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Resenha: “Anna e o homem das andorinhas”, Gavriel Savit

“Anna e o homem das andorinhas” se passa na Polônia atacada pelos alemães durante a 2ª Guerra Mundial, em 1939. Anna tem 7 anos quando seu pai, um professor de Linguística e dominante de várias línguas, vai a uma reunião na universidade em que lecionava e não volta mais. O que Anna não sabia é que seu pai havia sido mandado para um campo de concentração e ela nunca mais voltaria a vê-lo.

Ela é deixada sozinha em frente à porta trancada de seu apartamento pelo dono da farmácia que tinha a incumbência de cuidar dela só por algumas horas e não há nenhuma expectativa de que tudo ficará bem. Cansada de esperar e já sem muita esperança de que seu pai voltaria, Anna volta até a porta da farmácia, encontrando um misterioso homem que lembra muito seu pai por falar em várias línguas, mas uma em especial: ele fala com pássaros.

Sem nada mais a fazer, Anna resolve segui-lo, sai dos limites da cidade e, juntos, começam a caminhar pelos vales e florestas da Polônia, evitando ser encontrados. O homem das andorinhas, como Anna começa a chamá-lo, pois, segundo ele, nomes são muito perigosos em dias de guerra, cuida dela, a ensina a sobreviver e, assim, eles passam anos fugindo da crueldade dos homens.

Comparada a “Menina que roubava livros”, a obra é intensa e emocionante ao mesmo tempo, pois trata dos terrores da guerra pelos olhos de uma criança que não entende muito bem o que está acontecendo. Não fica muito claro porque o pai de Anna foi levado, então não sabemos se ela é judia. Também não fica claro porque o Homem das andorinhas foge, ele é um personagem enigmático, cheio de segredos e perguntas proibidas, como o seu nome e a sua verdadeira língua.

O que a gente percebe é um cenário muito bem definido, pois todos já conhecem os terrores que Hitler cometeu na Europa, mas os personagens não são, ou seja, poderia ser qualquer um. A Anna representa todas aquelas crianças órfãs que perderam seus pais em campos de concentração ou mortos na guerra. Imagino o Homem das andorinhas como alguém que não queria estar ali, nem fazer parte de nada disso, mas não tinha forças para lutar contra. Tudo o que eles queriam era sobreviver a tudo aquilo e, durante anos, suas vidas se restringem a isso: sobreviver acima de tudo, mesmo que isso signifique a queda de outros.

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Resenha: Hulk – Terra Arrasada, Jeff parker, Gabriel hardman & Ed McGuinness

“O alvoroço causado pelo Hulk Vermelho acabou – e agora é hora de ele provar ao mundo que realmente pode ser um herói. Seu primeiro objetivo é deter o protocolo de Terra Arrasada criado por MODOC e pelo Líder para causar o apocalipse. Mas mesmo com a ajuda do Bomba-A e do Hulk original, pode o mais novo guardião com poderes gama da Marvel completar sua missão antes que seja tarde demais?””

O Hulk é definitivamente a primeira criatura a ser criada a partir dos raios gama, mas, com certeza, não é a única. Desde que Bruce Banner sofreu seu acidente e ganhou superpoderes, várias outras pessoas, soldados, cientistas e aventureiros têm tentado usar essa mesma forma para dotar a si próprios ou a outras pessoas com poderes. Criaturas como o Abominável e o Líder são apenas alguns exemplos dos resultados de experimentos mal conduzidos com radiação gama.

Em 2008 mais uma criatura criada a partir dos raios gama fez sua estreia, o Hulk Vermelho. Escrito por Jeph Loeb e com a arte de Ed McGuinness, a nova série foi um sucesso com os fãs, principalmente o mistério que circulava em volta de seu alter ego humano, quem seria o homem por trás do Hulk Vermelho? A resposta veio dois anos depois do início da série, na edição vinte e dois, quando é revelado que a criatura é ninguém menos que um dos maiores oponentes do Hulk, General “Thunderbolt” Ross.

O roteiro de Jeff Parker e Gabriel Hardman é bem amarrado, mostrando constantemente o modo como os heróis tratam o General Ross, sempre com um pé atrás, muitos deles que ainda não sabem da nova posição do general sequer dialogam e já chegam atacando o Hulk Vermelho, irritando-o e trazendo-o ao limite. Os traços de Ed McGuinness é outro destaque, sua arte é sempre direta e detalhada, traços fortes e expressões marcantes.

