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Crônica: É bom esquecer.

A memória dá imortalidade a momentos, mas o esquecimento proporciona uma mente saudável.
É bom esquecer. — Hannibal

Num geral, eu sempre choro quando escrevo. É com muita coragem que resolvo abrir meu coração pra você, pouco me importando em saber que a única finalidade disso aqui é pra eu mesma desabafar, pois você odeia textos longos e eu tenho a irritante mania de falar demais.

São 5h34 da manhã e, mesmo depois de muita luta, o sono teimou em não chegar porque a verdade é que me encontro com o peito cheio demais para que eu me sinta em paz. Talvez eu só precise cuspir essa merda toda que insiste em me causar todo esse aperto. Ok.

Eu queria começar dizendo coisas boas.

Eu me lembro daquela sexta-feira 13 todos os dias. Me lembro de falarmos durante horas. Me lembro de sentar naquela mesa e de você vindo sentar ao meu lado. E de pegar na minha mão. E ficar brincando com ela de um jeito bonitinho e as vezes olhava pra mim com o rosto meio de lado. E você arrumava os óculos. E aí cada toque dos seus dedos na minha mão eram como se fosse um choque. Porque eu estava gostando, sabe? Era diferente e eu não conseguia acalmar a minha mente que ficava gritando “puta que pariu ele pegou na minha mãQUE COISA LINDA ELE ARRUMANDO ESSE ÓCULOS!!!” só que eu não queria que você percebesse a confusão que se passava na minha cabeça. E eu nem sei explicar porque eu estava daquele jeito. Aí você disse “Posso te dar um beijo?” e eu disse “Se você não pedir, tudo bem.” E depois fiquei me perguntando porque raios alguém abre a boca para dizer algo tão imbecil quanto o que eu tinha dito. É sério. Nada explica isso. Mas ainda assim você me beijou, com toda a delicadeza existente nesse mundo. E parecia que era a primeira vez que eu beijava um cara, porque nunca me senti tão nervosa assim na vida. Era carinhoso e delicado. Você não tava me engolindo. E eu gostei disso.

A sequencia de fatos a seguir me fizeram me apaixonar por você.

Senti dentro de mim todas as sensações avassaladores que existem no despertar de um primeiro amor, mesmo que você não o fosse. Meu coração pulava freneticamente dentro do peito sempre que nos falávamos, sempre que eu ia te encontrar ou quando nos aproximávamos. Quando você colocava suas mãos na minha cintura e chegava pertinho e eu sentia aquele teu cheirinho bom, o teu cabelo encostando no meu rosto, a sua pele, os seus lábios… E eu não sei, sabe, como você não conseguia ouvir todo o barulho da confusão que acontecia dentro de mim. Não sei como não sentia meu coração pulsando forte quando me beijava ou algo assim. Eu precisava absurdamente do seu corpo colado no meu, o mais próximo que pudesse, porque perto o bastante, nunca era perto o bastante. Precisava que fosse perto como se nossos corpos fossem ficar tão próximos um do outro até se fundirem pra virar uma coisa só.

E foram dias bonitos, a minha paixão mais linda.

Eu só não sei ao certo em que momento as coisas passaram a dar tão errado. Se me perguntarem, direi que caí, perdi os sentidos, a memória e não vi mais nada do que aconteceu. Aparentemente mergulhei dentro dos meus sonhos e só acordei tarde o bastante para sentir o baque da realidade me acertando direto na cara.

Eu me conheço o bastante para saber que se fosse qualquer outra pessoa no mundo, eu teria ido embora. Mas aquela história de que o amor é cego… Bem, talvez seja mais ou menos isso. Não cego, mas relevante. E eu relevei aquilo tudo. Fui atrás de você depois de uma briga. E depois de outras duzentas e sei lá mais quantas. E olhe que, logo na primeira, eu tinha dito para mim mesma que te deixaria pra lá. Só que eu não to aqui pra te julgar, pra te dizer que você foi errado, que sou perfeita ou que não custava você ter ido atrás de mim ao menos uma vez. Eu só deveria ter desistido, talvez. Mas eu não queria. Eu nunca quis.

Dizem que quanto mais alto voamos, maior será a queda. Talvez seja assim no amor. Talvez seja só a matemática pura, né. Quando você foi embora, eu pensei que aquela dor jamais passaria. E sendo totalmente sincera, sei que ela não passou completamente. Eu não sei como dormir sozinha até hoje. Ainda acordo no meio da noite procurando o teu peito, o teu cheiro e comumente me assusto ao perceber que você não mais está ali. E o silêncio e a escuridão do quarto parecem querer me engolir. Penso que estou calejada, mas sempre dói igual.

São 07h14 da manhã e o que realmente me assusta é pensar que, a pior parte de se apaixonar perdidamente por alguém não é bem quando a relação acaba, mas quando você percebe que nunca mais irá se sentir assim novamente. Dizem que o tempo cura tudo, mas até hoje, ele não fez nada por mim.

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