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As diferenças entre sexualidade, gênero e sexo biológico
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As diferenças entre sexualidade, gênero e sexo biológico

O campo da sexualidade no ser humano, e de qualquer outro ser vivo, é plural. Ao estudar Psicanálise, essa pluralidade se torna ainda mais evidente com todas as nuances que um ser humano pode apresentar. Sabemos que a Psicanálise é o saber do inconsciente e ele se dá na transferência, isto é, na interpretação, na particularidade de cada pessoa.

Por isso, é preciso que as pessoas entendam, cada vez mais, as diferenças básicas entre a orientação sexual (também chamada de sexualidade), a identidade de gênero, o sexo biológico e a expressão de gênero. Conceitos que se ligam, mas que se referem a coisas diferentes.

A orientação sexual (ou sexualidade)

Chamada por algumas pessoas de sexualidade, a orientação sexual diz respeito a vida afetivo-sexual de um determinado indivíduo. Em linhas gerais, ela diz por quem ele se apaixona.

É importante ressaltar que a orientação sexual jamais deve ser chamada de “opção sexual”, já que atualmente entende-se que ela não é uma escolha da pessoa, e sim algo que se desenvolve com ela. Algumas pessoas ainda debatem acerca do termo “orientação”, já que também, nenhum indivíduo é orientado a seguir determinado caminho na vida afetiva. Para fins unicamente didáticos, chamaremos aqui neste texto dessa forma.

Entre as principais orientações sexuais existentes, podemos destacar algumas:

– Heterossexual (ou heteroafetivo): indivíduo que sente atraído por alguém com a representação de gênero diferente da sua;

– Homossexual (ou homoafetivo): indivíduo que se sente atraído por alguém com a mesma representação de gênero que a sua;

– Bissexual: indivíduo que se sente atraído tanto por alguém com a representação de gênero diferente da sua, quanto por alguém com a mesma representação de gênero;

– Pansexual: indivíduo que se sente atraído por qualquer representação de gênero;

– Assexual: indivíduo que não se sente atraído sexualmente por outras pessoas.

Vale a pena ressaltar que tanto a homossexualidade, quanto qualquer outra orientação sexual não são considerados doenças ou desvios pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e sim, particularidades de cada ser humano. Qualquer terapia que diga ser de “reversão sexual” é proibida.

A identidade de gênero

A identidade de gênero diz respeito a como um determinado indivíduo se identifica culturalmente na sociedade em que esta inserido. Em linhas gerais, a identidade de gênero é como a pessoa se sente e como ela se identifica na sua cabeça. Essa identidade de gênero, pode ou não ser condizente com o seu sexo biológico e não tem relação alguma com a orientação sexual.

Entre as principais identidades de gênero, podemos destacar:

– Cisgênero: pessoa que se identifica com o gênero com a qual foi designada no nascimento. Esse grupo corresponde às pessoas que se identificam com os padrões culturais designados para seu sexo biológico. Ex.: Mulher cisgênero: indivíduo que nasceu com o sexo biológico feminino e se reconhece como tal na sociedade.

– Transgênero: pessoa que não se identifica com o gênero com o qual foi designado no nascimento. Corresponde às pessoas que não se identificam com os padrões culturais do seu sexo biológico e nesse caso, realizam a transição para o gênero com o qual melhor se identificam. Podem ou não passar por terapias hormonais de adequação de gênero e cirurgias de redesignação sexual. Ex.: Homem transgênero: indivíduo que nasceu com o sexo biológico feminino e não se reconhece como tal perante a sociedade, transicionando então, para o gênero masculino.

– Gênero fluido: pessoa cuja identificação oscila entre os gêneros. Há períodos em que se reconhece como gênero feminino e há períodos que se vê como do gênero masculino;

– Não-binário: indivíduo cuja identificação não se coloca como do gênero masculino ou feminino. Corresponde a um grupo com o gênero fora do padrão binário convencional. Há discussões no plano político e social, sobre os papéis designados e desempenhados pelo gênero masculino e pelo gênero feminino.

Além da identidade de gênero de um indivíduo, devemos considerar também a sua expressão de gênero, que são os modos pelos quais a pessoa exterioriza a sua identidade de gênero. Refere-se ao conjunto de vestimentas, acessórios, modos de se portar e outros. A expressão de gênero se refere ao papel em que um determinado gênero está designado a desempenhar no “status quo” de uma sociedade, já que os papéis de gênero e suas performances são construções da sociedade em que o ser humano está inserido.

Vale a pena ressaltar também, que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), ser transgênero não é uma doença e isso deve ser retificado na Classificação Internacional de Doenças (CID) até 2022.

O sexo biológico

O sexo biológico, como o próprio nome sugere, se trata da condição biológica do indivíduo. Dentro de sexo biológico, destaca-se o sexo cromossômico, o sexo de genitais internos e o sexo de genitais externos.

O sexo biológico cromossômico diz sobre os cromossomos que aquela pessoa possui, seu código genético. O sexo biológico de genitais internos e externos se refere aos órgãos sexuais, internos (próstata em homens, útero em mulheres, por exemplo) e externos (pênis em homens, vagina em mulheres, por exemplo).

Em todos os casos, eles podem coincidir, isto é, um ser do sexo biológico masculino pode ter cromossomos, órgãos sexuais internos e externos condizentes com o sexo masculino, por exemplo, ou diferir, como é o caso das pessoas intersexuais que nascem com características físicas e/ou hormonais de sexos biológicos distintos.

O sexo biológico, além das suas subdivisões, pode ou não coincidir com a identidade e expressão de gênero do indivíduo, conforme explicamos no tópico anterior.

Considerações finais e conclusão

Observando a sexualidade humana sob esses três itens, já é possível confirmar aquilo que afirmamos no início do texto: ela é plural, tanto no nível psíquico, quanto no nível biológico e no afetivo-sexual.

