Dizer que criei pouca expectativa para este filme seria uma grande hipocrisia da minha parte. Desde que li o livro pela primeira vez, em meados de 2013, comecei a fantasiar com uma adaptação para as telonas. Na época, não havia sido informado ainda que haveria um filme baseado na obra, então apenas imaginar como seria, era tudo o que restava.
Bom, sobre o livro vocês já sabem a minha opinião (leia a resenha aqui), e devo dizer que na época que li, era uma história em ascensão, que se espalhou rapidamente na boca do povo, uma ótima coisa aliás, mas criei um carinho especial pela obra assim como Hazel criou por Uma Aflição Imperial e uma pitada de ciúmes foi inevitável.
Meu livro favorito era, de longe, Uma aflição imperial, mas eu não gostava de falar dele. Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí tem livros como Uma aflição imperial, do qual você não consegue falar — livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição.
Agora, com relação ao filme, tenho apenas uma observação inicial a fazer: maior quantidade de pessoas chorando por metro quadrado já vista por mim, tirando aquele pessoal nojento e fingido que ama fazer ceninha e se passar por reis do drama, o filme conseguiu cativar a todos que estavam assistindo, mesmo aqueles que se dizem não emotivos.
Hazel Grace Lancaster é uma paciente terminal com câncer na tireoide, originalmente, e com uma respeitável colônia satélite há muito tempo instalada nos pulmões, e por isso, é obrigada a carregar um cilindro portátil de oxigênio com uma cânula que vai até seu nariz, para que consiga receber a oxigenação suficiente.
Depois de sua mãe se convencer que está deprimida, a garota é obrigada a frequentar um grupo de apoio, com pessoas dos mais variados tipos de doenças, que se juntam no coração de Jesus, literalmente, em um porão da Igreja, para uma espécie de apoio mútuo. Hazel, obviamente, não gosta de ir, mas faz apenas para agradar seus pais, e é numa dessas idas, que ela conhece Augustus Waters, o Gus, que teve osteossarcoma há um ano e meio, o que acabou lhe levando uma de suas pernas.
Estou numa montanha-russa que só vai para cima, amigão.
Entre encaradas, piscadelas e sobrancelhas erguidas, começa essa cativante história entre duas pessoas extremamente improváveis, e cá entre nós, impossível de não shippar. A amizade, que se transforma em romance em pouquíssimo tempo, nos mostra o quão injusta a vida pode ser, e que apesar da maior quantidade de obstáculos que podemos encontrar em nossa jornada, sempre há um jeito de passar por cima de tudo, se tiver força de vontade.
De início, tudo parece ir as mil maravilhas. Filmes na casa do outro, livros trocados, interesses mútuos… Até mesmo uma viagem para Amsterdã, patrocinada pelos Gênios, uma organização que concede desejos a crianças com determinados tipos de doença, cujo principal objetivo era conseguir respostas acerca de Uma Aflição Imperial, livro preferido de Hazel, e que de certa forma, passou a ser o de Gus também.
O namoro oficial começa na cidade de Peter Van Houten – autor do livro -, e apesar do objetivo oficial não ter saído da forma que esperavam, a viagem não poderia ter sido mais propícia e agradável para o casal, perdidamente apaixonado.
Foi no final da viagem, que a choradeira começou, apesar de muitos chorarem quando “The Fault In Our Stars” apareceu na grande tela, quando Gus revela que acendeu como uma árvore de Natal. Seu câncer, aparentemente erradicado, voltou e com uma grande força, comprometendo grande parte de seus órgãos vitais.
Não direi que o filme superou o livro, afinal as palavras de Green foram extremamente emocionantes, mas a fidelidade com que as informações foram retratadas superou todas as minhas expectativas. Uma película extremamente comovente, que nos faz pensar e repensar sobre tudo o que fazemos em vida e como agimos, capaz de provocar emoções extremamente fortes em noventa e nove por cento da sessão.
Shailene Woodley interpretou seu papel com maestria, e conseguiu ser a Hazel mais perfeita que poderíamos pedir, assim como Ansel Elgort, cuja contratação rendeu ódio de grande parte dos fãs, é o Augustus Waters em pessoa, e todos os meus medos de confusão entre Tris-Caleb-Hazel-Gus foram dissolvidos com essa magnífica interpretação.
O roteiro não deixa a desejar em ponto algum, utilizando as frases de efeito apontadas no livro assim como inúmeros diálogos inteiros, o que contribuiu em gênero, número e grau para a trama. E por último, mas não menos importante, a direção e fotografia, magníficas, contribuindo na íntegra para a formação de tudo o que nós imaginamos, como leitores.
Não tenho palavras para descrever mais a adaptação, senão elogios extremamente exagerados, apesar de merecidos, e indico a película para todos aqueles com um discernimento mental para entender as verdadeiras mensagens entrepostas a cada cena. Digno de todas as premiações possíveis, A Culpa É das Estrelas é uma adaptação que com toda certeza entrou para a história do cinema.