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Resenha: Perfume de Hotel – Chile, Carla Pachêco

Quem não ama um bom perfume? O perfume imprime o resultado da combinação entre a essência e a nossa pele e é isto que dá o toque final a cada fragrância, que deixa no ar uma memória sem par de nós e desperta para cada um diferentes sensações. PERFUME DE HOTEL traz em suas notas as impressões únicas e o aroma de cada lugar na visão da autora, que traduz de maneira deliciosa, leve, bem humorada, e rica em detalhes, os prazeres e descobertas dessa magia que é viajar, para quem gosta de conforto e sofisticação, mas sabe desfrutar dos pequenos prazeres, aprecia os detalhes e se entrega às emoções de viver e partilhar recordações. Você não vai resistir ao poder do perfume!

Perfume e emoção mantêm uma relação muito íntima. Um perfume é guardado na memória acompanhado da emoção, do sentimento que experimentamos naquele momento, e quando acessamos essa memória afetiva, revivemos aquela emoção, provamos do mesmo perfume. Por isso, há quem diga que é quase impossível dissociar perfume de afeto. Me parece impossível iniciar uma resenha de Perfume de Hotel sem citar algum trecho totalmente hipnótico do próprio livro. Entre tantos que destaquei, confesso que foi difícil escolher poucos para destacar nessa resenha. Se Carla conseguiu emanar um perfume totalmente novo ao nos relatar sua viagem a Nova Iorque, nesse relato do Chile, ela conseguiu trazer os aromas de uma perfumaria inteira.

O segundo volume de Perfume de Hotel era um livro que eu estava totalmente ansioso para ler. Assim como o anterior, não é grande ou fantasioso e trás puramente os relatos da viagem para o Chile da autora e do seu grupo, que considero meus amigos e companheiros de viagem também. Isso faz o leitor se perder nas entrelinhas e, assim como sugere o título, se perfumar a cada frase.

Um dos marcadores mais bonitos e criativos que eu tenho <3
Um dos marcadores mais bonitos e criativos que eu tenho <3
A maneira que as aventuras e peripécias são apresentadas ao leitor, o fazem viajar juntamente com o pessoal, mas deixe-me explicar de uma maneira mais pessoal e talvez, conclusiva: parece que viajei ao Chile junto com a autora e seu invejável grupo de viagem! Os detalhes criam um filme na sua cabeça que, conjugados com as fotos do final, fazem com que realmente pareça que você estava no Chile, saboreando os deliciosos pratos e tipos de vinhos, que para bem ou mal, a autora descreveu com detalhes capazes de aguçar os seus mais profundos sentidos.

Como no livro anterior, a narrativa da Carla me despertou as mais variadas emoções, isto é, cada página me remeteu a uma determinada lembrança, mesmos lugares podem ter aromas diferentes, dependendo do seu ponto de vista. E claro, como não poderia ser diferente, suas reflexões parecem se encaixar perfeitamente no que você está sentindo no momento e seus conselhos parecem ser tudo o que você precisa ouvir. Isso mesmo, ouvir. Muitas vezes, os livros nos tiram o sono, mas ainda assim fazemos esforço para lê-los, afinal, são palavras. Mas em Perfume de Hotel, você vai se surpreender, uma vez que não são apenas palavras. Parece uma história contada ao redor da fogueira, uma listagem de memórias espetaculares rememoradas em um acampamento em família.

A vida não é medida pelo número de vezes que respiramos, mas pelos lugares e momentos capazes de tirar nosso fôlego.

E eu posso garantir que esse livro vai acrescentar muito a sua vida, pois você ficará sem fôlego muitas vezes, inebriado pelas paisagens a que, conhecendo ou não, você será transportado imediata e realmente.

É engraçado porque em certa passagem, a autora diz que, lendo Pablo Neruda, revirou sua própria história de vida. E no meu caso, foi lendo Carla Pachêco que revirei a minha, sentindo os mais diversos perfumes que me remetiam aos mais diversos momentos magnânimos que tive a oportunidade de viver.

Quase nem gosto de autógrafos com dedicatória, hahaha!
Quase nem gosto de autógrafos com dedicatória, hahaha!
Foi ao som de Chopin, Schubert, Beethoven, Bach, Mozart e Debussy que finalizei essa obra-prima que tive o prazer de resenhar. Sinto que minha listinha de viagens ganhou um novo destino. E é claro que terei o livro como meu guia particular. Acrescente isso à lista de utilidades que ele possui: te faz viajar, desperta suas emoções e lembranças mais profundas, e ainda serve de guia! Já recomendei para todos os meus amigos que também possuem aquele desejo de viajar, Wanderlust, como dizem.

“Quanto mais forte é o vinho, maior é a sua lágrima”. Isso me fez pensar que na vida o que nos faz chorar também nos fortalece.

E, para finalizar, confesso que em certa passagem me identifiquei muito com o desejo do marido da autora em conhecer o Pacífico. Sim, eu espero muito pelo dia que conhecerei esse outro oceano, que me parece esconder os mais diversos mistérios… Não sei o porquê dessa vontade, mas sempre a tive comigo.

Concluindo então, o clichê que também pode ser sabedoria popular: Perfume de Hotel é leitura obrigatória para quem é fissurado por viagens e por conhecer cada canto desse mundão assim como eu. E o que o torna diferente dos outros livros são os sentimentos, como eu já disse anteriormente, completados com aromas e sabores dos mais variados tipos, e claro, as fotos no final que nos fazem sentir como parte da viagem! Eu mesmo, já me sinto como se fosse melhor amigo do grupo e como se tivéssemos vivido tudo isso juntos. E mal posso esperar pelo nosso próximo destino!

“Nem todo ponto final indica fim de história, pode ser só o começo de um novo parágrafo”. E eu ainda arriscaria completar: pode ser só o começo de mais uma viagem, da tradução de um outro perfume.