É importante que saibamos respeitar cada particularidade e cada realidade, de uma forma em que todos os indivíduos alcancem a devida equidade dentro da sociedade em que estão inseridos. O ser humano não cabe numa caixinha, assim como suas particularidades. Devemos entender e interpretar cada uma delas de forma única, de modo a alcançar cada vez mais uma melhor convivência e aceitação de parcelas que hoje são tão marginalizadas só por serem minorias.

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Um dia de cada vez: Autocrítica

“Um dia de cada vez” é uma editoria escrita por pessoas que contam histórias em sua jornada de autoconhecimento, convivência ou recuperação de transtornos mentais. Os relatos são anônimos e enviados por leitores do Beco. Hoje, leremos um relato de autocrítica, advindas de uma cobrança extrema consigo mesmo.

Crescemos acreditando que precisamos ter certezas sobre uma vida que nunca nos deu nenhuma certeza, além claro, da certeira morte, partida física ou descanso.

Somos pressionados e, dolorosamente, nos autocriticamos por algo que ainda não vivenciamos ou alcançamos. Sempre nos comparando com o próximo.

A nossa maior força e fraqueza, com certeza, é a nossa autocrítica. Podemos usar dessa autoanálise para nos fortalecermos ou nos afundarmos ainda mais.

Junto com a autocrítica, temos um aliado importantíssimo que são pessoas especiais (outras não, fuck) que nos conhecem bem e conseguem enxergar uma luz em nós que não somos capazes de sentir por focarmos sempre no pior, na ausência.

Até hoje me julgo muito (maldita, excessiva autocrítica) por não conseguir me encaixar e ter a vida dos sonhos aos meus (extensos) 24 anos. No decorrer dessas decisões, mantive pessoas ao meu lado que me criticaram e reforçaram em mim esse sentimento de insuficiência e inutilidade que já pré-existiam.

A gente pode escolher quais lutas enfrentar e por quem devemos lutar. Mas o que a gente aprende, com as porradas da vida e algumas infelizes pessoas, é que você precisa se manter orgulhoso de si mesmo e buscar constantemente a consciência de você mesmo.

Há pessoas pobres de espíritos que possuem valores muito distorcidos e que não são compatíveis com os seus. Você precisa ter a paciência e disciplina de dar tempo ao tempo (o famoso um dia de cada vez) e batalhar por você!

Tem um relato da sua jornada e quer compartilhar com outras pessoas aqui no “Um dia de cada vez”? Envie para [email protected]. *Os relatos são publicados de forma anônima.

A obsessão na moda do coaching
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A obsessão na moda do “coaching”

De alguns anos para cá, o termo coaching saiu do completo anonimato para estar na boca da maior parte dos brasileiros. Antes, a palavrinha que se referia apenas a treinadores de futebol ou de esportes no geral ganhou um sentido mais amplo, em várias áreas do conhecimento. Em números, a atividade cresceu aproximadamente 300% no Brasil em quatro anos, segundo a International Coaching Federation (ICF), e o número de brasileiros com formação na área passou de sete mil em 2012 para 25 mil em 2015. E a previsão é que estes números aumentem ainda mais.

O que é “coaching”?

Para entender a amplitude do termo, é preciso voltar um pouco na história. A palavra, no Brasil, foi importada dos Estados Unidos e remete a um treinador. Em tradução livre, o coach é um treinador, um mentor. Apesar de, na nossa cabeça, provavelmente o coach ser aquele de esportes, conforme mencionado no início do texto, a palavra surgiu na educação, nas universidades inglesas dos séculos XVII e XVIII, frequentadas pela nobreza britânica. Nessa época, os alunos iam para aulas de “coach”, conduzidas por um “coacher”.

No Brasil, segundo registros, no início da década de 1990, com o advento do empreendedorismo, os empresários em ascensão começaram a demandar que seus funcionários estivessem treinados em algumas habilidades, como comunicação, gestão de tempo, produtividade, inteligência emocional e resiliência, por exemplo, palavras muito comuns nesse universo. Com isso, surfando nessa maré de ascensão do empreendedorismo, outros empresários passaram a fundar institutos que ajudavam outros empreendedores a treinarem seus funcionários. Nasceu então, o “coaching”.

No entanto, apesar dessa breve história, o termo ainda é muito amplo, ainda mais em 2020, com tantos coaches quânticos, coaches de emagrecimento, coaches de projetos, coaches de empresas…. Tem coach pra tudo! Segundo a Association for Coaching, a palavra significa “um processo sistemático colaborativo, focado na solução, orientado para resultados, no qual o “coach” facilita o aumento do desempenho do trabalho, da experiência de vida, do aprendizado auto direcionado e do crescimento pessoal do cliente”. Em linhas gerais, o treinador lança mão de técnicas para ajudar o seu aluno a desenvolver algumas habilidades.

Onde a obsessão entra nesse trabalho?

Só por definição, o trabalho de “coaching” parece muito bonito. Funcionários treinados, com técnicas desenvolvidas exclusivamente para ele. Empresas no auge, faturando muito. Será que é assim também na prática?

A profissão de “coach”, no Brasil, não é regulamentada. O número informado no início do texto, de 25 mil coaches compreende perfis bem variados de profissionais. Há pessoas com milhares de cursos, formações, horas de experiências, especializações e há pessoas que fazem um curso de cinco horas e saem sendo “coaches” e é nesse ponto que mora o perigo. Se ele tivesse ficado restrito ao ambiente empresarial, para onde foi criado, tudo ainda sim poderia estar nos conformes. Há profissionais bons e ruins em todas as áreas. O problema está na parcela desses 25 mil que fogem às normas e acabam por causar mais prejuízo às pessoas que benefício, manchando todo o nome de uma categoria.

