Há alguns dias postamos aqui, aqui e aqui, inúmeras informações sobre o filme spin-off de Harry Potter, Animais Fantásticos e Onde Habitam, cujo enredo está sendo escrito pela própria autora J.K. Rowling.
Um correspondente do filme do site Pottermore, abastecido pela autora também, visitou Nova Iorque e todos os sets de filmagem do filme, e escreveu um relato bem interessante. Confira traduzido pelo pessoal do Potterish:
O Correspondente do Pottermore – 09/11/2015
Traduzido por: Rodrigo Cavalheiro.
Revisado por: Gabriela Oliveira.
Agora, você sabe que o filme se passa em Nova Iorque porque J.K. Rowling te disse meses atrás com um tuíte: “Newt pretendia ficar em Nova Iorque por apenas algumas horas. Circunstâncias asseguraram que ele ficasse… pela duração de um filme, de qualquer maneira”.
Cineastas procuraram por todo o Reino Unido, mas perceberam que eles não têm uma cidade de Nova Iorque. Então eles fizeram uma.
Eu estou parado numa esquina, bato num carrinho-de-mão fictício e decido descobrir como fazer uma magnífica réplica numa distância tão longa e tão distante no tempo da original. Aqui vai uma dica: coloque as melhores mentes criativas no negócio para trabalhar.
O legendário designer de produção Stuart Craig, que trabalhou nos filmes de “Harry Potter”, lidera o time que construiu a Nova Iorque da década de 20. Ele trabalhou com Os Davids, o diretor David Yates e o produtor David Heyman, na estética geral desse filme. Ele foi indicado a 10 Oscars e ganhou três (por “O Paciente Inglês”, “Ligações Perigosas” e “Gandhi”). Sempre que eu pergunto a alguém no set por ele, as pessoas começam a sussurrar a respeito da sua genialidade. Mais falaremos sobre o Sr. Craig depois.
Agora, estou com a cenógrafa Anna Pinnock, que é responsável por arrumar as fachadas de Nova Iorque, todos os adereços e a mobília. Por todos nesse set serem ofensivamente talentosos, Anna também tem um Oscar – pelo seu trabalho em “O Grande Hotel Budapeste” em 2014. Ela foi nomeada quatro vezes (por “Assassinato em Gosford Park”, “As Aventuras de Pi”, “A Bússola de Ouro” e “Caminhos da Floresta”). Ela trabalhou em três filmes do James Bond, incluindo “Spectre”. Se você precisa construir uma réplica em tamanho real de uma cidade num lugar em que ela, na verdade, não existe, Anna é a mulher para esse trabalho.
Anna está elegantemente vestida como eu, com um capacete de segurança, colete amarelo neon e botas que combinam, dando-me um tour pela Nova Iorque que ela ajudou a criar num espaço no meio de um terreno lamacento. Nós começamos no Lower West Side, onde os tijolos são sujos, os pôsteres estão descascando das paredes e tudo é marrom claro, marrom escuro ou em algum tom de marrom. Todos os sinais e pôsteres foram desenhados pela extraordinária designer gráfica Mina Lima… mas mais sobre ela em outra hora.
Nós não apenas viajamos para os Estados Unidos sem deixar a Inglaterra. Nós viajamos para 1926 sem deixar 2015.
O cinema Strand na Broadway, Nova Iorque em 1925
É isso que eu amo sobre o jeito que Anna decorou Nova Iorque; ela decorou uma cidade de mentira com pedacinhos de uma realidade reconstruída. Ela teve uma equipe inteira pesquisando a época, é claro, para deixar tudo o mais autêntico possível. É um trabalho e tanto.
Há várias ruas pavimentadas e, se você parar no lugar certo, pode ver todo o caminho do Lower West Side para o Upper East Side.
Você pode ver o lado de fora do apartamento de Tina e Queenie, bem como restaurantes, uma igreja e todos os tipos de lojas. Conforme Anna me conta, eles tiveram que desfazer alguma dessas fachadas e transformá-las em edifícios completamente diferentes muito rápido quando ficaram sabendo de uma mudança na agenda de filmagens.
