Animação

  • Viva: A Vida é Uma Festa
  • Com Amor, Van Gogh
  • The Breadwinner
  • O Poderoso Chefinho
  • O Touro Ferdinando

Melhor Filme Estrangeiro

  • The Square: A Arte da Discórdia (Suécia)
  • First They Killed My Father (Camboja)
  • Em Pedaços (Alemanha)
  • Uma Mulher Fantástica (Chile)
  • Loveless (Rússia)

Melhor Roteiro

  • Greta Gerwig (Lady Bird: A Hora de Voar)
  • Guillermo Del Toro e Vanessa Taylor (A Forma da Água)
  • Martin McDonaugh (Três Anúncios Para Um Crime)
  • Liz Hannah e Josh Singer (The Post: A Guerra Secreta)
  • Aaron Sorkin (A Grande Jogada)

Melhor Trilha Sonora

  • A Forma da Água
  • Dunkirk
  • The Post: A Guerra Secreta
  • Trama Fantasma
  • Três Anúncios Para Um Crime

Melhor Canção Original

  • “Remember Me” (Viva: A Vida é Uma Festa)
  • “Mighty River” (Mudbound)
  • “This Is Me” (O Rei do Show)
  • “Home”  (O Touro Ferdinando)
  • “The Star” (The Star)

 

TELEVISÃO

Melhor Série de TV – Drama

  • The Crown
  • The Handmaid’s Tale
  • Game of Thrones
  • Stranger Things
  • This Is Us

Melhor Série de TV – Comédia/Musical

  • Black-ish
  • SMILF
  • Master of None
  • Will & Grace
  • The Marvelous Mrs. Maisel

Melhor Minissérie/Telefilme

  • Big Little Lies
  • Feud: Bette and Joan
  • Top of the Lake: China Girl
  • The Sinner
  • Fargo

Melhor Ator – Drama

  • Liev Schreiber (Ray Donovan)
  • Bob Odenkirk (Better Call Saul)
  • Jason Bateman (Ozark)
  • Sterling K. Brown (This Is Us)
  • Freddie Highmore (The Good Doctor)

Melhor Atriz – Drama

  • Caitriona Balfe (Outlander)
  • Claire Foy (The Crown)
  • Maggie Gyllenhaal (The Deuce)
  • Katherine Langford (13 Reasons Why)
  • Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)

Melhor Ator – Comédia/Musical

  • Aziz Ansari (Master of None)
  • Anthony Anderson (Black-ish)
  • Eric McCormack (Will & Grace)
  • Kevin Bacon (I Love Dick)
  • William H. Macy (Shameless)

Melhor Atriz – Comédia/Musical

  • Alison Brie (Glow)
  • Issa Rae (Insecure)
  • Frankie Shaw (SMILF)
  • Pamela Adlon (Better Things)
  • Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)

Melhor Ator – Minissérie/Telefilme

  • Robert De Niro (O Mago das Mentiras)
  • Jude Law (The Young Pope)
  • Kyle MacLachlan (Twin Peaks)
  • Ewan McGregor (Fargo)
  • Geoffrey Rush (Genius)

Melhor Atriz – Minissérie/Telefilme

  • Nicole Kidman (Big Little Lies)
  • Reese Witherspoon (Big Little Lies)
  • Jessica Lange (Feud: Bette and Joan)
  • Susan Sarandon (Feud: Bette and Joan)
  • Jessica Biel (The Sinner)

Melhor Ator Coadjuvante

  • Alfred Molina (Feud: Bette and Joan)
  • Alexander Skarsgard (Big Little Lies)
  • Christian Slater (Mr. Robot)
  • David Thewlis (Fargo)
  • David Harbour (Stranger Things)

Melhor Atriz Coadjuvante

  • Laura Dern (Big Little Lies)
  • Ann Dowd (The Handmaid’s Tale)
  • Shailene Woodley (Big Little Lies)
  • Chrissy Metz (This Is Us)
  • Michelle Pfeiffer (O Mago das Mentiras)
The Handmaid’s Tale — “Faithful” — Episode 105 — Serena Joy makes Offred a surprising proposition. Offred remembers the unconventional beginnings of her relationship with her husband. Janine (Madeline Brewer), left and Offred (Elisabeth Moss), right, shown. (Photo by: George Kraychyk/Hulu)
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Conheça os vencedores do Emmy Awards 2017

A noite foi das mulheres na cerimônia do Emmy Awards, que aconteceu ontem (17), em Los Angeles. Com cinco prêmios cada, entre as categorias principais, The Handsmaid’s Tale e Big Little Lies, duas produções com personagens femininas marcantes em suas tramas, foram os destaques da noite.