É possível hoje em dia, ver coaches de emoção, de sentimentos, de ansiedade, emagrecimento, ciência quântica…. E onde estão os embasamentos teóricos ou científicos dessas práticas? Eu te respondo: no achismo. Dizer que é só você respirar e contar até cinco para acalmar sua ansiedade pode funcionar para muitas pessoas, mas não é uma regra geral. E tem “coach” que vai te dizer que é sua crença limitante que te impede de fazer com que isso funcione. O processo, em vez de ajudar ou de se adequar a cada particularidade, muitas vezes simplesmente culpabiliza a vítima.

E é nesse ponto, nestes “profissionais”, que encontramos o comportamento obsessivo-compulsivo. Há um aprisionamento muito grande nas obstinações teóricas, nas repetições, nos atos compulsivos que não se encaixam com a subjetividade de cada indivíduo. O trabalho que deveria ser pessoal, como um treinador se adaptando a cada um da sua equipe, acaba por se tornar um negócio massivo com regras que fogem a qualquer princípio de realidade. Ainda há, neste comportamento, um alto índice de animismo. Tudo para esses “profissionais” tem uma alma. “Você só está a um pensamento positivo de atingir tudo o que deseja para a sua vida”, eles dizem.

Não é errado ter crenças, querer pensar de forma positiva de vez em quando, torcer para as coisas darem certo. Mas é preciso que vejamos que cada pessoa é única, cada pessoa tem a sua subjetividade. As pessoas têm classes sociais diferentes, formações pessoais e profissionais distintas e uns tem mais possibilidades de acesso a lugares que outros.

Imagina só, você pega uma criança que não teve acesso aos estudos porque tinha que trabalhar com os pais para comer no final do dia e diz para ela que ela só precisa pensar positivo para alcançar o mesmo resultado no vestibular que uma criança que passa doze horas do seu dia na escola particular no ar condicionado? Me parece covardia.

Generalização e consequências

Não podemos generalizar o profissional “coach”. Existem pessoas que realmente se empenham em ajudar outras pessoas. Elas se especializam, aprendem com os acertos e erros de sua própria vida e adequam suas metodologias para cada pessoa que vá usufruir do seu treinamento. No entanto, infelizmente, elas têm se tornado raridade no Brasil. Cada vez mais é comum vermos pessoas que se formaram no curso de um final de semana causando danos permanentes a psique dos seus clientes. A pessoa entra para ser treinada, para melhorar, e sai obstinada, com crises de pânico, níveis alarmantes de ansiedade e estresse nas alturas porque acredita não estar com seu pensamento positivo o suficiente.

Não há uma fórmula mágica para lidar com pessoas. Cada ser humano é único e sua saúde mental não é um brinquedo. No século XXI, que estamos vivendo, cada vez mais vemos pessoas estressadas, ansiosas e preocupadas com o futuro. Os comportamentos compulsivos e obsessivos estão cada vez mais normalizados, sobretudo no ambiente corporativo. Os exemplos nas redes sociais são produtivos, lindos e te dizem o que você precisa fazer, só não te dizem que aquela não é a vida real. Um recorte da vida de alguém não é a vida dessa pessoa por completo, por isso, ao entrar em um processo de “coaching”, procure profissionais habilitados em psicologia, psicanálise ou então, faça tratamentos lado a lado.

Sua saúde mental não deve ser colocada nas mãos de alguém que acredita que todos os seus pensamentos e objetos são responsáveis pelo mundo exterior. Freud já dizia que o homem não é senhor nem em sua própria casa, se referindo que não temos controle total sobre o nosso inconsciente. Se não temos controle sobre nós mesmos, o que te faz pensar que temos controle sobre o que acontece fora de nós?

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5 e-books para quem deseja fazer as pazes com o dinheiro em 2021

O ano de 2020 está sendo considerado desafiador em todos os aspectos, por isso uma das mudanças que muitos almejam para o novo ano que está chegando é a de fazer as pazes com os boletos e ter um novo olhar para o dinheiro.

O Skeelo, maior app de e-books do país, elenca 5 dicas de livros para quem quer aprender mais sobre educação financeira e ter um futuro promissor:

  1. A chave para a prosperidade, de Napoleon Hill

O último best-seller do autor, lançado este ano, mostra como aproveitar suas habilidades e aptidões para alcançar sucesso nos negócios, vitalidade espiritual e superioridade financeira.

  1. Inabalável, de Tony Robbins

Considerado um verdadeiro guru, Tony Robbins já treinou milhares de pessoas em mais de cem países e é o grande nome quando se pensa em qualidade de vida e estratégias de negócios. O livro é um guia prático de finanças pessoais, que mostra que não importa o seu salário, nem seu momento na vida ou quando começou a organizar seu patrimônio. Ele compartilha ferramentas que ajudam o leitor a alcançar suas metas financeiras com mais rapidez, com linguagem simples e com histórias inspiradoras.

  1. Desperte o milionário que há em você, de Carlos Wizard Martins

No livro, o empresário aborda que ser rico e ter tudo o que se deseja não é questão de sorte ou acaso. Tudo começa com uma mudança de postura mental, que vai determinar uma nova maneira de pensar, acreditar e agir.

  1. Descubra o craque que há em você, de César Souza e Maurício Barros

Os autores utilizam as estratégias do mundo do esporte que podem levar você ao topo, tanto na profissão quanto na vida, com exemplos inspiradores de nomes como Ayrton Senna e Pelé.

  1. Ponto de Inflexão, de Flávio Augusto da Silva

O best-seller do empresário fundador do Instituto Geração de Valor aborda como as decisões, mesmo que corriqueiras, podem mudar o rumo de tudo.

