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Resenha: Para Onde Ela Foi, Gayle Forman

Já se passaram três anos desde que Mia saiu da vida de Adam. E três anos ele passou se perguntando por que. Quando seus caminhos se cruzam novamente em Nova York, Adam e Mia são trazidos de volta para uma noite que poderá mudar suas vidas. Adam finalmente tem a oportunidade de fazer a Mia as perguntas que assombraram ele. Mas será que algumas horas nesta cidade mágica serão o suficiente para colocar o passado para trás? – Você pode realmente ter uma segunda chance no primeiro amor?

Atenção: Essa resenha contém spoilers do livro #1, “Se eu ficar”.

Quando comecei “Para onde ela foi” tive muito medo. E não é aquele medo comum que você tem ao ler a continuação de uma história muito boa: aquele medo de que ela não vai ser boa o suficiente para segurar o enredo, ou que o fim não fará jus a toda a trama. Foi um medo maior… “Se eu ficar” (confira a resenha clicando aqui) foi um livro muito forte pra mim, em todos os sentidos. Ele abordou temas que mexeram com o fundo do meu coração, me fizeram repensar toda a minha existência e o valor que eu atribuo às coisas que tenho, mas acima de tudo, para mim ele foi um livro real.

No primeiro livro não tivemos historinhas fofas, Gayle Forman não pegou leve com os leitores e eu adorava isso. Essa sensação de que, mesmo abordando temas polêmicos como vida após a morte, Gayle conseguia me prender na veracidade dos fatos e não em uma realidade paralela/história espírita/faz de conta. Meu maior medo era esse: “Tá, então se Mia voltar vai ser tudo lindo, ela vai voltar feliz e tocando violoncelo, casar com Adam e ter 3 filhos”. Mas onde estaria a realidade nisso? Onde estarão as pesadas sessões de fisioterapia para recuperar seus movimentos, o choque ao descobrir que perdeu toda sua família, o desespero de se sentir sem rumo e a depressão ao tentar lidar com a morte? Aí pensei: “Tá, mas se tiver tudo isso o livro vai ser uma merda e vou precisar de acompanhamento psicológico depois de ler”. Então decidi parar de criar possíveis continuações e me abrir ao que Gayle Forman tinha preparado pra mim: uma obra-prima!

Para os leitores, terminar “Se eu ficar” foi um verdadeiro desespero: o livro acaba do nada, com Mia abrindo os olhos e nós, ansiosos pelo próximo capitulo, passamos a página para descobrir… os agradecimentos!

E só depois de muita espera, começamos a continuação da nossa história com muitas surpresas. O livro dessa vez é narrado por Adam, e temos um salto no tempo de 3 anos após o acidente com a família de Mia. Adam é um músico famoso e sua banda – Shooting Star, está no topo do iTunes, enquanto Mia é uma violoncelista de sucesso que acaba de entrar em turnê. Eles não estão mais juntos.

Perdida nesse mundo novo, fiquei super tensa e revoltada porque a história começou assim. Eu queria saber os pormenores da recuperação de Mia, o passo a passo de Adam virar uma estrela do rock e uma pessoa depressiva e revoltada e comecei a me irritar com o livro! Mas como é mais fácil eu virar uma girafa do que Gayle Forman me decepcionar, lá está seu brilhantismo de novo: ela vai nos contando aos poucos, pela narração de Adam, como Mia deixou a música trazer sua vida de volta, como ele foi abandonado por Mia, como ele sofreu, como ele canalizou toda sua raiva e decepção em músicas, como sua banda estourou, tudo em flashback com a realidade temporal.

“Meu primeiro impulso não é agarrá-la nem beijá-la. Eu só quero tocar sua bochecha, ainda corada pela apresentação desta noite. Eu quero atravessar o espaço que nos separa, medido em passos – não em milhas, não em continentes, não em anos –, e acariciar seu rosto com um dedo calejado. Mas eu não posso tocá-la. Esse é um privilégio que me foi tirado.”

Confesso que senti muita raiva de Mia por ter deixado Adam, mas quando eles se reencontram no concerto de Mia (e aqui meu coração parte um pouquinho) e ela explica tudo o que passou, tudo que ela lembrava, ouvi-la falar sobre sua família, como ela ainda sente um pouquinho deles dentro dela e sobre os motivos que a fizeram se afastar (aí meu coração quebra mais um tiquinho) eu compreendi todas as ações de Mia. E depois desse “fechamento”, Adam – que tanto lutou para ajudar Mia, que acompanhou toda a sua melhora e que pediu para que ela ficasse –  consegue finalmente ter um pouco de paz.

“Fiz a coisa certa. Sei disso agora. Sempre soube, mas parece tão difícil enxergar atrás da minha raiva. E tudo bem se ela tiver raiva. Tudo bem, até, se ela me odeia. E foi egoísta o que eu pedi que ela fizesse, mesmo que terminasse sendo a coisa menos egoísta que eu já fiz. A coisa menos egoísta que eu tenho de continuar fazendo. Mas eu faria de novo. Faria aquela promessa milhares de vezes e a perderia milhares de vezes para tê-la ouvido tocar a noite passada ou vê-la esta manhã à luz do sol. Ou mesmo sem isso. Só para saber que ela estava em algum lugar aí fora. Viva.”

(Aí meu coração, já dilacerado, vira pó). Mas que bom que consegui me recuperar a tempo de ler o final. Aaaaah o final! Eu nunca imaginaria, com toda a minha fértil imaginação, algo tão puro, tão simples e tão a cara deles. Gayle nos deu de novo mais uma lição sobre amor e sobre recomeços da forma mais singela e real que eu poderia imaginar. Só posso dizer que “Para Onde Ela Foi” conseguiu se equiparar a “Se eu ficar” e isso pra mim não é pouco elogio.

 (plus: )

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