Eu desejo. Eu desejo que muitos e muitos musicais da Broadway sejam adaptados e bem preparados, também produzidos e bem encenados. Eu desejo. Eu desejo que o público se acostume a ver musicais e como de costume peçam mais e mais… Rimas à parte, senhoras e senhores, apresento a vocês “Caminhos da Floresta”, originalmente “Into the Woods”, o mais novo musical adaptado da Brodway diretamente para os cinemas do mundo todo.
O longa-metragem dirigido por Rob Marshall nos insere num grande medley de contos de fadas que pessoas ao redor do mundo e de diferentes idades cresceram ouvindo. “Cinderela”, “João e o Pé de Feião”, “Chapeuzinho Vermelho” e outros personagens consagrados da literatura “infantil” – se é que podemos colocar dessa forma – estão presentes nesse tão aguardado musical produzido pela Disney.
“Caminhos da Floresta” conta a história de um padeiro e sua esposa, sem filhos, que amaldiçoados por uma bruxa se veem sem esperança de ter um bebê. Além deles, a história segue Cinderela, que, assim como no clássico, é maltratada pela madrasta e suas “irmãs” e impedida de ir ao baile conhecer o príncipe. Enquanto isso, numa pequena cabana, João vive o dilema de vender sua vaca leiteira para conseguir dinheiro e colocar comida na mesa de casa. Claro, não podemos esquecer de Chapeuzinho, a conhecida garotinha que precisa atravessar a floresta para levar doces para sua avó. Nessa versão conhecemos também a Bruxa, uma malvada que mantém a filha de longos cabelos louros presa em uma torre alta, sem portas ou escadas.
Até aí, nada de diferente. O enredo começa a se desdobrar quando cada um dos contos se cruza de diferentes maneiras dentro da floresta. Tudo basicamente tem relação com a maldição do Padeiro, que precisa coletar quatro objetos importantes para que a bruxa possa desfazer o feitiço e permita que ele e sua esposa tenham um filho. Os objetos são uma “capa vermelha como sangue”, “uma vaca branca como o leite”, “um pedaço de cabelo amarelo feito milho” e um “sapato tão puro quanto o ouro”.
O filme num primeiro momento pode parecer uma bagunça histórica recheada de canções e magia, mas, enquanto a trama se desenvolve, o espectador é presenteado com músicas apressadas, mas bem executadas por atores, agora cantores, talentosos e cheios de energia.
Por se tratar de uma adaptação de um musical conhecido e muito bem encenado na Broadway, a expectativa de quem assiste ao filme é de que o longa chegue o mais próximo das sensações do musical. Claro, não tive a oportunidade de assistir ao espetáculo em Nova York, porém, depois de assistir a algumas apresentações gravadas e reproduzidas na internet, posso falar que “Caminhos da Floresta” é uma ótima adaptação com roteiro, produção e direção de alta qualidade.
As músicas do filme, claro, são as mesmas do espetáculo. Apesar do espectador brasileiro ficar pouco confortável se tratando de um musical estrangeiro, as letras são muito bem exploradas e a melodia das canções trancam a atenção do público durante as duas horas de filme.
A atuação de Meryl Streep como a Bruxa está – como sempre, fantástica. O elenco conta ainda com Anna Kendrick (Cinderela), Emily Blunt (Esposa do Padeiro), Chris Pine (Encantado), Johnny Depp (Lobo), Daniel Huttelstone (João) e James Corden (Padeiro). De maneira geral, todos, sem exceção, convencem com a interpretação de cada personagem.
A fotografia do filme nos leva a um ambiente digno de um conto de fadas, com castelos e florestas bem construídos, cenas bem montadas e iluminação adequada para dar o clima de “imaginação” que se espera em um filme do gênero.
Uma curiosidade do longa é a interiorização que cada personagem passa durante o filme. Somos apresentados a uma Cinderela confusa a respeito das decisões que precisa tomar, um príncipe arrogante e egoísta que acredita ser capaz de tudo por sua “amada” e, entre outros, a uma Bruxa que na sede pela vaidade acaba por trazer sofrimento à vida de pessoas inocentes. Essas são questões pouco exploradas nos contos de fadas originais apresentados às crianças.
“Caminhos da Floresta” é recomendado para toda a família e está sendo exibido nos cinemas nacionais tanto na versão original quanto na versão dublada – mais indicada para crianças pequenas já que a música se mantém e a fantasia persiste tomada após tomada. O filme é longo, são pouco mais de duas horas de filmagem que talvez pudessem ser reduzidas em pelo menos vinte minutos, mas que não provocam cansaço ao espectador, que acaba por usufruir das vozes de um elenco talentoso, uma produção visualmente linda e tecnicamente bem executada.
Se você ainda não assistiu ao último musical da Disney, pode ver o trailer aqui. Se teve interesse em conhecer a produção original, encenada pela Broadway, pode assistir aqui e, claro, se já assistiu e gostaria de ouvir a belíssima trilha sonora original, pode ouvi-la aqui.