O Hulk Vermelho, ou General Ross, agora luta ao lado de Bruce Banner, que outrora fora seu inimigo, mas que agora não passa de um desafeto. Antes disso Ross perdeu tudo quando o Hulk forjou sua morte, ele não poderia mais retornar a sua vida normal, ainda por cima, foi aprisionado na Base Gama, que fica no Vale da Morte, no estado de Nevada. Ficou aprisionado até ceder e colaborar com os super-heróis, levou um bom tempo até Ross perceber que não adiantava resistir e guardar rancor, pois ele só veria a luz do sol, quando Banner e os demais percebessem que ele estava pronto para mudar.

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Quando o Hulk Vermelho estava finalmente disposto a se tornar um herói, foi solto, com a condição de obedecer as ordens sem questionamentos. Assim que sai de sua cela, ele recebe todas as informações sobre sua primeira missão, Ross combaterá o projeto Terra Arrasada, um plano arquitetado por MODOC e o Líder para o caso de serem mortos ou derrotados. O projeto tem como objetivo destruir o mundo, já que eles não podiam conquistá-lo. Dessa forma Ross parte em sua primeira missão oficial.

Ao mesmo tempo, Rick Jones, ou Bomba-A, se dirige ao oceano pacífico, deve impedir que uma criatura gigantesca se aproxime da cidade de San Diego. Ele está conectado a Bruce Banner, que está guiando-o durante seu combate colossal. Rick sofre, mas derrota a criatura, em seguida recebe ordens para segui-la até seu ponto de origem. Conseguirão os heróis gama impedir o projeto Terra Arrasada? Ou será que MODOC e o Líder conseguirão atingir seus objetivos?

Hulk Terra Arrasada é uma ótima HQ, boa em todos os aspectos, a ação é constante e os problemas que Ross é obrigado a enfrentar, mostra o quão difícil será sua jornada para ser aceito por Banner e seus companheiros. Uma HQ recomendada a todos os fãs do golias verde, e a todos que simplesmente estão a procura de uma boa leitura.

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Resenha: Terra das Sombras, Andy Diggle & Billy Tan

“A batalha pela alma de um herói começa. Maculado pelo clã ninha Tentáculo, o Demolidor abriu mão de seus princípios para trilhar um caminho mais sinistro – que pode muito bem acabar em desastre para a Cozinha do Inferno. Com Homem-Aranha, Motoqueiro Fantasma, Justiceiro, Punho de Ferro, Luke Cage e outros heróis lutando para salvar a cidade, pode o Homem Sem Medo encontrar uma maneira de impedir a própria queda nas trevas, ou sua alma está perdida para sempre?”

Desde a HQ, A Queda de Murdock de Frank Miller, as raízes católicas do Demolidor se tornaram parte integral de suas aventuras. Assim, pecado e redenção se tornaram temas corriqueiros em seus roteiros, e embora Matt já tenha saído em busca de sua alma em diversas ocasiões, ele nunca teve que literalmente lutar para salvá-la.

Andy Diggle Faz um grande trabalho em Terra das Sombras. Quando começou a escrever a série, o Demolidor se encontrava em um momento estranho, pois acabará de se tornar o líder do Tentáculo, um clã que sempre o infernizou. Matt aceitou se tornar o líder com a esperança de fazer com que os ninjas do Tentáculo lutassem por uma causa mais nobre. Com isso em mente, Andy teve uma grande sacada, Murdock tinha um plano de mudar o Tentáculo, mas graças a Diggle, quem realmente mudou foi o próprio Demolidor.

A arte de Billy Tan possui um grande papel na HQ, seus traços e sombreamento fortes combinam perfeitamente com o clima criado por Andy Diggle. As expressões desenhadas por Tan também transmitem toda a tensão que se desenrola em meio as páginas.

Matt Murdock, o Demolidor, é agora o líder do Tentáculo, e com esse novo poder, ele construiu um castelo no meio da Cozinha do Inferno, o local é conhecido como a Terra das Sombras. De seu castelo, Matt comanda os ninjas do Tentáculo, ordenando-os a enfrentar qualquer mal que invada sua região, mas ultimamente, até mesmo os que discordam com Murdock tem sofrido ataques severos. Em meio a essa confusão, o Mercenário consegue escapar das autoridades, e retorna para Nova Iorque para enfrentar seu nêmesis.

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Quando o Demolidor e o Mercenário se encontram, uma grande batalha tem início. Matt acredita que seus ninjas são capazes de enfrentar o inimigo sozinhos, mas não demora muito para o Mercenário provar que os capangas do Tentáculo não passam de peões, sendo assim, o próprio Demolidor decide enfrentar o vilão. Enquanto a batalha ocorre, Punho de Ferro e Luke Cage se aproximam para dialogar com Matt, afinal, o Demolidor tem mudado, e isso tem afetado a Cozinha do Inferno. Ao perceberem a batalha entre Murdock e Mercenário, Cage e o Punho de Ferro oferecem ajuda, mas são rechaçados pelo Demolidor. Sem escolha, eles apenas assistem ao combate.

