Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.
A resenha de Sejamos todos feministas é um pouco diferente porque foi o primeiro livro escolhido para discussão e debate no Beco Club, grupo de leitores VIPs do Beco Literário, e foi produzida por todos que participaram. Dessa forma, ela será apresentada aqui em forma de diálogo, com a devida assinatura de cada um dos Becudos que participaram.
O livro fala o quanto é importante que todos conheçam sobre o movimento feminista. Conta sobre suas primeiras impressões e o quanto foram negativas, pois as pessoas que desconhecem deturpam o movimento, pois quem desconhece acha que é sobre o odiar o gênero masculino, mas não é isso, trata-se de igualdade e equidade entre os sexos. A autora fala que podemos sim ter poderes socioeconômico e políticos equivalentes ao do homem. E o quanto incomoda não se considerar subjacente perante a uma sociedade extremamente patriarcal, machista e misógina. É possível e necessário que todos apoiem o movimento, pois é sobre todas as mulheres e seus direitos, é sobre não se acuar quando quisermos conquistar algo. Eu acho que esse livro da Chimamanda deveria ser lido por todos, pois é uma forma didática e rápida de explicar que não é sobre ódio, é sobre acordar, levantar e fazer algo. — Mayara da Silva Esteves
Achei ela super didática na forma de abordar o tema, a linguagem clara que faz com que a gente entenda facilmente. Eu tinha lido Americanah dela e gostei mto da linguagem também, fiquei curiosa pra ler os outros livros. — Danielle Rocha Gonzales
Bem, primeiramente, o livro, como já foi dito, é de uma leitura simples e objetiva. Nas primeiras páginas, a autora conta como foi o primeiro contato com o título de feminista, demonstrando através de fatos por ela vividos. Mas enfim, isso, nesse momento, não é tão relevante quanto o fato dela evidenciar um fato bastante interessante, que ao meu ver foi, de certa forma, inconsciente: feminismo é mais que uma palavra. É simples ver que ela por si só já era feminista antes mesmo de saber definir o que é isso. Um ponto importante que ela destacou é que o machismo às vezes é inerente à sociedade em situações simples, como o fato de o homem sentir-se obrigado a pagar tudo durante o encontro (ato que é visto como romântico) ou no simples fato de a mulher se sentir obrigada a se vestir como um homem, pois passa a visão de que será ouvida (mesmo que inconsciente). Ademais, a autora destaca a importância de salientar que o feminismo não é um movimento de oposição a homens. Pelo contrário, a ideia de tornar um mundo com maior equidade de gênero deveria ser vista como algo bom, inclusive para os homens. Outro ponto importante é a negligência que homens e mulheres têm para com a questão de gênero, ou seja, muitos deixam de lado as discussões que envolvem esse tema, por ser tudo como irrelevante ou delicado. Por fim, não se pode negar a existência do machismo, já que, num exemplo prático, se numa sala houver um homem pobre e uma mulher rica, embora de classe e estrato socioeconômico mais elevado, o homem pobre tem o benefício de ser homem. Para finalizar esse texto enorme, eu preciso falar sobre as duas últimas páginas: homens e mulheres muitas vezes não reivindicam o título de “feministas” mesmo que sejam em pequenas atitudes. O simples fato de se negar a receber menos exercendo a mesma profissão, torna uma mulher feminista. O simples fato de um homem reconhecer o problema e tomar as rédeas de uma luta contra a desigualdade o torna feministo. Então, lutemos por igualdade, lutemos por justiça, sejamos todos feministas. — Pedro Henrique de Jesus
Só um adendo homens que apoiam o movimento são pró-feminismo. — Mayara da Silva Esteves
Para mim, foi uma leitura cansativa, pois eu já tinha o conhecimento e pensamento como o que ela expressa no livro… E, mesmo assim, acho que é um livro que deveria ser lido e estudado por todos. Eu faço parte de um grupo de mulheres no intuito de empoderamento e empatia. Falamos muito sobre vários assuntos, principalmente, situações que englobam a discriminação e o machismo. E é bem difícil de acreditar q este assunto seja novo para a maioria das pessoas. — Jaqueline Pereira
Eu sou homem, mas eu acredito que o feminismo foi se vulgarizando como um movimento parecido com o Black Block: o Movimento Social de perturbação da paz. Por isso, talvez, as mulheres não se sintam representadas pelo feminismo. — Pedro Henrique de Jesus