Para saber mais sobre o livro e a autora, clique aqui. Vai ler e quer ter uma experiência “tridimensional”? Te recomendo essa playlist, que foi a mesma que ouvi enquanto lia. Sua experiência será mil vezes melhor!


Posso dar seis estrelas de cinco? Vou dar mesmo assim…

Clique na imagem para ler a resenha do volume anterior, Perfume de Hotel - Nova Iorque
Clique na imagem para ler a resenha do volume anterior, Perfume de Hotel – Nova Iorque

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Resenha: Mentirosos, E. Lockhart

Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano eles passam as férias de verão numa ilha particular. Cadence, neta primogênita e principal herdeira, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos. Cadence admira Gat por suas convicções políticas e, conforme os anos passam, a amizade com aquele garoto intenso evolui para algo mais. Mas tudo desmorona durante o verão de seus quinze anos, quando Cadence sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido¿ até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.

O livro conta a história de Cadence Sinclair, herdeira da família Sinclair. Durante o decorrer da narrativa, conhecemos cada personagem e temos a chance de entrar no mundo particular deles – a Ilha Beechwood. Dentre os Sinclairs, existem os Mentirosos, um grupo que é formado por Johnny, Mirren e Gat. Vemos os dramas, os problemas e os segredos de uma família tão perfeita…

Sabe aquele livro que te conquista pelo nome? Imagina aí quando um fã de Pretty Little Liars se depara com o título Mentirosos e  já o deseja loucamente: esse foi o meu caso. Porém, a minha reação com a história não foi a esperada. Primeiro, a protagonista me pareceu incrivelmente irritante e, segundo, não fiquei naquela vontade louca para saber o que iria acontecer. Entretanto, o livro traz uma trama bem construída e uma prosa fantástica!

O pano de fundo para a história de amor é estupendo, no entanto, o fato de a Cadence ser tão chata fez a coisa desandar. O par dela, Gat, é um garoto comum e sem muitos atributos. Acho que a ligação afetiva de uma garota psicótica e paranoica com um menino normal não combinou nada. Em relação aos outros personagens, o que se pode dizer é que eles são neutros. Acho que a única coisa que me irritou mesmo foi a personalidade da Cadence.

Gostaria de colocar aqui todos os meus elogios para Lockhart. Gente! Que escrita é essa?! Essa mulher é genial! A introdução poética no decorrer do livro é incrível. Nunca tinha visto nada do tipo. A escolha das palavras, dos momentos, tudo foi bem colocado e estruturado. O mundo literário precisa de mais autores que inovem em suas narrativas. De longe, E. Lockhart tem uma das escritas mais impressionantes da atualidade.

O livro tem suas falhas como todos os outros, mas, levando em consideração o todo da história, é um drama bem escrito e surpreendente no seu desfecho. É recomendado para passar o tempo e para admirá-lo na estante. A edição é impressionante: diagramação, edição, capa e, claro, os mapas incrementados. Leiam!

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Resenha: As Sete Irmãs, Lucinda Riley

Elas eram seis irmãs. Crianças vindas de lugares distantes, transformadas em família por um homem misterioso. Unidas pelo amor e pelas dúvidas sobre suas origens. Até o dia em que perdem o pai, o que encoraja cada uma a cumprir o seu destino em busca do passado. Maia, a mais velha, é a primeira a procurar a verdade. Em meio às belezas do Rio de Janeiro, ela irá mergulhar em uma história de amor devastadora, sob os braços do Cristo Redentor.

As Sete Irmãs é mais um livro brilhantíssimo de Lucinda Riley. Este é um romance que se passa em dois períodos: 2007(Maia) e 1927(Izabela).

A história se inicia com Maia recebendo a trágica notícia de que Pa Salt, seu pai, faleceu. Pa Salt é um personagem descrito como muito rico, vivendo em um local estrondoso: Atlantis, um fabuloso castelo isolado às margens do Lago Lérman. Ele em sua juventude, foi adotando garotas ao redor do mundo e dando-lhes nomes relacionados à constelação Sete Irmãs, Plêiades: Maia, Alcyone, Asterope, Celeano, Taygete, Electra e Merope. Porém, a sétima irmã, Merope, nunca foi trazida para casa.

Agora, após a morte de Pa Salt, as seis irmãs recebem uma intrigante pista sobre sua verdadeira origem – uma pista que leva a primeira irmã, Maia, a cruzar o mundo a fim de conhecer seu local de nascimento, uma mansão em ruínas no Rio de Janeiro, Brasil.

E é neste momento que a história começa a ficar mais interessante do que já está, Maia vem para o Brasil, mas por causa de um homem que ela apenas cita de longe, então ela vem pra cá “fugindo” dele, e ficamos naquela ansiedade para saber o que está situação significa. Chegando aqui no Brasil, Maia conhece Floriano Quintelas, autor brasileiro que ela “conhece” por traduzir seus livros do português para o francês. No Rio de Janeiro eles se encontram, e ele parte numa busca junto com ela para descobrirem o paradeiro de sua família biológica. Com isso descobrem sobre Izabela Bonifácio, tataravó de Maia.

E quando isto ocorre, somos enviados para o Rio de Janeiro no ano de 1927, em plena Belle Époque.  Esta parte da história narrada por Izabela, contando de sua vida e como os tempos eram naquela época, como as famílias eram vistas, quando e como o Cristo Redentor foi construído, como eram as relações afetivas naquela época e etc.

É um livro muito bem escrito, que nos leva para duas realidades totalmente diferentes, a de uma mulher do século XXI e uma menina do século XX, que são bem diferentes na personalidade, mas fisicamente hiper parecidas. Eu achei um livro super interessante, que mostra passado e presente, vidas distintas se colidindo, romances tanto envolvendo Izabela quanto Maia.  É um conto sobre amor e perda.