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Movimentar a economia local e valorizar o feito à mão: tendência de consumo consciente tem ganhado destaque neste fim de ano

Fim de ano é sempre uma boa época para aquecer o coração e desfrutar de momentos ao lado de quem amamos. Entretanto, em 2020 os encontros serão atípicos. Pensando nesse cenário e a fim de unir quem está longe, a Viva Colaborativo lança uma novidade para movimentar a economia local e valorizar produtos feitos à mão. Recém-inaugurada em Florianópolis, a loja conta com produtos que são resultado da união de profissionais de várias áreas dispostos a compartilhar materiais, ideias e contatos. O empreendimento que já reúne mais de 20 marcas expositoras é resultado de muitas pesquisas e referências, trazendo para a Capital um espaço colaborativo e dedicado à arte, design e beleza.

“Nossa história começou com as caixas, que foram reformuladas para o fim de ano, agora com a loja aberta. Como grande parte de nossos clientes nos procuram para presentear pessoas queridas, foi a forma que encontramos de unir quem está distante levando nosso conceito e transformando objetos em um canal de afeto”, explica a empresária Vitória Facini.

Personalizadas, as caixas são montadas de acordo com os gostos, peculiaridades e mensagens a serem passadas. Estão inclusos recados escritos à mão e aromas com diferentes características, transformando o presente em uma experiência sensorial.

“A Viva Colaborativo nasceu com o intuito de proporcionar uma nova experiência de consumo. Priorizamos em nossa curadoria produtos da região, favorecendo o locavorismo, marcas handmade, autorais e orgânicas, sempre aliadas ao design e à arte. Queremos dialogar com todos aqueles que buscam utilizar no cotidiano produtos saudáveis e que estão alinhados com um estilo de vida sustentável”, complementa a empresária Cristina Nunes.

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“Carpir ramas é pesado, pagam pouco para muito trabalho. E trabalho pesado…”

Vi sua foto no Facebook e bombava de curtidas e compartilhamentos. Uma garota trans, de pouca idade, carpindo ramas de batata. A legenda dizia que travesti rejeitada e odiada pela família trabalha duro e não dispensa trabalho nenhum. Parece uma linda história de superação se não fossem apenas fatos que evidenciam a decadência social de um grupo que mal é representado dentro de sua própria comunidade. O T no cenário LGBTQ+ ainda é alvo de muito preconceito e violência. Segundo pesquisa do G1, 9 em cada 10 pessoas trans acabam na prostituição. E ainda piora: sua expectativa de vida é de 35 anos, segundo dados do Senado Brasileiro. Metade da média nacional.

Entrei em contato com ela, é de poucas palavras e de família humilde. No começo, ainda como quem não confia em qualquer um, se mostra meio tímida ao contar sua história. “Nasci em uma família muito religiosa e preconceituosa, sempre tive a certeza que tinha algo de errado comigo e que ser menino não era o meu destino”, começa a desabafar S.C., de 16 anos, cursando o terceiro ano do ensino médio em Sapé, no interior da Paraíba. “Dos meus 8 anos em diante, meus pais perceberam que eu fugia muito do meio masculino e me fizeram ter medo de ser eu mesmo. Sofri muito bullying e tive que mudar de escola 5 vezes”, conta.

Dificuldades

S.C. começava a entender que não era igual as outras crianças quando começou a ser perseguida na escola. Apanhava e era excluída de todas as outras. Ainda sem se descobrir mulher trans, fazia de tudo para sua mãe não deixar ir para a escola no dia seguinte. “Meu desempenho nos estudos começaram a cair. Eu não prestava atenção na aula e só pensava o quão rápido eu teria que correr para chegar em casa e os meninos não me baterem na hora da saída”, relembra.

Aos 12 anos, veio o divórcio dos pais. Sua mãe mudou de estado e ela ficou porque ainda estava na metade do ano letivo. Seus pais trabalhavam em uma fazenda e vinham vê-la somente a cada dois meses. “Tive que morar sozinha durante um ano na nossa antiga casa, foi aí que comecei a trabalhar. Foi muito difícil arrumar algo decente, mas sempre busquei ganhar meu dinheiro da forma mais honesta possível”, confessa.

Trabalho infantil

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2016, o Brasil tem aproximadamente 2 milhões de crianças e jovens trabalhando, com idades entre 5 e 17 anos e, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), estão entre as atividades que mais oferecem risco à saúde, ao desenvolvimento e à moral das crianças e adolescentes, o trabalho nas ruas, nas carvoarias, nos lixões, na agricultura e no trabalho doméstico.

“Fiz amizade com uma vizinha que me deu todo o apoio. Ela tinha um barzinho e lá eu comecei a trabalhar atendendo as pessoas, servindo mesas”, continua S.C., que apesar da pouca idade, era um “rapaz” bem desenvolvido, alto e com aparência de 17 anos, segundo explica. E foi nesse cenário que sua inocência começou a ser corrompida.

No bar em que trabalhava, vários homens tentaram a aliciar, oferecendo dinheiro em troca de relações sexuais. “Segundo eles, ‘um novinho era muito bom’”, revela, enquanto se atropela para dizer que sempre dispensou, mas trabalhava também em outros lugares. “Fazia serviços em um salão de beleza, juntava reciclagem para vender e aos poucos ia conseguindo meu dinheiro”, avalia.

“O que vemos com a utilização de mão de obra infantil não é algo que ‘enobrece’, como disse o presidente Bolsonaro”, afirmou o Senador Paulo Rocha, da Paraíba, em pronunciamento após declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, em defesa o trabalho infantil. “Quem explora a mão de obra das crianças, na verdade, só procura reduzir os custos para aumentar seus lucros”, completa.

