A Associação Nacional de Livrarias (ANL), junto das livrarias Leitura, Cultura, da Vila, Curitiba e Saraiva se uniram e criaram o Movimento #VemPraLivraria. O objetivo é trazer para os estabelecimentos os clientes que deixaram de frequentar os ambientes e se focaram apenas em realizar a compra de livros no ambiente online.
Através da hashtag, o público fica convidado a contar suas histórias favoritas e os seus cantos favoritos para poder ler. Além disso, serão instalados painéis nas livrarias parceiras, onde o público leitor irá poder declarar o seu amor pelos seus autores favoritos.
Crise no mercado
Existentes em muitos shoppings e grandes centros comerciais, as livrarias Cultura e Saraiva enfrentam um momento crítico em suas respectivas histórias. A primeira, após assumir as operações da Fnac no Brasil em 2017, não teve outra opção além de fechar todas as unidades da empresa recém adquirida e entrou com pedido de recuperação de judicial, com uma dívida de R$ 285 milhões. Já a centenária Saraiva, com uma dívida estimada em R$675 milhões, recorreu ao pedido judicial justamente no dia de realização da Black Friday, dia em que o comércio brasileiro costuma atrair inúmeros consumidores em busca de descontos e promoções.
Na realização da 25ª Edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o público estranhou a falta do estande da Saraiva, que costumava ser o maior espaço do evento. A livraria, já em crise, não estava pagando naquele momento, as editoras pelos livros vendidos. Tal fato foi exposto no evento, em um painel que o público podia colar “post-its” e diversos deles explanavam o acontecido.
Preço online x offline
Um dos principais motivos apontados por leitores que deixaram de frequentar as livrarias está a discrepância nos valores online versus valores na prateleira. Leitora assídua, a jornalista Beatriz Anderson conta que ainda visita os estabelecimentos, mas raramente sai com algo nas mãos: “Gosto de ir para ver o que está em destaque e buscar novos títulos. Mas apenas anoto, muitas vezes mentalmente, os que me chamam a atenção e compro online, pois o preço às vezes é 75% menor. Já aconteceu de fazer a compra online pelo celular enquanto estava na livraria”, conta.
Para evitar tais acontecidos, a Livraria Cultura já abatia essa diferença de valores diretamente nos caixas; ao mostrar o título e o valor ofertado no site, a empresa ofertava um desconto para que o cliente saísse da loja com o livro desejado em mãos. A Saraiva passou a trabalhar dessa mesma forma na última semana, ao menos nas duas unidades visitadas: Shopping Pátio Paulista e CenterVale Shopping.
Apesar das crises no varejo, o mercado de livros fechou o primeiro semestre de 2018 com 9,97% de alta no faturamento em comparação ao ano anterior. O volume de vendas registrou um aumento de 5,24%, segundo dados Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). Tais números só representam que o mercado consumidor existe e está em crescimento – é necessário se reinventar para conquistar tais compradores.
Por fim, um movimento interessante que deve ser observado é a aproximação do leitor com as editoras de seus livros favoritos. Além de estarem criando um relacionamento online, por meio de interações em lives, promoções e afins, é cada vez mais comum essas editoras realizarem a venda diretamente aos leitores, com preços mais competitivos que os ofertados por lojas de comércio online.
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