Nas categorias de drama, além do prêmio para Elisabeth Moss como melhor atriz, The Handmaid’s Tale ainda venceu melhor série, direção, roteiro e atriz coadjuvante para Ann Dowd. Big Little Lies levou os prêmios de melhor atriz para Nicole Kidman, atriz coadjuvante para Laura Dern, ator coadjuvante para Alexander Skarsgard, direção e melhor minissérie.

Equipe de “The Handmaid’s Tale” (Frederic J. Brown/AFP)

Equipe de “Big Little Lies” (Mario Anzuoni/Reuters)

Black Mirror: San Junipero  foi escolhido o melhor filme para TV e o prêmio de melhor série de comédia do ano foi para Veep. A lista completa de vencedores, incluindo categorias técnicas, está no site oficial do Emmy Awards (em inglês).

Confira abaixo a lista com os vencedores nas principais categorias.

MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
  • The Handmaid’s Tale
MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
  • Veep
MELHOR MINISSÉRIE
  • Big Little Lies
MELHOR FILME FEITO PARA TV
  • Black Mirror: San Junipero
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • Sterling K. Brown (This Is Us)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • Ann Dowd (The Handmaid’s Tale)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • John Lithgow (The Crown)
MELHOR ATRIZ CONVIDADA EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • Alexis Bledel (The Handmaid’s Tale)
MELHOR ATOR CONVIDADO EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • Gerald McRaney (This Is Us)
MELHOR DIREÇÃO EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • Reed Morano (episódio “Offred (Pilot)” – The Handmaid’s Tale)
MELHOR ROTEIRO EM SÉRIE DRAMÁTICA
  • Bruce Miller (episódio “Offred (Pilot)” – The Handmaid’s Tale)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE CÔMICA
  • Julia Louis-Dreyfus (Veep)
MELHOR ATOR EM SÉRIE CÔMICA
  • Donald Glover (Atlanta)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE CÔMICA
  • Kate McKinner (Saturday Night Live)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE CÔMICA
  • Alec Baldwin (Saturday Night Live)
MELHOR ATRIZ CONVIDADA EM SÉRIE CÔMICA
  • Melissa McCarthy (Saturday Night Live)
MELHOR ATOR CONVIDADO EM SÉRIE CÔMICA
  • Lin-Manuel Miranda (Saturday Night Live)
MELHOR DIREÇÃO EM SÉRIE CÔMICA
  • Donald Glover (episódio “B.A.N.” – Atlanta
MELHOR ROTEIRO EM SÉRIE CÔMICA
  • Aziz Ansari e Lena Waithe (episódio “Thanksgiving” – Master of None)
MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU FILME FEITO PARA TV
  • Nicole Kidman (Big Little Lies)
MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU FILME FEITO PARA TV
  • Riz Ahmed (The Night Of)
MELHR ATRIZ COADJUVANTE EM MINISSÉRIE OU FILME FEITO PARA TV
  • Laura Dern (Big Little Lies)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM MINISSÉRIE OU FILME FEITO PARA TV
  • Alexander Skarsgard (Big Little Lies)
MELHOR ROTEIRO EM MINISSÉRIE OU FILME FEITO PARA TV
  • Charlie Brooker (Black Mirror: San Junipero)
MELHOR DIREÇÃO EM MINISSÉRIE OU FILME FEITO PARA TV
  • Jean-Marc Vallée (Big Little Lies)
MELHOR ANIMAÇÃO
  • Bob’s Burgers
MELHOR DUBLAGEM
  • Seth MacFarlane (Family Guy)
MELHOR TALK SHOW E VARIEDADES
  • Last Week Tonight with John Oliver
MELHOR PROGRAMA DE ESQUETE E VARIEDADES
  • Saturday Night Live
MELHOR ESPECIAL DE VARIEDADES
  • Carpool Karaoke Primetime Special 2017
MELHOR REALITY SHOW ROTEIRIZADO
  • Shark Tank
MELHOR REALITY SHOW SEM ROTEIRO
  • Born This Way
MELHOR PROGRAMA DE COMPETIÇÃO
  • The Voice
MELHOR APRESENTADOR DE REALITY SHOW OU PROGRAMA DE COMPETIÇÃO
  • RuPaul Charles (RuPaul’s Drag Race)
Críticas de Cinema, Filmes, Reviews de Séries