Ao fazer 13 anos, S.C. se mudou para morar com a irmã. Contra sua vontade, foi e ficou 3 meses sem trabalho, até que saiu pelas ruas e encontrou um emprego em um lava-jato. “Percebi que não era aceito pelos meus outros colegas de trabalho, por causa do meu jeito afeminado, decidi sair depois que um me acertou no pescoço com aquele jato de água, que inclusive, doeu”, aponta. E de fato, as maiores dificuldade das empresas, nos dias de hoje, está em repassar suas culturas de diversidade por toda a hierarquia, e a população trans é a que mais sofre com assédios morais e muitas vezes, sexuais.

Os estudos somados à rotina intensa de trabalho começaram a sobrecarregar a garota, que ainda estava no auge de sua infância. “Eu também fazia bicos, carpia quintais, frente de casas e ia pra casa no fim do dia, só dava tempo de me trocar e ir pra escola, a pé, mesmo sendo bem distante. Perdi as contas de quantas vezes eu chegava em casa quase meia noite”, evidencia. E em casa, ainda fazia o trabalho doméstico da irmã que trabalhava demais. Lavava louça, lavava roupa e ainda deixava o café da manhã pronto para o dia seguinte. “Vivi assim por quase 2 anos até que vim morar com a minha mãe, e foi quando decidi ser eu mesma. Eu já tinha me assumido gay aos 14 anos e aos 16, decidi que viveria como mulher trans”, explica S.C. cheia de determinação, como quem parece estar cansada de viver com sua felicidade às custas de terceiros.

Vida nova, trabalho antigo

“Meu pai se negou a falar comigo”, relembra como quem não quer dar muita importância ao assunto e continua, “mas aqui fiz bons amigos que me aceitaram da forma que sou”. No entanto, o preço que se paga por ser quem é pode ser caro para algumas pessoas. S.C. comenta que ainda luta com alguns pensamentos da mãe, mas que continua firme em busca de sua independência. “Aqui na minha cidade é muito ruim de trabalho”, suspira. Porém, o buraco é mais embaixo. As políticas sociais estratégicas para o enfrentamento do trabalho infantil, somada às declarações polêmicas do líder do Executivo, assim como a precarização da fiscalização, trata-se de um visível mascaramento da realidade social trágica de milhões de crianças e adolescentes. Fato que só piora com a proibição da educação sexual nas escolas, cujo preconceito acaba por recair diretamente em pessoas trans, como S.C.

“Apesar de eu não ser aceita, sou uma mulher feliz só pelo fato de ter perdido todo medo que eu tinha de ser eu mesma.”

Hoje em dia, S.C. trabalha carpindo ramas de batata. “Carpir ramas é pesado, pagam pouco para muito trabalho. E trabalho pesado”, revela. Durante as 7 horas de expediente diário, com 15 minutos de descanso por 40 reais sob extrema pressão, ela ainda encontra sua motivação para ser quem é. “Tô seguindo tentando vencer, sempre fui uma mulher esforçada sem medo de trabalho pesado, sou uma ótima aluna na escola e me encontro com notas muito boas”, sorri em meio a tantas injustiças. “Outras pessoas com quem trabalho, recebem 50 reais por diária, e eu recebo só 40. Existe uma desigualdade apesar do trabalho ser o mesmo”, denuncia.

Escola

Dividindo-se entre carpir ramas, reciclar lixo e a escola, perguntei a S.C. como era lidar com tudo isso. “O que mais tem por aqui é lixo nas ruas, eu vou no meu ritmo e decido minha carga horária na reciclagem. Acho que assim estou ajudando minimamente o planeta”, comemora.

Na escola, ela se considera feliz com a aceitação dos colegas e professores. “É a primeira escola que vejo abraçar tanto a causa LGBTQ+. Todos os eventos a gente aborda esse tema com várias áreas diferentes, lá eu me sinto em casa e amada”, declara.

E além de tudo, S.C. diz que é feliz. “Apesar de eu não ser aceita, sou uma mulher feliz só pelo fato de ter perdido todo medo que eu tinha de ser eu mesma. O V. (nome de batismo) não existe mais. Agora é a S.C. e sempre foi ela que me deu forças pra seguir”, se emociona e finaliza, “Porque não foi fácil. Mas ainda tenho mais objetivos para conquistar.”

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Relacionamentos e maternidade compulsórios: desconstruindo conceitos

Relacionamentos e maternidade compulsórios: eles não vão te completar.

Essa frase apareceu no feed do Instagram enquanto via algumas publicações no meu perfil, fazendo-me questionar alguns pré determinantes femininos.

O primeiro deles é acerca dos relacionamentos. Antes as mulheres somente eram respeitadas caso fossem casadas, portanto, o relacionamento funcionava como oposição de respeito. Era necessário um homem ao seu lado, o chefe de família, provedor das fontes de sustento.

Em consequência disso, mulheres casavam-se obrigadas mesmo sem existência de sentimentos, e até mesmo para acordar decisões de negócios ou política.

Já a maternidade compulsória tem um estreito laço com os casamentos arranjados, porque também é fruto da construção social e favorecimento masculino. Nesses casamentos a mulher teria que dar um herdeiro ao marido.

Além do mais a maternidade compulsória consiste no fundamento que toda mulher é obrigada a ter filhos. Quando se nasce o primeiro brinquedo sugerido às meninas é uma boneca, possivelmente, ela funcionará como cuidadora ou “mãe” dela. Vai crescer ouvindo contos de fada que dirão que precisa de um príncipe encantado para fazê-la feliz e que a felicidade só será completa quando torná-la mãe.

O direito de escolha feminino era totalmente negligenciado. Vivia-se para satisfazer necessidades masculinas e em prol delas.

Porém isso vem mudando com as lutas feministas. O caminho de desconstrução é longo. Imagina você ser ensinada que unicórnios rosas vem em dias de chuva e sem esperar alguém te fala que unicórnios rosas nem existem. É um direito nosso escolher, tanto em se relacionar quanto em ser mãe. O primeiro passo é compreender que a felicidade não depende de um parceiro (a) ou geração de uma criança, buscar plenitude individual e conhecimento a respeito de si mesma.