Enquanto presenciam a batalha entre Matt Murdock e Mercenário, eles percebem algo de diferente, o Demolidor não está se contendo nem um pouco. Normalmente o herói enfrentava o Mercenário, e encontrava meios para neutralizá-lo, mas agora, está diferente. No ápice do combate acontece o inesperado, Matt quebra os dois braços de seu arqui-inimigo, o Mercenário encara a cena chocado, o Demolidor jamais fora tão violento. De longe, Luke e Punho de Ferro observam, torcendo para que o pior não se concretize, mas acontece, a moralidade de Matt fora corrompida, sem hesitar ele apunhá-la o Mercenário, matando-o a sangue frio. Agora só resta aos seus amigos tentar resgatar o antigo Matt Murdock, mas será que eles conseguirão derrotar o líder do Tentáculo? Ou ainda mais importante, será possível salvar a sua alma?

Terra das Sombras é uma HQ com um clima sombrio, pois o Tentáculo corrompeu o Demolidor, e em meio a esse cenário distorcido, o mal consegue se espalhar de forma natural. Seus amigos lutarão para salvá-lo, e seus inimigos lutarão para tomar o seu lugar, tudo isso acaba gerando um conflito a cada página. Andy criou uma história repleta de ação, onde ocorre uma troca de papéis, o Demolidor é agora o vilão, e o que outrora era vilão, acaba por se tornar vítima. Uma HQ altamente recomendada.

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Resenha: Mãos de Cavalo, Daniel Galera

Carregado de detalhes, Mãos de Cavalo é um livro que se você não soubesse que é de Daniel Galera, sacaria que era dele logo nas primeiras páginas. Muito bem narrado, ele demora para engrenar. A demora não é culpa do autor. Ele quis que fosse assim.

As frustrações do cirurgião plástico Hermano os fazem sumir alguns dias de sua rotina, de seus pacientes e de sua família em escapadas para escalar com um amigo, onde exploram as maiores montanhas da região sul país. Esta insatisfação com a vida atual é guiada também por memórias nostálgicas, de sua infância nos anos 90, que são a melhor parte do livro. Os conflitos, brigas, primeiro beijo, aventuras com amigos, e até a morte de um deles: tudo faz sentido e tudo remete a algo que acontece com ele aos 30 anos de idade.

Os capítulos alternados entre os tempos atuais e os tempos passados vão de capturando aos poucos. Demora para se captar a aura desta história dramática e cheia de personalidade. E é disso que Mãos de Cavalo fala: sobre a definição da personalidade de um homem. É como se a trinca de livros de Galera “Cordilheira” e “Barba Ensopada de Sangue” juntas se resumisse a nos dizer que temos que aceitar nosso destino e seguir em frente com eles. É tudo uma construção que vem sendo feita desde nossos primórdios aos tempos atuais.

Hermano resolve abandonar sua última aventura, que era escalar uma montanha de gelo na Argentina para correr atrás de sua base, voltar a sua infância e começo de adolescência e obter respostas, quem sabe, para reavaliar o seu futuro.

Não é um livro para altas expectativas. É apenas uma boa leitura que o fará pensar muito sobre si mesmo.

Não se enrola, não, Isabela Freitas
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Resenha: Não se enrola, não, Isabela Freitas

“Na sequência de Não se iluda, não, a vida de Isabela dá uma completa reviravolta depois do sucesso de seu blog, Garota em Preto e Branco. Decidida a perseguir seus sonhos, ela abandona o curso de direito, deixa a casa dos pais, em Juiz de Fora (MG), e se muda para São Paulo tão logo conquista um emprego numa badalada revista on-line. Enquanto se adapta aos novos tempos numa quitinete no Baixo Augusta, Isabela escreve seu primeiro livro.

Seria perfeito se no apartamento em frente não morasse o envolvente Pedro Miller e os dois não se embolassem regularmente sob o mesmo lençol. Não, não é namoro. Não, não é apenas amizade. É algo muito mais enrolado, um relacionamento sem um nome definido. Um “isso”, como diz a personagem. Embora não tenha coragem de confessar seus sentimentos, Isabela sabe que está perdidamente apaixonada pelo seu melhor amigo.