Também é interessantíssimo lermos sobre mitologia, já que falamos sobre As Plêiades, constelação das Sete Irmãs. Há também o mistério da sétima irmã, que nunca chegou, e que as outras seis acreditam que está perdida no mundo, já que Pa Salt diz que nunca a encontrou.

Lucinda conseguiu muito bem distinguir duas épocas bem diferentes, colocando uma frente a outra para que houvesse uma complementação entre elas, isso foi sensacional de ler. Leitura cativante, mostrando o que o amor e a perda podem fazer com pessoas e famílias. As Sete Irmãs é o primeiro livro desta série de sete livros, e é narrado por Maia, a primeira irmã.

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Resenha: Quatro, Veronica Roth

Reunindo quatro histórias da série Divergente contadas da perspectiva do personagem Tobias, e três cenas exclusivas, Quatro Histórias da série Divergente oferece aos fãs da saga criada por Veronica Roth a chance de conhecer melhor a personalidade de um personagem fascinante e complexo e a chance de mergulhar mais fundo na sociedade dividida em facções criada pela autora. Com mais de 21 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, a série Divergente chegou aos cinemas com Shailene Woodley e Theo James nos papéis principais.

Quatro é um livro de contos da trilogia Divergente.

Os contos contidos na obra retratam o processo de escolha do Tobias, mostra como foi sua iniciação na Audácia e traz alguns adicionais que se encaixam em ordem cronológica na trilogia principal.

É importante deixar uma questão bem clara: eu não gosto do Tobias. Simplesmente não gosto e tenho meus motivos. Primeiramente, minha relação com o misterioso Quatro em Divergente foi saudável, eu até gostava dele, porém, veio Insurgente e a coisa desandou. Ele ficou muito chato! Logo depois, a história foi narrada sob seu ponto de vista em Convergente e, aí sim, a raiva passou para um nível consolidado.

Particularmente, esperava que a tia Veronica me fizesse mudar de ideia sobre o cara, mas não deu. Gente, ele é muito zZzZz. Uma coisa que me fez ficar descontente foi o fato de que a narração sob sua perspectiva se assemelhou MUITO com a da Tris. Em vários momentos, eu ficava imaginando ela no lugar dele. Foi tenso! O que salvou foi a chance de poder embarcar de novo pela boa e velha história ambientada em Chicago. Estava sentindo saudades de “respirar o ar das facções”. E ah… saudades!

O que mais me alegrou durante a leitura foram as aparições da minha querida Jeanine. Não importava o quão chatas foram determinadas passagens do livro, quando ela aparecia fazia com que todos os problemas que tive com o livro se sanassem. Ver a psicopatia dela sobre os considerados divergentes foi fantástico. Ela é a melhor personagem ever! Não aguento. A líder da Erudição merecia um livro só para ela. Lendo as cenas de Divergente pela visão do Quatro, deu até vontade de reler os livros. Ver Tris tão boba e indefesa deu até dó. Odeio me lembrar dela. Só lágrimas.

Enfim, os contos não acrescentam nada demais na história. A função deles serviu apenas para transportar o leitor de novo para a Chicago das facções. Recomendado para aqueles que gostaram da trilogia e queiram reviver um pouco mais do mundo criado por Roth. Antes de acabar essa resenha (que ficou curta), gostaria de falar que a capa é uma das mais bonitas que eu tenho na minha estante. É isso pessoal, abraços e até a próxima.

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Resenha: 50 Tons de Cinza, E.L. James

Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja – mas em seus próprios termos. Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso – os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família -, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos.

Conhecemos Anastasia no final da sua faculdade. Ela mora com sua melhor amiga, Kate, e é a típica mocinha clichê dos romances: forte, honesta e inocente. Embora receba flertes de todos os lados, ela não consegue identificá-los ou correspondê-los. Como ela mesma diz, talvez por crescer lendo sobre heróis literários, nunca achou nenhum homem que fosse seu cavalheiro herói, nunca teve um namorado e está muito bem com isso, obrigada.

E é como um favor a Kate que Anastasia é apresentada a Christian Grey. Kate, que é jornalista, consegue uma entrevista com o CEO mais famoso do país, bilionário e riquíssimo Christian Grey, mas um dia antes fica doente, e implora a Ana que vá em seu lugar. Sem saber dizer não, Anastasia vai a sede da Grey Enterprise Holdings, e desde o começo se sente deslocada. O lugar é lindo, enorme, decorado quase que completamente de branco e é repleto de empregadas (sim, todas mulheres e todas loiras) extremamente bem arrumadas em terninhos e cabelos louros em um coque. Anastasia, a mocinha literária mais desastrada que existe, com seu jeans velho e um casaco surrado se sente super desconfortável enquanto espera ser chamada para conhecer o dono de tudo aquilo. Ao entrar – triunfalmente, diga-se de passagem – na sala do CEO, Anastasia fica abismada. Christian (também eleito solteiro mais desejável de Seattle) a surpreende quando se mostra muito jovem e perspicaz.

Em seguida, configuro o gravador digital, deixando-o cair duas vezes na mesa de centro diante de mim. O Sr. Grey não diz nada, aguardando com paciência — espero — enquanto fico cada vez mais sem jeito e nervosa. Quando arranjo coragem para olhar para ele, ele está me observando, uma das mãos relaxadas no colo e a outra segurando o queixo, passando o esguio dedo médio nos lábios. Acho que ele está tentando conter um sorriso.

— Desculpe — gaguejo. — Não estou acostumada com isso.

— Não tenha pressa, Srta. Steele — diz ele.

— O senhor se incomoda de eu gravar a entrevista?

— Depois de ter feito tanto esforço para configurar o gravador, é agora que me pergunta?