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O Jongo vive: da senzala às grandes comunidades

Durante um estágio na Secretaria de Cultura de Guaratinguetá, no interior do estado de São Paulo, recebi na minha escala de trabalho a missão de cobrir um evento em junho de 2018, a “Festa do Jongo”, no bairro Tamandaré. Nunca sequer tinha ouvido falar sobre isso, mas percebi que a festa ocorria todo ano na região. Fui perguntar para algumas pessoas que conheço, e elas não souberam me explicar, disseram que não era algo do bem. “Como assim existe algo que não é do bem para algumas pessoas, e para outras sim?”, essa foi a pergunta que me fez ficar refletindo por alguns minutos, até que resolvi fazer uma rápida pesquisa do que era o Jongo.

Descobri que o termo se refere a uma dança de origem bantu – região que atualmente abriga grande parte do território da República de Angola – e que chegou ao Brasil no período colonial, quando os negros dessa área eram trazidos como escravos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, entre os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, e também nas de Minas Gerais. Com sentimentos de alegria, partilha e confraternização, os escravos tinham a permissão de seus senhores para dançar o Jongo nos dias dedicados aos santos católicos, gerando um momento único. Mesmo sendo considerada profana, a dança incorporava algumas atitudes religiosas, e, por isso, jovens ficavam de fora da roda, apenas observando, já que eram julgados pelos mais antigos por não usufruírem de respeito e de dedicação suficientes para entender os segredos que o Jongo e os fundamentos dos seus pontos traziam.

Jongo

Os pontos de Jongo nada mais são do que provérbios e crônicas dirigidos de maneira poética e musical entre os jongueiros – como é chamado quem dança o Jongo – comentando a vida cotidiana, o passado e o presente de forma metafórica, muitas vezes sendo uma maneira de planejar fugas no período do Brasil Colônia, sem que os senhores e capatazes os compreendessem. Os jongueiros se desafiavam para saber quem tinha mais sabedoria, e buscavam encantar o outro por meio destes pontos. Quem recebesse um ponto enigmático tinha que decifrá-lo na hora e respondê-lo, ou seja, “desatar o ponto”. Caso contrário, ficava enfeitiçado, “amarrado”, chegava a desmaiar, perder a voz, se perder na mata, ou até mesmo morrer instantaneamente. Hoje em dia, isso não acontece mais.

Várias tradições permeiam até os dias atuais nas comunidades jongueiras. Por ser uma dança ligada aos ancestrais, alguns jongueiros dizem que quem possui “vista forte” consegue enxergar um falecido jongueiro – em muitos casos preto-velhos escravos, pertencendo à “linha das almas” – se aproximando da roda para relembrar a época em que a frequentava. Outros costumam dizer que, à meia-noite, uma muda de bananeira era plantada no terreiro, crescendo e dando frutos, os quais eram distribuídos para os presentes.

Buscando me aprofundar mais sobre o Jongo no Brasil, fui atrás de respostas concretas com minha companheira de trabalho, Aline Damásio, secretária de Cultura de Guaratinguetá. “O Jongo é minha raiz. Me representou na infância, na adolescência e representa na fase adulta”, garante Aline.

“O Jongo é minha raiz. Me representou na infância, na adolescência e representa na fase adulta.”

Participante da comunidade do Jongo da Tamandaré, um dos grupos jongueiros mais tradicionais do território nacional, ela conta que as manifestações culturais que pertencem a determinadas comunidades possuem maior facilidade para criar uma rede amiga e participante dentro do próprio bairro ou região da cidade. “Ter lideranças articuladas também é um diferencial para continuidade e fortalecimento”, completa Aline. Além da Tamandaré, o Jongo da Serrinha, Pinheiral e Valença também são referências no país.

Apesar de não ser de conhecimento por grande parte da população, o Jongo é reconhecido patrimônio imaterial do brasileiro pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Para Aline, o reconhecimento do Jongo por parte de uma instituição que preza pela história e pela arte da nossa cultura é um grande avanço para continuar a jornada nessa difícil estrada. “Divulgação, reconhecimento e espaço na cena cultural certamente são fortes ferramentas para a continuidade da tradição”, acrescenta.

O preconceito e a intolerância que conhecemos também afeta a vida na comunidade, principalmente por ser relacionada às matrizes africanas e por ser confundida com religiões da mesma descendência. “Certamente, muita gente não frequenta por achar que o Jongo é religião. O que acho um erro. O Jongueiro Jefinho costuma dizer uma frase interessante: ‘O Jongo não é religião, mas muitas pessoas que frequentam o Jongo são da religião’. As pessoas não enxergam a diferença”, aponta Aline.

Como atuante nas áreas da educação e da cultura entre os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e também no Distrito Federal, Aline ressalta que todo órgão público – federal, estadual e municipal – deveria dar apoio à tradição e à cultura da sua região, ajudando a fortalecer cada vez mais nossas raízes.

Por fim, todas as palavras inferidas sobre o Jongo anteriormente foram descontruídas da minha mente na noite em que visitei a comunidade jongueira do Tamandaré. Comidas como cachorro quente e pipoca, e uma bebida feita de cravo, canela, erva doce, noz moscada e cachaça, chamada canelinha eram distribuídos com afeto entre os integrantes. Um sentimento de alegria e de partilha permeava a festa com pessoas dançando em volta de uma fogueira, cantando, sorrindo e confraternizando naquele momento único, representando toda a tradição vinda das senzalas.

Atualizações, Filmes

“O terceiro travesseiro” poderá ganhar adaptação audiovisual!

O terceiro travesseiro, romance de Nelson Luiz de Carvalho, poderá ganhar uma adaptação audiovisual nos próximos anos! A notícia foi dada diretamente pelo autor, por meio do seu perfil do Facebook e ainda não há previsões para lançamento, apesar de ainda ter grandes nomes envolvidos na produção.