Em Não se Enrola, Não, os leitores poderão acompanhar os primeiros passos dos personagens na vida adulta, com toda a independência e as responsabilidades que ela proporciona.”

É sempre com muito receio que começo uma continuação de uma série de livros que gosto. Fico com medo de acontecer a mesma coisa que aconteceu em “A Maldição do Tigre”: um primeiro livro sensacional e uma sequência que me fez odiar personagens que eu tinha aprendido a amar. Então foi com empolgação e medo que  comecei a leitura de “Não se enrola, não”, o terceiro livro da série da autora brasileira Isabela Freitas.

Depois do fenômeno “Não se apega, não” – cuja resenha você encontra aqui – Isabela Freitas, que já era conhecida pelos seus textos no blog e em redes socais, explodiu como uma das autoras mais vendidas no Brasil. Após o lançamento de “Não se iluda, não” – cuja resenha você encontra aqui – Isabela bateu o recorde de mais de 1 milhão de cópias vendidas.  E não podia ser diferente: intercalando textos sobre relacionamentos e suas histórias engraçadas e trágicas de vida, a autora consegue criar uma dinâmica leve e ao mesmo tempo emocionante durante toda a leitura.

Completando a trilogia, “Não se enrola, não” traz uma Isabela diferente da que conhecemos. Mais madura e disposta a assumir novos desafios em sua vida, a personagem se muda da casa dos pais e vai para São Paulo, onde trabalha em uma revista online, respondendo as cartas de leitores enquanto trabalha em seu primeiro livro. Entre os desafios de morar sozinha (e lavar o próprio banheiro – miga, te entendo!), começar uma nova carreira, ser responsável por suas próprias contas e estar longe dos seus amigos, Isabela tem algo que a faz se sentir em casa: Pedro Miller. Seu melhor amigo não só se muda para a mesma cidade como é vizinho da nossa protagonista.

Com o tiro final angustiante que tivemos em “Não se iluda, não”, todos os leitores estavam com muitas expectativas para o destino do casal Pedro e Isabela, que começam este novo livro estabelecendo uma amizade colorida. Parece ser a melhor opção para Isabela, que não sabe o que esperar da relação com o melhor amigo: Pedro, o arrasador de corações que não acredita no amor em um relacionamento sério? Mas um coração que foi feito para se entregar por inteiro não sabe se doar em partes, porque quando se divide ele quebra.

“Tudo aqui é intenso. Do amor ao desprezo, sempre sinto muito”.

E é na tentativa de levar isso casualmente que Isabela percebe o quanto já está enrolada. Mas gente, que não estaria? Pedro Miller não dá uma bola fora. A autora criou um protagonista tão carismático e maravilhoso que posso afirmar que ela estragou o resto dos homens do mundo para nós, mortais. Às vezes eu fico torcendo para o Pedro fazer uma bobagem, só uma merdinha, mas não… ele vai lá e consegue ser ainda melhor.

“O amor não precisa de rótulos para existir, não precisa ser algo que podemos tocar com as mãos, não precisa ser um status nas redes socais, muito menos um metal que envolve os dedos. O amor não precisa ser declarado em voz alta, nem do toque nem do cheiro. Às vezes, só de estar perto de uma pessoa sabemos o quanto a amamos. O amor não precisa de um porquê, de uma justificativa. O amor existe, e é isso que o torna tão incrível.”

Sobre a edição eu não consigo pensar em palavras que não sejam elogios. Toda a trilogia mantém uma linha excepcional de organização e design: uma capa atual e colorida (com a nossa bonequinha do desapego sempre presente), páginas amarelas <3 e os famosos trechos em destaque (que estampam inúmeras fotos que vemos por aí). A Íntrinseca está de parabéns!

Não sei se foi o amadurecimento da personagem, os novos dilemas abordados ou apenas a minha fase da vida durante a leitura, mas acredito que este seja o meu livro preferido da série. Lembram que comecei essa resenha falando do meu medo de sentir que a história não teve o final que merecia? Pois bem, terminei a leitura realizada: Isabela Freitas concluiu com maestria uma coleção que todas as jovens desse mundo deveriam ler.

“Porque, quando não sei o que fazer, escrevo. Porque algumas coisas que nunca dizemos em voz alta precisam ser ditas. Ou escritas. Palavras se eternizam.”

Então eternizo aqui com as minhas: “Não se enrola, não” vai estar entre os livros mais vendidos do país, merecidamente. Leitura recomendada!
 

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Resenha: O Espetacular Homem-Aranha – De Volta ao Lar, J Michael Straczynski & John Romita Jr.