Descrito como um deus misterioso e lindo, Christian se mostra muito interessado em Anastasia durante a entrevista, de uma maneira tão aberta que até suas secretárias loiras se espantam. Anastasia fica completamente abalada com esse encontro, não se reconhecendo, uma vez que nunca se sentiu atraída dessa maneira por ninguém, muito menos por um cara que ela acabou de conhecer. Ao voltar pra casa, ela deixa tudo de lado e tenta esquecer esse encontro, afinal, quando ela vai voltar a ver essa criatura linda e quase mítica de novo? Nunca.

Então é com muito espanto que Anastasia dá de cara com Christian naquela mesma semana. A partir daí, fica inevitável já pensar nos dois como um casal e ansiar por mais cenas dos dois juntos. É muito divertido ver a interação deles: Anastasia fala na cara de Christian muitas coisas que ninguém fala, e isso só o faz se encantar ainda mais. Quando Ana é apresentada  aos interesses peculiares de Christian na cama, ela se vê diante de uma enorme decisão: continuar com sua vidinha pacata ou se abrir a novas possibilidades e descobertas com esse homem misterioso.

Confesso que fiquei surpresa na primeira vez que li o que Christian gostava de fazer entre quatro paredes (ou em carros, elevadores, mesas de escritório etc…). “50 tons” foi o primeiro livro adulto que li e demorou muito pra eu me acostumar com alguns palavreados durante a leitura. Mas os comentários sobre o livro eram tão fortes, que fiquei esperando aquele momento em que eu ia me chocar com as preferências sexuais de Christian, mas – pasmem – esse momento nunca chegou. A relação BDSM (sigla cujo significado reúne os termos “Bondage e Disciplina”, “Dominação e Submissão” e “Sadismo e Masoquismo”) envolvia chicotes, fantasias e cordas mas nenhuma cena tão tórrida quanto o que eu estava esperando. Eu tanto li sobre como este livro era revolucionário, que suas cenas iriam mudar a relação das pessoas com a prática BDSM, mas olha… não vi nada de revolucionário assim. O que aconteceu foi um livro com descrições minuciosas sobre a cena do ato sexual “normal” (ou baunilha, em termos Grey).

Eu adorei o casal. Embora todo o preconceito em torno das cenas eróticas e do fato de Anastasia abrir mão de sua inocência sexual por um cara rico, não acredito que seja bem assim. Anastasia amava Christian, e isso sempre esteve bem claro. Suas concessões às preferências sexuais do mocinho, ao meu ver, não foram em troca de carros ou joias, mas de uma maior participação emocional dele na relação. Em contrapartida, desde o começo é visível que os sentimentos de Christian em relação a Ana são diferentes do que todos os seus relacionamentos anteriores. Suas trocas de e-mails provocantes, todo o cuidado dele em tudo que envolve Anastasia e algumas declarações em momentos inesperados, tornam as cenas do casal muito doces, mesmo em volta de tamanho teor sexual.

— Gosto das minhas mãos em você — murmura ele, e tenho que concordar: eu também.
Anastasia, eu poderia ver você dormir pra sempre.

Sinto que a história tem um tremendo potencial (não é à toa que os três livros foram um sucesso sem precedentes), e que a autora tem uma enorme capacidade de escrita. E.L. James consegue ganhar nossa atenção e descrever os sentimentos dos personagens muito bem, mas ela só faz isso quando quer. Não entendeu? Eu explico.  Logo no começo do livro, me vi completamente envolvida na vida de Anastasia, na falta que ela sentia do seu pai de criação e em seu distanciamento com a mãe. Me senti presa a história que estava acontecendo ao meu redor, de tão bem que ela descreveu a situação. Mas com o avançar da história, ela só descrevia alguns momentos – em especial, os momentos sexuais – mas outros ela deixava de lado. Por exemplo: quando Ana entrava em uma festa, ao invés de lermos sobre a decoração da festa, a ambientação, as pessoas presentes no local, Anastasia simplesmente falava algo como “Chegamos na festa. Estava tudo impecável – puta merda!”. Já as cenas de sexo… posso apenas me limitar dizendo que ela as descreve em pequenos detalhes – detalhes até que não precisávamos saber.

A autoestima praticamente nula de Anastácia era exatamente igual a de Bella, mocinha de Crepúsculo. E as semelhanças entre as duas séries não param por aí, e esse foi um fator que me incomodou bastante.

Outro fator que me irritou foi que, embora tenhamos vários personagens secundários,  em determinado momento do livro, a trama fica completamente em volta de Ana e Christian. Não digo que falava bastante deles dois, digo que SÓ falava deles dois, e a ambientação não mudava para os outros personagens, que poderiam ser muito bem aproveitados – gostaria muito de saber um pouquinho mais sobre a relação entre Kate e Elliot, Mia e Ethan etc.

A editora Intrínseca fez um trabalho impecável com o livro: a edição é maravilhosa, a fonte é ideal, e a capa (que em livros eróticos são sempre bizarras e muito explícitas) é de extremo bom gosto. Em resumo, 50 Tons de Cinza não é um livro que eu recomendaria a qualquer pessoa – tanto pelo seu conteúdo adulto quanto pelas falhas de narração – mas é um livro divertido, e uma vez que se conhece Christian mais a fundo e todos os seus motivos para ser desse jeito, a leitura parece se tornar mais profunda e tudo que lemos sobre ele passa a ter uma interpretação completamente diferente.  “50 tons” é um livro ideal para quem quer passar o tempo, e não me arrependo nenhum segundo de o ter na minha estante!

O livro foi adaptado para o cinema e o lançamento será dia 14 de Fevereiro em todo o mundo! Pra quem ainda não conferiu o trailer, não fique de fora:

 

https://www.youtube.com/watch?v=tXQKZHFXbp4

E você, já leu? O que achou? Laters, baby!

