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A Arma Escarlate

Atualizações, Livros

O Dono do Tempo, sequência da saga A Arma Escarlate ganha data de lançamento e sessões de autógrafo

Após 5 anos desde o lançamento de “A Comissão Chapeleira”, a autora Renata Ventura anunciou nesta última semana a chegada do aguardado livro “O Dono do Tempo – Parte 1”, terceiro livro da saga “A Arma Escarlate”, trazida pela Editora Novo Século. A saga conta a história de Hugo Escarlate, um menino carioca, morador da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, que, durante um tiroteio em 1997, descobre ser bruxo; fugindo de traficantes que o ameaçavam, Hugo passa a aprender magia para tentar derrotar os bandidos que ameaçam sua família.

Diretamente inspirada no universo de Harry Potter, Renata contou em entrevista em 2016 ao Portal UOL que a vontade de escrever sobre uma escola de magia e bruxaria brasileira veio diretamente de J.K. Rowling: “Eu tinha vontade de falar do Brasil através da fantasia. Enquanto eu lia ‘Harry Potter’, ficava imaginando como seria a comunidade bruxa brasileira, caso alguém escrevesse a respeito, até que eu decidi colocá-la no papel. Vi uma entrevista com J.K. Rowling, em que ela dizia não ver problemas caso alguém quisesse escrever sobre escolas de magia em outros países. Imediatamente, fiquei animada“. Hoje, Ventura conta com muitos fãs do bruxo britânico, que abraçaram a sua obra e hoje anseiam pelo desenrolar da história de Hugo.

O Dono do Tempo – Parte 1” será lançado digitalmente para leitura no Kindle nesta sexta-feira, 30 e a versão física chega ás livrarias em 12/09. Para aqueles que comprarem através do site da Saraiva, por R$56,61, o livro irá acompanhar um pôster autografado pela autora. Na Amazon, o e-book para leitura no Kindle está disponível por R$22.41. Além disso, serão realizadas diversas sessões de autógrafos nas próximas semanas: além de estar presente em todos os dias da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no estande da Novo Século, teremos a oportunidade de encontrá-la nos seguintes eventos:

SÃO PAULO, SP – 14/09 – 16:00: Livraria Cultura, Conjunto Nacional – Avenida Paulista

JUNDIAÍ, SP: 16/09 – 09:00: Bate Papo na Biblioteca Professor Nelson Foot

VARZEA PAULISTA, SP – 16/09 – 15:00: Bate Papo na Biblioteca Professor Zulmar Zuleika Turcato Maraccini

ITATIBA, SP – 17/09 – 9:00: Bate Papo na Biblioteca Francisco da Silveira Leme (Chico Leme)

PINHALZINHO, SP: 17/09 – 15:00: Bate Papo na Biblioteca João Teixeira Gonçalves

MOGI MIRIM, SP: 18/09 – 09:00: Bate Papo na biblioteca municipal de Mogi Mirim

Para quem ainda não conhece a história, acompanhe nossa resenha para o primeiro livro aqui, ou o segundo aqui. Sem dúvidas é uma história incrível que com certeza irá agradar os fãs de literatura Young-adult e Aventura. Inclusive, ambos os livros anteriores estão disponíveis gratuitamente para assinantes do Kindle Unlimited, na Amazon.

Livros

Consciência Negra: onde estão os protagonistas negros na literatura infanto-juvenil?

Estamos no dia 30 de novembro e o mês da consciência negra mais uma vez termina. A equipe do Beco Literário passou esse mês pesquisando as mais famosas sagas da literatura infanto-juvenil e percebemos que nelas não há um negro protagonista, por esse motivo decidimos problematizar a questão.

É inegável que muitas crianças nascidas a partir de 1970 aprenderam a ler com os gibis, afinal era isso que líamos nas cartinhas dos leitores à turminha de quatro amigos do bairro do Limoeiro. Quantos deles eram negros? E quais personagens secundários que, eventualmente, ganharam suas próprias coleções de histórias em revistas a parte eram negros? Nos contos infantis de Monteiro Lobato, os negros eram retratados como animais e Tia Nastácia era referida como “a negra de estimação”.

Harry, Bela, Percy, Katniss, Thomas, Tris e a lista continua. Os negros estavam presentes? Sim, como personagens secundários. É impactante perceber que, durante nossa formação, pouca foi a representatividade na literatura. Gramsci, um filósofo italiano, estudou o entretenimento como forma de educar a sociedade e combater o senso comum, de que forma então nosso entretenimento mais significativo, que é o mundo fictício em páginas, tem sido inclusivo?

Foi nesse debate que reconhecemos Hugo, ou Idá Aláàfin, de A Arma Escarlate, da escritora carioca Renata Ventura. A narrativa conta a história de um garoto de 13 anos, morador da favela de Santa Marta no Rio de Janeiro e que é negro, de olhos verdes e cabelos crespos que foge de ameaças do chefe do tráfego da favela onde mora e passa a desenvolver suas habilidades como bruxo. Além de ser diferente de outros protagonistas quanto a aparência, Kemen Wellisson, redator do Beco Literário e fã de A Arma Escarlate, o descreve como o oposto dos protagonistas de grandes sagas por sua origem que o forçou a se esforçar para alcançar seus objetivos, tornando Hugo um pouco desconfiado, inconsequente e egoísta.

A atitude traiçoeira, no entanto, não impede de Hugo ser descriminado por sua cor e origem, problema enfrentado por inúmeros jovens no Brasil. Kemen, entende tal papel dado à Hugo como um avanço na representação dos personagens negros que, ao menos nos últimos anos, ganharam espaço como personagens secundários já que sempre estiveram à margem da literatura: “A Arma Escarlate se passa no Rio e isso ressalta essa diferença da forma como são retratados. Acho que por ser um livro brasileiro é bem maior a quantidade de personagens negros nele, algo que não vemos em Harry Potter por exemplo (mesmo com a mudança realizada na peça onde vemos uma Hermione negra). Apesar de o Brasil ainda ser um país racista, é mais provável você encontrar personagens negros nos nossos livros, do que em livros norte-americanos.”

“A Arma Escarlate é um livro incrível que realmente me marcou bastante. Teve momentos em que determinado personagem me magoou tanto com determinada atitude que eu tive que passar uma semana sem olhar para o livro, e isso não é ruim, só nos mostra como os sentimentos são totalmente abalados ao ler esse livro. A Renata trouxe conflitos do nosso dia a dia, como tráfico de drogas, por exemplo, e os colocou dentro de um universo mágico onde nunca imaginaríamos que isso fosse chegar. O Hugo é um personagem singular, ele não é o garoto perfeito que lutará contra tudo para salvar seus amigos, ele não é “O Eleito”, o Hugo é um garoto egoísta, mas não por ser mal. Ele é egoísta porque cresceu em uma favela onde tudo é difícil e ele tem que se virar para não morrer a cada dia que decidi sair de casa para ir para a escola.” Kemen Wellisson

E, a partir de Hugo, concluímos que a literatura brasileira traz mais personagens negros que os grandes sucessos internacionais em infanto-juvenil e nomes como Machado de Assis ou Chimamanda Ngozi são poderosos na literatura nacional. Ainda assim, num país em que 53% da população é negra, o número de protagonistas negros só reflete a falta de representação da raça.