Isso acontece porque a mídia deturpa, não é interessante para o patriarcado ver que mulheres não “obedecem” mais o que é imposto a elas. — Mayara da Silva Esteves
O problema no feminismo está o radicalismo, que, convenhamos, existe em tudo. — Jaqueline Pereira
Além de tudo eu acho que é uma questão muito histórica. Minha mãe, por exemplo, conversa comigo e fala coisas que eu mesmo a repreendo, porque, de certa forma, lhe foi imputada como normal. — Pedro Henrique de Jesus
Não dá pra militar apenas através da tela de um computador. Claro que a internet ajuda muito na disseminação do movimento, ajuda a chegar a diversos lugares. — Mayara da Silva Esteves
Quando pontuo o fato de eu ser homem, é por conta da questão de lugar de fala. — Pedro Henrique de Jesus
Claro, todo meio de comunicação tem seu lado ruim. Por isso temos que aproveitar o que tem de melhor para fazer o que é bom. Eu vou recomendar para que assim que puderem, lerem alguns livros de Bell Hooks e Angela Davis. Por tudo o que já li e discuti sobre, o que mais precisa são as mulheres aprenderem a se respeitar. Falta empatia. O dia que a mulherada aprender que uma apoiando a outra todas conseguirão crescer a distância que existe hoje entre os gêneros será mínima. — Jaqueline Pereira
Como eu disse, a intenção vai ser sempre separar as mulheres, pois sabem que mulheres juntas e unidas conquistam coisas, principalmente liberdade. Por isso é bom sempre conversar com as pessoas do nosso convívio sobre o assunto. Um passa pro outro, pro outro e pro outro, quando formos ver, já chegamos lá. — Mayara da Silva Esteves
Outra questão bem interessante foi o fato de o livro ser uma adaptação de um discurso dela. Não foi algo que ela sentou e escreveu. Ela se levantou e falou, depois resolveu escrever. Ou seja, se fôssemos colocar outro título na obra seria “Descubra agora se você é feminista” — Pedro Henrique de Jesus
Isso é tão legal. É uma mulher de voz, isso enche nossos corações e principalmente das mulheres negras que são representadas de duas formas. — Mayara Cristina dos Santos Ferreira
Então, antes de começar a falar do livro, gostaria de dizer que ele veio na hora certa. Comecei a fazer um curso chamado Escola de Liderança para Meninas esse ano, e lá temos oficinas que falam sobre tudo que as meninas têm o direito de saber, porém a maioria não tem interesse, e um dos principais temas foi o feminismo. Quando vi o livro, eu fiquei louca pra ler e ver o ponto de vista da autora sobre o tema, e me identifiquei muito quando ela fala ouviu ser chamada de feminista como uma ofensa. O livro aborda um tema tão importante para nós, meninas, que estamos conquistando cada vez mais nosso lugar e não deixando ninguém nos calar… tão importante, mas também triste saber que muitas não veem desse jeito. Ainda mais os homens. O episódio em que ela e o amigo vão sair, e finalmente cai a ficha dele de que há sim essa diferença entre meninas e meninos, me deixou com um sentimento de “finalmente! ainda há esperança”
Marquei um trecho que me tocou de uma forma diferente. “Se repetimos uma coisa várias vezes, ela se torna normal. Se vemos uma coisa com frequência, ela se torna normal. […] Se só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas, começamos a achar ‘normal’ que esses cargos de chefia só sejam ocupados por homens.”
Eu ouvi uma frase um dia que dizia “O feminismo existe pra deixar de existir”, pois o movimento existe justamente porque não há a igualdade de gênero, caso existisse essa igualdade, o movimento não iria precisar existir. — Camila Alves de Souza
A predominância do feminismo é muito boa em relação a termos líderes mundiais como ministras de Estado, presidente e outros papéis importantes. Estamos ainda em passos lentos existe ainda esperanças de mudanças. — Silvia Paula Campos Rainho
Vocês sabiam que nós mulheres somos 70% da população miserável mundial? E que se o meio político quisesse acabar com a fome para melhorar este quadro poderiam? Mas como nós alimentamos o sistema capitalista que é comandado pelo sistema patriarcal, não vão acabar com isso. Quanto mais pobres, mais filhos. Quanto mais filhos, mais fácil de se explorar. Por isso nossos corpos não são nossos de fato, precisamos de autorização para uma simples laqueadura. E pasmem, só pode se tiver dois filhos, 25 anos e assinatura do marido. Do marido, isso mesmo. — Mayara da Silva Esteves
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