Em Janeiro foi o tipo de livro que me deixou com uma pulga atrás da orelha desde que assisti ao trailer e li sua sinopse. Aliás, o título já havia me intrigado bastante.
O livro de Bersot conta a história de sete adolescentes centrais, que vivem no Rio de Janeiro e estão aprendendo a lidar com suas próprias vidas. Aprendendo a tomar decisões sozinhos, com seus acertos, erros, triunfos e derrotas. Mas a vida deles não é, nem de longe, normal. Suicídios, assassinatos, traições, alcoolismo, depressão… Tudo parece assolar suas realidades de uma só vez.
Seus enredos se entrelaçam e se soltam com uma maestria inigualável, e que me deixou, como leitor, confuso inúmeras vezes e ansioso pelas próximas páginas. É praticamente impossível pegar o livro para ler aos poucos, mas acabei tendo de fazer isso porque o tempo não me permitiu ler tudo de uma só vez.
Adolescentes sentem uma necessidade imensa de se sentirem infinitos. E para isso, eles tentam de tudo. Em Em Janeiro nós vemos isso retratado da maneira mais bruta, humana e precária, sem máscaras, sem a fantasia na qual os livros não ficcionais são embalados ao irem para as prateleiras.
Não pude deixar de perceber a semelhança notável dessa obra com Morte Súbita, de J.K. Rowling, que também retrata humanos sendo… humanos. Nada além disso.
A mensagem que Caio Bersot passa de que a juventude é algo totalmente efêmero e que, para morrer, basta estar vivo, serve de lição de vida para muitos casos que vemos nos dias de hoje, seja nos noticiários ou nas redes sociais, onde jovens maximizam seus sofrimentos mínimos, conjugando-os com dramas desnecessários, pela exclusiva necessidade de se sentirem vivos. Parece até que estamos vivendo a geração romântica do mal do século. Mas nada disso é necessário para ser vivo ou aproveitar a vida. E, no livro de Caio, as personagens aprendem isso da maneira mais brutal possível. Achei incrível o sangue frio do autor para acabar com alguns personagens que eu considerava tanto (Lúcio e Rosemeire </3). Exemplo de que vida de leitor que shippa casais em livros não é fácil, também.
Outro ponto bastante explorado é a superação. Quando adolescentes perdem um amor, se descabelam, quase se matam achando que nunca mais encontrarão ninguém na vida… Mas tudo é passageiro, até mesmo a vida. Nada é permanente, e o ponto final pode vir em um estalar de dedos. Superação, idas e vindas são uma parte fundamental da nossa formação humana e emocional, uma parte essencial do nosso amadurecimento.
Não existe uma maneira de eu introduzir vocês à história sem dar nenhum spoiler, porque ela já começa mostrando para que veio. Nada de brincadeiras, nada de rodeios desnecessários.
O livro não é leve, muito pelo contrário. Sua densidade vai muito além dos números de páginas e por este motivo, recomendo Em Janeiro para todos os adolescentes. Leitura obrigatória para estes seres dramáticos que culpam seus hormônios pelos humores bipolares. Leiam e aprendam lições valiosíssimas de vida. E guardem o nome de Caio Bersot, porque o cara é promissor!
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