Eu adoro quando leio um livro sem nenhuma expectativa e me surpreendo e me apaixono mais a cada capitulo. Adoro mais ainda quando descubro que a autora é brasileira, e fico cada vez mais orgulhosa da literatura nacional! “Quero ser Beth Levitt” é o título desse livro doce, romântico e cheio de surpresas que me fez feliz durante um final de semana.
A historia é narrada pela terceira pessoa, e conhecemos Amelie Wood, uma garota extremamente doce e inocente, que ao ficar órfã aos 12 anos, vai morar numa casa para garotas, e justamente pela vida que leva no abrigo: apenas estudar, praticar ballet e ficar com suas amigas, Amelie ao completar 18 anos e sair de lá, se depara com um mundo onde ela não sabe se portar. Ela volta para a casa de seus pais e tenta encontrar um emprego, mas se depara com a maldade e a falta de empatia das pessoas, mas nada disso desanima Amie, que tendo uma criação repleta de amor de seus pais, sempre acredita que haja o que houver, seus pais estão cuidando dela e que tudo vai dar certo.
“Mantenha o seu coração puro, era o que sempre dizia, antes de depositar um beijo de boa-noite na testa da filha.”
Amia é extremamente ligada ao livro preferido da sua mãe “Quero ser Beth Levitt” um romance que ela carrega na bolsa para todos os lugares, e sempre que se sente sozinha ou com medo, é a ele que ela recorre, e são aquelas palavras de conforto que trazem uma calma pra ela.
Enquanto procura emprego, Amie é abordada por um conhecido “caça-talentos” que a convida para fazer um teste de um comercial de shampoo, e Amie, sem opções de trabalho, aceita. Mas graças a um feliz incidente, ela acaba na fila para fazer o teste para uma personagem no cinema, nada mais nada menos que o roteiro e adaptação do livro “Quero ser Beth Levitt”. Encantados pelo profundo conhecimento da garota pela obra, pela sua simplicidade e sua sinceridade na atuação – por conhecer extremamente cada pedacinho da história- Amie entra num mundo totalmente novo e o sonho de muitas garotas: Ela se muda para Acton, a cidade cinematográfica das gravações do filme.
Mas nem tudo são flores! O mundo do cinema tem muito mais competitividade do que esperado! Amie vai ter que aprender a lidar com colegas invejosos, a pressão das gravações, a cobrança sobre sua atuação, falsos amigos e muitos contratempos…
“Se fossem fáceis, não seriam sonhos. Nem valeriam a pena.”
Mergulhamos num mundo de ensaios, aula de teatro, de expressão corporal, de dança e de toda uma realidade desconhecida e empolgante, mas que ao contrário do que pensamos, a vida no cinema não é um sonho, existem muitas responsabilidades e pouco tempo para passar com quem amamos. Mas para felicidade dela (e a nossa) ganhamos o presente da companhia de Chris Martin – um famoso ator, que faz o papel principal no filme, e que se mostra a cada momento mais atencioso e simpático, e que aos poucos conquista Amie (e a nós) a cada parágrafo.
“- Uma vez, você me disse que a pior coisa de ser sozinha é não ter ninguém para querer saber como você está, quando acorda…
Amie mordeu os lábios e assentiu, emocionada.
– Pois isso não existe mais – continuou, com uma intensidade quase furiosa na voz. – Porque essa é a primeira coisa na qual eu penso, todas as manhãs. E era só o que eu conseguira pensar, aqui, enquanto esperava você abrir os olhos.
Inclinou-se para mais perto dela, determinado.
– Você nunca mais vai se sentir sozinha, Amie. Porque eu não vou deixar.”
A leitura flui rapidamente, e você se vê cada vez mais encantada pela amizade entre Amie e Chris, pelo esforço da garota e sua capacidade de transformar situações ruins em aprendizado. Também somos agraciados pela presença dos personagens secundários divertidíssimos, como Dalva, a professora de Ballet, ou Mary J. que foi feita para ser odiada e eu a amava!
O livro tem uma publicação impecável, com páginas lindas e em cada novo capítulo temos uma sapatilha de ballet <3 e a capa eu nem preciso comentar: mais perfeita impossível! Por essa publicação maravilhosa, quero passar no stand da Novo Século na Bienal e dar uma olhada nas outras publicações! Sem mais delongas: o livro está recomendadíssimo pra quem gosta de uma história linda e recheada de romances!
Um detalhe (pessoal) que me fez ser conquistada de vez: Amelie conhece como poucos a dor da falta de um pai e/ou mãe. Mas em momento nenhum isso é usado para fazer da personagem como uma “pobre órfã” ou se lamentando por isso. Amie consegue descrever exatamente o tipo de saudade que sentimos quando perdemos um pai – não a saudade dos momentos que vivemos juntos, mas a saudade daqueles momentos que nunca poderemos viver. Eu senti exatamente isso, e ter os meus sentimentos transformados em palavras, criou uma identificação imediata com a personagem. Samanta Holtz conseguiu traduzir tudo que senti durante um momento de dor, e seu texto me fez ansiar por ler mais dos seus trabalhos! “O pássaro” – seu outro livro publicado no brasil – é o próximo romance da minha lista!