A obra é uma ficção baseada em relatos reais e teve seu primeiro lançamento em 1998, se tornando um grande marco na literatura LGBTQIAP+ brasileira, com 5 milhões de cópias vendidas apenas em 2005. No enredo, dois adolescentes, Marcus e Renato, passam a compartilhar suas fantasias amorosas e a descobrirem juntos a sua sexualidade. Com uma grande carga de erotismo, descoberta e autoconhecimento com uma linguagem crua e sem muitos rodeios, o livro logo se tornou um best-seller.

Com um final trágico, mas do jeito que a gente gosta, O terceiro travesseiro já foi adaptado para os teatros em 2005, lotando o Teatro Augusta durante seus cinco meses em cartaz. Segundo o autor, a adaptação audiovisual terá elementos tanto do livro, quanto do teatro, que tinha um tom de comédia que não estava alinhado com o livro mas acabou por agradar o público. Além disso, o caminho que deve ser seguido é de uma série, e não de um filme. Veja:

O terceiro travesseiro

Além da possível adaptação audiovisual, “O terceiro travesseiro” deve ganhar uma segunda parte, que contará como foram os anos seguintes ao término do livro. Ainda não há previsão de lançamento.

E aí, todo mundo ansioso ou só eu mesmo?

Atualizações, Lugares

Roteiro: O que fazer em Paraty além da FLIP

Hoje, dia 29, era o dia marcado para começar a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, mas devido a pandemia pela COVID-19, os planos tiveram que ser adiados. Visando acalmar um pouco o nosso coração apaixonado pela Flip, escrevi esse roteiro para você aproveitar Paraty em sua totalidade assim que as coisas se normalizarem.

Sem badalação noturna mas muito festiva, Paraty é dona de um dos meus belos conjuntos arquitetônicos do Brasil. Fundada em meados do século XVII (17), em torno da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, sua padroeira, preserva até hoje as construções das épocas do ouro e da cana de açúcar, tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Localizada no litoral sul do Rio de Janeiro e a 237 km da capital, tem como principais características a simpatia, o bom atendimento e a hospitalidade a todos os turistas que por lá passam. Historicamente falando, Paraty tem tudo para ser um destino LGBT-friendly: a cidade já teve um prefeito gay e vemos casais LGBTQ+ andando de mãos dadas livremente pelas ruas com direito a sorriso de aprovação dos moradores.

Visitei Paraty em duas épocas distintas do ano: em Julho, durante a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty -, e em Setembro, durante a festa de Nossa Senhora dos Remédios e nesse roteiro, você vai ver um pouquinho do melhor dos dois mundos e o que você precisa aproveitar na sua ida, não importa quando seja, afinal, tem festa o ano inteiro.

O que você precisa ver no Centro Histórico de Paraty (e próximo dele)

O Centro Histórico de Paraty é o meu lugar preferido. Tem muita coisa pra ver e você pode passar despercebido por várias se não ficar muito atento. Não se entra de carro, é protegido por correntes imensas e você precisa desbravar a pé.

Igreja da Matriz – Nossa Senhora dos Remédios

Localizada na Praça Monsenhor Hélio Pires, também conhecida como Praça da Matriz, o núcleo mais antigo da cidade. A Igreja da Matriz abre para visitação de segunda a sexta das 9h às 12h e das 13h às 17h30. Aos sábados, das 8h às 12h e de 13h às 16h. É cobrada uma taxa no valor de R$3,00 por pessoa. Não é permitida a entrada com trajes de banho, filmar e fotografar.

Museu de Arte Sacra de Paraty

Funciona na Igreja de Santa Rita e possui um acervo de peças de barro, madeira e metal desde o século XVII (17), todas encontradas em Paraty. Muitas das peças expostas no Museu podem ser vistas pelas ruas do Centro Histórico em festas como Semana Santa, Festa do Divino, Corpus Christi e outras. Aberto de terça a domingo, das 9h às 12h e das 14h às 17h. É cobrada uma taxa de R$ 4,00 por pessoa, exceto às terças, que tem entrada gratuita.

Casa da Cultura de Paraty

Localizada próxima à praça da Matriz, tem como objetivo preservar e valorizar o patrimônio cultural de Paraty. Tem exposições que se renovam periodicamente, visando fomentar à criação, produção e difusão de todas as manifestações artísticas da cidade. Aberta de terça a sábado, das 12h às 21h, e aos domingos das 16h às 20h. A entrada é gratuita.

Livraria de Paraty

Local aconchegante, misto de livraria com café, possui um grande acervo de livros sobre Paraty e a cultura brasileira, inclusive em outros idiomas. Funciona todos os dias das 9h às 21h na esquina da Rua Samuel Costa com a Rua Dona Geralda, no Centro Histórico.

Igreja de Nossa Senhora das Dores

Também conhecida como “Capelinha”, é localizada na Rua Fresca, também no Centro Histórico, rodeada por uma pequena praça, onde os adolescentes de Paraty costumam se reunir à noite. Em datas especiais, ganha iluminação diferenciada. Abre aos sábados das 13h30 às 18h e não tem taxa de visitação.

Museu Forte Defensor Perpétuo

Localizado no Pontal, próximo ao Centro Histórico, é o único Forte que ainda existe em Paraty. É possível chegar nele através de uma trilha super agradável, e no alto, consegue-se uma belíssima vista de Paraty e sua Baía. Funciona de terça a domingo, das 9h às 12h e depois das 13h às 17h. Não tem taxa de visitação.

Praias e escunas

Não sou muito fã de praias no geral, mas as de Paraty me deixaram surpreso. Bem conservadas e extremamente limpas, vão te encantar desde a primeira vista.

