Eu confesso que eu estava ansioso pela parte final da trilogia de A Menina Que Matou os Pais, que retrata o caso Richthofen de forma dramatizada. Os dois primeiros filmes da trilogia, A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais foram lançados no ano passado e contam o ponto de vista da relação entre Suzane von Richthofen, Daniel Cravinhos e Cristian Cravinhos, respectivamente pela visão dele e pela visão dela, de acordo com os depoimentos dados por cada um.
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Vamos recapitular: no primeiro, A Menina Que Matou os Pais, que eu considero chegar o mais próximo possível da realidade, Daniel Cravinhos, até então namorado de Suzane, conta sua visão dos fatos – como eles se conheceram e como a garota era fria e manipuladora até que conseguisse o que queria dele – que matasse seus pais – para que pudessem viver livres. No segundo, O Menino Que Matou Meus Pais, a história é a mesma, mas a narrativa se inverte. Aqui, Suzane pinta Daniel como perverso e que eles viviam um relacionamento abusivo que culminou em uma manipulação da parte dele para ela, em convencimento de se livrar do casal para que pudessem fugir com a herança.
O terceiro filme, A Menina Que Matou os Pais – A Confissão, acho que chegamos perto de um ponto único. Aqui, nem Suzane, nem Daniel, nem Cristian são santos. Aliás, Cristian é o que chega mais perto de um arrependimento genuíno. Nesse ponto, o crime já aconteceu e agora a polícia começa a juntar as peças para chegar nos criminosos. Particularmente, gosto de entender a mente criminosa para conhecer como foram as circunstâncias que se chegaram ao crime, mas, no caso dessa trilogia, a parte mais satisfatória foi essa: a investigação.
Aqui, vemos a manipulação de Suzane se fragmentar em muitos momentos, um Cristian, que apesar de criminoso, se arrepende primeiro e um Daniel também frio, que só consegue se abrir quando o buraco se fecha para a sua família, seu ponto fraco. Gostei que o filme também retrata os que ficaram: como a família Cravinhos lidou com a notícia de que seus dois filhos eram criminosos e que Suzane, que tinham acolhido como filha, era a mandante de tudo. Isso só nos mostra que nenhum dos dois filmes iniciais da trilogia estava certo: o que mais se aproxima da verdade são fragmentos de um lado e fragmentos de outro. Tudo o que eles fizeram foi criar narrativas para favorecerem suas próprias defesas.
Claro que conseguimos ver traços de humanidade na Suzane, apesar de raros. Ela ainda manda cartas para a mãe dos Cravinhos, por exemplo. Mas tudo isso vai por água abaixo nos depoimentos que ela dá para a delegada, logo após a morte. Um dia depois, ela pergunta se já pode vender os carros da família. Quando a casa começa a cair, ela passa a repetir frases feitas. E é nesse ponto que a pressão psicológica exercida pelos investigadores faz seu papel e arranca as confissões.
Os atores dão um show a parte de atuação em A Menina Que Matou os Pais – A Confissão, com destaque para Carla Diaz vivendo Suzane. Se nos primeiros filmes, ela já havia conseguido com maestria desempenhar o papel da garota manipuladora, nesse filme ela praticamente encarna von Richthofen. Seu olhar muda, seu tom de voz é outro, seus trejeitos… Sério, apenas assistam. Parece que trocaram de corpo ali. Não tem nenhum pedacinho que falha em toda a sua atuação.
Um destaque muito forte também são as fotografias de cena que conseguiram reproduzir com exatidão o dia do enterro, as fotos tiradas por paparazzis o que trouxe ainda mais veracidade para a dramatização e trouxe um tom de documentário para o filme, que já começa ao som de Sail, ditando o tom que a trama vai seguir.
De todos os filmes da trilogia, A Menina Que Matou os Pais – A Confissão é o melhor, tanto em história quanto em argumento, atuação e informações. Está disponível no Amazon Prime Vídeo e dou, definitivamente, cinco estrelas.
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