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Resenha: As Lendas de Saas – Parte I, Rebeca S. Melo

Ele conquistou todos os reinos do seu continente, tornando-se o primeiro Imperador da história de Saas. Ela escapou no dia em que seu reino foi tomado e sua família assassinada. E irá voltar para vingá-los. Ou pelo menos esse era o plano…
Ravel é a princesa perdida, a única que escapou com vida de seu continente; Leor é um garçom que sonha em ser médico; Nemat é a melhor amiga dele, uma jovem sem muita ambição; Hadin é um nômade caçador de recompensas em busca de vingança; e Shari é uma atriz de circo ambulante. Quando a vida dessas pessoas tão diferentes se conecta, um segredo é revelado. E a história de Saas está prestes a mudar… Outra vez.

Se fiquei surpreso com o que li? Bem, posso dizer que fui agitado e jogado no chão sem nem precisar sair do lugar. A história de Leor, Nemat e seus companheiros consegue fazer isso com o leitor, lhe tirar da zona de conforto com reviravoltas incríveis. Ocupa sim o lugar de um dos livros mais vendidos do país, porque merece, e porque não deve está em outra situação. Mas vamos começar do começo, nada de adiantar emoções e espantos.

O livro tem seu ponta-pé com uma espécie de explanação sobre o território onde este vai se desenrolar, desde as particularidades de cada lugar até a generalidade dos reinos. Esse é um ponto fortíssimo da obra, que para não voltarmos a este assunto mais a frente, abordarei agora, mesmo atrapalhando a introdução da história. Temos que encarar os tópicos básicos para dizer se um livro deste gênero (fantasia/aventura) é de boa qualidade, estabeleceremos três nesta resenha, o primeiro é ambientação. Não existe erro evidente sobre este assunto, é um acerto após o outro e fiquei admirado logo de início, não que estivesse esperando os erros, longe disso, mas é incomum que qualquer escritor consiga passar ileso por toda a obra sem cometer uma falha aqui ou ali, independente da época ou seguimento. Rebeca S. Melo consegue cumprir sua missão neste aspecto, primeiro porque nos é apresentado todo um mundo na quantidade de parágrafos necessária, nada muito extenso, que canse o leitor. O momento inicial é este, reconhecimento do terreno, somos inseridos em Saas aos poucos, como quem não quer nada, e de repente, estamos no centro da coisa toda. As particularidades, as que não são citadas na introdução, aparecem no decorrer do livro e de forma sutil.

O segundo ponto a ser observado é a estruturação dos personagens, como estes são colocados em cena e se conseguem atuar bem, sem parecerem forçados ou algo do tipo. Novamente um acerto imenso da autora, pois desde Shari, que aparece mais a frente no enredo, até Hadin, temos uma caracterização de personagens excelente. Mas vamos conhecer melhor os ditos para entendermos melhor a história. Tudo tem seu início com Ravel, princesa de Jope, o que ocorre com a princesa influencia os rumos de toda a história, podemos dizer que é por conta de Ravel que muita coisa chega a acontecer. Enquanto de um lado do Oceano que divide as duas porções de terra vemos um conflito, do outro lado encontramos um cenário totalmente diferente. É ai que as distinções existentes entre os mares ficam evidentes. Conhecemos Leor e sua amiga Nemat do outro lado do oceano, ambos trabalham em um bar (O Ninho) e são amigos por muito tempo. Em uma dessas noites de trabalho eles conhecem Hadin, um nômade misterioso que aparece na vila. Após a chegada de Hadin diversas coisas acontecem, algumas por conta deste outras por puro destino e Leor acaba por se separar da amiga, Nemat. O jovem embarca em uma missão entre reinos, tendo por guia uma garota que lhe abordara no inicio de sua aventura, chamada Shari. Enquanto Leor parte em busca de determinadas coisas terras a fora, Nemat estreita seus laços com o nômade, Hadin, que acaba por fincar bandeira na vila. Entre tantos eventos vemos uma série de reviravoltas, como foi dito no início, e isso deixa a história ainda mais atraente e prazerosa de ser lida, pois nunca sabemos se estamos seguros, se podemos confiar neste ou naquele personagem. Como o título deixa claro: Um mundo perigosamente humano. Tudo pode ocorrer em “As Lendas de Saas”, ninguém está a salvo, desde o início até a última página da obra.

Por fim, o terceiro ponto que levantamos neste comentário é o enredo. Posso dizer que o livro atende todas as necessidades para a construção de um bom enredo, não temos pontas soltas, é tudo muito bem encaixado. O modo como a autora comanda o trajeto dos personagens apresenta maestria e uma habilidade fora do comum. Podemos ver uma das revelações de nossa literatura em ação, sem tirar nem por. No mais, “As Lendas de Saas” cumpre o prometido, consegue encantar e prender o leitor como poucos livros o fazem, trás toda uma bagagem detalhista e transcendente, pois navega entre mundos colocando muito do que conhecemos à tona no meio da narrativa. Uma leitura que flui por ser bem elaborada e ter um vocabulário rico na sua construção.

A cada frase, a cada parte do livro vamos ficando cada vez mais maravilhados pela narrativa e por todo o mundo criado para o desenvolvimento da mesma. É encantador poder ter acesso a tanta coisa, adentrar em lugares que aparentam ter uma veracidade tremenda a medida que são desenhados e expostos. O primeiro volume da trilogia “As Lendas de Saas” enlaça todo e qualquer leitor, por todos os fatores citados acima e por muitos outros que você conseguira visualizar ao decorrer da leitura. Mexe muito com o particular de cada qual, nos identificamos com Leor, Nemat, Shari e outros personagens, entramos na vida deles e acabamos por passar horas com eles, como se fossemos velhos conhecidos. O talento da autora é singular, sua capacidade para destrinchar cada evento chega a ser fora do comum e temos que aplaudir de pé a escrita de Rebeca Melo. “As Lendas de Saas” é encantador e misterioso, um livro especial para os apreciadores da boa arte.

Você pode adquirir o livro na Amazon.com, seguindo este link. No mesmo site já é possível comprar o livro II, então não perca tempo. Confira ainda aqui no Beco Literário a entrevista cedida pela autora há algumas semanas, onde a mesma fala sobre assuntos como preconceito literário e processos de escrita, é só clicar aqui.

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