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Resenha: Simplesmente Acontece, Cecelia Ahern

O que acontece quando duas pessoas que foram feitas uma para outra simplesmente não conseguem ficar juntas? Todo mundo acha que Rosie e Alex nasceram para ser um casal. Todo mundo menos eles mesmos. Grandes amigos desde criança, eles se separaram na adolescência, quando Alex se mudou com sua família para os Estados Unidos. Os dois não conseguiram mais se encontrar, mas, através dos anos, a amizade foi mantida através de emails, mensagens de texto, cartas, cartões-postais… Mesmo sofrendo com a distância, os dois aprenderam a viver um sem o outro. Só que o destino gosta de se divertir, e já mostrou que a história deles não termina assim, de maneira tão simples.

Descobri “Simplesmente acontece” pelo trailer do filme. Assim como aconteceu com “Se eu ficar”, achei o trailer tão interessante que decidi correr pra ler o livro antes de sair o filme e, assim, ter a experiência completa! Da mesma autora de “Ps. Eu te amo”  e com o filme em pré-estreia com Lily Collins, eu criei muitas expectativas para a leitura e o livro foi completamente diferente do que eu imaginava.

Conhecemos a história de Alex e Rosie por cartas. E não são algumas cartas durante a narração, são apenas cartas e e-mails, durante toda a leitura. No começo eu achei super diferente, mas confesso que no final eu estava um pouco cansada. Gostaria de ver alguns dos momentos por um observador imparcial, e não pelos relatos de uma carta, mas esse tipo de narrativa tem suas vantagens. Por exemplo, logo no começo do livro, Katie e Alex são crianças, e suas cartas trocadas são cheias de errinhos de português típicos cometidos por crianças, e é uma fofura ler isso. Acompanhar os tópicos das cartas mudarem de “você vem para a minha festinha de 8 anos?” para “a primeira vez” quando ambos são adolescentes, e perceber nas entrelinhas o amadurecimento dos dois personagens foi uma experiência sensacional.

A amizade dos dois começa da forma mais inocente possível e atravessa todos os momentos mais difíceis desde a infância, o ensino médio e toda a fase adulta. Mesmo em meio a todas as diferenças, eles estão sempre se apoiando, mesmo que do outro lado do país. Para os leitores, é bem visível o amor que um sente pelo outro, mas nunca conseguem expressar seus sentimentos na mesma época, um sempre está num momento ruim e o outro decide esperar. É muito angustiante você ver duas pessoas feitas uma pra outra ignorando esse sentimento ou deixando ele de lado por besteiras. Seja porque o trabalho era o foco do momento, o aparecimento de outras pessoas, a distância… tudo sempre aparecia na hora errada para um dos dois, e essa é a questão que fica: existe hora certa?

”Como a vida é engraçada, né? Bem na hora em que você pensa que está tudo resolvido, bem na hora em que você finalmente começar a planejar alguma coisa de verdade, se empolga e sente como se soubesse a direção em que está seguindo, o caminho muda, a sinalização muda, o vento sopra na direção contrária, o norte de repente vira sul, o leste vira oeste, e você fica perdido.”

Durante a leitura, a sensação que fiquei foi que você tem que aproveitar completamente todas as chances que a vida te dá, porque todas elas passam. Você vai sim ter outras oportunidades na sua vida, mas aquela que você deixou passar nunca vai voltar. E é isso que sinto com Katie e Alex: que eles deixaram passar todas as suas chances, uma por uma. E nós vamos acompanhando cada uma dessas oportunidades perdidas, doendo nosso coração por dentro e com raiva desses personagens que não sentam numa mesinha e se resolvem!

Acredito que a mensagem que a autora quis passar é exatamente essa: a hora certa pras coisas acontecerem é a hora que você as realiza. Nada cai do céu, não existe um momento perfeito como nos filmes de romance. O mocinho não vai chegar 5 minutos antes  da sua formatura e declarar seu amor por você. Você não vai impedir o casamento do amor da sua vida na hora que o padre falar “alguém tem alguma coisa contra esse casamento?”. Mesmo com todas as adversidades, você tem que criar a sua própria hora perfeita e realizar os seus sonhos à medida que eles vão se formando na sua mente.

Minha única crítica ao trabalho da Novo Conceito com esse livro, foi que o título original “Onde Terminam os Arco-Íris” foi mudado para “Simplesmente acontece” para acompanhar o título da adaptação cinematográfica,  e eu achava o título original muito mais bonito e consistente com a história.

A leitura está mais que recomendada ( ) e pra quem quer conferir o trailer, é só dar o play! O filme entra em cartaz dia 5 de março!

https://www.youtube.com/watch?v=4ltPtkr7wwk

 

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Resenha: Sempre foi você, Carrie Elks

“Richard, nós tivemos um bebê. Londres, 31 de dezembro de 1999. Aos 17 anos, a britânica Hanna Vincent conhece o americano Richard Larsen: um estudante rico, encantador e sedutor que vai virar seu mundo de ponta-cabeça. Um relacionamento entre eles é improvável, já que vivem em mundos completamente diferentes. Mas aos poucos uma grande amizade vai surgindo e leva os dois a uma relação explosiva, cheia de paixão, amor e aventura. Emocionante e comovente, Sempre Foi Você é uma genuína história de amor. Você daria uma segunda chance ao amor da sua vida?”

Quando vi a capa de “Sempre foi você”, o novo lançamento da Universo dos Livros, fiquei encantada. Sou dessas que leva em consideração o título, a capa, o design, o cheiro… E ao ler a sinopse fiquei curiosa e comprei.

Logo de cara, somos apresentados a Hanna: uma adolescente de 17 anos que, filha de um pai extremamente rico e ausente, mora com a mãe, uma simples organizadora de festas, em um pequeno apartamento em Londres. Hanna é completamente diferente de suas meia-irmãs, que foram criadas em pura riqueza e organização. Hanna tem um estilo descolado e rebelde, que deixa sua madrasta furiosa e dificulta ainda mais sua relação com o pai.

