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Anti-heróis: O garoto da faculdade

Todo mundo tem uma história trágica de amor. Aquele romance que tinha tudo para dar certo e não deu. Aquele romance que deu certo por muito tempo e algo trágico separou. Alguém, que mesmo com o passar do tempo e das circunstâncias ainda faz seu coração bater mais forte. Nós queremos ouvir a sua história e publicar aqui, no Beco Literário na nossa nova seção: anti-heróis.

Baseado no álbum novo do Jão, Anti-herói, que conta a história de um amor que devastou e foi embora, nós vamos ouvir a sua história e reescrevê-la aqui no Beco Literário para que possa ser eternizada e ressignificada, afinal todo mundo tem o seu the one that got away.

Eu fazia faculdade de administração. Em 2018, eu estava no penúltimo ano da faculdade e eu conheci um garoto chamado Ricardo*. Ele era um ano mais novo que eu. Ele tinha entrado na faculdade aquele ano e eu estava quase me formando.

Eu tinha notado o tal garoto da faculdade no primeiro período, mas nunca tinha conversado. Ele era muito bonito, se encaixava no meu conceito de homem. Moreno, um pouco mais alto e com barba.

Da primeira vez que eu o notei, em abril de 2018 até a primeira vez que conversamos, em novembro, levou um tempinho. Ele me chamou no Instagram e conversamos muito. De lá, fomos para o WhatsApp.

No dia 9 de novembro ficamos pela primeira vez. Ele me levou para lanchar. Estava chovendo no dia. Depois disso, passamos a ficar várias e várias vezes.

Eu esperava que ele me pedisse em namoro. Ao meu ver, tudo se encaminhava pra isso. Estávamos saindo todas as semanas. Chegou dezembro, o final do ano… Chegou janeiro, chegou fevereiro e nada. Ele não me pediu em namoro. E eu desabei pela primeira vez. Eu não sabia o que fazer. Termino tudo ou continuo? Resolvi continuar. Eu gostava demais dele e quis acreditar que uma hora o pedido ia chegar.

Eu tinha decidido, por conta própria, não ficar com ninguém. A última pessoa que eu tinha ficado, além dele, foi em janeiro.

Nessa espera interminável, pela mudança de ideia que eu não sabia se viria, chegamos em abril. Eu o pedi em namoro, então. Ele me disse que não queria namorar no momento. Estava bom do jeito que tava. Mesmo assim, eu continuei. Eu me permitia acreditar no que eu sentia. E eu sentia muito. Meu sentimento era de sobra, então eu podia suprir o que ele não sentia ainda, né?

Chegou o dia dos namorados e minha faculdade fez um evento. A pessoa que quisesse mandar uma frase romântica para o seu amor ou paixão platônica procurava a organização e sua mensagem era entregue de forma anônima. Quando eu recebi o coraçãozinho com uma frase que eu gostava escrita, eu soube que era ele. Isso me deixou muito feliz. É incrível como a gente pega migalhas e vê como se fosse muita coisa.

Conversei com uma amiga minha sobre meu “relacionamento”, nesse dia. Ela disse que ele não me merecia. Que ele não gostava de verdade de mim. Eu queria algo sério, ele não. Pensei nisso por um mês, mais ou menos e decidi tocar no assunto do namoro mais uma vez.

Não, Luísa. Não é isso que eu quero no momento. Eu gosto de ser livre. No relacionamento, tudo muda. Não estou disposto a abrir mão da minha liberdade por nada, nem ninguém.

E pra mim, não dava mais. Terminei tudo e já estávamos em agosto. Eu não queria mais sentir demais e receber de menos. Setembro chegou, seu aniversário. Pelejei para não mandar mensagem pra ele. Passamos separados.

No final de outubro, a gente voltou. Eu estava morrendo de saudade. Não aguentava mais ficar longe. Passamos a agir mais como namorados. Ele ia na minha casa. Saíamos juntos para comer ou fazíamos o jantar em casa. Isso sem falar das nossas noites de amor. Eu confiava tanto nele. Tanto. 

Agíamos como namorados, mas não éramos. O garoto da faculdade não queria se envolver comigo.

Em dezembro teve uma confraternização na sala dele e ele podia levar pessoas de fora. Eu jurava que ele ia me levar, mas não. Não vou levar ninguém, Luísa. Melhor assim. Ele levou dois amigos.

Eu ia me formar em fevereiro e precisava decidir sobre meu baile de formatura. Era meu plano leva-lo, então, o convidei. Não sei. Posso pensar e te respondo depois, Lu?

Passamos o ano novo em cidades diferentes e eu queria estar com ele. Mas tive me contentar com uma mensagem fria na tela do celular. Feliz ano novo.

No dia 8 de janeiro, minha amiga me contou que soube que ele tinha ficado com uma colega minha de sala. E conversou com outra amiga sobre mim. Eu estou com a Luísa só porque ela não quer terminar, sabe? Eu nunca namoraria, ainda mais com ela. Parecia que ele estava comigo por pena.

Fiquei revoltada e mandei mensagem para ele. Ele confessou e desde então, nunca mais vi o garoto da faculdade. Me formei e ficou tudo por isso mesmo. Nunca demos um ponto final, de fato, mas eu não quis mais.

Eu vivia triste, chorando pelos cantos, principalmente nos meses finais do nosso “relacionamento”. Ele estava tão frio, distante… Como se estivesse ali fazendo um favor. Ele ainda teve a coragem de jogar na minha cara que não éramos namorados e que todas as vezes que disse que gostava de mim, ele tinha mentido.

Eu sabia que ele ficava com outras. Ele nunca foi só meu como eu fui só dele. Mas saber é diferente de ter certeza. Na última vez que ficamos, eu descobri uma marca no pescoço dele, mas não quis acreditar.

Eu continuei o amando.

De lá pra cá, conversei poucas vezes com o garoto da faculdade. Numa dessas, ele me disse que talvez o nosso futuro seja passar um ao lado do outro.

Mas eu não quero mais. Apaguei nossas fotos e tudo que me deu da minha vida. Joguei as migalhas aos pássaros e os ouvi cantar na minha janela.

Hoje, eu sei quanto isso só me fez bem.

Tem uma história como “Eu queria ele morto” e quer contar aqui na “Anti-heróis”? Envie para [email protected]. *Os nomes foram e serão trocados para manter as identidades devidamente preservadas.

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