A logística desse trabalho – fazer uma cidade, destruir essa cidade, fazer uma sala, destruir essa sala – machuca meu cérebro.
Para minha sorte, nós chegamos dentro do set do apartamento de Tina e Queenie Goldstein menos de uma hora antes que ele fosse demolido. Eu sentei na cama delas, cutuquei o sofá delas, revirei seus livros e olhei nos seus espelhos. Mas isso eu terei que deixar para outra hora. Agora eu tenho que descobrir como voltar para Londres de 2015.
Até breve, amigos.
O Correspondente do Pottermore.
A revista Entertainment Weekly, também divulgou alguns segredos que não percebemos na capa de sua edição especial do filme! Veja:
2. As fênix da Ordem: O roteiro de J.K. Rowling incluí estas quatro estatuas de fênix de ouro (duas delas não vistas) que guardam a entrada do MACUSA, prestando homenagem aqueles que morreram durante o julgamento das bruxas de Salem – um trágico acontecimento na história da relação dos bruxos americanos e Não-Mágicos. Craig diz: “Do começo ao fim, o mundo mágico está fundamentado no contexto do mundo Trouxa, nascido a partir de coisas reais e familiares.”
3. Ouro, não mais apenas para Pomos: Livremente baseado no interior e na gótica art déco do Radiator Building, prédio do centro de Manhattan, o design do MACUSA inclui o uso exagerado do ouro para “levar riqueza à decoração. Este é o centro de poder do governo no mundo mágico, é apropriado que seja dourado.”
4. A heráldica mágica: O emblema oficial do MACUSA, baseado no selo presidencial dos Estados Unidos, incluí a gravura da bandeira americana combinado com uma fênix abstrata.
5. O curioso caso de Newt Scamander: Intencionalmente gasta e baseada em uma maleta de fibras de madeira, a valise de Newt contem um mundo cheio de raras e ameaçadas criaturas e seus habitats, que podem ser escondidos dos Trouxas – e inspetores da alfândega dos Estados Unidos – com o toque de um botão secreto no trinco da maleta. Sua varinha, também, é deliberadamente simples e de madeira (e não contém produtos de origem animal, é claro)
E para finalizar com chave de ouro, temos toda a matéria da revista também traduzida pelo pessoal do Ish, juntamente com todos os stills. Clique nas miniaturas abaixo para ampliar e veja logo a seguir a tradução:
Stills da revista Entertainment Weekly
Traduzido por: Carolina Portela, Lucas Souza, Gabriela Oliveira e Rodrigo Cavalheiro.
Revisado por: Marina Anderi, Morgana dos Santos e Caroline Dorigon.
Nós estamos seguindo Newt nessa grande réplica da cidade de Nova Iorque nos Estúdios Leavesden perto de Londres porque, como uma de suas criaturas, ele é de uma espécie muito rara: o primeiro protagonista de um filme no universo cinematográfico de $10 bilhões de Harry Potter que não é Harry Potter. Interpretado pelo vencedor do Oscar Eddie Redmayne, Newt Scamander é o herói de Animais Fantásticos e Onde Habitam, que estreia em novembro de 2016, o primeiro filme da franquia da Warner Bros. baseado na mini-enciclopédia da fauna mágica (ex: testrálios esqueléticos, fadas mordentes). Escrito por J.K. Rowling e publicado pela primeira vez em 2001 com meras 42 páginas – tipicamente Harry demorava mais que isso para sair da casa dos Dursley -, Animais Fantásticos é um livro-texto escrito por Newt, usado pelos alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts nos livros de Harry Potter. Não tem nenhum enredo. Então como se faz um filme a partir de um pequeno catálogo de criaturas? Uma das ideias envolveu a criação de um documentário falso – pense no Animal Planet com Hipogrifos ao invés de hipopótamos -, mas quando Rowling soube desse plano ela ofereceu outro: “Ela apenas começou a escrever”, diz o produtor de longa data de Potter, David Heyman.
Apesar de Rowling ter participação criativa nos filmes de Harry Potter, Animais Fantásticos marca a primeira vez que ela escreve um roteiro. E isso fez uma espera por um projeto de doer nos nervos para todos os envolvidos, principalmente Redmayne. O ator de 33 anos foi cortejado 5 meses antes de Rowling finalizar o script, o que o colocou na não-invejável posição de potencialmente invadir a mais amada (e mais lucrativa) contadora de histórias do planeta.