“Ao longo de sua vida, Peter Parker com frequência se sentiu sozinho. Quando descobriu suas habilidades aracnídeas após ser picado por uma aranha irradiada, ele as manteve em segredo. Sua tentativa de explorá-las para obter lucro resultou no assassinato de seu tio Ben, Aparentemente, ninguém compreenderia o difícil equilíbrio entre o mortal e o herói. Até agora foi assim. Uma misteriosa figura surge de repente, exibindo poderes similares aos de Peter. Quem é esse homem misterioso? Quem são as pessoas que ele representa? E o que é esse mal ancestral que chegou aos Estados Unidos em busca de Peter?”

O Espetacular Homem-Aranha: De Volta ao Lar introduziu uma nova era na história do cabeça de teia, trazendo uma nova abordagem ao passado do herói, uma abordagem diferente, jamais tentada antes. Trouxeram o elemento mítico ao personagem, que devolveu muito de sua dignidade e dramaticidade.

O roteiro de Straczynski é muito bem amarrado, e traz a sensação de perigo eminente a todo momento. O alívio cômico na HQ também não deixa a desejar, o que é uma característica já conhecido do Homem-Aranha. A arte de John Romita Jr. dispensa introduções, seus traços fazem com que a HQ se pareça com uma animação, é viva e vibrante.

Peter está tendo um dia “normal” como o Homem-Aranha, pula de edifício em edifício a procura de crimes para combater, até que é surpreendido por um homem bem mais velho, e com os mesmos poderes que ele tem. Eles conversam, o homem se apresenta, se chama Ezekiel. Com uma única questão o homem deixa Peter perturbado.

“A radiação possibilitou que a aranha lhe desse poderes? Ou a aranha tentou transmitir seus poderes antes que a radiação a matasse?”

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A pergunta surpreende Peter, que agora não para de pensar nas palavras de Ezekiel, ele vê isso como apenas mais um problema em meio aos tantos que enfrenta em seu dia a dia, mas tudo isso logo será ofuscado por Morlun, um ser antigo que planeja sugar a essência do Homem-Aranha. A partir do momento que ele tocar o cabeça de teia, poderá encontrá-lo sempre que quiser. Morlun nunca se cansa e nunca para de perseguir Peter, ele é implacável, até que possa finalmente, se alimentar. A vida do Homem-Aranha estará em jogo, e a pergunta que Ezekiel lhe fez será a chave para seu sucesso, poderá ele desvendá-la?

O Espetacular Homem-Aranha: De Volta ao Lar é uma história que começa como uma avalanche, ela vai crescendo e a ação cresce junto, as batalhas se tornam cada vez mais intensas, e a cada quadrinho que passa, Peter corre ainda mais perigo. A HQ é bastante convidativa, e uma vez que você começa a ler, só parará no fim. Se você gosta do Homem-Aranha (Convenhamos que é difícil de encontrar quem não goste) leia, não te arrependerás! Garanto! Se você não gosta…leia assim mesmo, oras!

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Resenha: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, J.K. Rowling

O universo de Harry Potter é tão grande quanto você imagina. Além da saga do famoso bruxo ser retratada em sete livros muito queridos, temos ainda diversas histórias extras publicadas no Pottermore, uma linha temporal alternativa em ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam’ e agora os fãs foram presenteados também com o roteiro de uma peça teatral dentro do mesmo universo: ‘Harry Potter e a Criança Amaldiçoada’. O novo livro, porém, não é um romance e sim um roteiro escrito por Jack Thorne, que se baseou na história original de J. K. Rowling para reviver o mundo da magia. 

Rowling concluiu a série Harry Potter mostrando Harry e sua esposa, Gina, dizendo adeus a seu segundo filho, Albus Severus, na plataforma de King’s Cross em seu primeiro ano em Hogwarts. Parecia um final definitivo e duradouro, mas é nesse exato momento que essa nova história toma partido. O roteiro segue Albus Severus Potter e Scorpius Malfoy, dois jovens que tentam encontrar o seu lugar em Hogwarts e o mundo a maneira como seus pais, Harry e Draco, fizeram antes deles. Albus já sabe que não é engenhoso como seu pai. Primeiramente, o chapéu seletor o manda para a Sonserina, diferentemente da queridinha de Hogwarts, Grifinória. Ele não é bom em quadribol, nem tão sagaz nas aulas de feitiço e ainda, seu melhor amigo é filho de um Malfoy, o que torna tudo mais irônico.