Ao ajudar a mãe em uma das suas festas de ano novo na casa de uma rica família em Londres, Hanna conhece Richard, um estudante inteligente, sarcástico e bem criado, filho dos donos da festa. Acostumado a ser bem tratado (até demais, pro seu gosto) pela sociedade rica de Londres, Richard se encanta com essa garçonete engraçada que sai respondendo de modo ácido todos que falam com ela durante a festa. Em meio a organização e limpeza, Hanna conhece também toda a família de Richard, incluindo Ruby, a irmã menor que mais parece uma pequena adulta. Engraçada, irônica e extremamente fofa, Hanna se apega a Ruby, e consegue conquistar a garota, levando a mãe de Ruby a convidá-la para ser babá de Ruby em algumas ocasiões.

Enquanto cuida de Ruby, Hanna passa a conviver cada vez mais com Richard e parece que cada pequena coisinha que ela descobre sobre ele a faz se encantar ainda mais pela personalidade do rapaz. Richard consegue ser sonhador, engraçado e nem parece vir daquele mundo cheio de falsidades e frescura o qual Hanna tanto teme, e o tempo que eles passam juntos é suficiente para estabelecer uma relação forte de amizade.

Em meio aos acontecimentos da vida dos dois, acompanhamos cada passo importante da vida dos melhores amigos Hanna e Richard: a formatura, o primeiro emprego, namorados, casamentos… E ficamos o tempo todo torcendo pra que eles se resolvam logo, assumam seus sentimentos, se beijem, namorem, casem e tenham 7 filhos com saúde. Mas acho que é exatamente isso o que o livro quer nos causar: a sensação de que devemos aproveitar cada minuto da nossa vida, e que cada pequena coisa que fazemos, cada escolha, tem o enorme poder de influenciar o resto das nossas vidas.

O livro tem uma maneira curiosa de contar sua história: narrado em terceira pessoa, ele nos traz a um momento com riqueza de detalhes, e você fica curioso pra saber o que acontece a seguir, mas o outro capitulo começa depois de meses, ou até anos! Sei que essa foi a proposta do livro: focar em partes importantes e deixar o leitor saber dos outros acontecimentos através de memórias dos personagens (afinal, começamos o livro com Hanna aos 17 anos e no final, ela tem 40!) mas ainda assim, gostaria de ter lido muito mais sobre algumas partes da história, e sinto que outras foram deixadas de lado quando poderiam ter sido descritas.

“Ele aproximou-se até que seus corpos estivessem a centímetros de distância, e ela sentiu-se tensa com a proximidade. Um passinho para frente e os peitos se tocariam. Tudo que ela tinha que fazer era inclinar a cabeça e deixar que ele abaixasse a dele, até que seus lábios se encontrassem num beijo explosivo.
E ela tinha certeza que seria incrível. Pelo modo como estavam sem fôlego, eles estavam a segundos de se renderem à tentação.
– Por que não? – a voz dele era tensa, e ela o viu fechar as mãos em punhos, como se estivesse tentando se impedir de tocá-la.
Hanna hesitou. A resposta estava dançando nos seus lábios, brincando na sua língua, mas dizê-la seria revelar exatamente como ela se sentia sobre ele. Ela se viu se inclinando para ele e, embora ambos estivessem vestidos, sentiu-se completamente exposta. Os olhos dele buscaram os dela, e Hanna sentiu a necessidade de ser honesta, de se jogar na frente dele e admiir o que fizera.
– Porque sempre foi você.”

Embora eu ficasse frustrada em passar a página e perceber que lá se foram dois anos da história desse casal maravilhoso, eu conseguia esquecer isso lendo um novo capítulo de um novo momento da vida deles, e é isso que nos conquista na leitura: a capacidade de nos situar no mesmo tempo que eles, e de sermos envolvidos pelos personagens, que mudam ao longo do tempo, como todos nós iremos mudar um dia. Consigo amar a rocha imutável que foi Richard, sempre amoroso e que nunca nos decepciona. Consegui amar também Hanna, que era minha personagem preferida por ser engraçada e irônica, mas que com os obstáculos da vida, se tornou uma pessoa insegura , confusa e (na minha humilde opinião) extremamente precipitada. Tenho a sensação de que a primeira parte do livro foi muito bem desenvolvida e engraçada, e no final, senti que foi um pouco forçado a quantidade de situações em que nossos protagonistas eram obrigados a superar, como que para tornar a história mais dramática.

“Sempre foi você” é um romance clichê, mas recheado de bons momentos que nos levam a refletir sobre o que estamos fazendo da nossa vida nesse exato momento e para onde nossas ações estão nos levando. Leitura recomendada!

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Resenha: 1 Página de Cada Vez, Adam J. Kurtz

Leitores de ‘Destrua este Diário’ irão adorar este livro. “Pense em alguma coisa que deixa você inseguro e escreva o que é em letras enormes. Use o espaço todo! Olhe bem para o que você escreveu. Agora vire a página.” No seu primeiro livro, o artista gráfico americano Adam J. Kurtz usa provocações divertidas como esta para fazer o leitor refletir sobre sua vida ao mesmo tempo em que testa a própria criatividade. Como o título diz, cada página traz uma brincadeira diferente. Pode ser uma pergunta, uma sugestão de desenho ou um pedido para que você crie uma lista de músicas para seu amor verdadeiro ou das melhores fatias de pizza que comeu na vida. O autor também pede para o leitor colar objetos inusitados nas páginas do livro e compartilhar nas redes sociais algumas das anotações feitas nele. Uma maneira espirituosa e lúdica de buscar o autoconhecimento.