“Eu ali aqueles livros [de Harry Potter] e assisti aos filmes e você não quer ser aquele que vai entrar e…” Redmayne deixa o resto desse pensamento vagando pelo ar. Ele faz muito isso, na verdade. “Teve uma tensão porque se eu lesse o roteiro e…” Sim, entendemos.
O ruivo Brit, quem mais cedo nesse ano levou para casa o Prêmio da Academia de Melhor Ator pelo seu retrato do Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo” e é considerado um corredor de frente pela sua performance como Lili Elbe, pioneira transgênero, em “A Garota Dinamarquesa” (estreia 27 de novembro) não precisava ficar preocupado. A participação inicial de Rowling teve tudo que os produtores esperavam ver: uma estória inteiramente nova que, estranhamente contrariando a franquia inglesa, se passa na Nova Iorque de 1926.
“Haviam coisas lá que foram de tirar o fôlego”, Heyman disse do seu ‘quarto de guerra’ no Leavesden, junto com storyboards com spoilers e um aviso na porta para os funcionários da limpeza não entrarem. “Ele tem a marca registrada da sua inacreditável imaginação”.
Redmayne presenciou essa imaginação em primeira mão quando ele se sentou com a autora para discutir seu papel. “Ela conseguia conversar com você sobre qualquer coisa, qualquer complexidade”, ele se maravilha. “Você não está interpretando um personagem ‘real’, mas, na mente sábia de J.K. Rowling, ele é totalmente tridimensional e você pode conversar com ela sobre como era sua vida”.
No filme, dirigido por David Yates (que dirigiu os últimos quatro filmes de Potter), Animais Fantasticos vai levá-lo ao início do século 20 na América, onde bruxos foram viver no subsolo durante séculos. Esses julgamentos das bruxas de Salém não melhoraram exatamente as relações com a comunidade e agora a maioria dos trouxas – chamados de Não-Mágicos nos EUA – sequer acredita que bruxos existem. Newt, inadvertidamente, ameaça a situação atual quando seus animais raros ameaçam sair do casulo.
Então, sobre esse casulo: Ele está encantado e não muito diferente das bolsas de Mary Poppins, é muito, muito maior no interior do que parece ser do lado de fora. Ele é, na verdade, uma espécie de jogo portátil da vida selvagem, repleta de animais que vivem todos em seus próprios habitats. Agora, se esta começando a soar como um conto do menino e seu cachorro de três cabeças, não tema. Newt encontra novos companheiros americanos.
Como nos filmes de Potter, Animais Fantasticos é sobre um pequeno grupo de amigos, só que desta vez há quatro em vez de três. A equipe conta com Porpentina “Tina” Goldstein (‘Steve Jobs’ – Katherine Waterson), uma mulher ambiciosa que trabalha no Ministério da Magia versão EUA, que é chamado o Congresso Mágico dos Estados Unidos da América (MACUSA).
Tina apresenta Newt para sua irmã e para sua companheira de quarto Queenie (a estreante Alison Sudol), que é um “Legilimente” (uma leitora de mentes), com um grande coração.
E tem Jacob Kowalski (‘Bolas de Pânico’ – Dan Fogler um operário de fábrica que se torna o principal personagem não mágico da franquia. “No início da história, Jacob rompe com sua namorada e fica varrido para este mundo mágico com o sentimento de admiração e abertura,” diz Heyman. “Ele é a nossa janela”.
Os quatro estão destinados a serem comparados com Harry, Rony e Hermione, o que talvez seja igualmente injusto e inevitável. “A suposição é de que o Newt seja o centro das atenções, mas é um quarteto”, diz Redmayne. “Então é como aliviar um pouco [a pressão]. Pelo menos é o que digo pra mim mesmo”.
Completando o elenco está Colin Farrell como Graves, um auror do MACUSA, que vai atrás de Newt; Samantha Morton (Minority Report) como Mary Lou, uma Não-Mágica que lidera a Sociedade Filantrópica Nova Salém – ou os Novos Salemeros. E Ezra Miller, de ‘Trainwreck’, como seu problemático filho adotivo, Credence.
