Prisioneiras é o terceiro livro de uma trilogia de livros de Drauzio Varella com histórias vividas em prisões – Estação Carandiru e Carcereiros. Desta vez, o médico se aprofunda nas histórias das detentas da Penitenciária Feminina da Capital de São Paulo. O fato de já ter trabalhado 30 anos em diversas penitenciárias fez que Drauzio desenvolvesse um olhar diferenciado para presos, funcionários e pessoas envolvidas em todo este processo. A habilidade de ver que ali existem vidas, sonhos, problemas de cotidiano e emoções que muitas vezes são ignoradas, até mesmo por eles mesmos.
Após uma apresentação bastante detalhada sobre os ambientes onde as vidas daquelas mulheres se desenrolam, os primeiros casos começam a ser narrados, como o dia de primeiro atendimento na penitenciária. É neste momento que fica mais explícito as diferenças deste para os outros dois livros da trilogia.
Mulheres, quando encarceradas, são esquecidas não apenas da sociedade, mas também por aqueles que a cercavam antes. Famílias, cônjuges, filhos e amigos raramente as visitam ou mantem algum tipo de contato, diferente do que acontece com homens na mesma situação. Conforme Varella diz no livro, a expectativa da sociedade é de ver as mulheres em seus devidos lugares, ‘recatadas e do lar’, e ser presa é algo que envergonha um marido ou um filho.
Prisioneiras vai te fazer repensar atitudes bem simples do seu dia. Te ajudar a enxergar melhor ao próximo. O trabalho desenvolvido por Drauzio Varella com esta parcela esquecida por todos é algo muito tocante. A sociedade tem muito a aprender com essas histórias, onde até mesmo aqui o preconceito sexual que existe no Brasil é escancarado. Uma leitura que nos faz mergulhar em um universo que parece estar diferente da nossa realidade, mas que no real, está bem próxima, já que podemos aplicar os ensinamentos em qualquer ambiente que estamos inseridos.
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