Cais de Paraty

É aqui que você escolhe e embarca para os passeios de escuna. Tem muitas opções, por isso é importante pesquisar todas antes de fazer sua escolha. Pechinchar e pedir um desconto também é uma ótima opção, principalmente se você estiver em grupo ou próximo ao horário de partida, que geralmente é por volta das 11h. Fui na escuna da Maninha, em setembro de 2018, e paguei R$ 50 para duas pessoas, em um domingo.

Praia do Pontal

Uma das praias mais movimentadas da cidade, por estar praticamente ao lado do Centro Histórico. Tem um calçadão, bares, quiosques… É parada certa. Não é muito bom para entrar na água, mas é ótima para relaxar após o passeio de escuna. É também próxima ao Forte Defensor Perpétuo.

Praia de São Gonçalo

Localizada entre Paraty e Ubatuba, na rodovia Rio-Santos. Muito tranquila, limpa e perfeita para se passar o dia, no entanto, é um pouco longe do Centro Histórico e com acesso complicado sem carro. Há algumas linhas de ônibus específicas para o local e você também pode tentar a sorte pedindo um Uber. Para chegar à praia, é preciso atravessar um pequeno riacho. Se a maré estiver alta, a água chega à altura da cintura, senão fica à altura da canela. Mas alguns moradores oferecem a opção de travessia por canoa, cobrando um pequeno valor.

Ilha da Bexiga

A primeira parada do passeio de escuna. Seu nome vem do século XX (20), quando as vítimas de varíola (chamadas de “bexigas” na época) eram ali mantidas em quarentena. Hoje em dia, sedia o projeto Escola do Mar, do navegador Amyr Klink, que forma crianças carentes da região em velejadores. Por ser uma propriedade privada, não podemos desembarcar na ilha, mas se der sorte, vai poder ver a Paratii 2, embarcação de alumínio com mais de 28m de comprimento de Klink.

Praia de Jurumirim

Também de propriedade de Amyr Klink, foi a segunda parada da escuna, e nessa podemos desembarcar apenas em um pequeno pedaço da orla, já que além desta, tem uma mata densa e algumas ruínas, interditadas por uma cerca. Com águas extremamente limpas, foi dali que o navegador partiu para sua viagem à Antártica.

Praia Vermelha

Essa praia é LINDA! Tem uma vegetação fechada que impressiona tanto quanto suas areias vermelhas. Também foi uma das paradas da escuna, e oferece alguns bares com mesas e cadeiras à beira-mar. De um lado, há a infraestrutura e do outro, apenas natureza. Ideal para ver estrelas do mar e caranguejos. O acesso acontece apenas de barco, mas vale muito a pena.

Lagoa Azul e Ilha do Mantimento

Não é exatamente uma praia, mas é um ponto de parada bem popular entre as escunas de Paraty. O local, cercado por rochas e mata verde, é uma grande piscina natural, repleta de vida marinha. Podemos alimentar os peixes e vê-los bem próximos da superfície. Ainda é possível mergulhar e se der sorte, ver um mico leão-dourado na mata acenando para você.

Para comer e beber bem

Conhecida por suas cachaçarias enormes, Paraty também oferece ótimas opções para quem não abre mão de uma boa comida (como eu).

Bar e Tabacaria Cana da Praça

Localizado bem ao lado da Igreja da Matriz, o Cana da Praça é passagem obrigatória se você gosta de uma boa caipirinha de cachaça. Com sua promoção de dois copos por R$ 15, você ainda consegue dividir com alguém, porque é bem forte, mas igualmente deliciosa.

Paraty 33

Esse é para você que não abre mão de uma boa balada durante a noite. Com música ao vivo, o Paraty 33 tem atrações para os mais variados públicos, dependendo do dia. Também é um restaurante, então há a garantia de se comer e beber bem.

 

Pizzaria Manjerona

Localizada próxima ao Centro Histórico (dá pra ir a pé), a Pizzaria Manjerona tem um cardápio bem variado com pizzas acessíveis que servem até quatro pessoas tranquilamente. Vale a pena dar uma passada se você quer uma noite mais tranquila em Paraty.

Restaurante do Ditinho

Sediado na orla da Praia do Pontal, o Restaurante do Ditinho é uma boa pedida se você quer ficar sentado à beira-mar curtindo a vista enquanto come uma boa comida. Possui opções acessíveis em pratos individuais ou conjuntos.

Dicas extras para você ter uma experiência completa em Paraty

Para você ter uma experiência completa em Paraty, ainda há algumas dicas que você não pode deixar de seguir e que para mim, são de lei.

Flip – Festa Literária Internacional de Paraty

A Flip acontece anualmente em Paraty e é um dos maiores eventos culturais do Brasil. As casas do Centro Histórico se transformam em casas temáticas de editoras, autores e projetos literários e você fica louco querendo ir em todas. É uma época bastante movimentada em Paraty, por isso, é aconselhável se planejar bem antes. Também é possível encontrar várias pessoas famosas andando nas ruas, bem ao seu lado.

Caipifruta

Não importa a época do ano, não deixe de experimentar a tradicional Caipifruta de Paraty, que geralmente é vendida em bancas nas ruas, durante a noite. Você escolhe a fruta, a bebida e a mágica acontece. O valor é um pouco elevado, R$ 15 por um copo de 500 mL, mas o sabor vale cada centavo.

Gabriela e Jorge Amado

Antes de ir embora, visite uma cachaçaria e leve sua garrafa de Gabriela Cravo e Canela pra casa. A cachaça Paraitiana é símbolo da cidade e rende drinks ótimos, como o Jorge Amado, cuja receita você provavelmente receberá em um papelzinho junto com a sua garrafa.

PARA ENTENDER:

– LGBT-Friendly: Termo usado para se referir a lugares ou instituições que criam um ambiente agradável para pessoas LGBTQ+.