Credence é o personagem mais enigmático de todos, podendo se tornar um personagem relevante no universo Potter. Enquanto isso, Miller está apenas feliz de estar aqui. “Quando eu tinha 11 anos, não recebi minha carta de Hogwarts e isso me chateou”, ele diz. “Ser parte disso me faz sentir como se eu tivesse a chance de vir para Hogwarts – como assistente de professor ou algo do tipo”.
Alguns críticos comentaram sobre a falta de diversidade racial no elenco principal de Animais Fantásticos – uma ironia amarga para um filme que fala sobre intolerância. Mas Heyman está ansioso para esclarecer que a divisão racial na cidade faz parte do pano de fundo do filme. “Em Nova Iorque dos anos 20, havia uma grande segregação entre brancos e negros, e isso se reflete aqui,” ele diz, uma cena em Harlem deixa esta separação explícita. “Mas o mundo mágico é uma sociedade mais aberta e tolerante, onde pessoas de diferentes cores e etnias existem harmoniosamente”. Yates acrescenta que esse filme é “um pouco mais adulto” do que o resto do cânon. “Não há crianças nesse filme”, ele diz.
Pelo fato dos membros do elenco não serem crianças, no entanto, eles tiveram um pouco mais de preparação. Eles precisaram se conectar com seu lado mágico, e rápido. (Você não pode pular sete anos de Hogwarts e esperar não ter que fazer alguma recuperação.) Primeiro: escolha de varinhas. Cada ator recebeu cerca de uma dúzia de opções de varinhas antes de praticarem seus movimentos mágicos em uma “aula de uso de varinha”. “Você tem toda uma discussão sobre as coisas que você quer que sua varinha tenha – é o que move os sonhos das crianças,” diz Redmayne. “Eu fiquei tipo, bem, Newt não teria nada de couro nem nada feito com chifres. Teria que ser algo simples e lígneo”. Waterston pediu que sua varinha fosse mais pesada para dar mais peso ao lançamento de seus feitiços. Farrel nota que ele tinha uma “varinha para praticar” – como se dar uma varinha “de verdade” ao ator de ‘True Detective’ pudesse ser perigoso – para levar ao seu quarto de hotel. “Eu andava por aí de roupão com uma varinha na mão,” Farrel diz. Lá, ele gesticulava para a TV: “Canal 4! BBC 1!”
Quanto aos animais fantásticos do título, o conjunto inclui um pelúcio, um pequeno caçador de tesouros que se atrai por coisas brilhantes; um tronquilho, um ser protetor em formato de galhos que vive no bolso de Newt; e uma mortalha-viva, que sufoca suas vítimas enquanto dormem. Redmayne gastou meses se preparando para o papel, passando tempo com cuidadores de zoológicos e de outros animais, fazendo com que ele provavelmente seja o único ator na história a usar o método imersivo de pesquisa para interpretar um bruxo. Seus colegas dizem que o trabalho compensou. “A coisa mais cativante é assistir Eddie interagir com os animais,” Waterston diz. “É tão bonito. Ele trabalhou diversas dinâmicas diferentes com eles”.
Quando o filme for lançado em 18 de novembro de 2016 (17 de novembro, no Brasil), os fãs podem esperar para espiar algumas criaturas dos filmes Potter também (os sereianos provavelmente aparecerão). Só não espere ver versões mais novas de qualquer personagem humano. Ainda não, de qualquer forma. Se Animais for um sucesso, entretanto, mais filmes são planejados, com Rowling provavelmente escrevendo os roteiros. (Na sua maneira habitual, ela já planejou os próximos dois). No futuro, Heyman sugere que não devemos nos surpreender em ver um rosto familiar ou dois. Uma linha no diálogo de Animais Fantásticos faz referência a um bruxo que você pode ter ouvido falar – um tal de Dumbledore.
Com direção de David Yates e roteiro original de J.K. Rowling, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” tem previsão de estréia para 17 de novembro de 2016 no Brasil.
Conteúdo e tradução: Potterish.com
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