O enredo tem uma trama que inclui um novo vilão, a volta do dispositivo mágico vira-tempo (erradicados do universo mágico de Rowling desde o Prisioneiro de Azkaban) e várias escolhas que levam os meninos de volta para o passado de Harry, permitindo Rowling reescrever suas próprias histórias, coisa que ela parecia tão interessada em fazer desde o sétimo livro, Relíquias da Morte. A história, porém, é menos sobre reescrever o passado e mais focada em como os acontecimentos do passado podem alterar o futuro.

Por ser escrito na forma de roteiro, demora um pouco mais para a história chamar a atenção do leitor. Os elementos teatrais de palco, apesar de divertidos e distrativos, são vagos demais e deixam muito a desejar na descrição do cenário e personagens. Sem os atores performando, algumas personagens nunca antes estabelecidas dentro do universo parecem incompletas.

Embora Thorne tente recriar o cenário dos antigos livros, as 352 páginas parecem ser uma tentativa desesperada de vender bilhetes por meio de reviravoltas que tornam a trama fraca e pouco original. No entanto, esse fan-service que Rowling inclui de maneira exacerbada no enredo força a narrativa a tomar um curso inesperado. Assim como você, ela se pergunta o que teria acontecido se Voldemort tivesse vencido ou se um personagem tivesse sobrevivido no lugar de algum outro. Muito rapidamente você se lembra que ela adora esses contos e personagens tanto quanto você, e torna-se muito mais gostoso aproveitar o ar nostálgico que a história proporciona. O ar completamente saudosista presente em boa parte do roteiro parece ser a melhor maneira de introduzir essa nova geração de bruxos.

Apesar de seus defeitos, é muito provável que ‘Harry Potter e a Criança Amaldiçoada‘ encante os fãs da saga de maneira carismática. Revisitar os personagens e conhecer a geração de bruxos que – provavelmente – protagonizarão as próximas histórias é um ótimo jeito de matar as saudades dessa história tão emblemática e fascinante que é Harry Potter.

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Resenha: Deadpool – Caçador de Almas, Posehn, Duggan, Koblish & Hawthorne

“Primeiro: voltamos um pouco no tempo para conferir as aventuras passadas do Deadpool com o Homem de Ferro! Depois: um demônio contrata o Degenerado Regenerado para coletar almas amaldiçoadas! E, antes que você diga que não tem como ficar mais esquisito, Wade entra em contato com seu lado feminino! E mais: Deadpool ataca um cara com poderes aquáticos e depois se alia ao nosso Amigão Superior da Vizinhança, o Homem-Aranha! E prometemos que ele mata pelo menos um deles…!”

O que falar sobre Deadpool? Esse personagem que muitos conhecem e mesmo sem intimidade já o consideram tanto? Se você assistiu ao filme, já sabe muito bem como é o mercenário tagarela, mas nos quadrinhos ele é ainda mais escrachado e imoral do que em sua película. Essa HQ explora esse lado de Deadpool, onde ele não liga para quem é a vítima, se é um mocinho ou um vilão, ele mata sem dó nem piedade, ao mesmo tempo em que zomba de suas vítimas de sua maneira única e hilária.

Os roteiristas Duggan e Posehn fizeram um ótimo trabalho com o roteiro, criando uma história atraente e digna do Deadpool. Onde mais um demônio poderia ser feito de gato e sapato senão pelas mãos de Wade Wilson, que em sua loucura consegue encontrar espaço até mesmo para zombar de um poderoso e ameaçador demônio. Koblish e Hawthorne fizeram um grande trabalho com seus traços precisos, a participação de Koblish se limita ao passado, onde é possível perceber pelas cores e traços uma vibe dos anos 70 e 80, da Era do Bronze dos quadrinhos. Já Hawthorne retrata o presente.

Na vibe da Era do Bronze, podemos encontrar Deadpool roubando o carro de Flash Thompson, amigo de Peter Parker. Wilson está apenas fazendo aquilo que faz de melhor, espalhar o caos ao seu bel-prazer. Dirigindo de forma natural, isso quer dizer rápido e inconsequente, Deadpool freia bem a tempo de impedir uma tragédia, pois quase atropela um quarteto de crianças que ainda têm um futuro fantástico pela frente. Assim que para o carro, ele é abordado por Vetis, um demônio que planeja derrubar Mefisto e se tornar o ser mais poderoso do Inferno.

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Vetis negocia um contrato com Wade Wilson, ele espera que o Deadpool acate com sua vontade, e é claro que o mercenário o fará, mas não porque Vetis pediu, mas sim porque Deadpool adora ver o circo pegar fogo. A missão de Wade é simples, fazer o Homem de Ferro ter uma recaída, pois é um alcoólatra em reabilitação. Deadpool não vê dificuldade em sua missão, pois o Homem de Ferro é também aquele que veste a armadura, dessa forma ele rouba o uniforme de Tony Stark e veste-o, em seguida ele sai voando na armadura enquanto enche a cara.

