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Review: Grey's Anatomy 11×22 – She's Leaving Home

CONTÉM SPOILERS

Semana passada, Grey’s Anatomy chocou o mundo e mostrou que ainda tem força para se tornar um dos assuntos mais comentados da internet, mesmo que de maneira negativa. She’s Leaving Home veio, portanto, como uma chance de apaziguar os ânimos do público. De repente, surgiram as notícias das filmagens no cemitério e da maior duração do episódio. Parecia que, dadas as circunstâncias, Derek Shepherd ainda poderia ter uma despedida à sua altura. A raiva ainda não havia passado, mas a trama tentaria começar a se recuperar do estrago causado anteriormente. Desse modo, poderíamos esperar um pouco de grandeza, certo? Errado!

O 11×22 conseguiu decepcionar ainda mais que o 11×21. Honestamente, ainda procuro entender o motivo de o episódio ter sido estendido. Acho que a produção só queria que o desagrado do público viesse em dobro. Pouca coisa pôde ser aproveitada desse episódio que, por falta de definição melhor, foi ridículo. Até a surpresa que ele reservava pareceu artificial em meio à falta de tato observada quando o assunto foi a morte de Derek. O velório de um dos médicos mais importantes da série durou o quê? Uns 3 segundos? Na primeira metade do especial parecia simplesmente que ele não havia morrido. Os saltos temporais foram basicamente uma estupidez. Em nenhum momento conseguimos sentir o verdadeiro impacto da perda do colega entre os médicos. Sei que a droga do carrossel nunca para de girar, mas nesse caso ele girou rápido demais.

Com a fuga de Meredith, houve uma quebra naquilo que todos nós estávamos esperando. A vida no Grey Sloan Memorial Hospital continuou normalmente. Bailey passou meses tendo a mesma discussão com o marido, Callie se aproximou mais do cara com quem teve um encontro, Webber teve seu pedido de casamento recusado para depois ser pego de surpresa e April foi para uma zona de combate aprender novas técnicas cirúrgicas, ainda buscando se recuperar da perda do filho. Enfim, se ignorarmos o fato de que Derek estava morto, o episódio foi típico de Grey’s Anatomy. Mas o que queríamos não era esse tipo de normalidade, e sim, aquilo que ao longo dos anos a série sempre nos proporcionou com maestria: drama, sofrimento, emoção… Tudo que nos fez gostar de GA e acompanhá-la até aqui ficou em falta.

Até o paralelo entre as vidas da mãe e da filha pareceu errado. Sim, Grey pode ter começado a entender todo o sofrimento que sua mãe passou com a perda de Richard. Mas foram situações totalmente distintas. Ellis se arriscou por amor e não deu certo. Ela foi fraca ao lidar com a decepção amorosa. Meredith, por outro lado, se arriscou e foi bem-sucedida. Constituiu uma família e fez de tudo para mantê-la unida. Seu marido não a abandonou, ele foi arrancado de sua vida no momento mais feliz de sua existência. E mesmo assim ela tenta enfrentar a situação da melhor maneira possível.

A descoberta da gravidez de Mer, uma notícia maravilhosa em outras circunstâncias, só veio causar mais revolta. Foi como se os escritores esfregassem na nossa cara que a protagonista ainda não havia sofrido o suficiente. A pequena Ellis não terá a chance de conhecer o pai. Esse fato poderia ter funcionado muito bem como uma homenagem a Derek, do tipo “a vida superando a morte”. Porém, a forma como aconteceu, mais pareceu uma provocação do que algo especial.

Somente na segunda parte do episódio os roteiristas pareceram lembrar que alguém havia morrido e isso deveria impactar de alguma forma nos outros personagens. Pena que isso tenha acontecido tarde demais. Destaque apenas para a lembrança de Callie ao ver o trabalho do amigo em ação.

Amelia, por sua vez, foi a responsável pelo momento mais dramático da noite. Sua reação inicial à morte do irmão foi bem inapropriada e seguiu assim por meses a fio. Só que, mesmo tardiamente, todo o peso da realidade a atingiu. Perder todos que ama não é algo de que alguém consiga se recuperar sem danos. Ainda mais uma ex-viciada que a qualquer momento pode ter uma recaída e destruir sua vida.

Enfim, o que tinha tudo para ser um baita tributo não foi devidamente aproveitado. A impressão que fica é que essa morte foi apenas uma jogada de marketing, e sem planejamento. Pode até ter aumentado a audiência nessas duas semanas, mas pode também ter dado lugar à série na triste lista dos cancelamentos ou dos encerramentos repentinos.

Melhor seria substituir Shonda Rhimes por George R. R. Martin. O massacre continuaria, mas pelo menos teríamos dragões.

P.S. 1: A melhor cena do episódio foi a de Meredith colocando o gorro cirúrgico do marido. Eram coisas assim que deveriam ter acontecido durante She’s Leaving Home.

P.S. 2: A presença de Cristina no velório também foi um acerto. Não conseguiria imaginá-la sem pegar o primeiro avião para Seattle ao descobrir tudo.

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