1 Página de Cada Vez é um diário (diferente) criado por Adam J. Kurtz. Primeiramente gostaria de falar que não considero esse volume como livro. A “classificação” que dou a ele é de diário, por ser mesmo uma atividade diária.

Com uma temática bem divertida, Kurtz conseguiu criar uma coisa que serve para passar o tempo e relaxar. Logo nas primeiras páginas já somos recebidos com várias atividades megaengraçadas. Vejo que Adam teve uma ideia simples e elaborou até sair o diário que tenho nas mãos hoje.

O mais legal de tudo isso é que o criador teve a esperteza de introduzir uma forma de interatividade com as redes sociais. Isso foi de suma importância, pois vivemos em um mundo que tudo é ligado à internet e aos seus sites de interação pessoal. Acredito que esse é o ponto mais positivo da obra.

Outro fator que eu achei megainteressante foi a questão das atividades bem piradas. Gente, eu ri muito, mas muito mesmo. O negócio de ter umas coisas bem nonsense deixou o diário com um tom mais descontraído do que já estava.

Apesar de ter sido feito para divertir e distrair, também estimula a criatividade. Mas caso você já seja criativo, irá desenvolvê-la mais ainda. Além de tudo isso, ele também é recomendado para crianças. Nada melhor do que desenvolver a criatividade com um diário, né?

Ai gente! Que edição maravilhosa é essa? Apesar de eu ter terminado, o cheirinho ainda continua e acreditem, é bem forte. Para os amantes de cheiro de livro novo, 1 Página de Cada Vez também é recomendado. Outra coisa que simplesmente amei na edição foram as folhas. Tão macias que da vontade de passar no rosto. (Que loucura hein?)

Se você procura algo para passar o tempo, se distrair, relaxar, se divertir e tirar o estresse do dia, o diário criado por Adam J. Kurtz é a melhor pedida. Se você estiver em dúvida sobre o que dar de presente, presenteei a pessoa com 1 Página de Cada Vez, principalmente se a pessoa for estressada. Mais do que recomendado, é obrigatório para os amantes de obras criativas, loucas e engraçadas.

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Resenha: Artesão das Palavras, Luiz Valério de Paula Trindade

No atual contexto de vida moderna em que estamos inseridos, não é incomum ouvirmos as pessoas clamarem por mais qualidade de vida e formas de atenuar a tão propalada “correria” do dia a dia e todo o stress dela advinda.

Pois então, por que não se permitir a embarcar em uma agradável viagem literária para lhe propiciar alguns bons momentos de leveza, de enlevo e de descobertas?

O Artesão das Palavras se propõe justamente a oferecer-lhe isso: ou seja, um escape consciente desta condição desgastante e, acima de tudo, um resgate de valores e princípios que valorizam a natureza humana e nos edificam, os nossos sentimentos mais profundos e o respeito pelo próximo.

Artesão das Palavras: um livro escrito para o leitor e pelo leitor
Por Jana Lauxen

Já li muitos livros de crônicas, dos mais diferentes escritores, das mais distintas nacionalidades. E algo que percebi, em grande parte deles, foi a forma impositiva e até agressiva de alguns autores ao apresentar suas ideias e opiniões. Como se, quem pensasse diferente, não fosse digno sequer da honra de lê-los; que dirá de ter do escritor respeito e consideração.

Este detalhe sempre me incomodou em obras que compilam crônicas. Pois acredito que o papel do escritor é levantar temas importantes, sim, e dar sua opinião também, é claro; mas nunca impor suas ideias e percepções ao leitor de maneira impetuosa e quase violenta, coagindo-o a engolir seus pensamentos, mesmo que na marra. Sob o meu ponto de vista, a intransigência em suas opiniões apenas afasta o escritor de seu principal objetivo: tocar quem se dispõe a ler sua obra, e fazer de fato diferença em sua vida.

Por isso, foi com certa ressalva que iniciei a leitura da obra Artesão das Palavras, do escritor paulista Luiz Valério de Paula Trindade (www.luizvalerio.com.br), que reúne crônicas versando sobre os mais variados temas cotidianos, como felicidade, escolhas, inspiração, lágrimas, beleza, vida digital, envelhecimento.

No entanto, o que encontrei nas 122 páginas que integram sua obra foi um escritor que soube, como poucos, desenvolver empatia pelas pessoas, pelos leitores, e pelos problemas e questões que os afligem. E foi por conta desta empatia e desta sensibilidade que a obra Artesão das Palavras me conquistou já nas suas primeiras páginas: ela nada impõe; apenas apresenta, e assim alcança a façanha de estabelecer com o leitor um diálogo consistente e interessante.

Luiz Valério de Paula Trindade não escreve para si mesmo, com o único objetivo de convencer-se do que diz, ou de reafirmar suas convicções. Muito menos tenta persuadir o leitor, impondo contundentemente o que acredita e o que deixa de acreditar. Pelo contrário. Fica claro que seus textos foram construídos para o leitor, mas, principalmente, pelo leitor. E talvez venha daí a impressão de que, ao invés de apenas engolir as opiniões do autor, conversamos com ele.

Há, ainda, uma certa humildade e benevolência na forma como Luiz Valério apresenta suas opiniões, sempre deixando um espaço para contestações e novos pontos de vista, o que demonstra uma personalidade literária alicerçada pela percepção e compreensão das aflições humanas, que fazem parte de todos nós.

E é por isso que seus textos não terminam após o ponto final. Eles continuam a crescer e florescer na cabeça do leitor, permitindo que estes cheguem a novas conclusões, acrescentando e enriquecendo o texto original.

Ademais, existe um otimismo perseverante que permeia toda a obra. Todavia, não se trata de um otimismo fantasioso, irreal e oco, mas um otimismo que nasce da observação do próximo, e da maneira como interpretamos e digerimos a vida que complica-se e descomplica-se para todos nós, dia após dia.

