Depois de muita espera, eis que temos em cartaz o filme Maze Runner: Correr ou Morrer. Adaptado da série homônima de James Dashner, o filme já arrecadou alguns milhões acima do esperado pela distribuidora, Fox Films, ainda em seu fim de semana de estreia.
Correr ou Morrer trata do primeiro livro de uma série de quatro e narra a história de um grupo de garotos presos no centro de um gigantesco labirinto. A Clareira, como é chamado o lugar, abriga meninos de várias idades que construíram juntos uma espécie de sociedade própria, com vocabulários e tarefas especiais. Todos vivem sua rotina costumeira até a chegada de Thomas.
Do lado de fora da Clareira, um enorme Labirinto separa os garotos da vida normal. Sem memória alguma, os Clareanos se dividem em grupos de tarefa, cabendo aos “corredores” a missão de vasculhar o labirinto atrás de respostas. Entretanto, como nada é fácil, escondidos pelos enormes muros de concreto e hera estão os Verdugos, criaturas meio máquina, meio bicho – imagine um inseto asqueroso – que carregam um veneno capaz de tornar a pessoa mais humana no ser mais irracional possível.
A rotina dos meninos muda completamente quando, de surpresa, uma garota é enviada para a Clareira carregando a seguinte mensagem: ELA É A ÚLTIMA. A partir daí, os perigos do Labirinto se tornam cada vez mais próximos e a busca por uma saída se torna extremamente necessária.
Antes de mais nada é bom deixar uma coisa clara: não sou nenhum ser formado em cinema, logo, minha opinião aqui é apenas de um cinéfilo comum, um mero mortal. Dito isso, vamos ao que importa.
Maze Runner é a adaptação de um livro, ou seja, é meio impossível não comparar uma coisa com a outra. Mas, farei o possível para evitar.
Sempre que assisto a um filme eu costumo observar alguns pontos, como fotografia, sonorização, atuação e roteiro. Com Correr ou Morrer não foi diferente.
Primeiramente devo elogiar a parte de sonorização. Confesso que fui ao cinema com uma expectativa tremenda de sentir as mesmas sensações que senti ao ler o livro. Me lembro das narrativas sobre os sons de metal e pedra, de passos, de gritos… O filme não faltou com isso. Em algumas cenas, principalmente nas de ação com os Verdugos, a sonorização foi excelente, o que me deu uma sensação muito maior de imersão na história.
O filme possui basicamente três tipos de cena. As na Clareira durante o dia, as na Clareira durante a noite e as do Labirinto. É interessante observar como foi trabalhada a luz nesses três ambientes principais. Durante o dia, a luz do Sol tornava tudo monótono, calmo, até meio chato. Durante a noite, a luz alaranjada das tochas acesas pelos Clareanos deixava tudo com um ar mais sombrio e tenso. Palmas para a fotografia. Destaque para as cenas em que os muros e os portões ficavam no segundo plano da cena. Lindo. Sobre o Labirinto, uma palavra resume tudo. CINZA. Era tudo cinza. Tudo repetitivo, o que deu a sensação de se estar perdido. Um ponto positivo pra equipe de efeitos especiais pois, além de imensos, os muros foram bem retratados no longa, com suas cortinas de hera e relva.
“Você não entendeu, não é? Já estamos mortos.”
Em relação à atuação do elenco não há muito o que falar. Todos são bons e estão de parabéns. OK! Vou apenas destacar as cenas de desespero. É legal ver como a expressão no rosto de um ator consegue provocar uma sensação diferente no público. Nas cenas mais desesperadoras, principalmente durante as corridas, o espectador fica vidrado na ação. Eu fiquei. O elenco conseguiu, na maioria das vezes, passar a ideia de “estamos mortos”.
Finalizando, o roteiro. Não é que o trabalho tenha sido ruim, muito pelo contrário. Acredito que alguns detalhes que ficaram de fora foram recuperados no decorrer do longa. Entretanto, senti que o foco do filme foi outro. Sem querer fazer comparações, mas já fazendo, o enredo foi baseado todo em cima das relações entre os meninos, na busca pela saída e nos problemas para se conseguir isso. Tá, e o Labirinto? Ah, sim, o Labirinto estava lá. Porém, o filme não mostra muito bem “o que é” o Labirinto. Só muros de pedra que guardam algumas criaturas sedentas por morte.
Fazendo uma ligação imprópria, me lembrei do romance naturalista de Aluísio Azevedo, “O Cortiço”, no qual o próprio cortiço era o personagem principal da trama. Ao contrário do que eu esperava, o Labirinto foi retratado apenas como uma passagem e fim. Tanto que, mais pro final do filme, conseguimos ver toda a extensão dos muros, o que na minha opinião quebra todo o frenesi do longa.
Como era de se esperar, o filme traz tantas respostas quanto o livro. As dúvidas são tão frequentes na nossa cabeça quanto na língua dos Clareanos, o que pode ser um ponto muito negativo principalmente para aqueles que nunca tiveram contato com a literatura de James Dashner.
“Que lugar é esse? Quem nos colocou aqui? O que há lá fora? CRUEL é bom?”
Correr ou Morrer é um bom filme. Tem seus pontos fortes e seus pontos fracos, como qualquer filme comercial tem. Sendo uma adaptação, a preocupação principal é lidar com a possível frustração dos fãs, algo que acho que não aconteceu de forma muito grave. Temos o herói, o vilão, o conflito, ingredientes básicos de qualquer história, porém, não temos um desfecho. Algumas explicações são dadas, mas muitas outras dúvidas ficam no ar. Algo do tipo “tá, e agora?”.
Nos resta então sentar e esperar por 2015, já que Prova de Fogo, a sequência, já teve sua data de estreia marcada para setembro do ano que vem. Enquanto o dia não chega, é mais do que hora de abrir o segundo volume da série e começar a leitura, imediatamente.