Muitos goles e memórias reprimidas depois, Wade aguarda enquanto Vetis retorna para cobrar a missão, mas o mesmo já a completara. O Demônio se irrita, pois Tony Stark continua sóbrio, mas ai é que está o problema, o contrato dizia Homem de Ferro e não Stark. Deadpool explica que completou a missão se vestindo de Homem de Ferro e enchendo a cara de cachaça já que Vetis não especificara que o alvo era Tony Stark. Vetis percebe que fora feito de palhaço, e que não há nada que possa fazer a não ser retornar para o Inferno e lidar com Mefisto cara a cara. O único problema é que Vetis guarda muito rancor no coraçãozinho, ele voltará, ainda mais forte do que antes! Estará Deadpool preparado para o que virá?

“Deadpool – Caçador de Almas” é uma HQ divertida, repleta de violência e piadas de humor negro. É uma experiência genuína do Mercenário Tagarela. Ver Wade lidando com os problemas de forma displicente e imoral é sempre um alívio cômico na seriedade de algumas HQs do universo dos quadrinhos. Um verdadeiro Anti-herói que toma decisões duvidosas e usa a comédia para desviar de seu passado. Recomendado para todos, mas estejam avisados, Deadpool não liga se você se ofender com alguma piada.

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Resenha: Apenas Um Garoto, Bill Konigsberg

Apenas Um Garoto, de Bill Konigsberg, poderia se chamar facilmente “Procurando por Problemas”.

Trata-se da história de Rafe, um estudante do 2º ano do ensino médio, que desde os 13 anos se assumiu gay e nunca teve problemas com isso. Seus pais não só o aceitaram como sua mãe passou a frequentar palestras e associações de pais gays, e junto de seu filho, começaram a ajudar outras famílias e pessoas que não tinham a mesma facilidade de lidar com o assunto. Perfeito, se Rafe não se sentisse rotulado, como se ser gay viesse antes de qualquer outra coisa a seu respeito. Com o passar do tempo, ele se cansou e resolveu mudar os paradigmas: pediu aos pais que o trocassem de escola, mais especificamente para um internato apenas para garotos em outra cidade, para que assim, ele pudesse passar a viver uma nova vida (ou uma mentira, como preferir), sem rótulos e sem que as pessoas soubessem de sua sexualidade.

E assim, na nova escola, ele se torna o atleta popular, que tem algumas garotas afins e tal. Rafe justifica para sua melhor amiga (que ficou abandonada) que “ocultar não é mentir”, então, ele não estava fazendo nada de errado na nova escola. Exceto que sim, ele estava mentindo, e mentindo para si mesmo. E mentiras só atraem mais mentiras, então, ele diz para os colegas de time que sua melhor amiga é na realidade sua namorada e coisas do tipo, para manter a imagem de hetéro. E com o tempo, aja criatividade para inventar o que ele inventou de si mesmo. As linhas das duas vidas de Rafe começam a se cruzar quando ele se apaixona por Bem, rapaz heteronormativo, companheiro do time e que faz a linha comportado. Eles começam a viver um bromance. Ok, fui incessível neste ponto, não é bem assim.

A grande questão em torno disso é que Rafe queria apenas se livrar dos estereótipos e acabou caindo neles novamente. Após começar a ter um relacionamento secreto com Ben, o atleta descobre toda a verdade a respeito de Rafe e obviamente, eles se separam.

Na busca por um sentido, Rafe se perde completamente e demonstra ser totalmente previsível e mesquinho, com atitudes infundadas e estúpidas, sendo que até ele se perde em suas justificativas para tal.  Enquanto escrevia esta resenha, conversei com alguns amigos que também o leram para tentar ser mais imparcial, mas infelizmente não dá.

Ah, mas é uma história LGBT legal, temos que demonstrar apoio, é representatividade”. Então, é aí que está. Um garoto de classe média, que se assume e é aceito por toda sua família e amigos (ele ganha até uma festa por ter saído do armário) e que se cansa disso e quer voltar atrás e viver de forma incubada REPRESENTA QUEM? Qual o objetivo disso? Cheguei ao final do livro sem ter uma boa razão para indica-lo para outras pessoas. Não é um rapaz tentando se descobrir ou realmente se cansando de ser visto como um rótulo, mas sim, um rapaz que é amado e com suporte de toda uma comunidade que apenas vira as costas para tudo isso.

