Novo livro do fotógrafo e apresentador Ricardo Martins acompanha os registros pela Península Itálica, dos Pré-Alpes no extremo norte, aos mares do sul
A Itália, uma terra onde o passado e o presente se entrelaçam de maneira fascinante, é um verdadeiro palco de história e cultura que ecoa por todo o mundo. Suas cidades, povoados e vilas, repletos de construções milenares, testemunham a evolução de civilizações ao longo do tempo, deixando uma marca indelével na história não apenas da região, mas também de muitas partes do globo.
+ Novo livro de Ricardo Martins enfatiza patrimônio cultural e história da Itália
Neste cenário único, onde a tradição e a modernidade coexistem harmoniosamente, encontramos narrativas cativantes, como a aventura do fotógrafo Ricardo Martins que transformou sua viagem pela Itália em um projeto fascinante. Acompanhado pelo diretor de cinema Fabio Tanaka e por Sam, um italiano que se tornou um guia especial durante um mês de exploração, eles mergulharam nas riquezas culturais e paisagens deslumbrantes deste país, capturando momentos que agora fazem parte do projeto “Itália, redescobrindo as influências culturais do Brasil”.
Beco Literário: Como surgiu a ideia de viajar de motorhome pela Itália e transformar essa experiência em um livro?
Ricardo Martins: A ideia veio de um interesse particular que eu tinha em fotografar a Itália e que meu patrocinador, o grupo italiano Comolatti, apoiou desde o início. Com isso, o motorhome foi estratégico. Com ele, conseguiríamos aproveitar melhor o tempo em cada lugar e nos deslocarmos com mais facilidade, por isso, virou nossa casa móvel por 25 dias.
BL: Como aconteceu a escolha das cidades e lugares que você visitou na Itália durante a viagem?
Ricardo: Montei todo o roteiro e os lugares que eu gostaria de conhecer com um amigo italiano, o Luciano. Depois, o Sam, um amigo de infância dele, se tornou nosso guia e condutor do motorhome. Foi o Sam que inventou estratégias novas para descobrirmos novos lugares, como a cidade de Matera, que não estava no roteiro inicial.
BL: Como foi a experiência de viajar com o diretor de cinema Fabio Tanaka e transformar os bastidores da viagem em uma série de episódios?
Ricardo: Foi uma experiência fantástica. O Tanaka hoje se tornou um grande amigo e juntos transformamos a viagem em uma série de quatro episódios, algo que eu já queria fazer desde o meu segundo livro. Essa foi a terceira série que eu apresentei e a segunda que eu produzi. Hoje, no total, já temos cinco séries produzidas, duas que já foram lançadas e três que estão vindo por aí… Por isso, hoje vejo a série como um novo produto e foi dessa forma que surgiu a RM Produções, minha editora e produtora.
BL: Você mencionou que a foto do canal principal de Veneza foi uma das suas favoritas. Pode compartilhar mais detalhes sobre essa imagem e por que ela é tão especial para você?
Ricardo: Veneza sempre fez parte do meu imaginário pelos filmes que assistia e matérias na televisão e nas revistas. Quando cheguei, vi que era muito mais do que eu sonhava e foi mágico fotografar ali, com aquela atmosfera e aquela energia.
BL: Tem uma pergunta que sempre faço para todos os entrevistados – o que você sempre quis responder mas ninguém nunca te perguntou?
Ricardo: Tem uma muito íntima minha que é qual é o meu maior medo… E já respondendo, meu maior medo é perder aquela empolgação, aquela magia da fotografia que eu sempre tive, desde criança. Desde que tirei aquela minha primeira fotografia com 10 anos de idade, que apertei aquele botão e aquela felicidade explodiu… Tenho medo de perder isso, perder com o ritmo de trabalho, com a quantidade de trabalho, que isso se torne algo comum e não se torne mais mágico.
BL: No processo de criação das imagens para o livro, você mencionou que buscou ser totalmente autoral. De onde vem as suas influências criativas? Pode explicar como isso influenciou o resultado final?
Ricardo: Sempre fui autodidata, procuro aprender com muita observação e experiências de erros e acertos, sejam eles meus ou de outras pessoas. Minha fotografia é muito instintiva, eu fotografo o que me salta os olhos com emoção e tento levar isso para as páginas dos meus livros e agora, para as séries de TV.
BL: Além de seus livros, você também promove exposições fotográficas. Pode nos contar sobre sua experiência mais recente, a exposição “Uma língua de várias faces” na sede da Unesco em Paris?
Ricardo: Sim, adoro fazer exposições e interagir com o público tentando entender o meu olhar! Essa última aconteceu na sede da Unesco, em Paris, a convite do embaixador Santiago Mourão. Certo dia, acordei às 6h com meu telefone tocando e era o Santiago, dizendo que gostaria do meu trabalho exposto em Paris no dia da comemoração da Língua Portuguesa. Para mim, foi uma honra e um grande reconhecimento.
BL: Você já tem planos para novos projetos após o lançamento deste livro? Pode compartilhar algumas informações sobre eles?
Ricardo: Planos não faltam! Com alguns erros que cometi sendo empresário, entendi que a engrenagem nunca pode parar, então já estou pensando em 2024 e 2025. Os próximos projetos que já estão confirmados e com patrocinadores fechados são: “Amazônia”, “Litoral Brasileiro” e “Os Últimos Filhos da Floresta”, mas ainda não posso dar muitos detalhes sobre eles.
Considerado um dos principais nomes da fotografia de natureza e cultura do país na atualidade, Ricardo Martins é autor e editor de 12 livros, já apresentou e produziu quatro séries passando pelo Pantanal, Amazônia, Itália e litoral brasileiro, onde mostra os bastidores de suas expedições. Desta vez, percorreu toda a Península Itálica, dos Pré-Alpes no extremo norte, aos mares do sul mostrando os contrastes das construções milenares que convivem com situações da modernidade.
Em 2012, foi honrado com um dos maiores prêmios da literatura brasileira, o Prêmio Jabuti, na categoria de melhor fotografia pela obra A Riqueza de um Vale. Ricardo Martins promove exposições fotográficas divulgando a cultura e as belezas brasileiras no Brasil e no mundo; a última, intitulada “Uma língua de várias faces”, aconteceu em Paris na sede da Unesco, em comemoração ao dia da língua portuguesa.
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