Crítica: Big Little Lies (2017)

(Este texto contém spoilers.)

Baseada no livro de mesmo nome da autora Liane Moriarty. Roteiro por David E. Kelley. Dirigido por Jean-Marc Vallée. Elenco principal: Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Zoë Kravitz, Laura Dern, Alexander Skarsgård, Adam Scott, James Tupper e Jeffrey Nordling.

Com um olhar superficial, Big Little Lies pode parecer fútil ou até uma versão cult de mulheres ricas, mas não se engane, há uma narrativa poderosa que se revela entre vidas supostamente perfeitas. O plot inicial da minissérie acontece a partir da premissa “alguém morreu”, e o desenrolar dos episódios trazem eventos envolvendo moradores locais da pequena cidade costeira de Monterey, na Califórnia. Dentro desses eventos estão, além de um assassinato misterioso, violência doméstica, estupro e uma sociedade que se alimenta do drama alheio. Na montagem, Jean-Marc Vallée utiliza a investigação policial para traçar o que pode ter desencadeado o homicídio, e ao que todos indicam, tudo começou quando a filha de Renata (Laura Dern), Amabella (Ivy George), aparece com hematomas de estrangulamento após o primeiro dia de aula, começando o processo de culpabilização da criança suspeita de tal ato. Daí em diante tem-se o crescimento individual de cada personagem e que irá levar ao desfecho do conflito principal, o assassinato, criando através dessa espera uma tensão crescente em cada episódio.

Com uma trilha sonora que merece ser ouvida separadamente (já tem playlist no Spotify, inclusive), contando com bandas/artistas como Babe Ruth, Frank Ocean, Alabama Shakes, PJ Harvey e Neil Young, a música em Big Little Lies desempenha um papel de mediadora dos sentimentos e conflitos dos personagens. Não é atoa que as músicas que Jane Chapman (Shailene Woodley) ouve quando sai para correr são Bloody Mother Fucking Asshole da Martha Wainwright e Hands Around My Throat da banda Death In Vegas. Da mesma forma, é de se espantar, por exemplo, que a personagem com o melhor gosto musical da série seja Chloe (Darby Camp) a filha de 6 anos de Madeline (Reese Witherspoon). Sendo que algumas vezes ela mesma introduz as músicas na cena, conferindo uma boa fluidez entre a trilha sonora e a própria narrativa.

É impossível não entrar na discussão feminista ao assistir Big Little Lies, já que cada arco narrativo traz, em diferentes níveis, uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. Dessa forma, tem-se na personagem de Renata o exemplo das mães que não abdicaram da profissão em prol da família, rejeitando o modelo pronto de que o único trabalho da mãe é cuidar dos filhos/da casa e, em consequência, os olhares enviesados da sociedade a respeito de tal prática; já Madeline apresenta uma imagem de mulher forte que não hesita em expressar seus pontos de vista e brigar por aquilo que acredita, sendo rotulada por muitos como encrenqueira; Bonnie (Zoë Kravitz), ainda que sendo muito jovem, incorpora o papel de uma mulher mais desconstruída a respeito ao mundo; Jane (Shailene Woodley) mostra o trauma psicológico irreparável de uma vítima de estupro; e Celeste (Nicole Kidman) representa o difícil papel da mulher que se encontra em um relacionamento abusivo e o conflito da mulher que é constantemente agredida e abusada por seu parceiro.