As opiniões a respeito de Apenas Um Garoto são bastante divergentes. Por isso, o único motivo que eu indicaria a você ler é: “Leia e veja se consegue extrair algo de positivo, e a gente pode conversar sobre”. Inclusive te convido a postar aqui nos comentários a sua opinião, talvez eu tenha ficado tão irado com o personagem principal que tenha me cegado para coisas boas a seu respeito. Ou não.

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Resenha – O Espetacular Homem-Aranha: Homem-Aranha Nunca Mais! Stan Lee & John Romita

“Retorne aos agitados anos 1960 com uma clássica aventura aracnídea, cortesia do seu Amigão da Vizinhança, o Homem-Aranha! Enfrentar tipos como O Abutre, Shocker e o Lagarto faz parte do dia a dia do Aranha, mas quando a campanha de difamação do editor do Clarim Diário, J. Jonah Jameson, atinge o ponto de ebulição, Peter sofre uma crise de consciência. Poderá o jovem encontrar uma maneira de conciliar sua heroica vida dupla, ou ele terá que deixar de ser o Homem-Aranha?”

Três anos depois de o Aranha fazer sua discreta estreia na última edição da revista Amazing Fantasy, Steve Ditko, o responsável por desenhar o amigão da vizinhança estava prestes a deixar o título. E suspeitando que o colega partiria em breve, Lee já pensava em um substituto, ele tinha em mente John Romita.

No início Romita procurou emular o estilo de Ditko, achando que o mesmo retornaria ao título, mas isso não ocorrera. Dessa forma Romita passou a mudar os padrões estabelecidos por Steve, e buscou adequar o Aranha à sua visão. Tornando Peter Parker mais encorpado e mais musculoso, deixando-o mais apessoado. A experiência de Romita desenhando quadrinhos românticos sinalizava que ele se afastaria do tipo desajeitado e estranho criado por Ditko, o que fez com que o personagem amadurecesse ainda mais.

O Aranha está cansado, pois vive uma vida dupla. É um super-herói, estudante, fotografo, e ainda por cima cuida da tia May e sai com seus amigos, mas cada vez mais, ser um super-herói consome o tempo das demais atividades. Nem mesmo quando deixa sua tia May em uma estação de trem, Peter Parker tem folga. O Dr. Kurt Connors também está na estação, e espera por sua esposa e filho, mas, para sua infelicidade, seu corpo começa a se transformar no Lagarto novamente, e como o Lagarto, Kurt perde o controle de seu corpo, tornando-se um monstro poderoso e perverso.

romitashockerPeter reconhece Connors tentando se esconder da multidão, e rapidamente se despede da tia May. O Aranha sabe que algo de estranho está acontecendo, já enfrentara o Lagarto antes, e realmente não gostaria de fazê-lo novamente. Enquanto sofre sua grotesca transformação, Connors foge pelos tuneis da estação, pois caso se transforme no Lagarto, ninguém estará a salvo, nem mesmo sua esposa e filho. O Homem-Aranha o persegue pelos tuneis, e encontra muitas evidências que apontam para o retorno do Lagarto, sendo assim, sua missão agora é a de reverter a besta para a forma do Dr. Kurt Connors. Após um tempo explorando os tuneis, Peter percebe que o monstro já não se encontra ao seu alcance. Dessa forma, o Aranha fica sem alternativa a não ser aguardar pelo próximo movimento do Lagarto.

Peter luta para defender a cidade de seus vilões, o Lagarto é apenas um em uma infindável lista maquiavélica. E apesar disso, J. Jonah Jameson, o editor do Clarim Diário, difama o Homem-Aranha diariamente, acusando-o de ser um criminoso, responsável por todo o mal que recai sobre Nova Iorque. Toda essa pressão e a frustração de não poder levar uma vida normal, levam-no a desistir do Homem-Aranha, mas por quanto tempo a cidade aguentará as ondas de crime que se sucederão?

“Homem-Aranha Nunca Mais” é um clássico do cabeça de teia, mas vindo dessa época, o que não seria um clássico do Amigão da Vizinhança? Graças ao estilo de Romita, Stan Lee teve mais liberdade para destacar os problemas pessoais de Peter Parker, enquanto ele tenta conciliar sua vida normal, com a de super-herói. Isso tudo cria uma história convincente, que nos mostra um Aranha frustrado por dar seu sangue pelo povo, e mesmo assim ser difamado diariamente na televisão, abrir mão de tudo que gosta e ainda assim sofrer com as consequências de suas escolhas. Uma HQ recomendadíssima, mas qual o clássico do Homem-Aranha que não se recomendaria?