No entanto, não se engane! Nada de confundir a obra Artesão das Palavras com um livro inocente e ingênuo, beirando a autoajuda. Nada disso! Luiz Valério não foge de temas mais complexos e indigestos, como as relações virtuais que estabelecemos, e que parecem sobrepor-se aos nossos relacionamentos reais e cotidianos; o materialismo; a busca frenética, dolorosa e irracional pela perfeição; e até a maneira cruel como, muitas vezes, julgamos a vida e os outros pela embalagem. O autor ainda realiza uma crítica social sobre os nossos comportamentos e atitudes enquanto cidadãos, e parece não temer quem discorda ou pensa diferente. Ao contrário: chama-os para a conversação.

É, aliás, impressionante como o autor conseguiu reunir em sua obra temas de cunho tão diferentes, capazes de tocar e interagir com pessoas de personalidades distintas e até opostas.

Luiz Valério, sem dúvidas, é alguém capaz de analisar e interpretar a vida de maneira singular e generosa, e – mais do que isso – de transpor estas ideias para o papel de forma clara, objetiva e criativa, permitindo alcançar leitores tão diferentes quanto os temas que abordou em seu livro de estreia.

É visível e perceptível o esmero e o cuidado do autor ao escrever cada texto. E talvez seja justamente por isso que seu livro chama-se Artesão das Palavras. A ideia de artesanato contrapõe o conceito de produção em série, irracional e automatizada, acelerada e superficial que, infelizmente, percebe-se em muitas das obras literárias que vemos atualmente. Como se não houvesse tempo para refletir, apenas para escrever. Por conta disso, todos os dias temos acesso a textos que, claramente, não passaram por qualquer avaliação crítica do próprio autor, e onde as palavras parecem apenas despejadas no papel, sem nenhum aprimoramento.

Artesão das Palavras não se trata de um livro bruto. É, sim, um livro profundo, cuidadosamente trabalhado, lapidado e refinado. Uma obra que conversa com o leitor, e cria com ele uma conexão imediata. Como quando conhecemos um novo amigo, e de cara sentimos aquela empatia intensa e concreta.

Empatia esta que só nutrimos por alguém capaz de nos entender, de nos compreender, e de fazer crescer e desenvolver o melhor da nossa personalidade.

Resenha escrita por Jana Lauxen e recebida via e-mail

Jana Lauxen tem 29 anos e é escritora, autora dos livros Uma Carta por Benjamin (2009)e O Túmulo do Ladrão (2013).
Página na internet: www.janalauxen.com

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Resenha: Jogo da Mentira, Sara Shepard

A órfã Emma, às vésperas de fazer 18 anos, descobre que tem uma irmã gêmea. Mas, quando as duas estão prestes a se encontrar, Sutton morre num acidente. Agora Emma quer descobrir quem e por que a irmã foi assassinada. Quem a ajuda nesta tarefa é a própria Sutton… Uma garota popular com mais dinheiro do que bom senso e a irmã que nunca encontrou seu lugar levam o leitor a viver grandes emoções numa montanha-russa de romance e suspense. Primeiro livro da nova série de Sara Shepard, autora da série bestseller Pretty Little Liars.

Jogo da Mentira é o primeiro volume da série The Lying Game, escrita por Sara Shepard.

Emma, uma pobre órfã, nunca deu sorte, até que um dia descobriu ter uma irmã gêmea. Depois de sair da casa de sua mãe adotiva, a garota começa a ir atrás de sua irmã e acaba descobrindo o paradeiro de Sutton, sua gêmea. Após uma mensagem, as duas decidem se encontrar, porém, esse encontro acaba virando a vida de Emma de cabeça para baixo… Mas o pior ainda está por vir. Logo depois do encontro, a jovem descobre que Sutton está morta e ela terá de descobrir o que realmente aconteceu com a sua irmã.

Antes de tudo, gostaria de dizer que sou um fã nato de Sara Shepard. Não importa quantos livros ela escreva, vou querer ler todos! Mesmo antes de me aventurar no mundo de The Lying Game, eu já sabia que iria gostar. E ao ler, percebi que a série tomou um rumo totalmente diferente do que eu imaginava.

A trama principal é totalmente focada no que aconteceu com Sutton e é com um clima de suspense que começamos o livro. Engana-se quem pensa que a história é um romance. Quem já gosta de filmes de suspense do final da década de 90, irá se deliciar com Jogo da Mentira, pois no momento em que Emma começa a entrar na vida de sua irmã gêmea, as coisas ficam bem, mas bem, tensas. Com direito a ameaças e ataques misteriosos, só que neste primeiro volume as coisas ainda são “leves”.

Como de praxe, Shepard brinca e embaralha totalmente a cabeça do leitor, fazendo com que ele fique louco para saber o que realmente aconteceu. Esse é um dos principais fatores que fazem a pessoa ficar absorta naquilo tudo. Pistas são dadas, porém, como Sara é a rainha das situações improváveis, tudo o que ela deu nesse tomo da história pode ser uma grande mentira. A teia de mistérios e segredos vai só crescendo, fazendo que o final do volume tenha um gancho enorme para a continuação.

Os personagens têm suas características próprias, mas só que como ainda estamos no primeiro volume, não sabemos quem é bom e quem é ruim, fazendo com que quem está lendo fique mais curioso ainda. Realmente espero que a roda de pessoas que circundam Sutton me surpreenda tanto quanto as pessoas que circundavam a vida de Alison Di Laurentis.

Jogo da Mentira começou bem. Cheio de suspense e segredos, o livro agrada tanto os leitores de Pretty Little Liars como os amantes de um bom mistério. Fiquem atentos e não deixem de se enrolar na teia de mentiras. O jogo está apenas começando.