Além de tudo isso, encontramos uma sociedade de aparências que revela, embaixo de vidas lindas e perfeitas, um oceano profundo e escuro que esconde mentiras e problemas sociais. Nesse sentido, há cenas que Celeste – apesar de ainda ter hematomas da violência do marido em seu corpo – é vista colocando várias fotos da família no Facebook, em uma tentativa de sustentar a aparência de vida feliz e completa com uma família linda e um marido atencioso e cheio de amor. Mas relacionamentos abusivos não são baseados em amor, há controle, há violência, há machismo na sua forma mais comum, mas não há amor, de forma alguma. Perry (Alexander Skarsgård) pode ser extremamente carinhoso, gentil e atencioso com Celeste, mas somente após deixá-la com vários hematomas. Isso não é amor, isso é tortura. Mesmo quando Jane confessa às amigas o seu caso de abuso, Celeste mantém a máscara, muito embora tenha sido um ponto catalisador para reconhecer que, assim como Jane, também é uma vítima. A partir daí temos uma sequência complexa, apresentando a parte mais difícil de se estar em um relacionamento abusivo: reconhecer que se está nele. Assistimos pouco a pouco, episódio a episódio, a evolução de Celeste, o reconhecimento da sua posição nessa relação e a sua possível influência na criação de seus filhos.

Em oposição ao clima de hipocrisia da sociedade de Monterey, Jane Chapman entra na história para romper com o padrão: jovem, solteira, um filho pequeno e uma vida simples (financeiramente falando). O contraste da personagem pode ser percebido através das cores do seu figurino, enquanto as outras mulheres usam roupas coloridas ou em tons claros, Jane varia entre preto, cinza ou tons escuros. Há um ar de mistério carregado pela personagem, que acaba revelando mais tarde que seu filho Ziggy (Iain Armitage) é fruto de um estupro. Sem tempo de processar o que aconteceu, um dia Jane era vítima, no outro ela já era mãe. Sem procurar as autoridades, nem ajuda psicológica, a personagem tenta enterrar a memória e os sentimentos provenientes desse abuso, e sua forma de lidar com a situação é dormir com uma arma embaixo do travesseiro. Desde o primeiro episódio, durante sua rotineira corrida, já são introduzidas cenas de flashback em que Jane corre na praia, perseguindo pegadas na areia. Mais tarde esses flashbacks serão mesclados com cenas imaginadas, Jane passa a perseguir um homem, e quando o alcança, pega sua arma e atira. Os cortes secos na transição entre as cenas reais e imaginadas conferem um tom de pensamento incontrolável. Essas sequências aparecem [quase] sempre quando a personagem sai para correr ou a noite antes de dormir, momentos em que deixa o pensamento se soltar e vagar livre, e é compreensível que o único lugar onde a mente de Jane a leva é até o seu agressor.

Ao som de You Can’t Always Get What You Want dos Rolling Stones, o último episódio, intitulado “You Get What You Need”, traz o triunfo das mulheres. A revelação de que Bonnie matou Perry apresenta, de forma metafórica, que o modo de ultrapassarmos as barreiras da sociedade patriarcal é através da sororidade. Nossa melhor defesa contra o machismo se encontra na relação que nutrimos entre nós mesmas. Nós nem sempre conseguimos o que queremos, mas o que precisamos, definitivamente, é reconhecer que juntas somos mais fortes.

(Apesar de falar de temas importantes na pauta do movimento feminista e ser baseada em um livro escrito por uma mulher, tanto o diretor quanto o escritor da série são homens. Vale a pena a reflexão a respeito de uma obra audiovisual que prega o empoderamento e a sororidade não usar a oportunidade para fazer o mesmo. É sabido que há um aumento no número de mulheres no audiovisual, sobretudo na área de direção e roteiro, mas ainda assim, este número continua pequeno. Na produção nacional, por exemplo, segundo levantamento da Ancine, das 2.583 obras audiovisuais registradas ano passado na agência apenas 17% foram dirigidas e 21% roteirizadas por mulheres.)

(E falando em feminismo, Big Little Lies passa no Bechdel Test.)